Relembrar a Madeira

A catástrofe da Madeira já foi há pouco mais de 2 meses. Desde essa altura temos tido alguns espasmos económicos, o benfica foi campeão e pelos vistos os impostos vão voltar a subir.
Até já tivemos galas a favor da Madeira e continuamos a poder arredondar as nossas compras para aos poucos ajudarmos a 2ª região mais rica do país (com um pib que representa 96,3% da média europeia).

Há por isso a tendência para se esquecer alertas antigos sobre como deve ser feita a ocupação do território, na Madeira e no resto do país.
Provavelmente para evitar isso realizou-se no passado dia 26 de Abril, na sede da Sociedade de Geografia de Lisboa, um Encontro e Debate organizado pela Associação Portuguesa de Arquitectos Paisagistas e a Sociedade de Geografia de Lisboa sobre “A Catástrofe da Madeira. Uma Visão do Ordenamento Biofísico”.

Reproduzo uma parte do press-release:

“Foi recordada a regularidade com que ao longo dos anos (e dos séculos) na ilha da Madeira têm ocorrido enxurradas e catástrofes – o que alerta para a necessidade de um novo paradigma no ordenamento biofísico do território.
Ficou demonstrado que os avisos de chuvas torrenciais podem ser feitos antecipadamente, num mínimo de 72 horas.
O leito de cheia dos 100 anos não pode ser de novo ocupado.”

A Ecologia do PPM

“Ribeiro Telles – O PPM começou por ser um pequeno grupo que se reunia na Martinho, no Largo D. José da Câmara, ou na Brasileira, para discutir. Para discutir tudo. Os seus fundadores tinham, como coroa de glória, o serem monárquicos da oposição. Pouco a pouco, a esse núcleo inicial juntaram-se outras pessoas, algumas das quais trouxeram, para o debate, as questões ecológicas.

Passaram-se anos. Em 1979, Sá Carneiro, um homem de grande visão política, compreendeu que, para equilibrar a coligação conservadora que firmara com o CDS precisava de nós. Nós constituiríamos a novidade. E nós lá fomos. Até porque, fora da AD, poucas possibilidades nos restavam de fazer qualquer coisa.

Os objectivos ecologistas que vínhamos defendendo tinham atraído, entretanto, muitas pessoas alheias ao ideal monárquico. Talvez pela vontade de aglutinar mais e mais pessoas à nossa volta, anunciei, então, ingenuamente, ‘Vamos, sem apagar a causa monárquica, relegá-la para segundo plano e transformar isto num partido ecologista. Vamos ser o partido ecologista da AD.’ No fundo, nunca considerara a ideia monárquica como atributo partidário mas como ideia supra partidária. Apenas o comprometimento da Causa Monáquica com o Estado Novo justificara o aparecimento, após o 25 de Abril, num contexto democrático, de um partido expressamente vinculado à monarquia. Só que, para mal da minha proposta, o clubismo tinha aumentado. Houve, por isso, quem, no interior do PPM, exclamasse ‘Não senhor, o que é preciso é reafirmar a monarquia. A monarquia tem que regressar ao primeiro e único lugar das nossas preocupações.’

E aquilo acabou. Por umas razões e por outras, acabou a AD e acabou o PPM ecologista.”

in Ecologia e Ideologia
Domingos Moura, Francisco Ferreira, Francisco Nunes Correia, Gonçalo Ribeiro Telles, Viriato Soromenho-Marques
Livros e Leituras, 1999

Av. Fontes Pereira de Melo


Avenida Fontes Pereira de Melo,no cruzamento com a António Augusto de Aguiar. Dois casarões já emparedados e à espera de demolição. É um autêntico escândalo que nada seja feito para impedir estes atentados com que quotidianamente deparamos. E em pleno centro da capital. Nem que fosse como uma forma de manifestar respeito para com o grande homem que foi Fontes, a avenida que tem o seu nome devia ser preservada do lixo que se vai construindo.

