Hoje sou mineiro

Um mineiro feliz, e chileno também.

Vão sair todos sãos e salvos como se usa dizer, salvos pela aldeia global e a tecnologia que ela pode chamar. Teriam apodrecido como os mineiros desta cantiga popular asturiana, não estivéssemos todos a olhar para a mina que não vemos.

E um deles já fez um poema:

Não nos tratem como artistas, somos mineiros

O nosso Raul Iturra está ali a torcer o sofrimento acrescido do homem que olha os seus compatriotas a voltarem um a um da terra que os emprenha, mas amanhã regressa feliz e contente, podem crer, um verbo derivado do querer.

Hoje Morreu uma Amiga

“Conheci Isabel Sousa na Biblioteca Raul Brandão, em Guimarães, há muitos anos. Depois, encontrei-a em muitas outras (S. João da Madeira, Espinho, etc.), ou em iniciativas invulgares (pão com livros, pizzas e livros, etc) que ela inventou, organizou e defendeu. Onde ela estava, estava também a paixão pelas bibliotecas, pelos livros, pelas salas onde os livros se guardavam e abriam. Morreu esta noite ao fim de um ano difícil e de muito sofrimento. Amanhã, de manhã, a (sua bela) Granja despede-se de Isabel. Todos os que gostam das bibliotecas portuguesas ficam mais tristes, muito mais tristes.

Big Brother da mina: E depois da saída?

O ‘big brother’ global em que se transformou a operação de salvamento dos 33 mineiros chilenos soa a um tradicional ‘dejá vu’. O uso do pleonasmo é aqui propositado. Só assim se pode comparar à mega transmissão do que se passa na mina de San José.

A chegada à superfície de cada um dos estafados homens foi relatada em detalhe. Um a um, com todos os detalhes. Nome, idade, estado civil, número de filhos, doenças existentes, as funções e a biografia. São heróis, claro. Merecem todo o destaque. Quantos dos heróis de pacotilha do mundo em que vivemos seriam capazes de superar o que eles superaram? Com aquele sacrifício…

Sejamos honestos. A cobertura informativa foi feita desta forma porque prometia ser um espectáculo. Cheio de emoção, que, no fundo, é aquilo que anima as nossas vidas. Eles merecem.

A dúvida reside no depois. Depois da saída, depois dos primeiros dias, depois de contadas as histórias, depois de feitas as reportagens, os documentários. O que será depois?

Na televisão ouço falar em milagre, em homens que nunca mais serão esquecidos. Será assim?

O Banco Alimentar Parlamento é já no Sábado

anúncio banco alimentar

É já no próximo Sábado, pelas 16 horas, na cidade do Porto (local a designar), que o Aventar vai promover o seu BANCO ALIMENTAR PARLAMENTO, destinado à recolha de alimentos para o deputado socialista Ricardo Gonçalves, que ainda recentemente confessou com inegável vergonha que o dinheiro não lhe chegava para comer.
Como todos sabem, o Aventar é um blogue de causas sociais. Não de causas fracturantes, como outros, mas de causas sociais. E todos nós, sejamos de Esquerda ou de Direita, preocupamos-nos com os mais pobres, os mais necessitados, aqueles a quem as carências deixam marcas iniludíveis e inultrapassáveis.
E no dia em que soubemos que havia no nosso País um deputado a passar fome, fomos os primeiros, de forma comovida, a mobilizar-nos. Porque um tribuno notável como Ricardo Gonçalves não pode fazer o seu trabalho se não se alimentar correctamente. Não pode exercer com a dignidade que o cargo exige. E quem sofre é Portugal.
Sabemos que os portugueses são solidários. E tudo o que entregarem no Sábado ao BANCO ALIMENTAR PARLAMENTO terá como destino a humilde residência do deputado Ricardo Gonçalves. Não custa muito ajudar. Quem tem alguma coisa deve ajudar quem não tem nada.
O Aventar convida desde já os seus leitores a juntarem-se, no Sábado à tarde, no Porto, a esta cruzada de solidariedade. Da mesma forma, o Aventar convida todos os blogues que se quiserem juntar a nós. Seremos 10, seremos 100, seremos 1000. E nas páginas do Aventar haverá espaço para agradecer a cada um.
No Sábado, vamos todos fazer o bem!

BLOGUES PARTICIPANTES NO BANCO ALIMENTAR PARLAMENTO DO AVENTAR (Em actualização)

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Passos Coelho resistirá aos banqueiros?

