Autoestradas portuguesas e tráfego médio diário

Tráfego médio diário (TMD) nas auto-estradas portuguesas em 2010

Por Maquiavel

Em 2010, o INIR declarava que 40% das AEs portuguesas tinham tráfego médio diário (TMD) abaixo dos 10.000 veículos, que por mero acaso é o critério utilizado para justificar a construção de uma AE. A situação era praticamente a mesma já em 2008.

A lista incluía as A6, A7, A10, A11, A13, A14, A15, A17, A19, A21, A24, A27, A32, A43. Ou seja, 40% da rede, antes da cryse, antes da troyka.

Daí para cá a situação só piorou, claro, mas não tanto como seria de esperar. As diferenças são:

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Setenta Elefantes num Portugal de Porcelana

Cartaz 02Confesso que me é muitas vezes impossível subscrever conclusões tão peremptórias quanto aquelas subjacentes por exemplo à carta aberta que exige a demissão do Primeiro-ministro. Porquê? por causa do entrave que me é colocado desde logo pelo tipo de subscritores. Deveremos lutar contra o lado asqueroso, anti-social, desalmado, do Memorando? Sem dúvida! Ficar à mercê de credores é ficar à mercê de uma lógica que não têm coração. Ir institucionalmente mais longe, conforme propugna esta ‘carta’, à luz do percurso grego, parece-me, seria horrível. Estamos reféns do tempo, mas não dos motivos e das razões para resistir, dentro das regras que nos prestigiem e salvaguardem.

Sendo verdade que me inscrevo naqueles que, não tendo partido, se preocupam verdadeiramente com o destino do seu País e do seu Povo, não posso jamais pactuar com um grupóide de paquidérmicos, muitos deles dependentes dos contribuintes há décadas, como o magno signatário minúsculo Soares. O que pensar dele e de gente toda ‘fiável’ e socialmente beata do calibre intelectual e instintual de um João Trotsky-Guevara Galamba?

Assinar ou subscrever enunciados emanados de figuras pesadas e repetidas e omnipresentes e papais e incontornáveis e tutelares, foda-se!, torna repelente a causa e matéria para espessa suspeição o objectivo que as move. Para avalizar a qualidade de um peditório desses, olhemos para o perfil e trajecto do pedinte ou pedintes. O trajecto não é frugal. O perfil não é isento. Borraria a minha cara de esterco se Sócrates me aparecesse com um abaixo-assinado para a eleição de Manuel Maria Carrilho como presidente da ONU ou para a constituição de um grupo de trabalho para salvação das contas nacionais.

Só posso borrar a minha cara sempre que o Soares encabeça ou preside ou impulsiona seja lá o que for-manifestos, cartas abertas e outras ejaculações esquerdíssimas e estado-socialíssimas.

A coligação PSD-CDS-PS

Talvez nunca como por estes dias tenha sido tão evidente (e até mesmo para a generalidade de distraídos) a mesmidade do PSD e do PS – e a actual cumplicidade horrorosa do PS com as acções da coligação que actualmente governa faz do PS um partido abjecto. Uma união à esquerda jamais poderá incluir o PS porque o PS não é elegível à esquerda. O PS tem as mãos sujas. O PS é um partido de quadros superlativamente comprometidos com as causas da nossa calamidade. O PS é um logro, a palavra socialista na sua sigla é um abuso de poder que serve para colher votos entre os incautos, e tudo na acção do PS de hoje é apenas e tão-somente a continuação disso. O PS é sem qualidades nem coragem política – gente nascida nesse universo de burgueses oportunistas wanna be à procura de emprego duradouro ou da vez deles nas cadeiras dos poderes próximos. O PS é o terceiro partido da coligação – nem alternativa, e nem sequer já alternância.

Asmáticos estão a ser mal informados

Pois é, há médicos negligentes ou simplesmente maldosos que não ensinam os seus pacientes a utilizar os inaladores, vulgo bombas. Num verdadeiro acto de Serviço Público, o Aventar explica como devem fazer:

Helena Matos já resolveu o problema da fome

Maria Antonieta instava o povo a comer brioches, já que lhe faltava o pão. Há uma diferença entre a antiga rainha de França e Helena Matos: a primeira terá sentido compaixão do povo. A semelhança está no facto de que ambas tinham a cabeça decepada em vida e ninguém as avisou.