R. Bernardo Lima: Lisboa Arruinada

Na Bernardo Lima (à Duque de Loulé), maravilhoso exemplar da viragem do séc. XIX/XX, que decerto aguarda demolição. A zona que vai do Marquês de Pombal ao Liceu Camões, tem sofrido nos últimos anos, uma depredação tão escandalosa como aquela que vitimou a av. da República nos anos 70, 80 e 90. Vergonha para quem manda e uma humilhação – mais uma – infligida aos lisboetas.

R. Luciano Cordeiro (2): Lisboa Arruinada


Mais um prédio a aguardar a destruição. Situa-se Situa-se na R. Luciano Cordeiro, à Duque de Loulé e é um típico exemplar daquilo a que se chamava “prédio de rendimento”, próprio do final da Monarquia Constitucional. Os vizinhos informam que pertence ao sr. Belmiro de Azevedo. A ser verdade e conhecendo as características das construções pela SONAE apadrinhadas, sabemos bem o que poderá crescer naquele terreno. Mais uma infâmia.

Dispensário de Alcântara: Lisboa Arruinada


O Dispensário de Alcântara é uma das muitas obras de assistência promovida pela rainha D. Amélia. Prosseguindo actividades de cariz social que ao longo dos séculos foram apanágio das rainhas de Portugal, D. Amélia introduziu o moderno conceito de assistência social, tal como hoje o entendemos. Assim, aquilo que se entendia então por caridade, adquiriu fundações mais sólidas, ligando-se à formação de mentalidades – higiene, cuidados preventivos, assistência continuada – e a rainha, desde sempre insistiu junto dos governos, pela implementação das novas áreas da ciência que ainda não tinham chegado ao país. O Instituto Pasteur (Câmara Pestana), os Lactários Públicos, as Cozinhas Económicas, os Socorros a Náufragos, ou as numerosas creches e a modernização dos hospitais, contam-se entre as suas obras mais relevantes. No entanto, para a memória de todos, ficou a inestimável Assistência aos Tuberculosos. O Dispensário de Alcântara foi durante anos, uma visita quase diária e mesmo no exílio, jamais descurou das suas necessidades, mantendo-se em permanente contacto com o corpo médico em exercício. D. Amélia preocupou-se sempre em garantir o permanente funcionamento daqueles serviços à população. Em 1945, quando da sua visita a Portugal, não deixou de visitar esta sua obra, assim como a sede da S.L.A.T. (ao Cais de Sodré). A população correspondeu com um inaudito banho de multidão, numa época em que as manifestações que não tivessem convocatória oficial, eram rigorosamente controladas ou proibidas. Foi talvez, uma das poucas vezes em que os lisboetas estiveram em contacto com uma personalidade que para muitos, simbolizava uma liberdade e um verdadeiro constitucionalismo há mais de três décadas perdido.

O Dispensário de Alcântara está hoje vazio, fechado. Há uns meses, ostentava na fachada, o cartaz com o esperado e temível “Vende-se”. Sabemos o que nesta época, isto significa: destruição. O apagar da memória da nossa História. Este edifício é simbólico da vontade e do sonho de progresso de uma mulher , que quis que Portugal entrasse plenamente no século XX, a par das outras nações civilizadas da Europa. Por si só, a rainha D. Amélia foi um autêntico ministério dos Assuntos Sociais sete décadas antes de o termos criado. Desta forma, o Estado Português, a CML e entidades privadas ou beneméritas, tudo deverão fazer para o preservar. A destruição do Dispensário de Alcântara será mais um crime, uma infâmia. Mais uma vergonha. Até quando?

Durante a sua visita a Portugal (1945), Dª Amélia foi ver a sua “obra de Alcântara”. Hoje para sempre fechada?

Av. Fontes Pereira de Melo: Lisboa Arruinada

Belo conjunto de três edifícios da passagem do século XIX/XX, aguardando destruição. Neste momento, apenas servem para suporte de cartazes publicitários. Como estão na moda e vão nascendo em antigos edifícios por toda a capital, não existirá uma entidade que os queira transformar num luxuoso hotel de charme? As fachadas dos dois prédios à direita da imagem têm que ser preservadas, assim como a totalidade do palacete. À sua volta, temos alguns exemplares de conhecidos trastes, como o edifício PT, o Saldanha Residence (East Cacém style…) e o horripilante Sheraton (esta grande obra do fim do “marcelismo”). Mais palavras, para quê?

