Cerco à Comunicação Social

Começou com aquela compra frustada da PT sobre a TVI, que o nosso primeiro não conhecia, nunca tinha ouvido falar e nem sequer sabia quem eram os administradores.

 

Depois sabemos o que aconteceu na TVI, nas mudanças de estrutura e de programas.

 

A seguir houve uma tentativa de controlo da Impresa SA, grupo que controla a SIC e o Expresso, entre outros.

 

Agora ficamos a saber que a ONgoing, que tentou o controlo do Grupo de Balsemão, fez o que a PT não conseguiu. Comprar a Media Capital, que por sua vez contrloa a TVI.

 

Mas a fotonovela ainda só vai a meio, na PT, já há demissões depois de se saber que a massa com que se compram estes e outros melões, tinha saído da PT, meio à socapa. Para ajudar, as actas ddo Conselho que autoriza estas aplicações de fundos aos milhões, foram publicadas num semanário que, por acaso, é controlado por um dos "players" destas brincadeiras.

 

Aproximam-se tempos muito dificeis e quando é assim, não importa de onde vem o dinheiro ou se o dinheiro tem ou não rentabilidade. Outros valores mais altos se levantam.

 

Aqui e agora estamos a assistir ao controlo da comunicação social!

 

A quem servirá?

 

DAVID E A SUA FAMÍLIA

David ou Davi (em hebraico: דוד, literalmente "querido", "amado", no hebraico moderno Dávid, no hebraico tiberiano Dāwiḏ; em árabe: داود) é um personagem da Bíblia (Antigo Testamento). Filho de Jessé, da tribo de Judá, teria nascido na cidade de Belém e se destacado na luta dos Israelitas contra os Filisteus. Tornou-se rei, sucedendo a Saul e conquistou Jerusalém, que transformou em capital do Reino Unido de Israel.

Bem sabemos que o que mostamos no texto, não é a imagem real de David.

No seu tempo, as esculturas não eram possíveis para um povo de pastores. Foi bem mais tarde que pasou a ser posível esculpir no mármore. David ou Davi é uma das esculturas mais famosas do artista renascentista Miguel Ângelo. O trabalho retrata o herói bíblico com realismo anatómico impressionante, sendo considerada uma das mais importantes obras do Renascimento e do próprio autor. A escultura actualmente encontra-se em Florença, na Itália, cidade que originalmente encomendou a obra. O que a obra mostra é um jovem getil, cheio de força , capaz, ele sozinho, de derrotar  o gigante filisteu, Golias, com apenas uma pedra atirada com a sua fisga. Bate na cabeça do gigante e mata-o de imediato. Golias era o terror de Israel. Mas David era pastor e na sua pastoricia soube ganhar calma, serenidade, paz, e formas diversas de pensar. 

Um pastor precisa  de habilidade e inteligência para ser capaz de tratar do seu rebanho: a lã, as vezes, fica agarrada a objectos que imovilzam ao animal e o pastor deve pensar nas alternativas para libertar essa parte do seu rebanho.

A inteligência do pastor é cultivada confrontando problemas só, que, se não souber resolver, perdia uma peça valiosa do seu sustento. Esse pastor não pode ter medo. O medo dinamiza a adrenalina que paraliza o pensamento e a solução, assim, nunca mais apareceria. O pastor, além de todas as alternativas para tomar conta do seu rebanho, acaba por amar ao seu redil ou curral. Pasa a ser a única maneira de suportar o frio, o calor do verão, encontrar soluções para a falta de agua do deserto, essa agua que o curral precissa para viver. A inteligência acorda desde a mais tenra infância e  desenvolve-se na solidão da sua juventude, com apenas o redil por companhia, ou os proprietários dos animais que cobram caro a perca de uma ovelha o cabrito. No caso de David, a sua força desenvolve-se na medida de andar e andar por planicies desérticas, procurando sempre essa sombra que dificilmente se encontra.  Apenas a juventude sem posses, é capaz de manipular tamanha fortaleza.

O problema é que a glória traz arrogância, especialmente se ganhar uma batalha só e ser proclamado rei por causa da façanha. Ser rei, já maduro, as tentações acontecem, como no caso do pastor feito rei. Na sua paixão, é capaz de sacrificar não um animal, nos tempos em que apenas tem o poder do orientar, mas sim um general do seu, agora, próprio exército para amar a mulher do amigo que é morto pela sua ordem. Como dizem por ai, é melhor um corpo sem vida e bonito que fica marcado na nossa memória e sentimento, que um material todopoderoso monarca que não hesita em usar a força, não para ganhar uma guerra, mas sim para ter o prazer que a kei proibe. A juventude avança com calma: está a aprender, especialmente com as manhas dos outros; o adulto, precipita-se para satisfazer apetites mal cultivados, que acabam com ele, como aconteceu com o rei, já monaca absoluto. De certeza Luís Miguel Pimentel Correia foi sempre esse David que tomava conta do seu curral e sabia tratar aos seus animais com a gentileza que o pastor sabia cultivar. É a memória do David da figa, metáfora do Luís que usou a sua juventude para ser solidário com a mãe, o pai, a irmã e as tias e primos. Certo estou que Miguel Ângelo soube esculpir essa alma escondida dentro de um corpo trabalhador. E é assim que vive dentro de todos nós.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