A despeito das responsabilidades por profundas crises, e mesmo considerando os casos de salvação com dinheiros públicos, o poder dos bancos continua granítico e subjugador do poder político. Até Eric Cantona o reconhece. Portugal, é claro, não se furta à regra. E, goste ou deteste, é nesta lógica de relação de poderes que Pedro Passos Coelho receberá esta tarde, às 17h00, os líderes dos quatro principais bancos portugueses. Portanto, lá estarão, na sede do PSD, Faria de Oliveira (CGD), Ricardo Salgado (BES), Fernando Ulrich (BPI) e Santos Ferreira (BCP).

Em jeito de aparte: é curioso que, ao encontro, não compareçam BPN e BPP para esclarecer quando devolvem aos cofres públicos os 6 mil milhões de euros com que o Estado os suportou; ou seja, a verba de que o Governo diz necessitar para cumprir o deficit de 4,6% em 2011. Enfim, são contas complicadas, de momento.

O objectivo dos banqueiros é pressionar Pedro Passos Coelho para viabilizar o OGE para 2011. Ignora-se se a versão a viabilizar é justamente aquela que o governo propõe, contemplando as medidas anunciadas por José Sócrates: – aumento de impostos e corte em despesas? Pedro Passos Coelho sempre tem dito “não ao aumento de impostos”. Mas agora é para valer? Deixamos a pergunta no ar e, na altura própria, teremos a resposta.

 Sabemos que os banqueiros vão utilizar um argumento de peso: a crescente falta de credibilidade do País para se financiar externamente, sector público ou privado. Passos Coelho terá, assim, de escolher entre duas credibilidades: a do País ou a dele próprio. Será que resistirá aos propósitos dos banqueiros? Este tornou-se o País do permanente ‘suspense’.

Cova-Gala, Figueira da Foz: a Outra Margem

A Figueira vista da Outra Margem

o meu poema azul

 

(adão cruz)

 Não sei fazer uma rosa nem me interessa

não sei descer à cidade  cantando

nem é grande a pena minha.

Não sei comer do prato dos outros nem quero

não sei parar o fluir dos dias e das noites

nem isso me apoquenta

não sei recriar o brilho do poema azul…

…e isso dá-me vontade de morrer.

Procuro para além das sílabas e dos versos

a voz poderosa mais vizinha do silêncio

o meu poema azul…

o suspiro de Outono onde a brisa se aninha

no breve silêncio do perfume do alecrim.

Lugar das palavras e dos versos

no caminho do teu rosto junto ao rio dos teus olhos

onde a vida se faz  poema

e o mar se deita nos lençóis de luz do fim do dia.

Procuro para lá das sílabas e dos versos

encontrar meu barco à entrada do mar

onde repousa teu corpo entre algas e maresia

meu amor perdido num campo de violetas.

O meu poema é tudo isto

que me vive que me ilude que me prende

ao lugar azul que procuro dia e noite

por entre os versos do meu ser.

O poema mais lindo da minha vida ainda não nasceu

não tem asas nem olhos nem sentimento

que o traga um dia o vento se vento houver

que a saudade o encontre onde ele estiver.

Dizem que no cimo dos pinheiros ainda é primavera

mas tão alto não chego.

Mais à mão

molho a minha camisa primaveril

no regato cristalino

que vai correndo por entre os dedos

num solo de violino.

Vestido de tempo sem espaço e de espaço sem tempo

tento fundir a neve com o calor da nudez

em versos que tecem mais tarde ou mais cedo

o mundo das sombras.

Não sei colher uma rosa

nem sei descer à cidade cantando

sou apenas aquele que ontem dormia

sobre um poema azul

e das asas da ilusão se desprendia.

Sou aquele que ontem se despia

nos braços do poema que vivia.

Sou aquele que ontem habitava

em silêncio

o poema que acontecia.

Sou aquele que ontem sonhou… 

em vão…

com o poema azul de mais um dia.

ainda melhor do que o melhor cabrito do mundo

(Foto adão cruz)

Há umas semanas atrás eu coloquei um texto aqui no Aventar, intitulado “O melhor cabrito do mundo”, confeccionado na “Casa no Campo”, em Espinheiro, Moldes, Arouca.

O meu amigo Engº Adelino Silva Matos, meu paciente e meu grande amigo há mais de trinta anos, enviou-me um mail dizendo: – meu caro amigo, o sr. não sabe o que é cabrito -. Tem de vir a minha casa comê-lo, confeccionado por minha irmã Flora Matos. Marque o dia e traga quem quiser.

Oh! Se eu fosse a levar quem quisesse! Vão comigo a minha irmã e meu cunhado, os meus companheiros de navegação em águas boas e más. [Read more…]