Av. Joaquim António Aguiar: Lisboa Arruinada


Na Joaquim António de Aguiar, mesmo antes de chegarmos ao Marquês. Três belíssimos exemplares Deco, em ruínas. Comparemos estas vítimas do desleixo e crime, com o recentemente restaurado casarão “D. João V”, à direita da imagem. A construção do túnel do marquês, levou ao abate de numerosas árvores no separador central e o mesmo aconteceu recentemente na zona de entrada do Parque. Se a isto acrescentarmos o que se está a passar no Príncipe Real e noutras zonas da cidade, torna-se nítida uma certa obsessão anti-verde.

Rua de Andaluz: Lisboa Arruinada


Pequeno, modesto, mas característico prédio da rua de Andaluz, na intersecção com a Duque de Loulé. Preparam-se para o demolir e substituir por um exemplar decerto idêntico ao que surge mais à esquerda na fotografia. Esta zona parece condenada à total destruição.

Duque de Loulé: Lisboa Arruinada


Uma futura vítima a abater – já entaipada -, ao cimo da Duque de Loulé e antes de entrarmos na Praça José Fontana. Reparem no mamarracho à esquerda. O sonho dos senhores que em nós tripudiam, é transformar Lisboa num enorme pardieiro de alumínio, marquises de lata e vidros espelhados. desde que lucrem com a façanha, é claro.

R. Luciano Cordeiro: Lisboa Arruinada


Característico exemplar de prédio residencial do final do séc. XIX/início do XX, em Lisboa, Rua Luciano Cordeiro. emparedado, aguarda tristemente a sua demolição, decerto para ser substituído por outro mamarracho como aqueles que abundam nesta zona (Duque de Loulé).
Lisboa é sem dúvida e a par de Bucareste, a capital europeia (?) com a mais incompetente, debochada e desapiedada Câmara Municipal, cuja responsabilidade pelo desastre, já remonta a meados dos anos sessenta. Não tendo sofrido qualquer bombardeamento durante a II Guerra Mundial, os efeitos da cupidez, corrupção e mau gosto, são amplamente visíveis em todo o lado. Uma vergonha nacional.

Plástico no meio do Pacífico

Chris Jordan é fotografo e tem exlorado o tema da sustentabilidade do nosso modo de vida nomeadamente no que diz respeito ao impacto que aquilo que usamos no dia-a-dia tem no ambiente.

O seu último trabalho que foi apresentado em Outubro na conferência PopTech 2009 e que pode ser visto no seu site mostra até onde vão os restos de alguns dos resíduos que produzimos.

As imagens são chocantes e impressionam também pelo facto de terem sido recolhidas num dos locais mais remotos do planeta, um pequeno atol no meio do Oceano Pacífico a vários milhares de quilómetros de tudo.

Este é algum do impacto que criamos e que nos deve fazer pensar se podemos fazer algo para o alterar… e não precisa de ser nada de particularmente radical, podemos começar pelas pequenas coisas até porque uma longa caminhada começa sempre com o primeiro passo.

Av. da República: Lisboa Arruinada


Chegar ao Porto dez minutos mais cedo, eis em resumo o que significa o mega-projecto do TGV. No exacto momento em que as cidades do país proporcionam um ridículo espectáculo de ruas esburacadas, prédios e casas a ameaçar derrocada, jardins ao abandono, transportes públicos deficientes e monumentos a carecer de intervenção urgente, as autoridades parecem querer insistir num erro vetusto de décadas. Se talvez se possa compreender a insistência na construção de uma linha de alta velocidade que nos ligue ao resto da Europa, as suas ramificações dentro do território nacional são por todos consideradas como teimoso desvario.

