Guerra!- uma carta para os meus descendentes

a realidade que os ricos,os senhores do mundo,organizam para nós, o povo pobre

Um dia, faz já muitos anos, o meu pai escreveu-me uma carta, que eu transcrevo:

Meu querido puto,

Andas a brincar na tua bicicleta de duas rodas, pelas ruas do bairro. Ris e pareces muito feliz e contente. Até largaste as fraldas, por pensares ser adulto ao manipulares a tua bicicleta. Corres e não só ris, como atacas. Atacas qual carga de cavalaria, perante um inimigo imaginário, esse que é desenhado pela tua ideia da guerra. Para ti, a guerra passa por ser uma brincadeira. E ainda bem. Porque, meu puto, seria bom que a guerra fosse uma brincadeira e não essa realidade espantosa, dura e terrível, que vês reflectida na cara dos teus pais. Uma cara de tristeza e de depressão. Palavras que nem entendes, como não deves entender a palavra guerra.

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Mel do Cacém

Todos gostam do “mundo rural”…

Parabéns D10S

João Paulo Seara Cardoso (1956 – 2010) e o Teatro de Marionetas do Porto


João Paulo Seara Cardoso era um dos portuenses mais ilustres da actualidade. Num Porto que despreza a cultura e que puxa a máquina de calcular sempre que se fala do assunto, o seu Teatro de Marionetas é um dos poucos oásis neste deserto que teima em não mudar.
Com o Teatro de Marionetas do Porto, vivi alguns dos mais bonitos momentos de que me lembro. O «Exit», por exemplo (vejam o video acima), ou o «Vai no Batalha». Em relação a esta, como dizia Manuel João Gomes no Público de 9 de Julho de 1993, é o verdadeiro teatro de revista – «a linguagem forte, com mais obscenidades por minuto do que todas as revistas do Parque Mayer tiveram nos últimos seis anos».
Que o Teatro de Marionetas do Porto saiba continuar a obra do seu fundador é o que se pode desejar agora.

Os melhores golos e jogadas de Diego Armando Maradona

Aos cinquenta anos a obra do jogador está mais do que feita e arquivada. Só que a de Diego Armando Maradona nunca repousa muito tempo nos arquivos, está sempre a ser solicitada.

Diego celebra hoje cinquenta anos. É uma oportunidade para celebrarmos Diego.

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David Borges, o Porco da Bola (a propósito do Académica – FC do Porto)

Há duas semanas, o Fc do Porto foi a Istambul vencer o Besiktas por 3-1. Um jogo difícil, num Estádio difícil, que detém o record do mundo de ruído durante um jogo (132 decibéis numa visita do Liverpool em 2007).
No final de um jogo em que o FC do Porto teve dois jogadores expulsos e mesmo assim venceu facilmente, o jornalista David Borges, que comentava o jogo para a SIC, proclamou: a defesa do FC do Porto não tem classe.
Não é de espantar. Todos nos lembramos muito bem de David Borges, o apresentador do mítico «Os Porcos da Bola», o mais fanático porgrama anti-portista da história da televisão portuguesa.
Secundado por Jorge Schnitzer e pelo vendedor de sabonetes, o assanhado David Borges, coberto por um manto de seriedade (expressão eufemística para os «caras de pau»), destilou um infindável ódio contra o FC do Porto numa série de programas que teve o seu apogeu no célebre «Caso Paula». Como todos devem estar recordados, a certa altura, em Maio de 1997, apareceu no programa uma puta brasileira a acusar cirurgicamente apenas os jogadores do FC do Porto de terem usado os seus serviços, revelando, ao mesmo tempo, que Secretário não passava de um «pila mole». E até o Presidente da República de então, o inefável Jorge Sampaio, pediu uma investigação profunda aos acontecimentos desse dia.  Luis Figo, por seu lado, fez justiça por conta própria e despejou, alguns tempos depois, um saco de urina em cima do jornalista Nuno Luz.
Valha a verdade que já nem me lembrava da existência do apresentador dos Porcos da Bola. A sua nulidade no panorama do actual jornalismo português é mais do que evidente. Seja pela tentativa de ressuscitar o cadáver do bom jornalista radiofónico (que o foi nos anos 80), seja porque o FC do Porto desta época está a incomodar demasiado, David Borges abriu a latrina e pôs a nu o seu próprio fedor. Insuportável, intolerável, repugnante.
É por isso que o Académica de Coimbra – FC do Porto será apenas um joguito. O segundo melhor ataque da prova, o da Académica, terá pela frente uma defesa sem classe, a do FC do Porto, que por acaso é a menos batida de todas. Porque a classe defensiva, essa, está toda noutras bandas. No Porto, claro, nunca poderia estar para um verdadeiro Porco da Bola.

