Sócrates já não é primeiro ministro…

…nem Teixeira dos Santos é ministro das Finanças.

O verdadeiro primeiro é, pelos vistos, este e tem a mania de ir às compras com o cartão de crédito sem que alguém lhe ponha limites. O efetivo ministro das Finanças é este e já lançou um novo imposto sobre os portugueses, o chamado Imposto-bate-em-mim-resvala-e-pagas-tu, abreviatura de Imposto-bate-em-mim-resvala-e-pagas-tu-mesmo-que-eu-seja-público-e-o-governo-pense-que-manda-nisto.

O Diário do Professor Arnaldo (7 de Outubro)

Esta semana tem sido muito desgastante. Feriado municipal cá da terra na segunda-feira, feriado nacional na terça-feira, consulta médica com o meu pai na quarta-feira. O raio do velho está agora com as almorródias, como ele lhe chama, e ainda por cima só confia no médico de família. Que não percebe, claro, nada do assunto.
Para compensar, a semana acaba mal. Hoje senti-me verdadeiramente humilhado por causa das aulas de substituição. É que muitos professores, no momento em que eram chamados, nunca estavam. Ou tinham ido à casa de banho, ou estavam «convenientemente» noutra sala que não a dos Professores, ou diziam que estavam em serviço. Cheguei a ver um – que por acaso é um dos muitos padres que dão aulas nesta escola – escondido atrás de um daqueles placards com informação sindical. Ninguém o viu, a não ser eu, que já estava de olho, mas pôde dizer que estava na Sala de Professores. No ensino, a padralhada é do pior que existe.
Daí a fazerem o que nos fizeram é uma humilhação. A partir de hoje, logo que toca todos os professores em horário de substituição devem dirigir-se a uma sala própria em pleno pavilhão das aulas, ficando sentados num banquinho que aí puseram para esse efeito. Se forem necessários, dirigem-se à sala respectiva por ordem da funcionária – desculpem, assistente operacional. Se não forem, ficam ali sentados durante 45 minutos. De castigo, parece! A justificação é a de que um aluno pode ir para a rua com falta disciplinar e é preciso que o professor em substituição o acompanhe.
Vi hoje uma grande revolta de colegas que habitualmente são muito calmos. Sentados num banco, durante 45 minutos, num sítio onde todos os alunos nos podem ver? Não se faz, isto não se faz.

‘Cortar Despesas’ – O PS responde ao PSD com tecnologia multimédia

Os dois grandes partidos portugueses, a despeito da vontade de se mostrarem diferentes, não se furtam à vida irmanada. Seja na polémica ou no acordo, na desventura ou no sucesso, nada os demove da união e da semelhança supremas, ao estilo de dois gémeos siameses.

Este tipo de coexistência assenta em inevitáveis mimetismos e, embora pareça incoerente, numa acirrada concorrência. De tão iguais, qualquer deles luta por se demarcar do outro. Mas, insistimos, a composição genética é idêntica, embora, coitados, julguem o contrário. Os últimos 34 anos de ‘rosas’ e ‘laranjas’ são a prova iniludível da vida comungada.

O PSD lançou o ‘site’ Cortar Despesas. Trata-se de uma ferramenta ao serviço dos cidadãos para reclamar a eliminação de despesas. Contém um forte apelo à participação dos funcionários da administração central, regional e local. Bem pensado, digo para mim próprio. É claro como a água: a senhora que anda a varrer o jardim aqui em Galveias, como tantas funcionárias e funcionários congéneres por esse país fora, vão transformar-se em activos zeladores das contas públicas. Elas ou eles mandam e o PSD, no governo, executa. Corta aqui, corta acolá.

Entretanto, deixemos a São Caetano a caminho do Largo do Rato. Ops! O PS, afinal, não está dormente. Pelo contrário, programou a devida resposta ao PSD. Recorrerá a tecnologias mais avançadas. É uma solução multimédia: integra também um ‘site’ e um sistema de e-mail, ambos na modalidade ‘store and forward’; um serviço de ‘contact centre’, intitulado “Trim trim, então corte aqui”, a cargo de uma jovem militante da JS, tipo Jamila Madeira dos tempos actuais; e finalmente um sistema de videoconferência para que os interessados possam comunicar com um dos elementos da equipa de dez indefectíveis “socráticos”, dizendo de sua justiça, em tempo real. Este sofisticado sistema será instalado em todas as escolas, hospitais, repartições, câmaras municipais, juntas de freguesia, serviços da Região Autónoma dos Açores e, se o Alberto João permitir, a Madeira também será abrangida.

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Mais um Nobel para um fascista, ou quase

Têm alguns dos meus escritores favoritos a mania de serem reaccionários, alguns ultrapassando todos os limites. Mario Vargas Llosa só se chega perto, mas o suficiente para me deixar a tranquilidade de não confundir a vida dos escritores com a sua obra, regra aplicável de resto a todas as artes.

Apaixonei-me à primeira vista com uma cidade e seus cachorros, e não tenho sido traído ao longo de uma Guerra do Fim do Mundo, nunca esquecendo Pantaleão ou o Elogio de uma Madrasta de fazer inveja a qualquer adolescente.

Às vezes a academia sueca acerta com o meu mau gosto, poucas vezes, este ano lá calhou ser uma delas. Parabéns Mario Vargas Llosa, e parabéns América Latina e falantes do castelhano (uma bela língua embora por estes lados nunca se dê por isso).

história sintética de Portugal

´metáfora do nosso país que nunca mais decide ser República!