Sempre que uma autoridade concede uma entrevista, confirma os piores receios, mostrando sempre inamovíveis nas muito discutíveis opções de investimento. Continuamos então na senda das obras de fachada ao estilo aldeia de Potemkin, em vez de recuperarmos o imenso e quase fatalmente perdido património. As obras de pequena e média dimensão, proporcionam o trabalho de que as empresas tanto necessitam, dinamizando vendas, produção de materiais e consequentemente, ajudando a mitigar o problema do desemprego. Simultaneamente, prestar-se-ia um inestimável serviço a um país que pretende apresentar-se ao mundo como um destino turístico de primeira categoria. Para assim ser, não basta desfiar-se um caricato rol de campos de golfe e hotéis de charme, ao mesmo tempo que se esquecem as praias poluídas e sem infraestruturas de acolhimento, ou as muito danificadas estradas secundárias que conduzem os visitantes ao apregoado turismo num interior praticamente desertificado. Investe-se em grandes projectos turísticos no Alqueva, mas esquece-se todo o espaço circundante. É a opção pelos condomínios fechados levada ao extremo.

[Read more…]

Defensores de Chaves: Lisboa Arruinada


A Defensores de Chaves está já há anos, transformada num estaleiro. Obras do metro, feliz remoção da estação rodoviária e, como sempre, as demolições destruidoras do património. Uns atrás de outros, prédios com fachadas entaipadas, portas e janelas cobertas de tijolos. A demolição em nome de um progresso que apenas parece ser o sinónimo dos negócios para alguns. A cidade de Lisboa assemelha-se a uma gigantesca pedreira, transformando-se todo o património oitocentista em entulho. Grandes áreas residências, têm sido transformadas em prédios semi-vazios de escritórios e com aquele tipo de “arquitectura” que tem transformado esta outrora bela capital, no imundo pardieiro a que as autoridades nos habituaram. Até quando?

Av. da Liberdade e "El Cabezudo": Lisboa Arruinada

Este autêntico escândalo citadino existe há muitos anos. Dois prédios – um já demolido e outro que apresenta apenas a fachada arruinada – foram destruídos para o fim que a imagem mostra. É a prova da inépcia das autoridades e de um hipotético negócio especulativo que ainda não vingou. Este buraco situa-se diante da entrada sul do metro da Avenida, ao pé da estátua do “El Cabezudo”, vulgo Simão Bolivar, o grande herói chavista avant la lettre. Lisboa, uma cidade cada vez mais parecida com uma boca parcialmente desdentada e atingida pela cárie.

Stop Eólicas em Sortelha

Sortelha faz parte da lista de aldeias históricas criada em 1991 e que inclui núcleos urbanos com fundação anterior à nação portuguesa.
Sortelha também tem (ou tinha em 2001) 579 habitantes.

E pelos vistos daqui a uns tempos poderá ser a freguesia com maior número de geradores eólicos por habitante se forem instalados os 17 ou 18 geradores… na verdade não faço ideia se será o maior número ou não mas imagino que um gerador por cada 31 habitantes seja um número elevado…

Mas a principal questão segundo o blog Vamos Salvar Sortelha é mesmo o impacto que estes equipamentos poderão ter no, talvez único, recurso endógeno da região… a sua paisagem.

Tenho a certeza que neste processo a empresa que quer efectuar esta instalação prestou todos os esclarecimentos à população.
Também tenho a certeza que todos os representantes da JF de Sortelha foram informados de todos os potenciais impactos positivos e negativos que esta opção poderá ter (incluindo financeiros) e os transmitiram aos seus representados… os tais 579 habitantes.
E tenho a certeza que levaram isso em consideração para a sua decisão final.
Tenho a certeza disso porque é assim que costuma funcionar a nossa democracia.

Duque de Loulé: Lisboa Arruinada

Dois casos típicos. O prédio cor de rosa, na Duque de Loulé, foi esvaziado há uns dois anos. Na altura, ostentava o orgulhoso cartaz indicando “nova construção”. Hoje, felizmente já lá não se encontra, mas miraculosamente surgem portadas e janelas abertas, além dos costumeiros vidros partidos. Para “arejar” as casas vazias, com certeza… A Câmara Municipal de Lisboa que tem fiscais por todo o lado a verificar – e a multar ~ obras de recuperação de tugúrios, deve andar muito distraída. Por toda a cidade, estes vidros partidos indiciam apenas uma coisa: crime anunciado. Urge implementar normas severas que podem mesmo ir à pura e simples expropriação de edifícios, preservando-se o interesse colectivo. Não valerá a pena agitar-se a opinião pública com “comunismo”, porque até Salazar assim procedeu quando decidiu construir toda a zona compreendida entre a Alameda e a Av. do Brasil em apenas alguns anos. Este tipo de expropriações por flagrante delito, podem até ser facilitadas pelo facto de uma boa parte dos edifícios pertencerem a mafiosas entidades que dão pelo prosaico nome de “bancos”, “companhias de seguros”, ou “fundos imobiliários” nacionais e estrangeiros. O interesse geral deve estar acima da especulação que arruina a cidade, envergonha a população e estiola a consciência nacional.