Como muitos opinantes decapitados, Helena Matos, diante das notícias sobre a miséria ou sobre a fome, escolhe sempre escapulir-se às causas, pondo a culpa da miséria nos miseráveis e vendo os subnutridos como gente que optou por ter fome. Não deverá faltar muito para que venha a chamar anorécticos aos meninos que exibem despudoradamente os ventres inchados nos países africanos em que os pais obrigam os filhos a não comer.

Se havia crianças a passar fome, antes da actual crise, isso devia-se, segundo a decerto socióloga Helena Matos, à irresponsabilidade de uma geração inteira de pais “que já as alimentavam mal mas que antes da crise tinham dinheiro para tomar o pequeno-almoço no café ou comprar uns donuts e quejandos sem qualquer interesse alimentar mas que faziam as vezes de pequeno-almoço.” Mais estúpido do que negar a existência de pais irresponsáveis é fazer de conta que a fome não existia e que não havia pais que tinham e têm dificuldades em comprar comida para os filhos. Infelizmente, as notícias – que costumam ficar aquém da realidade – dão conta de muitas crianças com fome: na maior parte dos casos, isso acontece porque, muito provavelmente, há uma manada de pais que se dedicam a pastar donuts.

Sempre enojada com a simples existência de instituições estatais, Helena preconiza que, a haver problemas de fome, a ajuda se faça de modo a que o pequeno-almoço em falta seja levado a casa das crianças, o que, do ponto de vista logístico, é um achado. A ilustre senhora , diante da possibilidade de as crianças poderem ser ajudadas nas escolas públicas (expressão que a leva a agarrar o terço com mais força), deve orar, recolhida: “Deus nos livre de o Estado ajudar quem tem dificuldades ou que fulmine qualquer intervenção que possa servir para compensar ou corrigir as disfunções familiares.”

Palestina reconhecida como estado observador da ONU

palestina cadeira onuO estado do povo a que não deixam ter estado e pretendem dizimar no campo de concentração de Gaza é desde hoje reconhecido como observador pelo mundo (com excepção da Micronesia, Nauru, Palau e mais uns estados menores subsidiados pelo sionazismo internacional, que bem se podem sentar no chão). Portugal votou a favor, o que só demonstra que Paulo Portas tem os seus defeitos mas não é exactamente um criminoso, além de que o governo precisa de exportar portugueses para uns certos países árabes..

Andam por aqui umas bestas antropomórficas da Brigada Mossad, muito chateadas, difundindo a propaganda goebbeliana do costume e criticando aqueles em que votaram.  Podem ir levar no Palau.

Pedro Passos Coelho, cidadão honorário de Vila Real e de Bragança

Primeiro, fecharam a Linha do Tua. Depois, interromperam as obras do Túnel do Marão. Agora, acabaram com a ligação aérea entre Bragança/Vila Real e Lisboa.
O encerramento da Linha do Tua é compreensível (não aceitável) quando se sabe que quem manda no país é a EDP. A interrupção do Túnel do Marão é compreensível (não aceitável) quando se sabe que quem manda no país é a Troika.
Mas acabar com uma ligação área para Trás-os-Montes que custava ao Estado 2,5 milhões de euros por ano??? 500 mil contos??? Li, não quis acreditar e fui confirmar. Isso gastam eles com 2 ou 3 assessores dos gabinetes! E os defensores do interior, nada têm a dizer? E os defensores do norte? E os defensores do Douro?
O único transporte público que os transmontanos têm para chegar ao resto do país é agora o autocarro. Nada que sensibilize em demasia os senhores do poder. Há-de chegar o dia em que eles simplesmente não poderão sair da sua terra. O que, visto por outro lado, sempre teria as suas vantagens. Há alguns anos atrás, podia ser que um certo indivíduo não pudesse ter ido para Lisboa para nos dar cabo da vida.

PEC IV

A 04 de Maio de 2011 a insuspeito Câmara Corporativa escrevia:

Tanto alarido à volta dessas ‘novidades’, quando, afinal, bastaria consultar um documento que está na internet desde Março deste ano. Chama-se Programa de Estabilidade e Crescimento 2011-2014.

Experimente seguir a ligação, que era esta: http://www.min-financas.pt/inf_economica/21032011-PEC2011_2014.pdf

A evolução que lhe dá continuidade.

