Francisco Louçã: O 25 de Abril é uma nostalgia?

(Artigo de Opinião de Francisco Louçã, Conselheiro de Estado e Fundador do Bloco de Esquerda)

A forma mais simples de domesticar uma memória é retirar-lhe o presente e o futuro. É o que acontece com o 25 de Abril, quando é comemorado ritualmente como se fosse uma simples transição armada de cravos e a caminho da Europa, um destino mítico enfim reencontrado, uma espécie de Quinto Império renascido nos mercados. Ora, Portugal tem esta história atravessada: só a revolução instituiu a liberdade, deixando marcas na experiência coletiva, nas leis, nas relações de forças e até na esperança de um povo que se reconheceu nesse fulgor. “O melhor tempo da nossa vida”, dizia o José Afonso. Outro virá, sempre com a mesma entoação, liberdade.

Mesmo quando a pandemia instala o medo entre nós e nos aponta o próximo como o risco, nos diz que um beijo ou um abraço são a porta da doença, que o nosso corpo é o culpado, esta velha centelha de liberdade, que é responsabilidade pelos outros, abre as portas do presente à vida coletiva, não desiste de reconhecer o instinto da sociabilidade, a alegria da comunicação e a verdade das emoções. Assim será.

 

(foto retirada do site da Wook)

O riso de Louçã e o histrionismo da direita

Na sua rubrica semanal da Sic Notícias, Francisco Louçã troçou de Aline Hall de Beuvink, a propósito de umas declarações proferidas quando era deputada à Assembleia Municipal de Lisboa, em 2019. Na ocasião, Aline Hall relacionou o mito de que os comunistas comem criancinhas com o Holodomor, o que é, no mínimo, discutível.

Francisco Louçã esteve muito mal ao transformar este episódio numa afirmação de que o canibalismo infantil dos comunistas era uma realidade: Aline Hall foi muito clara ao classificar isso como um “mito”. Louçã terá querido ridicularizar uma pessoa de direita, mas foi, no mínimo, descortês, distorceu, de modo desonesto, um enunciado claro e portou-se como outros que quiseram transformar a metáfora de Mamadou Ba num discurso de ódio. Ficaria bem a Louçã pedir desculpa, mas temo (e lamento) que isso nem lhe passe pela cabeça.

A direita, no entanto, incluindo a pessoa visada, quis transformar a troça de Louçã numa ridicularização ou mesmo negação do Holodomor, o que não corresponde à verdade. Há, contudo, para isso, razões que a razão desconhece: o ódio cego à esquerda que provoca descargas de adrenalina e de consequente tresleitura ou a mais absoluta desonestidade, aliados a um forte desejo de criar falsas equivalências entre ideologias com base na prática. Histrionismo – palhaçada, para os amigos.

Um belo arraial de porrada

Caricatura: “O jovem turco” de Fernando Santos, no seu Sítio dos Desenhos

Foi o que veterano Francisco Louçã deu no imberbe Hugo Soares.

Segura-me depressa se não eu bato-lhe

Se o leitor ou a leitora tem estado com atenção, estes dias recentes têm demonstrado uma das características mais divertidas do discurso político em Portugal: essa curiosa mistura de presunção e pesporrência, que tem erguido brilhantes carreiras pelo menos desde o Conde de Abranhos. Se para mais tivermos alguém que precise de se afirmar neste campeonato do peito feito, então a receita é certa, vai haver superlativos.

(…)

Entradas de leão, saídas de sendeiro, ou segura-me se não eu bato-lhe, tudo isto é uma maçadora repetição de um discurso político que começou em tragédia com o anúncio dos falsos suicidados de Pedrógão e termina com esta farsa de aproveitamento político dos mortos verdadeiros. Mas é a isto que estamos reduzidos quando faltam argumentos onde sobra azedume, não é?

Segurem-no, que ele quase marcou uma reunião. “Na frase pesada, na pose solene, no queixo aprumado, está toda uma política. Ou se chegam em 24 horas, ou nem sabem o que vai acontecer.”