Quanto ao “lindo exemplar moderno” da foto em baixo, espelha bem – até a fachadinha o diz – a actual situação. Continuam a construir desnecessário lixo para o terciário, em zonas de habitação. Num momento em que as empresas despedem escriturários e pessoal burocrático, os escritórios – devido também à informatização – vão-se reduzindo em dimensão e até desaparecendo, para quê, então, despovoar o centro das cidades? Pela simples especulação danosa? No prédio que habito e que foi construído para habitação, existem mais escritórios do que casas e desta forma encontra-se praticamente deserto a partir das seis da tarde, com os consequentes assaltos e invasão das escadas por “certo tipo de profissionais de 10 minutos às 2 da manhã” que proliferam nesta zona da cidade, etc. O terciário deve ser confinado a locais próprios e expulso dos prédios de habitação. [Read more…]

Costa Vicentina em pé de guerra

A Costa Vicentina, a única jóia digna desse nome que resta na costa portuguesa, está em pé de guerra por causa do Plano de Ordenamento promovido pelo Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV). Confesso que não li o actual plano, pelo que não me pronuncio nem a favor, nem contra o mesmo. Conheço, no entanto, muito bem a região e tenho ouvido várias opiniões de moradores. A guerra aumentou de tom, com todos os municípios abrangidos contra o Plano de Ordenamento, mas o clima de guerrilha é antigo. Algumas injustiças e exageros têm sido cometidos contra a população local, existem limitações, por vezes incompreensíveis, que não promovem a fixação das gerações mais jovens na região e têm levado ao abandono quer das populações, quer das actividades tradicionais que o Parque deveria proteger. Por outro lado, e disso estou seguro, se não fosse a existência do PNSACV estariamos hoje confrontados com um mero prolongamento do pior dos Algarves, aquele que apostou acriticamente no turismo massificado, na betonização indiscriminada e na falta de ordenamento.

A jóia que a Costa Vicentina ainda é tem um elevadíssimo potencial de atracção de riqueza por se ter mantido como é, bela, preservada, quase virgem, com uma linha litoral praticamente impoluta, mas é necessário que os habitantes usufruam também dessa possibilidade de geração de riqueza sem, no entanto, alterarem significativamente a paisagem e a pressão demográfica actuais, não esquecendo que a região é mais do que apenas a beira-mar. [Read more…]

Entre-Campos: Lisboa Arruinada

Em Entrecampos, o enorme terreno onde outrora se ergueu a Feira Popular, encontra-se limpo de ruínas e aguarda por novas construções. A cidade de Lisboa tem sido privada de espaços de lazer e a Feira Popular foi um grande polo de atracção durante décadas, onde gerações se divertiram no luna park disponível, comemorando aniversários ou participando em patuscadas nos Santos Populares. É um apetecível espaço para o sector betoneiro que domina o país e é com preocupação que os lisboetas imaginam o uso a que está destinado. Será decerto mais um colosso a perder de vista e sem qualquer interesse para a população, com volumetrias disparatadas, alumínios e placas em pedra polida ao gosto de qualquer WC de hotel de Tegucigalpa. Nada de novo.
Lisboa precisa urgentemente de espaços lúdicos adaptados às novas necessidades de uma juventude adepta de novos desportos e formas de lazer. Este terreno seria ideal para a construção de um prolongamento do jardim do Campo Grande, estendendo a malha verde em direcção ao renovado Campo Pequeno e incluindo pistas para ciclistas, skatters e patinadores.
Argumentarão com os compromissos tomados. Gesticularão com a ameaça de indemnizações, processos em tribunais nacionais e europeus. O interesse da comunidade está muito acima dos jogos da especulação e seria curioso verificar até onde pode ir a cumplicidade entre as diversas forças políticas dominantes na Câmara e as empresas investidoras interessadas ou “proprietárias” do espaço. Como disse anteriormente, nacionalizações ou expropriações “Por Bem” não amedrontam seja quem for. Ficamos – na certeza da dúvida – à espera de um projecto do arq. Ribeiro Telles.