ADENDA: David Borges devia referir-se ao que se passou hoje no Académica – FC do Porto. Tem toda a razão. Uma defesa sem classe, a do FC do Porto. Não sofreu golos, mas jogou aos repelões, pontapé para a frente, sem qualquer técnica. É isto o FC do Porto. Uma equipa sem classe.

Paulo Varela Gomes:Tentar sair disto

Para meu absoluto espanto, nenhuma das cartas que publiquei aqui, sejam aquelas que enviei da Índia sejam estas, teve o eco da “Declaração” de 23 de Outubro último. Nunca tinha vindo tanta gente falar comigo e nunca recebi tantas mensagens. Quase todos os meus correspondentes, pessoas da chamada classe média como eu próprio, estão muito zangados e dispostos a resistir à política que o Governo vai impor. Percebem que a situação financeira é grave mas sentem que a solução governamental é mal-intencionada ou está errada e que as suas vidas e a economia portuguesa vão ficar destroçadas para coisa nenhuma.

Estas pessoas não sabem o que fazer. Desde logo, não se revêem nos sindicatos ou nos partidos e não confiam neles. “É tudo a mesma coisa”, dizem. Não vêem outras alternativas. Desesperam. Vejo também muita gente que ainda não percebeu o que vai suceder ou gente que, percebendo, não acredita que “eles”, os governantes, sendo preguiçosos, corruptos e incompetentes, consigam levar a sua avante. Vejo finalmente pessoas que pensam que escaparão mais uma vez às dívidas e ao fisco, enganarão o Estado e os patrões, com ou sem “arranjinhos”, um 3.º ou 4.º empregos, recibos não passados, declarações falsas. Também esta gente não vê como sair disto, limita-se a vergar a espinha e aguentar o melhor que pode e sabe.

Impressiona-me, mas não me espanta, que a oposição à maioria PS/PSD seja metida no mesmo saco que esta. De facto, o que é a oposição? O CDS já esteve no poder algumas vezes. A esquerda parlamentar tornou-se a esquerda mansa e respeitável das “alternativas” e das “propostas”, talvez convencida de que, parecendo ter “soluções”, ganha votos, e de que esses votos a aproximam um centímetro que seja do poder. É uma esquerda que acabou por ficar tão identificada com o regime que parece ter-se esquecido de que o seu lugar tradicional é na rua, e a sua atitude histórica é a do confronto. Ao pensar nisto tudo, lembro-me do bloqueio, em 1994, da Ponte 25 de Abril, que nenhum partido organizou e contribuiu decisivamente para fazer cair o segundo governo maioritário de Cavaco Silva. Vejo na televisão a luta que se desenrola nas ruas, estradas e fábricas de França e recordo que em Maio de 1968 os operários entraram a certa altura na refrega desencadeada pelos estudantes e que, com o país inteiro a ferro e fogo, o Presidente De Gaulle se refugiou numa base militar a partir da qual foi obrigado a negociar verdadeiros compromissos, percebendo que tinha pela frente a França de 1789 ou de 1848, a França que gosta de demonstrar de vez em quando que a democracia também pode exercer-se pela desobediência cívica.

Sou um cidadão tão zangado como muitos outros. Sei que só colectivamente, por meios que têm que ser inventados por todos, se pode tentar impedir os governos da União Europeia de darem cabo do que resta da economia portuguesa e das nossas vidas. No que a estas Cartas diz respeito, regresso na próxima semana ao género de assuntos para os quais foram inventadas.