Maria Luís não é a única

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Uma achinha para a fogueira alheia??

Não basta já o ininterrupto bombardeamento que vem sendo levado a cabo pela PAF e pelo respectivo séquito da comunicação social evocando a fatal falta de estabilidade que teria um governo de esquerda?!

Ó Sr. Francisco Louçã, acha que era absolutamente imprescindível acusar Mário Centeno de não ter lido o texto do acordo do PS com os partidos de esquerda[1] ??? (Grande Entrevista, 18.11.15)

Não digo que o assunto não vá dar pano para mangas, mas duvido muito que seja por falta de leitura do texto e seria bem melhor evitar ilações que venham alimentar o coro de teatro grego (o clássico!)[2] que está a ser posto em cena pela direita, não acha mesmo???

mascaras

[1] P.S. – … sim, porque o PS ainda vai ter de demonstrar que vai ser de esquerda….

[2] As peças de Teatro na Grécia Antiga incluíam sempre um coro que dava uma variedade de informações de enquadramento e resumos para ajudar o público a acompanhar o espectáculo.

Três perguntas que ninguém parece querer fazer sobre o “novo banco”

Três perguntas apenas.

Banqueiros condenados em Tribunal

Paulo Teixeira Pinto vai insistir no processo contra Francisco Louçã?

Herança Tricolor, de Francisco Louçã

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Nos 200 anos da Revolução Francesa e nos vintes do Maio de 68, Francisco Louçã, então alguém dado como maluquinho da extrema-esquerda que nunca existiria na política parlamentar portuguesa, publicou a Herança Tricolor.

Está agora disponível em formato pdf.

O  livro é um vintage do Chico, tão avisado no tempo, redigido por quem ama a escrita e não se limita a usá-la em forma de propaganda, como actualíssimo nas críticas e afirmações.

Oferta do PSR, esse improvável ex-partido a espalhar agora prendas de Natal, obrigado camaradas, os 10 anos em que me aturaram sem, entre muitas outras situações, alguma vez me terem exigido fidelizações e outras observâncias religiosas, foram dos melhores da minha militância política.

 

 

Francisco Louça

O Francisco Louça foi o líder partidário que conheci mais de perto. É um homem espantoso, com qualidades reconhecidas por todos. Na visão desta semana podemos ler (ver e ouvir na versão digital) uma entrevista de que assinalo duas notas:

– a dívida não é pagável. Podemos correr e saltar, mas não vai dar para pagar e por isso a receita deste governo é um erro. O que se paga de comissões à TROIKA (FMI, Comissão Europeia, BCE) é semelhante ao que nos roubam em subsídios.

– foi um erro o BE não ter ido à reunião com a TROIKA.

Pois.

Vem tarde o reconhecimento, mas chegou.

Votei no BE, fui aderente do BE, mas deixei de o ser também por causa desse erro. Estive também em completo desacordo com a atitude do BE no momento das moções contra Sócrates, bem como nas Eleições Presidenciais.

No meu caso, este reconhecimento do Louça, vem tarde, mas ainda assim merece o meu aplauso, que, no entanto, retiro pela forma como indicou a Catarina e o João para a liderança do BE- em Democracia não é assim que funciona.

Meio aplauso pela saída e um MEGA obrigado pelo contributo que tem dado à Democracia Portuguesa.

E viva a República

saio exatamente como entrei, com a minha profissão, sem qualquer subsídio e sem qualquer reforma.

Francisco Louçã, 2012.

Na família Louçã nem todos os economistas são gaspares

Leia as 6 propostas do BE para salvar a economia (pdf) e descubra as diferenças.

Pedro não sabe nadar, yô

Passos Coelho afoga-se na AR. Ou no ar,  nem de água precisa.

Catarina Martins e João Semedo à frente do Bloco

Pelo menos é o que se diz na comunicação social.