O imposto escolar

Momento Marcelo Rebelo de Sousa na educação.

Zé Povinho na guilhotina e a fórmula do capital

guilhotina com cestoPENSAMENTO DO DIA EM 1867!

Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora a comprar
bens caros, casas e tecnologia, fazendo-os dever cada vez mais, até
que se torne insuportável. O débito não pago levará os bancos à
falência, que terão que ser nacionalizados pelo Estado

Karl Marx, in Das Kapital, 1867

 

Não é por acaso que coloco a citação de Marx ao começo do texto. O endividamento do povo poe causa das políticas de austeridade do governo de Portugal, não têm remédio, excluindo esse de juntar famílias na mesma casa. Como diz Marx, o endividamento do povo, vai conduzir a política do governo, a gastar mais dinheiro estatizando bancos que entram em falência, pela incapacidade do povo de pagar dívidas. [Read more…]

Crianças doentes de fome

Nos hospitais, por causa da crise, vindas da esfomeada “instituição familiar”, Helena Matos.

A prisão à liberdade

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As coisas estão de tal forma, que na hora de optar pela liberdade antecipada, os reclusos preferem ficar na cadeia, onde têm garantidos a alimentação e os cuidados de saúde. “A crise, que o País atravessa, não permite às famílias receberem-nos, revela o Sindicato Independente do Corpo da Guarda Prisional, que pela primeira vez se deparou com uma situação destas (…) a sobrelotação das cadeias e as queixas pela falta de condições pesam pouco no momento dos reclusos optarem pela saída antecipada”.
Os reclusos preferem continuar presos para não sobrecarregarem as famílias com problemas socioeconómicos.
A prisão ainda se lhes afigura melhor que a própria casa… É caso para dizer «’tá-se melhor dentro que fora».
E eu a pensar que a liberdade estava acima de tudo…
A crise já compromete a nossa liberdade. Ao que nós chegamos.

Bem vinda Palestina

welcome palestina

É por bem que é vinda, para os puristas da linguagem pouco secular.

Brasil vai buscar ex-treinador do Uzbequistão

E a partir de agora, resta-me esperar que o Brasil perca TODOS OS JOGOS nos próximos anos.

Sinais preocupantes de um país a desnascer

Entre os anos 30 e 50 do século passado, a minha avó Maria teve 13 filhos. Três deles morreram à nascença ou nos dias seguintes, apesar de tanta experiência acumulada nela, à conta dos seus e dos partos das outras mulheres da terra. Um pouco mais tarde, na aldeia vizinha, a minha avó Leontina deu à luz dez crianças, sendo que a penúltima engrossou a monstruosa taxa de mortalidade infantil que, naquele tempo, não (se) contava. Mas a mim contaram-me elas as histórias das outras mulheres que perderam tantos filhos, num tempo em que o médico ainda se deslocava a cavalo entre as aldeias. Sem assistência alguma durante a gravidez e os partos, as mulheres experimentavam a fé e a sorte na sobrevivência familiar.

Depois veio o Serviço Nacional de Saúde, os avanços da medicina, o progresso possível num Portugal que, aos poucos, foi sendo ligado entre si por vias diversas de comunicação. E as reduzidas taxas de mortalidade infantil iam orgulhando o mesmo SNS, equilibrando assim, na balança dos números, os sinais preocupantes da demografia e da taxa de natalidade. [Read more…]

Rodrigo Pinto e Diogo Oliveira, os Billy Elliot lusos

Em tempos de tão más notícias, de tanto negativismo alimentado por quem nos deveria dar esperanças, há luzes, grandes luzes que se levantam neste magnífico país do qual nos podemos sempre orgulhar. Sou uma Portuguesa orgulhosa de o ser. Admiro os Portugueses que toda a vida lutaram por uma vida melhor, aqueles que, com parcos recursos conseguem sustentar uma família e pagar as suas contas. Todos aqueles que, mesmo desempregados, mesmo sabendo que o mercado de trabalho está difícil, arregaçam as mangas e vão à luta. Caem e reerguem-se mais fortes, mais afoitos, mais prontos a arrostar com as dificuldades. [Read more…]

No espírito do PEC IV

PS vota liberalização da estiva.