Sou a Favor do Pagamento de Portagens (1)

scut

Sou a Favor do Pagamento de Portagens nas auto-estradas “grátis”, só temos aquilo que temos andando mesmo-mesmo a pedir.
As razões do meu apoio ao pagamento de portagens em todas as auto-estradas já a seguir.

Na foto, scut Gafanha da Nazaré-Vilar Formoso, vulgo A25, Agosto 2009 e o Intercidades Guarda-Lisboa na Linha da Beira Alta e o rio Mondego.

Senhora Ministra da Cultura, “vá estudar”

Senhora Ministra da Cultura, doutora Gabriela Canavilhas,

Eu sei que os Açores já não têm caminho-de-ferro;

eu sei que em Trás-os-Montes já quase só sobram velhos e oportunistas;

eu sei que o Vale do Tua não se avista de Lisboa;

eu sei que o nosso problema com a energia não é a sua falta mas sim o excesso de consumo (per capita gastamos o dobro da Dinamarca)…

eu sei que a Cultura é um impecilho, um aborrecimento, um impedimento a causa mais “nobres”, eu sei.

Mas também sei que não existe nenhuma outra via férrea como a Linha do Tua, projecto assombroso sonhado e rasgado na pedra por portugueses – o engenheiro Diniz da Mota veio dos Açores. Vá ao cinema!

“Nós não estamos a dormir” – são as suas palavras ao minuto 4:22. Fica anotado. Eu já quase tenho vergonha de ser português.

O BES a contribuir para o PIB !

O José Manuel Fernandes hoje no Público vem mostrar como se fazem negócios em Portugal, agarrando um assunto que a Associação de Turismo do Algarve já levantou a semana passada. O Ryder Cup é um campeonato internacional de Golfe várias vezes efectuado no Algarve e a que se candidatou novamente para 2018.

O que é interessante é que a Comissão Executiva escolheu a Comporta, um PIN (os tais projectos importantíssimos que servem para tirar qualquer observador isento do caminho) que no terreno não tem campo de Golfe, nem hóteis de 5 estrelas, condições obrigatórias para ter acesso ao campeonato.

Acontece que a Comporta é um megalómano projecto do grupo BES, autorizado pelo Presidente da Comissão que escolheu o local,  que tambem inventou os PINs, que foi quadro do grupo BES e que foi ministro com “corninhos”.

Pois, o ex-ministro Manuel Pinho, deixou ” as minas e armadilhas” pelo caminho, vai aguardar que passem os tais três anos de “nojo” ( palavra bem apropriada) antes de voltar ao Grupo de onde saiu e que tanto ajudou.

Tantos e tantos ex-governantes a cobrarem o que fizeram enquanto governo…

Nuclear/ Renováveis – vantagens e desvantagens

O lobby do nuclear não desiste e o lobby das renováveis tambem não. O secretário de estado, Carlos Zorrinho, já recebeu o documento de quem defende o nuclear e ataca os apoios estatais à eólica, a solar e às barragens. A Associação das Empresas das Energias Renováveis diz que vai desmontar os argumentos apresentados.

É uma bela peleja, importante para o país, para sabermos se o nosso desenvolvimento energético tem as necessidades do país como objectivo ou se resulta de interesses públicos e privados, estimáveis, mas que não temos que pagar.

