Esta é que é a grande vantagem dos nossos amigos americanos, como a sua moeda é a moeda de reserva, dão à manivela e produzem as notas necessárias. O problema é que este movimento tão simples de dar à manivela é determinado por problemas internos da nação americana e não por problemas e preocupações mundiais.
Como a dívida dos US é em dólares e são eles que os imprimem quando e quanto querem, sempre será capaz de pagar as suas dívidas, a única questão é saber se os dólares com que pagam valem o mesmo de quando a China emprestou o dinheiro.
Por isso já há movimentações para a criação de um novo sistema de reserva global. A China, a França e muitos outros países apoiaram a ideia, mas tem que ter a prioridade máxima e não está a ter. O que mudou mesmo, com a globalização, é que os bancos americanos chegaram à conclusão que o melhor sítio para colocar o aforro não é nos US, a liquidez com que o mercado foi inundado não se traduziu em crédito para a economia, empresas e famílias americanas e isso trava o crescimento da economia.
Claro que os US não querem nem ouvir falar na criação de uma nova moeda global enquanto tiverem de pedir emprestado, todos os anos, um bilião de dólares, não querem perder esta pechincha enquanto houver pessoas dispostas a comprar os seus títulos da dívida pública.
É que para pagar basta dar à manivela!
…Vale a pena,ler este texto…
Mia Couto – Poeta
Moçambicano
POBRES DOS NOSSOS RICOS
A maior desgraça de uma
nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos.
Mas ricos sem riqueza.
Na realidade,
melhor seria chamá-los não de ricos mas de endinheirados.
Rico é quem
possui meios de produção.
Rico é quem gera
dinheiro e dá emprego.
Endinheirado é
quem simplesmente tem dinheiro. ou que pensa que tem.
Porque, na
realidade, o dinheiro é que o tem a ele.
A verdade é esta: são
demasiados pobres os nossos “ricos”.
Aquilo que têm, não
detêm.
Pior: aquilo que
exibem como seu, é propriedade de outros.
É produto de roubo e
de negociatas.
Não podem,
porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto
roubaram.
Vivem na obsessão de
poderem ser roubados.
Necessitavam de forças
policiais à altura.
Mas forças
policiais à altura acabariam por lança-los a eles próprios na cadeia.
Necessitavam de uma
ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade.
Mas se eles
enriqueceram foi graças a essa mesma desordem (…)