O devir histórico (fim)

A nossa condição humana impõe que não nos deixemos narcisar somente pelo que se diz de bom nos Lusíadas, mas que sintamos sentimentos de indignação e revolta e repudiemos tudo o que cheire a indignidade nacional! Todos sentem, mesmo quando é a seu favor, que a justiça não é imparcial e se deixa influenciar por causas estranhas, que às vezes são bem do nosso conhecimento, por estarmos dentro da conjura… e isto arrepia e revolta!

Concluindo.

Ao longo desta série de oito textos, guiei-me por uma perspectiva de contemporaneidade do passado. Pela inexorável repetição dos erros que o nosso país tem cometido, que nos trouxe ao momento que vivemos. Findando esta série, sobre o estado da Justiça. Porque o estado em que se encontra, sintetiza as razões do que ora vivemos. E para demonstrar a contemporaneidade do que vivemos, encima este texto uma citação. É da autoria de Christiano Morais e está no seu livro “Código da Honra – A Justiça e a Nação”, de 1953, pág. 91. Uma edição de autor que em pouco tempo a censura tratou de retirar das prateleiras das livrarias. Um livro escrito por um médico, que faz a autópsia do estado da Justiça em Portugal. E o que mais espanta – ou nem por isso… – é a actualidade, não de tudo, mas de tanta coisa que nele está escrita. Um inegável registo documental, a par de tantos outros, para se demonstrar a constante repetição de erros e de vícios com que nos temos desgastado enquanto povo e nação. E que melhor tema para tal, do que a Justiça? Pois que não existe sinal crítico mais grave, do que quando a Justiça reproduz todas as fraquezas e soberbas de uma país. E o que nos trouxe à actual descredibilização da Justiça, foram e são erráticas opções legislativas, inquinadas conduções de investigação criminal e sucessivos episódios judiciais de crimes sem castigo. Foram e são as manobras, tantas vezes demagógicas, que consecutivamente se operaram nas regras processuais – civis ou penais -, de molde a se servirem propósitos estranhos aos que devem ser prosseguidos pela Justiça. Como é o caso da actual alteração ao Código de Processo Civil que faz das partes e seus mandatários os culpados pelas demoras na Justiça. Ao ponto de, por exemplo, se ter de pagar para que seja corrigido um erro constante de uma decisão judicial, como agora decorre do Regulamento das Custas Procesuais.  Porque pagar é preciso. Cobrar é urgente. Julgar bem… logo se verá quando se tornará importante. Não será para já, como não foi no passado. Mas haverá de ser, um dia. Quando se começar a fazer o que ainda não foi feito. Como canta Pedro Abrunhosa.

(corrigido após publicação)

Portugal no New York Times

Veja Portugal Passes Another Austere Budget, fotografias de Maurício Lima para o New York Times.

A linguagem é um vírus*, a Troika também

Apanhei um “potential security risk which can be modified maliciously by virus“, o raio que os parta, um ddespesa.dll, que me mandou um mail, como se viesse para o Aventar, com este interessante conteúdo, tipo andam para aí uns gajos a contar o que se passa na Agenda de Trabalho do FMI em forma de ataque informático. Fica aqui, nestas cenas nem todos os antivirus funcionam, estejam prevenidos, farei relato de mais ataques:

IMF: Portugal Expenditure Review Process Workshop Agenda

No passado dia 6 de Novembro de 2012, no edifício do Ministério das Finanças, foi ministrado pelo IMF um workshop de modo o explicar o que deverá ser dito para justificar a necessidade do corte de 4 000 M€ nas despesas do Estado.

O workshop  foi ministrado pelo inglês Richard Hughes e pelo australiano Jason Harris, tendo contado também com as intervenções do Dr. Tiago Espinhanço Gomes (Assessor do Ministro de Estado e das Finanças), do Dr. Paulo Leiria (ESAME) e do Dr. Pedro Ginjeira do Nascimento (ESAME). [Read more…]

Almoço Sectorial Aventar, Porto

PALAVROSSAVRVS: Hoje o Aventar almoçou na Baixa Portuense, Mousinho. Foi um almoço sectorial. Éramos só dois. Dario e eu. Mas foi muito bom na mesma. Nada como termos podido contrastar o dia-a-dia com o prazer sem paralelo de uma excelente conversa aventadora, onde nada do que é português e relativo à política escape ileso. Conspirámos. Rimos. Sonhámos.

