O caso desesperado dos clientes do BPP é um escândalo que, típico da nossa inveja, passa ao lado da esmagadora maioria dos portugueses. Aliás, o sentimento dominante é “eles são ricos, que se entendam”. Estamos a falar, na esmagadora maioria dos casos, das poupanças de uma vida de trabalho de gente séria e honesta. Sim, os ricos que o povão despreza, esses, trataram de vida a tempo e horas com o nosso dinheiro, safando-se, à tangente, de ficar sem o graveto que tinham no BPP através da intervenção do Estado – intervenção essa que serviu, apenas e só, para resolver o problema a meia dúzia de “amigos”. (Declaração de interesses: não conheço nenhum dos lesados nem fui/sou cliente desse banco. Felizmente!).
Outra matéria que o povão adora é as pensões dos políticos. Outra escandaleira das grandes mas tratada pela imprensa de forma grosseira. Não são os políticos, são meia dúzia de tratantes que, entre outras coisas, são ou foram políticos. Isto de generalizar dá audiências mas cria injustiças como a dos clientes do BPP.
Entretanto, hoje é 31 de Janeiro e começaram as comemorações do centenário da República. Se é verdade que os jornais falam do tema, não o é menos que o tratam aos olhos da intriga política actual: Os eventuais recados de Cavaco ao Governo, os estados de alma de Manuel Alegre.
A verdade é que os 400 milhões que entraram no BPP não estão lá, foram parar às mãos de quem tem poder para ser ouvido. Os outros andam na rua com cartazes…
o que é o BPP? desculpa perguntar
Não tem de pedir desculpa, eu é que me devia ter lembrado que o Aventar é lido no Brasil e por isso deveria ter colocado o nome e não apenas a sigla:
BPP – Banco Privado Português que recentemente deu o berro e com isso ficaram inúmeros portugueses e espanhóis a arder.