No texto do Francisco Louça podemos ler

“Para pensar esse novo modelo de direção fiz uma única sugestão: que a nova representação do Bloco seja assegurada por um homem e uma mulher. Sei que aparecerá o argumento de que isto não é tradicional e que este modelo, que entre nós foi proposto pelo Miguel Portas, é demasiado inovador. Penso o contrário: a renovação de estilos de liderança com a representação de homens e mulheres – já estamos no século XXI -, é o caminho normal da esquerda. Temos quem assegure esta capacidade de liderança. Como noutros partidos europeus, este modelo acentua o trabalho coletivo na direção e no movimento e é assim que nos fazemos mais fortes.”

No Expresso e no Público não há dúvidas: Catarina Martins e João Semedo são os eleitos, pelo menos no que ao Louça diz respeito porque me parece que haverá um Congresso para os eleger, certo?

Mas como primeira ideia subscrever por inteiro a proposta, sendo que me agradaria mais a Ana Drago e o João, mas mais importante do que discutir as pessoas importa perceber o que é que o BE quer fazer com a força que tem: ser apenas parte da análise ou também parte da solução? Quer ser só oposição ou também quer ser governo?

A carta de Louça aos Bloquistas

Francisco Louça publicou, no Facebook, uma carta onde deixa clara a intenção de se afastar da liderança do Bloco:

Carta aos ativistas e ao povo do Bloco

Decidi que na próxima Convenção, no termo do meu mandato como porta-voz do Bloco, não me recandidatarei a essa função. Devo esta explicação em primeiro lugar aos ativistas e ao povo do Bloco, e é por isso que te escrevo para que a leias antes de qualquer outra pessoa.

Cumpri estas funções durante dois mandatos e dei a cara pelo Bloco desde a sua fundação. Julgo que é tempo de uma renovação da representação pública do nosso movimento. Determina-me a minha conceção pessoal do princípio republicano: na vida política, é preciso saber que o exercício de uma responsabilidade mais intensa tem sempre um tempo e que, numa luta coletiva, dar lugar aos outros é das decisões mais dignas a que somos chamados. A renovação da direção faz o Bloco mais forte.

Durante treze anos, dei tudo o que podia e sabia ao nosso movimento. [Read more…]

Frei-Padre de Esquerda-Garganta

Creio que Francisco Louçã, uma vez mais, não tem razão ao considerar que Portugal deve revoltar-se contra a austeridade e aquilo a que chama uma “política de terra queimada” as quais, austeridade e política, diz, só conduzem ao desastre e à falência da economia. Pelo menos não é contra isso que nos devemos revoltar e não porque não devamos, apenas porque não podemos. Devemos, sim, revoltar-nos contra os consabidos ladrões impunes que o Regime protege dentro e fora do País, apesar das minas e armadilhas deixadas para trás, lesivas dos interesses gerais e do Estado. Devemos revoltar-nos contra os emissores de mentiras passadas, absolvidos pelo hábito nacional do olvido, indulgenciados pela nossa fraca memória. Aliás, os eleitorados europeus mostram não querer “terra queimada” como forma de luta contra a “terra queimada” austeritária em decurso, porque o abismo atrai o abismo. Um padre político, ainda que de Esquerda, como Louça, é sempre um padre: pode açular as massas ao sangue ou à castidade e ficar de fora a ver aonde param as modas. Mas isto não vai lá de todo com Beatério de Esquerda, Chico Louçã! Não vai. Já devias ter percebido isto. Por que não visitas empresas inovadoras e de sucesso, como faz o Daniel Deusdado, ao escrever, hoje, no JN, sobre a ADIRA?! Era mais por aí.

Com papas, bolos e gráficos se manipula o PIB

Uma nota de Francisco Louçã no Facebook, ou como se fabricam mentiras gráficas, com papas e bolos:

A forma como as TVs ontem apresentaram os números da economia portuguesa merece atenção, porque os números, como as palavras, podem ser muito traiçoeiros – sobretudo quando são distorcidos.

Vamos ao facto primeiro. O Produto caiu mais 0,1% no primeiro trimestre de 2012, em relação ao último trimestre de 2011 (quando tinha caído -1,3% em relação ao período precedente).

