São traumas senhor, são traumas

F. Câncio fez uma reportagem sobre funcionários públicos. É preciso passar a mãozinha pelo pelinho desses gajos, amansá-los, e a em tempos excelente repórter – agora mais vocacionada para o policiamento profissional – lá foi cumprir o frete governamental.

Curiosa a peneira que apenas procura funcionários de licenciado para cima. Incluindo uma professora, lá tinha de ser, de uma dessas excelentíssimas fábricas de fabricantes de analfabetos diplomados chamadas Escolas Superiores de Educação. Mas não chega, tinha de encontrar um anónimo (com a desculpa de uma lei da rolha que nunca impediu ninguém de enquanto cidadão constitucionalmente se expressar, excepto se tiver vergonha do que diz, ou a cobardia dos que lambem as botas ao chefe que é quem avalia – discriminadamente como mandam as regras do SIADAP):

Há uma contaminação de todo o universo por causa de classes com muita força e visibilidade, como os professores – certas corporações espelham essa imagem genérica do funcionário que recusa a avaliação, que quer regras especiais. Quando entrei, ainda havia o antigo sistema de avaliação e de quotas, o que percebia é que quem trabalhava muito e bem a partir de certa altura desmotivava porque sabia que ao fim do ano ia ter o mesmo.

Porque os professores estão para a FC como Cartago esteve para Catão.  Não resistiu. Há traumas que devem ser irrecuperáveis.

A retrete de Catroga (II)

E é este que anda a negociar o Orçamento?

Os 4 golos de Cristiano Ronaldo ao Racing de Santander

Depois do meu poste anterior achei que seria uma injustiça para os leitores do Aventar não deixar aqui os golos de Ronaldo e do Real de Madrid. Encontrei o vídeo dos golos entre as dezenas e dezenas de filmes que, só hoje, foram adicionados ao YouTube sobre Cristiano Ronaldo.

Nem com Imodium!


O distraído prof. Cavaco Silva, diz que uma “crise política neste momento… seria extremamente grave”.

Seria?

Disse seria? Então, não devemos viver no mesmo espaço territorial, pois a república portuguesa – o tal “espaço vital” em que para um punhado de gente, se tornou o antigo Portugal – tem estado em “séria crise” há longos anos. Crise política, crise económica, crise financeira, crise cultural, crise educacional, crise de consciência e por aí fora.

Se o prof. Cavaco Silva só agora entendeu que tal desastre é apenas “grave”, chegou a vez da população tentar entender o tipo de pessoas que tem estado à frente deste país. Ou o professor distraíu-se no tempo do verbo, ou então, estamos perante o reconhecimento da inépcia generalizada que grassa nos diversos palácios do poder. Vendo bem as coisas, a culpa não lhe pertence no maior grau, pois limitou-se a ser o timoneiro de uma vastíssima tripulação deste pesqueiro que há muito navega em águas paradas. De resto, a dita maruja sofre colectivamente daquele problema intestinal que ataca nas horas em que não parece haver porto à vista. Desta, nem o Imodium os livra.

O Chefe do Estado manifesta a sua tristeza pela nossa situação e desde já lhe podemos garantir pagarmos com a mesma moeda, declarando a nossa contrariada comiseração por estes “tristes” sem rumo.

Cristiano Ronaldo marca 4 golos…

…ao Racing de Santander, naquele que é o  primeiro póquer da sua carreira. É um feito notável e, só por si, merecia um poste com as fotos e os vídeos dos golos, um a um.

Acontece que encontrei este vídeo do freestyller e artista de rua Iya Traore, que não é mundialmente famoso, não namora modelos e socialites, ganha o que lhe dão no dia-a-dia e não consta que tenha uma coleção de carros de luxo. Mas é um luxo a tratar uma bola de futebol. Os golos de Ronaldo? Veja o vídeo do Traore primeiro e depois os golos do Ronaldo, aqui.

