Não constitui qualquer novidade a confusão actualmente instalada na ortografia portuguesa europeia, sendo este apenas mais um exemplo. Lembremos, pela terceira vez, as palavras de Gonçalves Viana:
Les lecteurs seront surpris de rencontrer dans les textes des contradictions et des irrégularités orthographiques. J’ai gardé l’orthographe de chaque écrivain, à fin de mettre sous leurs yeux l’état anarchique où elle se trouve.
Por estranho que possa parecer a algumas almas mais atreitas à distracção, já não nos encontramos em 1903. Este exemplo é fruto do péssimo serviço cívico prestado pelo jornal A Bola, que consequentemente perdeu, pelo menos, um leitor e se meteu num imbróglio já devidamente aventado.
Post scripta:
- A propósito de Marx, darei futuramente nota das minhas impressões sobre a interpretação de Michel Poncelet e espero poder abstrair-me da sublime prestação do Brian Jones.
- Os meus parabéns ao António Fernando Nabais por mais este excelente texto.
- Já agora, um comentário perfeitamente superficial, inútil, pessoal e banal: na quarta-feira, estarei aqui.
Que eu saiba, a consoante “c” em espectador não é muda, como em “facto”. Logo, não cai no novo acortdo ortográfico.
Espectador deve manter-se em Portugal, precisamente como no Brasil. Além de ter dupla grafia, o “c” é lido pela maioria das pessoas e existe o perigo de confusão com a palavra espetador (de espetar).
Já basta a confusão que, de facto, este “acordo pornográfico” lança todos os dias…
Espektador? fato? Isso é que é uma grande confusão!
“Espectador”: lê-se ‘espétador’, o c é mudo.
“Facto”: lê-se ‘fákto’, o c não é mudo! Aliás, até se escreve e lê, em outras línguas (Exemplo: inglês), ‘de facto’.
Onde é que em espectador o C não se lê? Em inglês diz-se
spectator! Já que se está numa de ler com base nessa língua aqui fica esta nota para quem não sabe do que está a falar!
Pedro Serra, sempre li espectador com “c”. E facto, idem. Peço desculpa se não fui claro. A questão acaba por atestar o que digo: a confusão é mais que muita.