PORQUÊ?
Porque é que sendo a nossa língua tão rica e tão versátil, deixando-nos exprimir, como nenhuma outra, de qualquer modo e feitio, permitindo toda uma comunicação inesgotável, desde a mais simples forma à mais sofisticada retórica, abrangendo uma dinâmica e uma capacidade inigualável de nos entendermos, há tanta gente a meter, abusivamente e inesteticamente nos seus textos, em reuniões e conversas, toda uma parafernália de galicismos, anglicanismos e frases inteiras de outras línguas, habitualmente inglês, metidas mais ou menos a martelo, absolutamente desnecessários e, na minha opinião, dando a quem os profere um ar de prosápia, bem longe da erudição que pretendem mostrar, e hoje apenas aceite pela banalidade da comunicação daqueles que não sabem nada de português. À parte um ou outro vocábulo, introduzido por necessidade de uma maior precisão que a palavra portuguesa por vezes pode não permitir, qual a razão para estar sempre a inglesar aquilo que pode e deve ser dito com precisão, beleza e elegância por palavras de português? Penso que uma das nossas maiores riquezas é a nossa fantástica língua. Arrepio-me, por vezes, quando leio aquilo que não queria ler, em tudo quanto é sítio falado e escrito, nomeadamente em alguns dos artigos do Aventar.
O piano é o instrumento do pianista. A palavra é o instrumento de quem escreve e de quem fala. Em qualquer dos casos, nem o pianista se pode impor como virtuoso, se tocar mal, nem o que escreve se pode fazer acreditar, se escrever ou falar mal e com erros. Mesmo que a peça tocada seja muito boa ou o tema abordado na escrita seja de grande valor. Tenhamos profundo respeito pela língua, aprendamo-la o mais correctamente possível, e, sem margem para dúvidas, disporemos do mais útil e nobre instrumento de toda a nossa relação humana e social. Não temos o direito de a conspurcar, como hoje se faz a torto e a direito, por ignorância, indigência, snobismo ou exibicionismo, remetendo-a a um mero ingrediente de uma caldeirada anglo-portuguesa.
Postas em vez de “posts” está divinal…! 🙂
Concordo inteiramente, Adão. Em todo o caso, às vezes também vou na onda e uso expressões inglesas (por exemplo) que poderia evitar. O que passarei a não fazer. «Postas» cria alguma confusão. Podemos dizer textos, ou artigos, ou crónicas… Adiro ao movimento de aportuguesamento do Aventar. Um abraço.
Na verdade, “postas” foi no gozo, mas foi infeliz pois, em assunto tão sério, pode prestar-se a confusões.
Eu, por vezes pecador, o apoio. Não gosto de postas, só de bacalhau. Já postes tem alguma graça, embora possam dar choque. Mas como o Carlos sugere temos dezenas de alternativas. As línguas latinas adaptam-se bem a novas realidades, basta querermos.
Sim, prefiro textos, ou até artigos, bem melhor!Postas ou postes é que não!
Postas é horrível, tão mau como “postura”,por exemplo. Mas a língua é um sistema vivo recebe influências da economia,da ciência,do desporto e, numa era global, mal seria se não fosse inflenciada por outras línguas.