As TVs apresentaram o seguinte gráfico:

Ao ver o gráfico, toda a gente dirá que as coisas estão melhores. E foi o que disserem os jornalistas das TVs: agora estamos a recuperar.

Na verdade, o gráfico que apresentasse correctamente os mesmos dados seria o seguinte: [Read more…]

Hoje dá na net: Homenagem a Miguel Portas

Vídeo completo da homenagem a Miguel Portas.

No Jardim de Inverno do Teatro São Luiz, com música interpetada por Aldina Duarte, Tito Paris, Mísia, Zé Pedro, Khalil Ensemble e Xana. Intervenções de Marisa Matias, Ruben de Carvalho, António Costa, Rita Blanco, João Semedo, Francisco Louçã, Paulo Portas, André Portas e Frederico Portas.

Nunca fica tudo dito

De Francisco Louçã, retirado do seu Facebook

Quando me contou que ia começar mais uma série de quimioterapia agressiva, o Miguel escreveu-me que “o bicho voltou mas eu ainda não disse a última palavra”. Era uma conversa entre nós – e todos os seus amigos terão estes momentos e estas conversas para recordar, cada um à sua maneira –, por causa de uma citação de Ernst Bloch, “ninguém tem a última palavra”. Um de nós, qual foi nem importa, tinha-a usado uma vez numa convenção do Bloco, nunca ninguém tem a última palavra. É uma lição de humildade e de humanidade, nunca ninguém tem a última palavra. E repetimo-la muitas vezes, os dois, já nos ouviram a dizer isto, lembram-se?

Eu ainda não disse a última palavra, disse ele. Nem o cancro. Ninguém tem nunca a última palavra. Fica sempre alguma coisa por dizer, há sempre alguém que dirá mais. Nunca fica tudo dito. [Read more…]

Parem as rotativas: Zorrinho defende a renegociação da dívida

Até pode ser que esteja enganado, mas pareceu-me ouvir, há pouco, na SIC Notícias, Carlos Zorrinho, num debate com Ângelo Correia, a defender que a dívida deveria ser renegociada, porque a obsessão com o défice pode pôr em causa o tecido produtivo e o tecido social. Se não estou enganado, este é o mesmo Carlos Zorrinho que foi Secretário do Estado do segundo governo – por assim dizer – de Sócrates. A não ser que esteja a incorrer em erro, Sócrates foi o mesmo que acusou Louçã de demagogia, quando este defendeu, no debate para as últimas legislativas, que a dívida deveria ser renegociada. Se for tudo assim como eu estou a dizer, teremos de chegar à conclusão de que Louçã teve razão antes do tempo (ou a tempo) e o PS só consegue ter razão depois do tempo ou quando está na oposição. Corrijam-me, caso esteja enganado, mas este Zorrinho, em se apanhando novamente Secretário de Estado ou Ministro, terá um ataque da maleita conhecida actualmente como vieguismo e passará a defender, convictamente, o contrário do que defendia antes de ter – adoro esta, juro! – “responsabilidades governativas”. Votai neles outra vez, meus filhos, votai.

Louçã e os refrões mediáticos

Precisamos é de um país que fala por si, que mostra a democracia nas ruas.

Francisco Louçã, citado pelo Público

Esta frase é um programa político. Mas os dez milhões de pessoas deste país não falam por si. Há, isso sim, grupos com maior influência e que têm a arrogância de pretender falar por todos. E nas ruas não há democracia. Há pressão política, há violência, há material mediático. Mas confundir isso com democracia é mais do que um erro, é calculismo para ganhar o poder que os em vão evocados “trabalhadores” não deram a políticos como Louçã.

O BE errou

Quando o BE decidiu não “falar” com a troika disse aqui que era um erro. Lembro-me de, nessa altura, haver quem me garantisse estar eu errado e não o BE, e de me atirarem com as razões invocadas pelo Bloco de Esquerda (e ainda mais algumas) em mails e conversas com pessoas conhecidas.

Gostaria de saber o que dizem os mesmos agora. Sou eu que continuo errado?

