
uma das crianças sujeitas ao que anda na moda: a pedofilia
Para a escola de Belas
Estou empenhado em duas lutas, em duas frentes diferentes. Um, é mostrar aos leitores, como pensavam os fundadores da nossa ciência da Antropologia, especialmente em etnopsicologia da infância; a outra, em desmascarar os adultos abusadores de crianças. Este texto tem por objectivo a luta por crianças sãs e a viverem no seu lar.
O que acontece na faixa de Gaza e quotidianamente no Afeganistão, esses Talibãs que não apenas matam, mas abusam das crianças. Como na Madeira….
Temos hábitos. Hábitos de conceitos. Hábitos de significados. Hábitos emotivos. Os primeiros, são de grande facilidade de definir: um conceito diz o que uma coisa é, uma actividade ou um facto. O significado, diz-nos a abstracção dessa realidade. Como valor, o tempo usado em fabricar uma mercadoria. Como câmbio, a utilidade de trocar um bem que eu faço por um bem que não tenho, intermediado pela abstracção dinheiro ou capital. E fica assim, rapidamente tudo definido e no seu sítio racional. Os emotivos, nem conseguem ser hábitos. Ou, por outra, temos o hábito de ter emoções e sentimentos, como referi no jornal de Julho deste ano. Texto que referia conceitos abstractos de sentimentos. E, como refere a dedicatória, bom para o que eu costumo denominar processo de ensino e aprendizagem.
abstractos de sentimentos. E, como refere a dedicatória, bom para o que eu costumo denominar processo de ensino e aprendizagem.
Mas, no dia em que sabemos de forma pública da existência de crianças trocadas no mercado humano, o que para Freud em 1895 era apenas denominado prazer, em 1905, passa a ser o prazer sexual de adultos que abusam de crianças e muda o nome por uma aberração. Lendo o texto, dedicado ao facto conceptualizado de pedofilia, crime, hoje, para dois anos de prisão, passou a ser de praça pública, sem outro castigo que não seja deter preventivamente por um número de dias, que até parecem poucos, mesmo que ainda o crime não esteja provado. Existe prisão preventiva de apenas um dia, o direito de habeas corpus, não usado entre nós: mais um castigo ao crime. Não é o nosso caso, não parece que venha a ser mudado em breve, nem tampouco é esperada uma modificação ao Código Penal até ser resolvida a pedofilia não ritual que costumamos ter; não ritual, insisto, porque a ritual faz parte de um sentimento emotivo partilhado por adulto e criança, dentro de uma genealogia definida com anos de antecedência e entre pessoas que passam a desempenhar outros papéis entre eles, como é o caso de um dos parceiros passar a ser o pai dos sobrinhos do outro, como manda a lei costumeira. Este crime é hediondo, faz anos que existe. Tenho-o denunciado aos gritos neste sítio de debate e nos meus livros.
Mais hediondo ainda, sem nome e sem qualificação, é o outro crime que não tem conceito: usar as crianças como escudo para uma luta política. Escudo material, esse que coloca um pequeno ou pequena numa janela para prevenir disparos de um exército mandado para defender os interesses de um país imperialista que apenas deseja, cobiça diria melhor, os portos de um país autónomo e independente para o seu comércio colonial. Devidas as mortes causadas durante longo tempo, o povo invadido e cercado resolve tomar vingança e prepara, com antecedência, um ataque atroz, a ser realizado no dia da abertura das aulas. O dia de andar com os melhores fatos, com cara de maior alegria, de mães que acompanham os seus pequenos para a festa. E, sem saber como e qual o minuto, uma bomba estala e mata os primeiros…pequenos. Mais de 265 funerais foram realizados ao longo de três dias no país colonialista, esse país que todos respeitámos um dia porque lutou pela igualdade, pelo cuidado das pessoas, as fontes de trabalho certas, os salários com mais-valia… Os países, nesse tempo dominados, eram tratados com prisão, perseguição, ausência de segurança, ignorância para os pequenos, até o sistema, pensado por Bakunin, Lenine, Trotsky, Marx, Durkheim, Mauss, Kerensky e outros, derruba-se e entra a ditadura que hoje choramos e que nos faz chorar.
Nunca teriam pensado os pais fundadores que as crianças também seriam, moeda de câmbio, esse conceito usado apenas para transacções económicas! Seres para a troca, eles já o eram: trabalhavam nas indústrias que precisavam de mão-de-obra de pequeno tamanho para complementar um bem. Mas eram pagos, tinham aulas, tinham escolas, tinham horário, tinham o orgulho do contributo à Pátria. Até ao dia da vingança, da morte de centenas, faz apenas três semanas. Com um povo que deseja tomar as armas e entrar a saque no colonizador e matar não apenas assassínios, bem como autoridades responsáveis pelo sacrifício de morte na cruz da troca de câmbio sem valor de esse futuro humano da História.
E o tribunal internacional da Der Hägen ou La Haia? Porquê apenas Nuremberga? Porquê apenas Bósnia? Porque não o Chile? E que foi feito da Argentina e das mães da Praça de Maio? E os assassínios livres ainda e com o Prémio Nobel da Paz nas mãos? Ou os imunes, acusados, sujeitos de delito, que andam pela rua? Ou a ganhar uma eleição em breve? Em nome do quê? Da defesa do terrorismo, que mata ninhadas de crianças e rapta adultos como mais um escudo que entra nas casas em nome da defesa de um conceito de horror definido pelos Estados colonialistas? Esse que adia, porque sim, o começo das aulas, tal como autoriza ao exército torturar prisioneiros de guerra. E a Convenção de Genebra? E os colonizadores? E os barcos hospitais corridos por fragatas ao mar internacional? E a Convenção de Genebra? E Belas essa escola, que me honrara com o convite de proferir esta conferência, com debate para a mudança de hábitos?
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