Exare-se em acta esta nossa conclusão concorde: são milhares os exemplos de como a roda dentada político-partidária nos vem fazendo um mal indescritível e ao País: enquanto a Política e a sua Casa Simbólica se conservarem meras conchinhas fechadas aos cidadãos, antro de negócios a que temos sido completamente alheios, e enquanto a Justiça [finalmente levada aos que malbarataram e desmandaram e atropelaram a Coisa Pública debaixo da pala imunitária da Política] não passar de uma caricatura de Justiça, Portugal também não passará de um sítio. Jamais será um País.

Hoje senti-me mais vivo. O copo de vinho ajudou. Fui ressuscitado para a luz bela de um dia portuense frígido, na companhia não já de um colega, mas de um Irmão e de um Amigo. A propósito, parece que o IVA não é levado muito a sério nos restaurantes às moscas, pois não, Dario?!

DARIOSILVA: Não tenho IVA a declarar: o vinho, branco, verde, só podia ser bom: provém do vale do Sousa, d’uma encosta com o comboio aos pés, d’um sítio que acumula um nevoeiro delicioso numa infância a bordo de um comboio. E foi assim.

Propinas no Secundário

Haverá desconto para jotinhas que prometam só largar os estudos depois dos 30 anos?

O hóquei está de luto

Armindo de Vasconcelos

Faleceu uma das figuras de referência do hóquei português. José Estêvão Vasconcelos Machado foi um dos maiores lutadores que a modalidade conheceu, e deixou-nos ontem. Não tivesse falado recentemente com o filho, o vice-presidente reeleito para o executivo da FPH, José António Machado, e a notícia ter-me-ia apanhado ainda mais de surpresa. Mas, por entre lágrimas de saudade antecipada, o Zé António disse-me que o pai estava em estado terminal e só se aguardava o desenlace final.

Mesmo assim, hoje de manhã, ao abrir a minha página do facebook, a notícia estava lá, o escudo da Federação a negro. Não conseguimos nunca, mesmo que seja esperado, encarar a morte doutra forma, que não esta: o enorme vazio que fica quando parte alguém que nos marcou. Mesmo que, por fé, acreditemos na vida eterna, mesmo que, por amor à poesia, encaremos que esta partida é uma libertação da lei da morte, como escreveu Camões. Somos humanos, e esta marca indelével de fragilidade acompanha-nos e revela-se, exactamente, em momentos como este, em que o desconforto de mais um lugar vazio na nossa vida se confirma. [Read more…]

A crise que vivemos e a família

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O orçamento de estado para 2013, acaba não apenas com as entradas lucrativas, bem como com começa com os despedimentos do emprego, a falta de entradas e, o que é bem pior, com as lutas familiares.

É verdade que as pessoas juntam lares dentro de uma mesma casa para poupar o pagamento de rendas, que, de certeza, passam a ser mais caras, assunto inusitado no nosso país. Como é natural, todos querem morar no seu canto de família doméstica, mas, quando não há dinheiro, a única alternativa é juntar pessoas da mesma família beijo um mesmo teito.

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A lição dos estivadores

Como se percebe da leitura do extenso trabalho que veio hoje a lume no Público, há sindicatos e sindicatos, e uns e outros distinguem-se pelos trabalhadores que têm e sua consciência.

Enquanto nuns portos os estivadores pagam uma quota elevada e beneficiam com isso da possibilidade de prolongar uma greve, o responsável do sindicato de Sines afirma não ter hipóteses de o fazer (embora saiba que uma greve de 8 dias faria ceder qualquer governo), o que até se compreende.  Uns ainda são trabalhadores, os outros estão no grau abaixo de zero do precariado e do salário pelo mínimo.

É essa a diferença, é para aí que governo e patronais pretendem empurrar os trabalhadores que sobram. Espancando para a ausência completa de direitos, para a reproletarização na versão clássica do esses que nada têm a perder porque nada têm, mas não ganharam ainda a consciência de terem tudo a ganhar. Esses a quem chamam em gozo de balofa hipocrisia colaboradores.

Têm azar: mais tarde ou mais cedo este filme também acaba assim:

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=S6VBdu_ur48]

Há Lodo no Cais – On the Waterfront

Secundário com propinas

Para poupar mais, as equivalências terão desconto de 50%.