Legislativas: a opinião de uma profissional do sexo

Voltámos a contactar Maria e conseguimos obter, novamente, depoimentos desta profissional do sexo acerca dos momentos de intimidade que viveu com os dirigentes dos partidos com assento parlamentar. Já soubemos, entretanto, que Garcia Pereira irá interpor uma providência cautelar para que Maria seja obrigada, também, a recebê-lo. [Read more…]

Quais as empresas, dr Louçã?

O que eu gostaria de saber, mas Francisco Louçã não informa, é quantos destes administradores trabalham para empresas públicas ou participadas pelo Estado, e já agora se não for pedir muito, quais as empresas…

Os três documentos do memorando da troika

Possivelmente já leu, pelo menos na diagonal, o memorando da troika que traduzimos aqui no Aventar e este é assunto que, talvez, já lhe cause enjoo. Mas sabia que o memorando de entendimento entre o Governo e o FMI-BCE-CE é composto por três documentos? E que um deles foi o que permitiu a Louçã dar um arraial de porrada a Sócrates no debate da passada semana?

Até agora, praticamente só se tem falado de um deles, do documento “Portugal: Memorando de entendimento sobre  condicionalismos específicos de política económica” [MoU, abreviatura para Memorandum of Understanding]. Mas o próprio MoU refere os outros dois documentos, a saber o “Technical Memorandum of Understanding”  [TMU, Memorando Técnico de Entendimento] e o Memorandum of Economic and Financial Policies [MEFP, Memorando de Políticas Económicas e Financeiras].

E o que são estes dois documentos? [Read more…]

O imposto sobre o património mobiliário e o economista Louçã

Louçã apresentou o que ele afirma ser uma solução para os problemas do país. Sendo economista, os erros grosseiros não poderão ter sido desconhecimento, logo terá sido demagogia. Surpresa! E de que erros falo?

  • As acções distribuem dividendos e estes pagam imposto (21.5%). Portanto, é errado falar de ausência de tributação dos lucros em bolsa.
  • Quem investe no mercado de capitais, fá-lo com o dinheiro que sobra depois de se ter pago impostos (IRS, IRC, etc.) e as mais valias que forem geradas ainda vão pagar mais impostos.
  • Para as empresas, o mercado bolsista é uma forma de conseguirem financiamento sem ter que recorrer à banca. É mais barato do que recorrer ao crédito, logo faz sentido tornar o mercado bolsita mais atraente e não o contrário. A alternativa consiste em pagar juros à banca, mas isto já deve ser positivo…
  • Finalmente, para quem tiver mais de um milhão de euros prontinho a levar com impostos, há sempre a Suíça. Em vez de se procurar a poupança nacional, incentiva-se a fuga de capitais para o estrangeiro. Muito bem!

Claro que estes argumentos não resultam tão bem na campanha como dizer “nós vamos fazer os ricos pagarem impostos”, mas não se pode ter tudo, pois não?

suiça

Passos de Nobre

“Depois da minha candidatura presidencial e da caminhada que comigo fizeram milhares de portugueses, muitos desiludidos com a política e sequiosos de encontrar uma alternativa de cidadania, não foi simples nem óbvio para mim encontrar a resposta justa e assertiva ao desejo que o dr. Pedro Passos Coelho me colocou”

Fernando Nobre, no “Facebook”

O conceito de ‘sociedade civil’, em meu entender, sempre foi uma definição demasiado abstracta. De tão inclusiva, corresponde a uma representação teórica capaz de albergar todas as personalidades, mesmo as mais contraditórias entre si. Basta analisar  com minúcia  o antagonismo de projectos de organização social e política defendidos – ou ignorados -por grande parte dessa amálgama espúria de societários da tal sociedade.

Do médico, presidente da AMI, já neste ‘post’ descrevi o que entendi ser justo e a verdade da AMI, as personalidades de topo do organograma da associação, ainda actual, e respectiva situação económica e financeira de 2009 – os principais financiadores eram, e eventualmente continuarão a ser, o Ministério da Segurança Social e Municípios; ou, dito de forma sintética, dinheiro público. Fui vergastado por críticas. É, porém, ineludível a autenticidade dos dados publicados, cuja fonte foi a própria AMI.