Portugal é um País em permanente transição. Até à entrada dos Bonapartistas, no início do séc. XIX, toda a terra era do Rei. Fosse quem fosse o detentor da Coroa. Coroa simbólica e legal. A material estava, desde D. João IV, pousada sobre a cabeça da imagem de Nossa Senhora da Conceição, em Vila Viçosa. A terra, desde Afonso Henriques, era conquista da Coroa, excepto as terras aforadas a Condes, Duques, Viscondes, ou grupos de vizinhos, sempre que daí resultavam benefícios. A entrada dos Bonapartistas, terminada na guerra Peninsular, pondo fim às guerras Napoleónicas, deixou em Portugal a ideia do liberalismo burguês da Revolução francesa. Duas das consequências, da absorção das ideias liberais, marcam o fim dos contratos de enfiteuse e do Morgadio, que se caracterizava pela transferência das terras da família ao filho mais velho. Wagner na Baviera lutou pela sua abolição (1845), e por isso foi expulso, como Verdi, em Itália (1859), com um final mais feliz, ao tornar-se membro do Parlamento constitucional. O Bonapartismo semeou o conceito de que a terra era das pessoas que a tinham e não do direito de raiz, que permanecia (quarto direito) da lei visigótica, permitindo aos proprietários viverem dos rendimentos acumulados da colheita dos foreiros, rendeiros e caseiros, excepto dos jornaleiros, que entregavam mão-de-obra e viviam e vivem ainda, dos salários. A população ficou com as ideias da propriedade directa, e muitos dos intelectuais portugueses, galegos e chilenos, derivaram-

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Exposição de Fotografia de Vermoim, Maia (6)

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Os putos, os putos


Nuno Resende à conversa com Mari e João Paulo:

– Então, os teus putos estão bons?
– Está tudo bem, e as tuas miúdas?
– Vão indo.
– Olha, o meu puto agora quer ir para a catequese todos os Domingos. O pior é que depois quer ir para a missa. É só putos na fila da frente. Cá para mim, acho aquilo nefasto para a educação dele, mas o puto gosta, o que hei-de eu fazer?
– E lá na escola, como estão as coisas?
– Nem queiras saber! Este ano, tenho uma série de putos que me fazem a vida negra.
– Deixa lá. Já viste o Campeonato? Este ano o Portinho está em grande, ainda vamos ser campeões.
– É verdade. Afinal, o puto é bom treinador.
– Pois é, pois é. Olha, tenho de ir embora.
– Só mais uma para a viagem?
– Ok. Ó puto, olha aí 3 cervejas.
– Ok, chefe.

Perceberam agora, caros comentadores, o significado que uma pessoa NORMAL dá à palavra Puto??

Ainda os concertos "subsidiados" dos U2 em Coimbra

À atenção do Fernando Moreira de Sá, a quem agradeço a dedicatória mas não perdoarei ter passado pela minha aldeia sem termos bebido um copo: a Turismo de Coimbra, Empresa Municipal, tinha 200 000 orçamentados para animações paralelas aos concertos e para as festas da cidade. Eu diria que a uma boa fatia do bolo foi gasta em Julho. Está em acta municipal, e em Coimbra só não sabia quem não lê blogs.

Claro que a isto convém somar a limpeza (30 000, se bem li), os transportes, e mais uns trocos para acabar as obras do estádio onde não entravam veículos pesados.

Devo dizer que concordo em princípio com o que o Fernando escreveu, e só agora li. É obrigação do município de uma cidade que se pretende destino turístico assegurar uma boa estadia a quem nos visita e o retorno económico foi mais que óbvio. Muita gente prolongou o fim-de-semana em Coimbra até ao 5 de Outubro, e isso foi bom para o comércio e a hotelaria.

De resto quem ganhou mesmo com o negócio até foi a Académica OAF que gere um estádio municipal como se fosse seu, mas antes assim que por outras vias, e deixo o seu presidente arguido Simões para outro dia que hoje não me apetece falar de coisas tristes.

FMI, OCDE e UE – O patrocínio da austeridade em Portugal

Do PS e do PSD, conhecemos os confrontos próprios da guerra orçamental e das medidas draconianas anunciadas, entretanto, pelo governo. Do FMI, esse tenebroso e cáustico super-organismo das finanças mundiais, ficámos, agora, a conhecer um veredicto: Portugal reentra em recessão em 2011, em face das citadas medidas.

O parecer emitido pelo FMI presta-se a algumas considerações:

1)      O FMI não aponta uma política orçamental alternativa e menos austera; assim, sim, é que o parecer poderia revestir-se de uma efectiva ajuda ao nosso país;

2)      O FMI, em vez de mandar achas para a fogueira da cena internacional, deveria sobriamente agradecer a José Sócrates o trabalho a que foi poupado, visto terem sido decididas exactamente as medidas-tipo do catálogo do citado Fundo;

3)      As mesmas medidas, cujo patrocínio não enjeitaria, consubstanciam justamente a causa essencial da recessão que o FMI anuncia para 2011, em acto de prodigiosa adivinhação – diminuído o poder de compra, por incremento de impostos e redução de salários, o mercado interno, naturalmente, verá agravada a crise com que se vem debatendo, desemprego incluído;

4)      O impacto das declarações do FMI, junto das famigeradas ‘agências de rating’ e dos investidores internacionais – os tais especuladores inimputáveis –, terá efeitos nocivos, no tocante ao serviço (juros) da dívida externa portuguesa, pública e privada;

5)      O FMI, a despeito da ruptura crítica no ‘sistema financeiro internacional’, continua a definir e alinhar as suas políticas por um espúrio modelo monetarista que, salvo as economias emergentes e por razões que lhes são próprias, fazem definhar as condições de vida de milhões de seres humanos à volta do planeta.

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