Lisboa Arruinada: a Visconde de Valmor, sem Prémio


Edifícios da época da construção das avenidas novas. Degradados e fechados, esperam o camartelo. A situação de trágica torna-se irónica, porque o nome da avenida Visconde de Valmor, remete-nos para o mais conhecido Prémio de arquitectura de Portugal. Não deixa de ser simbólico.
[Read more…]

A parvoíce da esperteza saloia e o lixo

lixo-0404

No aproveitar é que está o ganho, reza uma daquelas velhas máximas herdeiras da sabedoria popular. Por este prisma, e porque estamos em Portugal, uma das pátrias do improviso, até nem espanta que uma empresa com licença de gestão ambiental tenha feito uma descarga de 10 toneladas de lixo, mesmo em vésperas da operação "Limpar Portugal".

O Público conta que a descarga de esponja, utilizada na criação de bancos para automóveis, aconteceu nas serras da Freita e de Mansores, no concelho de Arouca. Um crime ambiental, pois, que já levou a duas queixas no Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente da GNR.

A presidente da empresa admitiu a descarga das 10 toneladas de resíduos. Não sei se disse mas é claro que foi uma forma de aproveitar a acção "Limpar Portugal" para se desembaraçar de dez toneladas de lixo sem grande esforço. Nós sujamos, os outros parvos que limpem, terá pensado a nobel senhora, do alto da sua grandiosa parvoíce.

[Read more…]

A água e o seu desperdício – privatizar ?

” O maior desafio é não deixar que a água seja privatizada” diz o sr. William Cosgrove. especialista em água e consultor das Nações Unidas, foi vice-presidente do Banco Mundial.

” As pessoas podem viver sem petróleo mas não podem viver sem água” “A Tunísia, que tem muita pouca água, tem uma estratégia para o sector, começando a cobrar pela água utilizada em função das possibilidades de cada família, e aplicou uma taxa acrescida para o Turismo!”

” Na agricultura são utilizados 3/4 da água existente no mundo, que é suficiente.” “A boa gestão passa por não a desperdiçar, na indústria já se começou a reutilizar a água que aplicam. Em grande parte do mundo não se paga a água que se consome o que leva ao desperdício, uma medida é aplicar taxas segundo o consumo”.

Em Portugal o desperdício da água é muito alto, a ponto de haver quem defenda que o melhor investimento na actividade seria a manutenção da rede de distribuição. Calcula-se que andará pelos 60% a água desperdiçada. Nos últimos anos apareceram várias empresas privadas de distribuição, normalmente associadas aos municípios onde prestam o serviço o que tem vindo a ser visto como o ínicio da privatização do sector.

É um sector absolutamente vital e a água é um recurso natural que pertence à Humanidade, é impensável a sua privatização. Mas é preciso estar alerta!

Um dos sectores que mais consome água é o golf, e pior do que isso, contamina os aquíferos devido aos tratamentos intensivos da relva com fungícidas . Talvez se perceba agora porque temos tantos PINs (projectos de interesse nacional) que não passam de campos de golf. É a isso que se chama “economia periférica” vamos recebendo o que os outros não querem, como aonteceu nos anos 70 com a indústria de celulose, que além de contaminar o ar, suga a água dos solos com os eucaliptos “globulus” a principal matéria prima da pasta de papel!

A Câmara Municipal destrói o Rato

Naquele bem conhecido processo do “tanto insistir até conseguir”, a Câmara Municipal de Lisboa volta à carga com a questão do repulsivo prédio a construir no Largo do Rato, logo à entrada da Rua do Salitre.

É a completa cedência à destruição de todo o centro histórico de Lisboa que nas últimas décadas, viu devastadas as construções erguidas durante o século XIX. Este “projecto de arquitectura” nada mais é senão a suburbanização da capital e no eixo Largo do Rato/Alexandre Herculano e uma manifesta a vitória dos interesses especulativos, em detrimento daquilo que caracteriza a diversidade arquitectónica da cidade de Lisboa. Pior, consagra a quase completa terciarização de vastas zonas habitacionais.

Qual será a reacção da arq. Roseta e do arq. Sá Fernades?

Eles – os especuladores de negociatas – insistem e por isso acabarão por lograr os seus intentos. Até quando, o crime feito lei?

