Salaam Aleikum David, Salaam Aleikum Tony!

O fim-de-semana político, em terras de Sua Majestade, ficou subitamente acinzentado por forte nebulosidade islâmica. Com efeito, perturbações de ar denso, envergando ‘burqa’, abateram-se sobre conservadores e trabalhistas do ‘New Labour’.

Para começar, o conservador David Cameron, chefe do governo, sentiu-se coagido a proibir a ministra Sayeed Warsi a participar, hoje, na conferência em Londres, “Evento para a Paz e União Globais”; uma realização de dirigentes de comunidades islâmicas.

Quis o inesperado ‘fog’ que os mais indefectíveis fiéis do ‘New Labour’, ou seja Tony Blair e prosélitos, não se ficassem a rir da desgraça alheia. E assim, imagine-se, o próprio Blair foi contemplado com a conversão ao islão da cunhada, Laureen Both, meia-irmã da sua mulher. Dizem as notícias, entre o mais, que a Sr.ª Both tem vindo a criticar a falta de isenção de Blair para mediar as negociações de paz do conflito do Médio Oriente, por ser declaradamente pro-israelita.

Distanciado de qualquer exército religioso, não resisto à tentação de endereçar, aos dois políticos e respectivos séquitos, a saudação que me parece mais apropriada para a ocasião: Salaam Aleikum David, Salaam Aleikum Tony! Aceitem, pois, este humilde salamaleque de gozo incontido.

A tolice por um fio

(pormenor de desenho de manel Cruz)

Pensei logo que era tolo quando não vi nenhum fio preso ao ouvido do gajo. Aqui há uns anos atrás, sempre que um tipo (ou tipa) falava sozinho na rua ou no café, era rotulado de tolo. Hoje em dia, com os auriculares do telemóvel, já não é assim. Sempre que topamos alguém a falar sozinho, olhamos logo para a orelha a ver se tem um fiozinho pendurado. Se tem não é tolo, se não tem é tolo.

O homem estava sentado numa mesa em frente à minha, no café Turista. Foi há questão de uma hora. Lia o jornal enquanto falava, gesticulava, ria e fazia comentários. Claro que eu olhei logo para as suas orelhas. Numa delas não tinha nada pendurado. Na outra, que eu via mal, porque o sujeito estava um pouco de esquina, também não parecia haver qualquer ligação. Pelo sim pelo não, como quem não quer a coisa, levantei-me para espreitar melhor a sua orelha direita e cheguei à conclusão de que era tolo.

O advogado entrou e sentou-se ao seu lado. Presumo que fosse advogado porque, para além da pasta, tinha o ar que os advogados têm e que eu não sei descrever, por mais que tente. O homem calou de imediato o seu solilóquio, e entre ambos apenas se interpôs um aperto de mão e um monte de papéis. O tolo, ou presumivelmente tolo, não abriu mais a boca. Moita carrasca. O advogado, só podia ser advogado, apenas lhe apontava o local onde devia assinar, assinatura que ele prontamente ali escrevinhava. Nem uma palavra. Nem uma palavra. Assim se mantiveram cerca de dez minutos, tempo ao fim do qual, o advogado, presumo que não fosse outra coisa, lhe estendeu a mão, e com discreto sorriso se pirou.

O homem que não tinha telemóvel nem auriculares irrompeu numa conversa pegada, falando não sei para quem, gesticulando de braços abertos, com esgares que podiam ser de escárnio, de gozo ou de raiva, fazendo do seu falar a solo uma espécie de comício em ponto pequeno. Voltei a concluir que era tolo. Mas seria mesmo tolo? Será que a diferença entre tolo e não tolo se resume a um fio pendurado do ouvido? Ora aqui vos deixo a questão, sobre a qual nem Espinosa nem S. Tomás de Aquino se debruçaram.

O Baú das Músicas Portuguesas – II

Puro Pop Dell ‘Artês, um idioma dos anos oitenta.

Ensaio sobre o desemprego

A acção testemunhada neste vídeo realizou-se na manhã de 30 de Setembro de 2010, um dia após a divulgação do 3º pacote de medidas relativas ao Pacto de Estabilidade e Crescimento. Estava então acabar o prazo para a entrega da prova de “condição de recursos” pelos beneficiários de prestações sociais. O PEC3 veio, entre outras medidas, anunciar o aumento de impostos, um indicador de que sobreviver se tornará mais caro e mais difícil.

A iniciativa partiu dos/as participantes no “ensaio sobre o desemprego”, uma oficina de teatro forum/teatro do oprimido dirigida essencialmente a desempregados/as, mas também a trabalhadores/as precários/as. Pretendíamos realizar uma acção que ajudasse a dar visibilidade à burocracia que enfrentam as pessoas desempregadas, o pesadelo que é enfrentar uma máquina burocrática que nos olha com desconfiança. Resolvemos unir o útil, ao igualmente útil e necessário: alguns/mas de nós tinham de enfrentar a tal máquina burocrática, precisavam de ir recolher senha, esperar, e tentar não desesperar.

O vídeo não necessita de muitos comentários. As imagens e as palavras falam por si. Mas há algumas informações que podem ajudar a contextualizar. Segundo dados recolhidos no centro de atendimento em questão, a média de utentes em espera naquele centro de atendimento passou de 80 para 180 pessoas, após a entrada em vigor da exigência, aos beneficiários de prestações sociais não contributivas, de prova de condições de recursos. Não temos dados sobre os tempos de espera, mas sabemos que muitos foram os dias em que às 10h/11h/12h, já não era sequer possível obter uma senha que habilitasse a ser atendido/a no mesmo dia.

via O que fica do que passa

Figueres Alt Empordà

O “TGV” (o original) anda em testes na Catalunha (Espanha); dentro muito em breve será possível viajar em comboios de alta velocidade entre Málaga e Londres, Bruxelas, Amesterdão e Colónia. Entretanto, constrói-se também a nova estação central de Barcelona La Sagrera.

A retrete de Catroga (III)

Penhore-se o Orçamento!

Abrigo

 Orçamento abrigo de tempestades

A notícia: «José Sócrates reiterou que o OE para 2011, em negociações hoje na AR, "defende" e "abriga" o país da "turbulência" e das "tempestades financeiras"», no Expresso