Tenho andado a descobrir o escritor e professor brasileiro Rubem Alves aos poucos. Com quase 80 anos só pode ter muito que ensinar. Hoje conheci a sua posição relativamente à missão ou ao papel do professor. Ele diz coisas simples como estas:
há muito tempo que procuro propor o novo tipo de professor. É um professor que não ensina nada, não é professor de matemática, não é professor de História, de geografia…É um professor de espantos.
O objectivo da educação não é ensinar coisas, porque elas já estão na internet, estão por todos os lugares, estão nos livros. É ensinar a pensar. Criar na criança essa curiosidade. (…) criar a alegria de pensar. (…) a relação com a leitura é uma relação amorosa. (…) Quando o professor manda, já estragou. (…) Não mandando ler, mas lendo.
A missão do professor não é dar as respostas prontas. (…) é provocar a inteligência, provocar o espanto, provocar a curiosidade.”
Dar o exemplo.
De um português no Brasil:
“Nas nossas universidades, em lugar de andar procurando com uma lanterna na mão quais os homens rebeldes e agressivos, quais os homens que ela chama de desajustados, andam, pelo contrário, à procura dos homens não rebeldes, dos não-agressivos, dos homens ajustados.”
Porque se estima muito mais o comodismo e bovino assentamento frente ao Sistema do que o seu permanente desafio e contestação… as universidades modernas são depósitos infindos de gerontes que se arrastam de cadeirão em cadeirão, com a lentidão de caracóis barbudos tentando tudo por tudo bloquear a entrada de jovens promissores (mas potencialmente contestatários) nas suas carreiras.
As Universidades são os seus professores, não os seus edifícios, salas, cadeiras, quadros de ardósia ou – mesmo – laboratórios. É no recrutamento dos seus melhores que devem concentrar o cerne dos seus esforços, mas não é isto que têm feito, pela simples razão de que as carreiras estão bloqueadas por estas hostes infindas de gerontes e por hierarquias que preferem sempre a estabilidade bacoca e a ortodoxia fundamentalista à inovação e à renovação de quadros.
“Nas Universidades da Alemanha (sobre cuja capacidade técnica ninguém tem a menor dúvida) onde os alunos vivem no desespero porque para eles não há carreira universitária possível, pois há sempre um catedrático velhíssimo que teima em não morrer e que já tem diante dele dez ou vinte assistentes quase tão velhos quanto ele, de maneira que a fila não se vai esgotar antes que esse aluno envelheça, morra também e perca os seus ideais.”
Agostinho da Silva
Acho que aprendeu comigo pois foi assim que ensinei e só fiz bons alunos toda a vida – mas tive eu de aprender que era assim pois no início nem percebi – mas descobre-se com o tempo e reacção dos alunos – e nem copiam – não precisam – só pensam e escrevem o que pensam embora sujeito a tema claro porqie havia matérias que queria que soubessem – até faziam poemas nos textos – sobre a matéria – o que me comovia aquela grandeza dos meninos (20 anos) – e mesmo os da escola profissional que muitas vezes eram melhores do que os mais velhos pois tinham menos vícios – e nunca nenhum professor teve festa feita por alunos em plena escola – tive eu – e de surpresa – e foi lindo – mas uma invejosa da direcção cabrona como não tinha nada a apontar-me acabou com o mu curso quando os meninos se colocaram TODOS – cabrona – Acidente em Cinfâes – os técnicos competentes sobretudo ficais da obra não sabem fazer escavações e tudo desmorounou em cima dos trabalhadores – todos sabem muito – aprenderam como ensino de Crato e Cuelhos
E como se espanta alguém sem nada para espantar? É o espanto pelo espanto, tal como a língua pela grafia ou pela fonética? Desconfio sempre dessas ideias demasiado românticas levadas ao limite. O desafio está em, ensinado, espantar. E espantar confrontando com o desconhecido e com o que é novidade, de uma maneira que ultrapassa o senso comum. Mas para isso é necessário mostrar a quem aprende a realidade para lá do que está à primeira vista, seja em sentido literal, seja em sentido digital. Realidade que pode ser a histórica, ou a literária, ou a das ciências exactas, ou a musical, e por aí fora. Para isso são necessários conteúdos e a sua discussão, daí a importância da formação aprofundada, de quem ensina, na substância (e menos na forma).
“…ensinando…” e não “…ensinado…”.