Paulo Varela Gomes no Público

Reformados e pensionistas: Vasco Franco

3.035 euros

APESAR de ter apenas 50 anos de idade e de gozar de plena saúde, o socialista Vasco Franco, número dois do PS na Câmara de Lisboa durante as presidências de Jorge Sampaio e de João Soares, está já reformado. A pensão mensal que lhe foi atribuída ascende a 3.035 euros, um valor bastante acima do seu vencimento como vereador. A generosidade estatal decorre da categoria com que foi aposentado – técnico superior de 1ª classe, segundo o «Diário da República» – apesar de as suas habilitações literárias se ficarem pelo antigo Curso Geral do Comércio, equivalente ao actual 9º ano de escolaridade. A contagem do tempo de serviço de Vasco Franco é outro privilégio raro, num país em que a idade de reforma (para os que são menos iguais) é de 68 anos, para evitar a ruptura da Segurança Social… O dirigente socialista entrou para os quadros do Ministério da Administração Interna em 1972, e dos 30 anos passados só ali cumpriu sete de dedicação exclusiva; três foram para o serviço militar e os restantes 20 na vereação da Câmara de Lisboa, doze dos quais a tempo inteiro.Vasco Franco diz que é tudo legal e que a lei o autoriza a contar a dobrar 10 dos 12 anos como vereador a tempo inteiro. Triplicar o salário. Já depois de ter entregue o pedido de reforma, Vasco Franco foi convidado para administrador da Sanest, com um ordenado líquido de 4000 euros mensais. Trata-se de uma sociedade de capitais públicos, comparticipada pelas Câmaras da Amadora, Cascais, Oeiras e Sintra e pela empresa Águas de Portugal, que gere o sistema de saneamento da Costa do Estoril.

Nos-sela

lembranças de mãe

entró na eternidade nos seus 90 anos. O mei imaginário de filho mimado, a mantém sempre viva.

Para Flora Redondo de Iturra, no dia do seu 92º Aniversário.

http://www.youtube.com/results?search_query=beethoven+moonlight&aq=4

The Piano Sonata No. 14 in C♯ minor “Quasi una fantasia”, op. 27, No. 2, by Ludwig van Beethoven, popularly known as the Moonlight Sonata

Nós, adultos, esquecemos que a mãe é pessoa e vemo-la como processo. Além do carinho e emotividade que unem uma criança com a sua progenitora, existem, de forma igualmente importante, os diversos estágios que atravessa uma mulher que acaba no seu caminho de mãe. O primeiro, é ser mulher, até aos nossos dias, não se inventou um ser que a substitua na estrutura hormonal e na configuração biológica necessária para dar vida a um bebé, amá-lo e amamentá-lo. Muito menos, a invenção da leveza do ser que caracteriza a relação mãe/criança. Não consigo esquecer a frase de um amigo ao me confidenciar a tristeza que tinha pela sua mãe ter ficado inválida: não sei o que fazer…apenas consigo chorar. A minha resposta foi rápida e directa: o que o meu amigo chora não é a doença da sua mãe, o que chora é a falta do mimo embelezado dos carinhos dela. Doravante, será o contrário: é a mãe que vai precisar dos cuidados do filho! Ele, incapaz de devolver essa elegância de mimos que na sua infância, a sua mãe

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Orçamento consumado e apaixonado

E assim continuam a viver felizes para sempre.

Coragem!

Os meus companheiros do Aventar (boa parte) serão parte substancial daqueles que vão ficar “podres” com o facto de o PSD não ter chumbado o OE2011.

Os meus companheiros do Aventar (boa parte) fazem parte daquela maioria que considerou um erro a proposta de revisão constitucional.

Os meus companheiros do Aventar (boa parte) pertencem ao grupo daqueles a quem os cabelos se arrepiaram quando ouviram Passos Coelho afirmar “A ideia de que não se pode mexer em direitos adquiridos é uma ideia que cai no dia que for preciso“, ou seja, quando faltar o pão…

Só vos peço que pensem no seguinte: era ou não bem melhor para Passos Coelho, após a vitória nas directas, estar caladinho e quietinho esperando, apenas e tão só, que o poder lhe caísse no colo, como era previsível e hoje perfeitamente notório? Não foi assim com Durão? Não foi assim com Sócrates? Idem com Guterres? Foi, não foi? E deu no que deu, não deu?

Pois com Passos Coelho é diferente. A coragem de ser diferente, de dizer, desde já, ao que vem e para onde quer ir. É tão diferente do habitual na política caseira, não é? Não estamos habituados à verdade.

Não mudei de opinião sobre o OE2011, considero-o, por aquilo que dele conheço, um desastre – que nem tão poico será cumprido por estes senhores que, ainda, nos governam. Não tenho dúvidas que Passos Coelho também não gosta, até por não ser o seu orçamento. Mas preferiu o caminho, popularmente, mais difícil e vai abster-se.

Ele prefere seguir as suas convicções. No caso são diferentes das minhas mas a sua coragem em trilhar o caminho mais difícil faz-me acreditar que pode ser ele a estar certo e eu errado.

Sinceramente, estou cada vez mais convencido que fiz muito bem em largar o distanciamento político a que me tinha imposto nos últimos anos e voltar a acreditar. Estou certo que temos Homem.

Eu admiro a coragem, eu prefiro aqueles que não se amedrontam e trilham o caminho mais difícil, contra ventos e marés. Eu acredito na mudança e não estou arrependido.