Pedro Passos de Coelho, fruto da doença infantil da originalidade,  acaba de estender a honrosa passadeira aos ‘Passos de Nobre’ para a caminhada como “cabeça-de-lista” do PSD até à presidência da AR. Diga-se, porque oportuno, com a mesma devoção de Mário Soares nas presidenciais e a confiança de Francisco Louçã nas eleições europeias.

Que pensar de tudo isto?

Campanha de Alegre: Onde está o Wally?


Que mal pergunte: não falta ninguém na campanha eleitoral de Manuel Alegre? O Primeiro-Ministro já apareceu e discursou, outros dirigentes socialistas também, mas… e os outros? Por onde andam? Por que motivo se escondem?
Afinal, onde está o Wally?

A arte de bem caluniar toda a esquerda

Alguém anda com azia, e verte mails como quem despeja gases. Um que recebi hoje explicava que os “esquerdalhos” são mais do mesmo, que Francisco Louçã nomeara a própria mãe para sua assessora. Uma senhora de 79 anos, vejam lá. Esquecia-se de citar o pormaior que acima sublinho: sem qualquer remuneração. Os velhos métodos pidescos continuam.

Estranhas manobras

O surrealismo lusitano, canta e ri, corre e dança, inebriante, vicioso, contagiante. Num carrossel contínuo que mal permite repor o fôlego. Tudo é informação, tudo é actualidade, e no entanto nada parece verosímil.

Dois episódios de ontem, deste carrossel:

1 – A escova de Francisco Louçã sobre os ombros de José Sócrates, no plenário parlamentar, em híbrido gesto de solidariedade para com o Primeiro-Ministro, acerca das escutas.

Não bate certo, algo está por trás disso. Talvez as presidenciais. Talvez.

2 – O estranho avanço de Paulo Rangel, numa sôfrega candidatura à presidência do PSD, a dividir um eleitorado com Aguiar-Branco, e a solidificar um outro eleitorado, o de Pedro Passos Coelho.

É uma candidatura tardia, incoerente e desleal. Imprópria para quem assumiu o compromisso de que ficaria no Parlamento Europeu, e que as excepcionais razões do actual momento político por ele invocadas, só servem de injusto atestado de incompetência a Aguiar-Branco.

Parece que o Norte continua a assustar as ditas elites do PSD, desde os tempos de Francisco Sá Carneiro.

Pedro Passos Coelho agradece.

Num inebriante começo de mês, estas são apenas duas voltas de um carrossel de estranhas manobras. Tudo à roda, sem tino ou razão.

Para o que dá uma reforma de 35 000

em moeda europeia, fora os 10 milhões que recebeu à cabeça? para demonstrar o espírito muito católico do esbanjamento, neste caso provando por arrasto que o acesso à Justiça além de ser um privilégio ainda pode ser um entretenimento supérfluo e aristocrático:

Paulo Teixeira Pinto apresentou uma queixa-crime contra o coordenador do Bloco de Esquerda por este ter comentado, no dia 5 de Outubro de 2009, que uma iniciativa da Causa Real – o desembarque no Terreiro do Paço e um cortejo nocturno aos gritos de “Viva a Monarquia” – era uma acção “patusca” promovida por “um banqueiro milionário” associado ao período do colapso da liderança do BCP

Nem discuto o conteúdo da queixa, basta ser óbvio que está perdida e ainda beneficia a imagem de Francisco Louçã.

Há quem tenha dinheiro para não ter mesmo mais nada que fazer.

Se lhe picou a mosca que transmite a processomania e se mete a processar críticos de arte ou de poesia, tomando o gosto ao processozinho que se mandou fazer ao adversário político, está o caldo entornado. É que a processomania quando dá nos pobres é doença, mas nos ricos, nos ricos não sei se tá a ver mas é um tiquezinho sem importância. Então processar comunas tá muito na moda, não sabia?

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