Parem as rotativas: Zorrinho defende a renegociação da dívida

Até pode ser que esteja enganado, mas pareceu-me ouvir, há pouco, na SIC Notícias, Carlos Zorrinho, num debate com Ângelo Correia, a defender que a dívida deveria ser renegociada, porque a obsessão com o défice pode pôr em causa o tecido produtivo e o tecido social. Se não estou enganado, este é o mesmo Carlos Zorrinho que foi Secretário do Estado do segundo governo – por assim dizer – de Sócrates. A não ser que esteja a incorrer em erro, Sócrates foi o mesmo que acusou Louçã de demagogia, quando este defendeu, no debate para as últimas legislativas, que a dívida deveria ser renegociada. Se for tudo assim como eu estou a dizer, teremos de chegar à conclusão de que Louçã teve razão antes do tempo (ou a tempo) e o PS só consegue ter razão depois do tempo ou quando está na oposição. Corrijam-me, caso esteja enganado, mas este Zorrinho, em se apanhando novamente Secretário de Estado ou Ministro, terá um ataque da maleita conhecida actualmente como vieguismo e passará a defender, convictamente, o contrário do que defendia antes de ter – adoro esta, juro! – “responsabilidades governativas”. Votai neles outra vez, meus filhos, votai.

Comments

  1. Pisca says:

    A posição do PCP não conta ? Ou também aqui é para esconder ?

  2. António Fernando Nabais says:

    Claro que é para esconder. Até apaguei o seu comentário e tudo, não reparou?

  3. Não sei o que entende por renegociação da dívida – expressão que pode ter várias interpretações. Se renegociar a dívida implicar, por acordo das partes, novas condições de empréstimo (prazos mais dilatados, taxas de juro mais baixas), concordo. Aliás, penso que é muito difícil conseguirmos pagar aqueles juros – talvez o próprio acordo tenha sido mal gerido (não sei se na altura havia poder negocial para impor outras condições).

    Se renegociar a dívida for decidir unilateralmente que não pagamos uma parte da dívida, discordo completamente. Aliás, neste caso, o acesso aos mercados tornar-se-ia muito mais difícil. Vamos ver o que acontece com a Grécia, quando ficar decidido (se ficar) o perdão de parte da dívida.

  4. mortalha says:

    renegociar a dívida é pagar a quem merece receber por um negócio justo e acordado. parar para saber o que se deve, porquê e a quem. e depois do diagnóstico feito, explicar o porquê das emergências nacionais que impedem pagamentos de subsídios e, se essa emergência nacional serve para cortar a milhões de pessoas aquilo que ainda nos aguentava na cauda da corrida europeia pela qualidade de vida, outras medidas igualmente “drásticas” à la hugo chavez seriam igualmente justificáveis.

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