Artigo anterior

O Blogue Oitavo Dia fez as perguntas e alguns bloggers responderam. AQUI ficam as minhas.

A retrete de Catroga (I)

Estádio das Antas, Porto, 1994. Lembram-se? Eu não me esqueci.

O albergue Banco de Portugal protegido pelo BCE

Observo a primeira página do ‘Expresso’. Sinceramente não é a declaração de Cavaco Silva:

Sinto tristeza com a situação que vivemos

que me sensibiliza. Talvez tenha sentido vontade de substituir “tristeza” por “vergonha”, em função das políticas do consulado cavaquista causadoras da desindustrialização do país, do abate de unidades da frota pesqueira, do dizimar da agricultura e da frota da marinha mercante.

Da referida página, o que mais me perturba é o título da notícia tratada como secundária:

BCE não deixa cortar salários no Banco de Portugal

Do texto, infere-se que o Governo português ainda não consultou o BCE sobre o corte de salários do Estado e que, por norma, o dito BCE impede esse corte em situações semelhantes.

Por imposição da imaculada Merkel, sabe-se que o BCE, ao contrário do FED, está impedido de emitir obrigações de dívida pública para valer a países da ‘zona euro’ com dificuldades. Agora, dá-se conta de mais esta ingerência conducente a dispêndio de dinheiros públicos de um estado-membro do ‘Euro’. Ingerência, no mínimo, ignominiosa para os cidadãos portugueses, em particular para as centenas de milhares de funcionários públicos, beneficiários de prestações sociais e trabalhadores dependentes e independentes coagidos à redução dos respectivos rendimentos; seja por redução de salários e prestações sociais, seja pelo aumento da carga fiscal sobre o que lhes restará.

O Banco de Portugal, é necessário dizê-lo bem alto, tem-se constituído no albergue que já denunciámos aqui; mas atenção, não se confina a ilustres nomes conhecidos na praça pública. Os benefícios de tal albergue são usufruto da maioria de mais de 2.000 funcionários e, pelos vistos, permanecerão intocáveis e pagos com os parcos recursos da maioria dos portugueses.

Trichet, Constâncio & Cia. voltam a revelar a falta de sentido de justiça e de equidade. O actual governador, Carlos Costa, com os apelos à contenção salarial, afina pelo mesmo diapasão. Oxalá, um dia, toda esta gente se…trinche.

Recomendações

film strip - encalhados

Imagens de fundo e notícias:

Agostinho Branquinho não sabia o que era a Ongoing, agora já sabe

Fevereiro de 2010: Numa comissão parlamentar, o deputado do PSD Agostinho Branquinho tinha dúvidas sobre a atividade de um grupo económico. Não sabia o que era a Ongoing.

Outubro de 2010: Já sem sem dúvidas do que é a Ongoing, o agora ex-deputado Agostinho Branquinho vai trabalhar para a Ongoing.

agostinho_branquinho_23102010

Faz bem. Vai ganhar mais dinheiro e foge às dificuldades daqueles que, na Assembleia da República, necessitam de apoio solidário. É mais um emigrante luso nas terras de Vera Cruz. Como costumam dizer alguns jogadores de futebol que deixam de ganhar bem para passar a ganhar muito bem, ‘há que olhar pela família’.

Declaração de Paulo Varela Gomes

As medidas que o Estado português se prepara para tomar não servem para nada. Passaremos anos a trabalhar para pagar a dívida, é só. Acresce que a dívida é o menor dos nossos problemas. Portugal, a Grécia, a Irlanda são apenas o elo mais fraco da cadeia, aquele que parte mais depressa. É a Europa inteira que vai entrar em crise.

