A propósito da notícia do Público sobre como as SCUT poderiam ser “uma grande oportunidade para o transporte público“. Eu também acho que o transporte público colectivo é uma peça fundamental na mobilidade urbana. Aliás, (quase) todos os dias faço questão de os usar nas minhas deslocações casa-trabalho. Mas essa afirmação esbarra na realidade:
- na realidade do transporte público que já vai a abarrotar até Aveiro porque a renovação da Linha do Norte nunca foi avante;
- do comboio que demora normalmente 73 min a percorrer os pouco mais de 50 km entre Porto e Braga (só há 2 comboios por dia que demoram 53 min);
- do metro que vai até à Póvoa e que demora basicamente o mesmo que demorava há 50 anos atrás;
- na aposta em gastar mais uns milhões a construir uma nova linha para a Trofa, esse importantíssimo centro urbano que até já tem cerca de 50 comboios (urbanos e regionais) comboios por dia a passar no seu centro.
- no transporte de altíssima qualidade que liga o Porto e Paços de Ferreira.
De facto esta poderia ser uma grande oportunidade para o transporte público… mas não me parece que o vá ser…
As SCUT são uma oportunidade porque “desviam” gente para o transporte público? No limite até acabavam as SCUT com a falta de transporte individual. As SCUT são a face visivel dos tremendos erros de quem faz autoestradas a eito e agora tem que as pagar. Parte do dinheiro devia ter sido investido na ferrovia e não foi, apesar de toda a gente clamar por isso. Quem está a safar os transportes de e para a margem sul do Tejo, não é a Vasco da Gama, é o comboio na 25 de Abril. Tudo ao contrário das prioridades concedidas…
Eu sou a favor do pagamento de portagens nas auto-estradas “gratis”, pagamento em todas elas, ou pagamentos para-todos-igual ao abrigo daquilo que está escrito a este propósito desde 2006.
E sou positivamente a favor que o dinheiro sacado nas portagens reverta a favor dos transportes públicos, nomeadamente o ferroviário.
As “scut” custam-nos agora cerca de 700 ME/mês, o governo pretende poupar-se 120 a 130 ME/mês com as novas portagens. Convém não esquecer que o que falta para os tais 700 ME continuam a vir do orçamento geral do estado.
Por outro lado, os transportes urbanos excepto Lisboa e Porto não têm nenhum tipo de incentivo do governo central. É o caso de Aveiro, Coimbra, Braga, Vila Real, Alcácer do Sal, Barreiro, Foz Côa, Figueira da Foz, etc etc, todo esse imenso Portugal parolo e provinciano…
Paguemos, paguemos todos, paguemos abundantemente a embrieguez etílica dos vapores da gasolina…!
Paguemos…