A Primavera chegou. Neste dia recordo sempre aquelas pequenas árvores, quase sempre pinheiros, que a cada ano lectivo coloquei na terra. Não me consigo lembrar o que aconteceu a cada uma delas, mas palpita-me que não aconteceu nada de muito extraordinário, uma vez que não há árvore nenhuma no canteiro que todos os anos era usado – já agora, se a gente usava sempre o mesmo, onde estavam as árvores do ano anterior?
Se ainda continua por aqui, permita-me que lhe sugira que continue a ler o post porque não se vai arrepender. Não, não vamos ter mulheres nuas, mas uma fábula:
E este é o momento do Beija-flor!
Um incêndio na floresta. Tão grande a catástrofe que todos os animais começam a abandonar o ecossistema em chamas. Os elefantes a abrir caminho, fogem a quatro patas e cruzam-se com um pequeno beija-flor que vai até um lago, pega numa gotinha e volta ao local do incêndio e deixa cair a pequena gota de água.
Os elefantes surpreendidos continuam a fuga e a pequena ave continua as suas viagens. uma após outra, uma gota do lago em cima do incêndio. Também, um após outro os animais fogem, mas cada vez mais intrigados com a atitude do beija-flor.
Falta o leão – o rei da selva, o último a abandonar o barco (não era o comandante do Costa Concórdia). O beija-flor continua.
O Rei leão, não resiste e pergunta-lhe o que é que ele está a fazer.
– “A apagar o incêndio”, respondeu.
– “Mas… Tu NUNCA irás conseguir apagar o incêndio”, responde o leão.
– “Eu sei! Mas… Estou a fazer a minha parte!
E nesta “coisa” de fazer a minha parte recordo com saudade um dia em que estava na Praça da Liberdade, Porto, ali juntinho ao que hoje é um restaurante de uma cadeia norte-americana.
Se bem me recordo estávamos a distribuir uns papéis à população sobre a necessidade dos Professores terem direito ao subsídio de desemprego. Um velhinho a quem tento entregar um folheto, argumenta, eu tento explicar, conversamos uns minutos e depois de lembrar com saudade outros tempos, o senhor termina:
– ” E sabe que mais? A culpa do 25 de Abril é sua!”
Desde esse dia a minha vida ganhou outro sentido – afinal não é todos os dias que nos elevam ao estatuto de herói, mesmo antes de nascer.
Viva a Primavera! Façam a vossa parte!
Bonita fábula que é, afinal, uma lição de vida. E o facto de dizer que se considera herói de um acontecimento tão relevante para quem defende os valores da liberdade que é anterior ao seu nascimento – e que é tão vilipendiado por tantos mentecaptos – só o dignifica. As minhas felicitações.
Obrigado.JP
Não resisti e tomei a liberdade de partilhar esta fábula na minha página do facebook…
Prefiro a fábula contada assim, destacando a primeira mulher africana a ser galardoada com o Prémio Nobel da Paz, em 2004. Faleceu em Setembro e 2011, mas inspirou-me a seguir a sua passada: também serei um beija-flor.