O capitalismo global localiza parte da sua produção no antigo Terceiro Mundo e este exporta para Europa mercadorias e serviços, criados lá pelos capitalistas de lá ou pelos capitalistas de cá, que são muito mais baratos do que os europeus, porque a mão-de-obra longínqua não custa nada. À medida que países como a China refinarem os seus recursos produtivos, menos viável será este modelo e ainda menos competitiva a Europa. Os capitalistas e os seus lacaios de luxo (os governos) sabem isso muito bem. O seu objectivo principal não é salvar a Europa, mas os seus investimentos e o seu alvo principal são os trabalhadores europeus com os quais querem despender o mínimo possível para poderem ganhar mais na batalha global. É por isso que o “modelo social europeu” está ameaçado, não essencialmente por causa das pirâmides etárias e outras desculpas de mau pagador. Posto isto, tenho a seguinte declaração a fazer:

Sou professor há mais de 30 anos, 15 dos quais na universidade.

Sou dos melhores da minha profissão e um investigador de topo na minha área. Emigraria amanhã, se não fosse velho de mais, ou reformar-me-ia imediatamente, se o Estado não me tivesse já defraudado desse direito duas vezes, rompendo contratos que tinha comigo, bem como com todos os funcionários públicos.

Não tenho muito mais rendimentos para além do meu salário. Depois de contas rigorosamente feitas, percebi que vou ficar desprovido de 25% do meu rendimento mensal e vou provavelmente perder o único luxo que tenho, a casa que construí e onde pensei viver o resto da minha vida. Nunca fiz férias se não na Europa próxima ou na Índia (quando trabalhava lá), e sempre por pouco tempo. Há muito que não tenho outros luxos. Por exemplo: há muito que deixei de comprar livros.

Deste modo, declaro:

1) o Estado deixou de poder contar comigo para trabalhar para além dos mínimos indispensáveis. Estou doravante em greve de zelo e em greve a todos os trabalhos extraordinários;

2) estou disponível para ajudar a construir e para integrar as redes e programas de auxílio mútuo que possam surgir no meu concelho;

3) enquanto parte de movimentos organizados colectivamente, estou pronto para deixar de pagar as dívidas à banca, fazer não um, mas vários dias de greve (desde que acompanhados pela ocupação das instalações de trabalho), ajudar a bloquear estradas, pontes, linhas de caminho-de-ferro, refinarias, cercar os edifícios representativos do Estado e as residências pessoais dos governantes, e resistir pacificamente (mas resistir) à violência do Estado.

Gostaria de ver dezenas de milhares de compatriotas meus a fazer declarações semelhantes

publicado no Público de hoje.

As mentiras de Luis Capucha

Luis Capucha é o actual responsável pela Agência Nacional para a Qualificação, e deu uma entrevista ao Público de hoje. Começa por afirmar:

Surgem críticas, mentiras e afirmações de quem não quer mentir mas fala do que não sabe. Surgem críticas, mentiras e afirmações de quem não quer mentir mas fala do que não sabe.
Trabalhei 3 anos nas Iniciativas Novas Oportunidades (INO). Vamos lá então ver quem mente, quem fala e quem sabe.
Uma das críticas é que os adultos não aprendem disciplinas formais.
Desminto. Há regras a cumprir que têm a ver com o cumprimento dos procedimentos necessários.
Desminto o desmentido. Os referenciais de competências estão organizados em torno de 3 áreas que abarcam as várias disciplinas de uma forma muito vaga. A título de exemplo História, no secundário,  pertence a Sociedade, Tecnologia e Ciência, a única área onde os formadores de História estão impedidos de trabalhar (como as competências  exigidas estão ao nível do 9º ano, compreende-se).

Há quem receba subsídios para estar na INO?
Só os adultos que frequentam cursos de educação formação profissionais.

Mentira. Tantos os EFAS como os processos de RVCC incluem subsídio de transporte e alimentação.

Não são os desempregados?
O problema é que para frequentar esses cursos, implica estar desempregado.

Mentira. Para frequentar um EFA e ser subsidiado basta ter mais de 18 anos. Há EFAS intensivos em horário laboral e para desempregados, com outros subsídios. Mas o transporte e alimentação são comuns a todos. [Read more…]