Maria de Lurdes Rodrigues, a holocáustica

Maria de Lurdes Rodrigues não perde uma oportunidade de confirmar a sua nulidade. Entre 2005 e 2009, usou a pasta da Educação para acentuar a ruína do sistema escolar português. Como prémio, chegou à presidência da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento. Parece-me justo, porque não é fácil encontrar funcionários competentes na área da demolição.

Foi do alto dessa presidência que, recentemente, pôde proferir uma série de patetices sobre o ensino do Holocausto em Portugal. Respigo-as e comento-as ao de leve, esforçando-me por manter alguma civilidade, muito a custo.

Aí vai a primeira:

Fixar a memória sobre o Holocausto, que levou à morte de milhares de judeus durante a 2.ª Guerra Mundial, “é difícil”, até porque Portugal não teve uma intervenção direta.

Isto quer dizer que os alunos portugueses, coitados, terão dificuldade em fixar a memória sobre acontecimentos históricos em que Portugal não tenha tido intervenção directa? Teremos de nos despedir, para nunca mais, dos assírios? Seremos, doravante, obrigados a ignorar a crise de 1929? Parece haver, aqui, todo um programa de reforma curricular da História. Não me espantaria que Nuno Crato aproveitasse a ocasião para despedir mais uns professores.

Curiosamente, Manuel LoffAvraham Milgram não estão tão seguros acerca da ausência da intervenção directa. De qualquer modo, é, também, uma boa altura para lembrar a punição de Aristides de Sousa Mendes.

A segunda gracinha de Maria de Lurdes Rodrigues é a que se segue:

“não se deve ceder à tentação de transformar estas questões em matérias curriculares, devem ser tratadas no espaço de desenvolvimento da cidadania ou de projetos, de uma forma muito criativa e interdisciplinar, envolvendo os professores das áreas de Educação Tecnológica, História ou Geografia”.

Fica no ar um mistério: a que se refere a pobre senhora com “estas questões”? Todas as do Holocausto? As que são parecidas com o Holocausto? Seja como for, parece que tudo o que tenha a ver com genocídios ou qualquer tipo de morte em massa não deve ser transformada em matéria curricular. A História, sobretudo se trágica, deve ser tratada. Estudá-la está fora de questão. E como? De “uma forma muito criativa e interdisciplinar”. Se é assim, até será aconselhável não incluir aqui os professores de História, que ainda se corre o risco de começarem a querer dar alguma informação sobre o assunto, o que deve ser evitado a todo o custo.

A terceira tolice de Maria de Lurdes Rodrigues é a que passo a citar:

A responsável recordou que as escolas têm autonomia para tratar temas que escolhem, através de atividades pedagógicas selecionadas, nas áreas de projeto ou de formação para a cidadania e, assim, podem encontrar espaço de trabalho conjunto para permitir às crianças e jovens adquirir conhecimentos sobre “estes trágicos acontecimentos”.

É natural: não há como não frequentar disciplinas para se adquirir conhecimentos. Nada que espante, vindo de uma senhora que defendeu as aulas de substituição como um espaço em que os professores poderiam “dizer umas graças”. A mesma senhora ignora, por exemplo, que já não existe área de projecto, mas não saber nada sobre a vida das escolas é aquilo que melhor define Maria de Lurdes Rodrigues, desde sempre.

Entretanto, é fácil adivinhar quando é que Maria de Lurdes Rodrigues voltará a disparatar: será da próxima vez que falar.

Comments

  1. Carlos Borges says:

    É nisto que dá em quem vota PS/PSD/CDS. Vejam os gestores do topo que estão nas ex e actuais empresas públicas e empresas privadas. Vejam as negociatas das PPP’s desde 1998 entre governos PSD e PS com privados. E depois vejam que quando saíram do governo, tinham logo à espera o seu “lugarzinho” nas tais empresas privadas em que foram feitos as tais negociatas ruinosas para o Estado. Estou a ver o debate do orçamento de estado 2013 na Assembleia da República, e minha gente, aquilo é uma autêntico degredo. É uma espécie de passagem de batata quente para entre oposição e governo.

