Não vai dar ao mar
o rio de lágrimas caladas
nascido de bocas fechadas
e olhares distantes.
Quedou-se a vida um momento
entre o suspiro e o espanto.
Para lá da muralha
feita de vidro e de tempo
grande como a amargura
o sonho ganhou figura
em forma de aparição
resplandecente
do sol da tarde
ainda ardente.
O rosto de sempre
do outro lado da estrada
frente ao rio que vai dar ao mar.
Nem a dimensão do meu grito
fez o silêncio calar.
Fugaz doçura
sorriso breve
ninguém sabe cantar
a canção que eu ouvia.
E tudo não passava de nada!
Era um violino a chorar
no rosto de sempre
do outro lado da estrada
frente ao rio que vai dar ao mar.

(adão cruz)
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