Dois casos típicos. O prédio cor de rosa, na Duque de Loulé, foi esvaziado há uns dois anos. Na altura, ostentava o orgulhoso cartaz indicando “nova construção”. Hoje, felizmente já lá não se encontra, mas miraculosamente surgem portadas e janelas abertas, além dos costumeiros vidros partidos. Para “arejar” as casas vazias, com certeza… A Câmara Municipal de Lisboa que tem fiscais por todo o lado a verificar – e a multar ~ obras de recuperação de tugúrios, deve andar muito distraída. Por toda a cidade, estes vidros partidos indiciam apenas uma coisa: crime anunciado. Urge implementar normas severas que podem mesmo ir à pura e simples expropriação de edifícios, preservando-se o interesse colectivo. Não valerá a pena agitar-se a opinião pública com “comunismo”, porque até Salazar assim procedeu quando decidiu construir toda a zona compreendida entre a Alameda e a Av. do Brasil em apenas alguns anos. Este tipo de expropriações por flagrante delito, podem até ser facilitadas pelo facto de uma boa parte dos edifícios pertencerem a mafiosas entidades que dão pelo prosaico nome de “bancos”, “companhias de seguros”, ou “fundos imobiliários” nacionais e estrangeiros. O interesse geral deve estar acima da especulação que arruina a cidade, envergonha a população e estiola a consciência nacional.
Quanto ao “lindo exemplar moderno” da foto em baixo, espelha bem – até a fachadinha o diz – a actual situação. Continuam a construir desnecessário lixo para o terciário, em zonas de habitação. Num momento em que as empresas despedem escriturários e pessoal burocrático, os escritórios – devido também à informatização – vão-se reduzindo em dimensão e até desaparecendo, para quê, então, despovoar o centro das cidades? Pela simples especulação danosa? No prédio que habito e que foi construído para habitação, existem mais escritórios do que casas e desta forma encontra-se praticamente deserto a partir das seis da tarde, com os consequentes assaltos e invasão das escadas por “certo tipo de profissionais de 10 minutos às 2 da manhã” que proliferam nesta zona da cidade, etc. O terciário deve ser confinado a locais próprios e expulso dos prédios de habitação.
O resultado da política que tem vindo a ser prosseguida, está à vista: situado nas imediações da PT, na rua Sousa Martins (paralela à Duque de Loulé), o mastronço da foto mais abaixo está há anos vazio, sem arrendar um único escritório! E a C.M.L. continua a ruinosa política de permitir estes desmandos, nem sequer tendo a básica ideia de constituir um gabinete com poderes ditatoriais – escrevo a palavra de forma assumida – que decida ou não a licença para a construção de edifícios, dependendo das fachadas. As diversas zonas que compõem a cidade, devem obedecer a rígidos critérios de época e do contrário é impossível convencer-me. Se isto não obedece à lei vigente, modifique-se a lei. É simples.
Finalizando, informo que a benemérita entidade responsável pela destruição do 35 da Av. Duque de Loulé (onde hoje se constrói mais um mamarracho), é um certo Fundo Imobiliário cujo Espírito tem pouco de Santo. Banca, betão, política, ou seja, a trilogia de sempre.
Este Espirito está em todo o lado onde ocorram maldades que dão dinheiro. De preferência sem risco e a coberto da protecção dos poderes instituídos… os 21 milhões dos submarinos estão aqui a transformar-se em escritórios. isto é, tudo pago cá pela gente…