Os dinheiros investidos no futebol, dos estádios às remunerações de jogadores, treinadores e dirigentes, transformaram-se em tamanha afronta que levaram a alhear-me do chamado desporto-rei. Verdade se diga que, pelo sórdido amor das claques à violência, também perdeu para mim o estatuto de espectáculo competitivo saudável, de prazer colectivo.
Por mera coincidência, a última semana ofereceu-me duas notícias futebolísticas agradáveis. A primeira refere-se à impossibilidade de Jesus ser premiado com um milhão de euros pela vitória na Liga Europa – ver jornal “i”: One million euros, Jesus? No, Anfield Road said. A segunda notícia foi a derrota da equipa mais cara do planeta, o Real Madrid, no Santiago Bernabeu, por 2-0 diante do Barcelona. Ambas são derrotas de dinheiros imerecidos, como seriam as do Liverpool e do Barcelona. Só que, infelizmente, não poderiam ter perdido os quatro em simultâneo.
Sei que muito, muito, muito mais havia de suceder para que os investimentos no futebol fossem relativizados tendo em conta os problemas sociais existentes – Portugal, segundo Eurostat, tem 18% de pobres entre a sua população; por sua vez, Espanha conta com 20% de taxa de desemprego.
A própria África do Sul, ainda que a realização do ‘Mundial de 2010’ esteja ameaçada politicamente, teria, com toda a certeza, outras prioridades no investimento em infra-estruturas sociais e económicas à frente do futebol. Como, de resto, sucedeu com Portugal no ‘Europeu de 2004’, com os famigerados dez estádios.
Gostar de futebol sim, mas vamos com calma.
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