Os únicos reis bons são os reis depostos

“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos”.

É tão simples como isto. Apenas em 1910 as crianças portuguesas alcançaram este direito natural. Contra os herdeiros de tronos, herdados da violência e da jurisprudência divina, de uma monarquia que, já agora, nunca foi referendada. Contra os privilegiados  que durante séculos nos governaram por direito de nascença.

Este puto é apenas mais um puto português. Valerá pelo que fizer da sua vida, o que não será fácil com o ridículo nome que lhe deram. Foi para isso que se fez o 5 de Outubro. Faltava muito para a democracia, mas este passo era fundamental. O resto é conversa de treta.

Monarquia ou República – só mudam as moscas

Monarquia ou República – só mudam as moscas.
Claro que a República é um regime infinitamente mais justo. É o povo que escolhe o seu representante máximo e não uma família que se eterniza no poder não se sabe por que motivo. Mas na prática, na prática vai dar ao mesmo.

No dia de hoje, os «Homens da Luta» foram os únicos a estar de Parabéns.

A Rotunda do 5 de Outubro


Até há uns poucos anos, a praça que ostenta o título atribuído a Sebastião José de Carvalho e Melo, era por todos conhecida por “Rotunda”. Nome que se pensava consagrado pelo simulacro de regime político saído da bernarda de 1910, a sua menção povoava logo qualquer cérebro com imagens de tiroteios, farta vinhaça verde e tinta que correu a rodos durante uns dias e que deu as cores à bandeira, umas mulas esbaforidas e um bravo que de espada nua, comandava os improváveis futuros vencedores daquele dia do Grande Nada.

Hoje todos conhecem essa praça por “Marquês de Pombal”, mas o nome resistiu mais umas tantas décadas, fazendo justiça a um certo estado de coisas que se foi eternizando de tal forma, que Portugal bem podia hoje chamar-se Estado De Coisas” e como tal, ocupar o seu assento na ONU, NATO, UE e CPLP.

As três Repúblicas saídas daquela Rotunda, foram por isso mesmo, rotundas. Rotundas nos erros, rotundas nas manias, rotundas nas brutalidades, rotundas na incompetência prepotente, rotundas no compadrio corruptor, rotundas na mentira fácil e na má fé. Foram rotundas nos enriquecimentos suspeitos e ainda mais rotundas se evidenciaram nas vigarices escandalosas que tornaram o tal “Estado De Coisas”, no verbo parisiense portugaliser. Ficou habitual entre os “estadocoiseses”, nós todos, o costume do calar e deixa andar, pois o poder rotundo, sabe como esvaziar os bolsos daqueles que são rotundos no sim e no não. O regime da Rotunda prefere o talvez, o assim-assim e o “maijoumenos” que dá escapatória rápida, saindo-se por qualquer álea que parta da citada Rotunda em que a nossa vida se tornou.

O principal problema, já nem sequer se coloca em termos de livre expressão da imaginação, do querer aquilo que se pode ou não se pode ter. O problema rotundo que hoje enfrentamos, é circular e incomensuravelmente mais vicioso, do que todos os outros já mencionados.

Graficamente, a Rotunda pode ser representada por um ó de dor, mas talvez com mais propriedade, por um Zero. O pior de tudo, é que esse Zero significa tão só aquela rotunda mais notória, despótica e aviltante: a Rotunda das panças que controlam os nossos acessos e saídas. Aí está o republicano problema.