    • margarida soares franco says:

      Cavaco Silva e Durão Barroso criaram 9 PPP’s, Guterres criou 30 e Sócrates 50. Portanto não os ponha a todos em pé de igualdade no que respeita às PPP’s !!!!!

      • Carlos Borges says:

        Srª. Margarida Soares Franco,

        A mim não me interessa quem fez mais ou quem fez menos PPP’s. Todos eles são responsáveis pelo estado actual em que se encontra o nosso país. Já agora quem é que criou o buraco BPN em que você, eu e os restantes portugueses estamos a pagar a este monumental roubo. Aconselho-a a visitar este blog apodrecetuga.blogspot.com (este blog não é meu) que fala da corrupção, compadrio e mais a todos os níveis destes “sacos de lixo” que são esses partidos que estão na Assembleia da República.

      • Dora says:

        ó margarida soares franco,

        é tudo a mesma bosta.

        a margarida votou numa delas.

        e eu não aguento.

        e tu?


  2. Batata quente ou o tsunami como o de ontem en NY ?? que ficou como disse alguém só comparável à II guerra mundial ?? Fiz um curso intensivo pago pela Fundação Luso.americana em Salzburg (bolsa Fulbright) – adorei – eram 70 malucos de quase todos os países do mumdo – do Ocidente – sobretudo o mais interessante foi que ninguém sabia mais do que eu de entre tantos “escolhidos a dêdo” – mas foi bom – o menos interessante foi viver no Palácio Leopoldskron mas podia-se patinar no lago gelado depois das “aulas” – as pessoas sim – 4 semanas em fev de 1977 – ía sendo expulsa pois chefiando o Grupo do Mediterrâneo os americanos não engoliram tudo – planeamento global, de que ainda não se falava mas os “cagões” dos ingleses acharam-se os malhores do mundo – mas não eram – mas gostei – toda a gente achava que os cá do sul eram uns coitadinhos – adorei mostrar que não – depois alguns “migraram” para o meu grupo e foi fantástico e eles é que aprenderam – cagões

  3. Luis says:

    Eu julgava que esta fulana estava presa em prisão domiciliária por ter usado o dinheiro dos contribuintes para pagar um trabalho que encomendou a um amigo que não o fez.
    Por aquilo que se vê continua em liberdade e em bicos de pés a desbobinar asneiras embaladas em “holocaustês”!

  4. margarida soares franco says:

    Mas pode-se levar a sério alguém que diz que a Parque Escolar foi uma Grande Festa para os alunos, para os pais, para a economia (não sei como, mas disse que foi), para as autarquias…e acrescento, para Siza Vieira, para quem vendeu, ao estado, as suas obras de arte, para os amigos que construíram as escolas (e que foram sempre os mesmos a ganhar) e finalmente para o Sr. João Pedroso, que foi muito bem pago para não fazer nada de nada no ME !!!!!!.

  5. Antonio Almeida says:

    Fala quem disse que a PARQUE ESCOLAR fora uma festa !
    Só que se esqueceu de acrescentar que fora uma festa para os empreiteiros e um “roubo” aos contribuintes !
    E agora é Administradora !!!

    • António Almeida says:

      A propósito o Sr. João Pedroso já devolveu os milhares de euros que recebeu por um trabalho que não executou !
      Se não há que exigir a esta Sra.. que pague dos seu bolso !