Que se lixe o ABC

O Governo quer que os portugueses se deixem de escolaridades mínimas obrigatórias e prepara-se para destruir de uma assentada o que resta de uma ideia de Escola pública que, apesar de deficiente (e tudo terá começado a ficar mais complicado quando o PS de José Sócrates chegou ao poder), mantinha o País num rumo de progresso por via do acesso universal ao Conhecimento. Não é só a mobilidade social (já muito dificultada por tudo o resto que actualmente a debilita) que se verá gravemente afectada: é o próprio projecto de uma sociedade que começa por ser democrática porque dá a todos, pelo acesso gratuito à Educação, a possibilidade de formar cidadãos para o exercício político da cidadania.

Em 1936, Carneiro Pacheco, ministro da Educação Nacional, afirmava (num estilo de que Passos Coelho é um lamentável e anacrónico herdeiro) que «O ABC [tinha sido] legalmente derrotado por Deus», deitando por terra o programa republicano que preconizava ser o ABC «o fundamento lógico do carácter». Tratou-se, nessa reforma estado-novista, de reservar a Educação às elites, reaproximando o povo do freio da Religião, banhando-o desde a mais tenra idade nas virtudes cristãs, em detrimento daquilo a que chamavam “o saber enciclopédico”, que de nada serviria aos meninos nas suas vidas futuras, diziam – e o mesmo dizem hoje os passos coelhos desta vida portuguesa a andar para trás relativamente aos alunos universitários que estudam para serem desempregados, em vez de se deixarem de estudos e aceitarem ser os soldados das multinacionais exploradoras do trabalho barato.

E foi assim que criou o povo resignado que se absteve de toda e qualquer participação cívica – mergulhando no silêncio medroso até 1974. É esse o povo que hoje não vota, entregando aos partidos minoritariamente votados (se considerado o universo dos eleitores) o destino da Nação.

A Entrevista

Era preciso fundamentar melhor por que teremos de sofrer tanto e onde está a excessiva generosidade dos nossos magros subsídios de desemprego e magras pensões.

Passos está obcecado com o Ajustamento. Obcecado com o Défice. Obcecado! Não há País para além da sua missão divina com os números, com as metas, com os cortes. Compreendo a margem nula em que se movimenta e que naturalmente o obsessiona quanto à eficácia das suas medidas, mas se ele vê a sua missão histórica como histórica, vai demasiado só e demasiado movido a matemática para fazer sentido a gente sob um depauperamento e, logo, um cansaço moral difícil de descrever. Boa parte da economia move-se psicofuel. E esse está a faltar. Mesmo um incompreendido e um iluminado, conta em que Passos talvez se tenha, precisa das pessoas, de conquistá-las e, sobretudo, de as merecer. Serve-nos de pouco que a carreira internacional de Gaspar e o seu prestígio fora de portas sejam cada vez mais extraordinários e Passos seja olhado como um decisor implacável. Estava escrito em algum lado que teríamos de morrer da cura?

Ontem, na entrevista à TVI, ficou evidente que há um imenso trabalho de casa por fazer: aquele que envolve gente, que sente e ouve gente e ousa, por alguns momentos, esquecer os números. Talvez ainda se vá a tempo de mudar atitudes e tiques de feitor.

A ver se eu percebo…

Primeiro estebelecem obrigatoriedade escolar até ao 12º ano e depois começam a cobrar propinas? Percebi tudo mal, certo?

O acordo ortográfico já não causa impacto

Mesmo depois do chamado acordo ortográfico (AO90), a grafia da palavra “impacto” manteve-se inalterada, uma vez que o c é pronunciado. Simples? Não necessariamente.

Depois da imposição do AO90, surgiram vários erros que raramente ocorriam, sobretudo no âmbito da grafia das chamadas consoantes mudas. Assim, é cada vez mais vulgar ver textos portugueses em que “facto” é erradamente substituído por “fato”, para além de já ter sido possível ler “pato” no lugar de “pacto”.

A ocorrência destes erros tem várias causas e é evidente que o AO90 não é a única. Correndo o risco de cair no pecado do simplismo, penso que tudo começa no facto de haver, ainda, uma iliteracia generalizada, visível em diversas dificuldades de expressão e de compreensão, mesmo entre pessoas com educação superior. No meio deste caldo, o AO90, sendo, para mais, um instrumento deficiente, veio tornar ainda mais difícil a vida de quem já tinha dificuldades em escrever com correcção. [Read more…]

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