pressupõe-se, erradamente, que um grande guitarrista é essencialmente um solista. uns valentes vinte e cinco anos atrás, numa conversa de comboio, dizia-me o alexandre soares (fundador, primeiro vocalista e guitarrista dos GNR) qualquer coisa como isto: «eh pá, um gajo começa por querer aprender uns acordes para sacar as músicas das bandas que gostamos, depois, com alguma técnica, sacámos mais ou menos os solos e passado alguns anos pensámos que até já somos alguém e temos o nosso som, mas, merda, o que todos nós gostaríamos de ser é como o johnny marr!» Johnny Marr não aparece citado no artigo a que me referi no «post» passado. percebe-se muito bem porquê. está fora do mundo dos grandes solistas. é, aliás, ainda um muito maior escândalo que ninguém refira na citada «classic rock», por exemplo, lou reed. adiante. na primeira metade dos 80’s, em pleno pós-punk – o que na altura ficou conhecido em portugal como som da frente, termo forjado pelo grande antónio sérgio no programa anónimo – as três grandes bandas de culto eram, como toda a velhada sabe, the cure, the smiths e U2. claro que também por cá andavam na boca e ouvidos de todos os the sound, os felt ou os echo and the bunnyman. se nos the cure, robert smith assumiu a banda sózinho, nos U2 e nos the smiths constituiam-se duplas na boa tradição da pop – bono e the edge, morrissey e johnny marr. mais do que os irlandeses, os de manchester foram vistos na altura como os «lennon-mccartney» do seu tempo. foram-no? pensamos que sim. a vida dos the smiths foi curta – entre 82 e 87 – mas a sua obra discográfica é magistral: «the smiths» 1984, «meat is murder» 1985, «the queen is dead» 1986 e «strangeways, here we come» 1987 são os longa-duração da banda. morrissey tentou reeditar a dupla com vini reilly em «viva hate» mas não o conseguiu. por outro lado, a carreira de johnny marr, pós-the smiths, é, no mínimo, errática, mesmo contando com os electronic.
uma das caraterísticas de guitarristas na linha de Johnny Marr é o facto de serem essencialmente grandes músicos de estúdio, muito dados ao meticuloso trabalho na composição e produção musical. é ainda hoje um mistério como as revistas especializadas em guitarras de aço se esquecem dele. mas, como dissemos anteriormente, não é exemplo único. as rendinhadas melodias, a finura harmoniosa mas ao mesmo tempo selvática da sua guitarra transformou a sonoridade dos smiths em algo identificável em qualquer parte do mundo. ouvem-se os primeiros acordes e sabemos logo o que é. Marr tem um estilo compositivo muito unitário embora no último longa duração da banda tente uma abordagem mais vasta. de todas as maneiras, para os mais fanáticos, «strangeways, here we come» não conta muito para a história, pese embora canções como «death of a disco dancer» ou «girlfriend in a coma». bastou meia década para que johnny marr – e morrissey – modificassem a pop. para melhor, claro. muita gente tentou seguir o caminho traçado por marr/morrissey, dos james aos stone roses, mas nunca lá ninguém chegou. mas ouve alguém, e falámos em termos técnico-compositivos, que lá esteve perto – Lawrence e os seus Felt. vejam-se, a título de exemplo, as guitarras do belo e instrumental «let the snakes crinkle their heads to death» 1986.
ps: a quem interesse, ainda se encontra à venda a edição limitada a 10.000 exemplares de «the smiths. singles box» 2009 que reúne os primeiros dez singles com as capas originais e alguns bónus. uma está disponível na fnac porto santa catarina. vale os trinta e tal euros todos e mais alguns.
Haverá também por aí um review ao Tom Morello?
RAtheM ? grande guitarrista, mas a margem de 25 é muito curta, como deves entender – «killing in the name…». cumprimentos.
ISAC AÍ VEM A MODA DOS BEATLES OUTRA VEZ..O UK E OS USA VÃO MANDAR E TODOS VÃO COMER..ESPERA SÓ UNS DIITAS E SEMANAs já anda nas TV’s everywhere!!!….EU FICO TODO CONTENTE..FINALMENTE VAMOS TER DEUSES A SÉRIO DOS GRANDES GRANDES E NÃO UNS BONEKITOS A SALTITAR de bicos de pé…A TENTAREM SER GENTE COM UMA GUITARRITA NA MÃO!!dalby 10000% adepto dos Beatles e não de Stones obviamente!