Perdemos a Nissan

Há uns anos, colocou-se a possibilidade de Portugal poder acolher a Disneyland Europa. As delongas na decisão, o desleixo, a falta de iniciativa do governo do então 1º-ministro Cavaco Silva e a ausência de incentivos, levaram as empresas Disney à escolha de Paris. Perdeu Portugal, perdeu a Disney – os custos – e perderam os utentes, dadas as evidentes vantagens climáticas que o nosso país apresenta, preços de estadia, proximidade de zonas balneares, segurança, etc.

Hoje recebemos a notícia da escolha feita pela Nissan. O seu automóvel eléctrico Leaf será produzido em Sunderland, no Reino Unido, onde já existe uma fábrica da marca. A televisão explicou a razão da escolha, com os incentivos e facilidades apresentadas pelas autoridades britânicas. Em conclusão, o Estado português parece não ter dado a devida importância ao assunto, contentando-se com a grandiosa cerimónia de inauguração da fábrica de baterias eléctricas – que equiparão o Leaf -, ocorrida há escassos meses. Uma vez mais, caem por terra os habituais argumentos do “preço da mão de obra e da produtividade” e nem sequer valerá o esforço, tentar convencer alguém acerca da privilegiada situação geográfica de Portugal.

Não existe qualquer plano coordenado para o desenvolvimento. Dão-se facilidades a entidades que não produzem, beneficia-se fiscalmente um sector pessimamente reputado – a banca – e deixam-se escapar oportunidades únicas para a aquisição de conhecimentos tecnológicos capazes de estimular a formação. Esta notícia consiste num desastre para Portugal, cujas autoridades diariamente exibem à moda de troféu, o plano da rede de fornecimento de electricidade para os automóveis do futuro. Estes veículos não serão produzidos no nosso território, nem pela nossa mão de obra. Incompetência, lentidão, desinteresse. Tudo como dantes.

Feira da Primavera

O Concelho de Vila Nova de Gaia, pela sua história rural, continua ser um lugar fértil em tradições e marcas culturais que reflectem uma forte ligação à terra, à agricultura e ao artesanato, apesar das suas novas características urbanas. Ainda hoje é possível encontrar exemplos vivos dessa realidade, mas também iniciativas empresariais inovadoras, nomeadamente de Agricultura Biológica Urbana, que contribuem activamente para a valorização do património cultural e paisagístico do Concelho.

Nesse sentido o Cantinho das Aromáticas, como exemplo pioneiro da Agricultura Biológica Urbana, estando sedeado numa das Quintas históricas do Concelho apresenta um conceito inovador de mercado que baptizamos de “Feira da Primavera”. [Read more…]

Barragens tambem não!

Contra as barragens no Tâmega, Tua e Paiva, porque  a sua contribuição é muito pequena para a energia necessária, não substituem a importação de petróleo e têm um impacto irrelevante ao nível da emissão de poluentes. Por outro lado, uma vez construídas, as barragens não vão contribuir para manter postos de trabalho. O problema é que dizem o mesmo para todas as barragens mas  todas juntas terão as vantagens que não se reconhece quando  se analisa uma só!

Podemos viver sem barragens? A água, como se sabe vai ser ainda mais uma necessidade estratégica no futuro, sem água não vamos a lado nenhum, não podemos deixá-la correr livremente para o mar, porque recuperá-la custa muito dinheiro (dessalgar por osmose inversa) em energia que temos que importar.

Implica uma destruição ambiental imensa, milhares de hectares de reserva agrícola e ecológica vão ser submersos, a qualidade da água vai deteriorar-se, o sistema piscícola será alterado e os lobos deixarão de poder movimentar-se. Bem, a pata do homem, neste caminho que nos leva a ter muitas coisas materiais, foi e será sempre um factor de destruição da natureza. Os próprios desenhadores das grutas do paleolítico (neolítico)? de Foz Côa foram os primeiros a deixarem a sua marca na paisagem. Não há como evitar isto mas, evidentemente, devemos lutar para que as coisas se façam com conta, peso e medida.

A primeira opção é saber se estamos dispostos a trocar o confortozinho pelas belas paisagens. Eu acho que a coisa mais bela, são as margens de um rio, mas não sei se as posso ter todas assim selvagens, ou se tenho que contentar-me com menos.

Mas sei que não podemos deixar a água perder-se no mar !