  6. Nada disto me surpreende, infelizmente.
    Foi esta mesma “especialista” em Educação que, há poucos anos atrás, num momento de ímpar desprazer, em que estive “tête-à-tête” com ela, para reclamar da impossibilidade do coordenador do Departamento de Línguas, por exemplo, observar aulas e avaliar colegas de Português, Francês, Inglês, Alemão, Espanhol, repito: foi esta mesma “especialista” que me disse: “Observar aulas de Línguas? Ai isso é tudo a mesma coisa!”.
    É portanto natural que, para ela, “estas questões” vão desde a prevenção rodoviária, a higiene postural, a educação para a saúde… até ao genocídio, ao holocausto. Afinal, são tudo “temas”, dirá esta “especialista”.

  7. Olegário says:

    O Manuel Loff já deixou bastante claro que a sua partidarite o obriga a ter uma obcessão muito pouco saudável sobre a verdadeira história do período de ditadura cá em Portugal. Pelo andar da carruagem, ainda vai arranjar maneira de argumentar que, directa ou indirectamente, salazar foi quem denunciou jesus cristo aos romanos.

  8. Sérgio André says:

    A festa da gaija continua…
    Ps. a coitadita deve desconher que dezenas de milhar de Judeus foram salvas por Portugal, a maior parte até recebeu passaporte português, para, depois ir para os E.U.A. apenas em frança, foram mais de 30.000 judeus salvos pelo Consul de Bordéus! Fugindo a policia francesa e se refugiando nos consulados de Bordéus, Bayonne e por fim em TOULOUSE! A pobre ignorante, deve desconhecer que vao construir em Bordéus, uma ponte que vai ser batizada por esse Consul português.

    • Sérgio André says:

      Errata: O ponte é que vai ter o nome do consul! Como é obvio.

  9. Maquiavel says:

    Quando li na mesma frase “Lurdinhas” e “holocausto”, pensei que estivessem a falar do que ela fez ao Ensino Público em Portugal…

  10. LMTV says:

    Mas se estamos a falar das alarvidades desta palerma, porque é que vêm chamar assuntos que nada têm a ver e com a famosa propaganda ideologica a tentar converter mais alguns? Esta é mais um daqueles seres que devia ressarcir o Estado Portugues de todo o dinheiro que desbaratou e fazer trabalho comunitario para o resto da vida. Graças a energumenos com este os nossos jovens estao na escola e nao aprendem, os professores nao conseguiam ensinar, os recursos eram desperdiçados e os programas uma verdadeira desgraça. Ha custa disto, todo o Estado tem que ser reformulado e toda a sociedade repensada. Note-se no entanto a relevancia da cronica e a necessidade de desmascarar este tipo de situaçoes.


  11. Portanto, deve ficar fora dos manuais.
    Deduzo que esse tal de holocausto deve ter acontecido há menos de 25 anos e, por isso, não existe ainda o necessário afastamento crítico. É isso?
    Já agora, o 25 de Abril já vem nos livros?

    • Maquiavel says:

      Esse tal de Holocausto aconteceu no contexto da II Guerra Mundial, e já o meu livro de História (Mundial) do 9.o ano, de 1990, lhe faz referência. O problema é que o currículo era longo demais, começava com as sobras do 8.o ano, e se tivéssemos sorte tocaríamos ao de leve no início do Séc. XX.

      Só no 11.o ano, que era História de Portugal é que se voltou a falar do Holocausto, visto do contexto português. Mas como a minha setora era arraçada de comuna, aprofundou-se o tema, falou-se de Sousa Mendes, e também se falaram das outras vítimas do Holocausto, muitas vezes esquecidas.
      http://pt.wikipedia.org/wiki/Tri%C3%A2ngulos_do_Holocausto

      Se “Hoje, os alunos [universitários] sabem o que é, mas quando confrontados com imagens brutais dos campos [de extermínio], é a primeira vez que as veem e ficam chocados”, acrescentou.” entäo só tenho a dizer que esses alunos säo umas bestas quadradas.

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  1. […] a ministra, publica livros sobre o assunto e até explica de que modo se deve estudar, por exemplo, o Holocausto. A M80 não sabe menos sobre estes assuntos do que a ex-governante, o que faz com que ambas estejam […]