David em Florença

 

 

Desistência

Por cada cabelo branco que nasce, há, provavelmente, uma ou mais células cerebrais que se consomem. É a lei da vida. Por esta lei da vida desconfio que possa haver, em muitos homens, algum grau de displasia e degenerescência na sua admirável capacidade de pensar. O sinal desta desconfiança reside, a meu ver, naquilo que me parece ser alguma instabilidade e algum desacerto no fio-de-prumo do seu intocável carácter.

 

Dá ideia de que as células, cansadas de tanto pensarem bem, como aconteceu tantas vezes na sua vida e em muitas das suas intervenções, muitos homens se desmobilizam e se demitem, por vezes, do rigor funcional que lhes é exigido. Há muita gente ansiosa por pendurar a tabuleta a dizer “cheguei até onde pude”. Por vezes não querem parar um pouco para descansar, pensar e entender que esta viagem não tem fim, é a viagem da dignidade humana, da infindável curiosidade e descoberta, e qualquer fictícia chegada arruma a pessoa para fora da única vida que vale a pena viver. Parar, não é uma decisão muito compatível com o homem da angústia e da sede da verdade. O homem da formação e da determinação.

 

Paredes Brancas, Povo Mudo

Hugo Colares Pinto

 

Hugo Colares Pinto

Quadras do dia

Que interessa padres e bispos

Dizerem mal dos ateus?

Defendem o seu papel

Roubando o lugar de deus.

 

Se é que deus não existe

Nem é precisa a defesa.

Para que insistem os bispos

Na cruzada da certeza?

 

Se o deus em que acreditam

Existisse realmente

Via-se à rasca p’ra ser

Defendido por tal gente.

 

Se um deus omnipotente

Não gramasse Saramago

Não iria ao Tolentino

Pedir ajuda, carago!

 

Nem ao carreira das neves

Daria tal incumbência

Virava de cu p’ro ar

Tudo o que fosse indigência.

 

O casamento homossexual

O Aventador Prof. Dr. Raúl Iturra junta história e argumentos para defender o casamento homossexual.

 

Como comentário a esse texto o nosso leitor  Felício J, defende que a procriação em si mesma é factor distintivo e suficiente para manter o casamento restrito a duas pessoas de sexo diferente.

 

Conseguida a "união de facto" que assegura, em termos jurídicos, todos os previlégios face aos direitos de propriedade, não se percebe porque querem os homossexuais casarem. Afastando a brincadeira óbvia, que assim ficam mais perto do divórcio, não vejo razões suficientemente fortes para reduzir o significado da instituição casamento.

 

O casamento tal qual o conhecemos é um dos pilares da sociedade, e não se esgotando na procriação, é na procriação que encontra a sua razão de ser mais nobre.

 

E não posso deixar de me interrogar o que levará aqueles e aquelas que mais lutaram contra o casamento o quererem agora para si e para os seus.

 

A ideia é mesmo tirar-lhe o significado social e familiar que ainda carrega?

Poemas do ser e não ser (dedicado à Carla Romualdo, se ela não se importar)

Todos somos feitos de cordas

qual cérebro qual coração!

cordas de violino

cordas de guitarra

cordas de enforcar

cordas daquelas que amarram

cruelmente

os barcos ao cais

e os fazem soluçar

(já viram coisa mais triste

do que os barcos a baloiçar

presos às argolas do cais?)

Felizes os que têm por amarra

as cordas de um violino

ou as cordas de uma guitarra.

 

Resquícios de fascismo no Colégio Militar

A Lei é para ser aplicada e não fica do lado de fora dos muros do Colégio Militar. Não podemos dizer que só põe lá os filhos quem quer, como se isso justificasse a violência de quem é adulto sobre crianças. Não justifica!

 

E o Colégio Militar pode ser o melhor colégio do mundo que tambem não é justificação. E as praxes tambem não são justificação, e a tradição tambem não. Numa palavra, a violência exercida sem ser em defesa própria é um crime e como tal deverá ser tratada.

 

É isso que estão a fazer os pais das crianças que foram brutalizadas, accionando a Justiça e levando o assunto para os tribunais civis e criminais. Não só é um crime previsto na Lei, e com uma cobertura penal que pode ir a cinco anos, como há prejuízos físicos e psicológicos que podem e devem ser revertidos por indemnizações financeiras.

 

A verdade é que, como vem hoje nos jornais, os oficiais sabiam da violência dos castigos que eram aplicados pelos chamados "graduados" sobre os mais pequenos, e nada fizeram, o que préfigura tambem um crime. Que deve ser investigado. E caso se confirme esse conhecimento, os oficiais devem ser punidos militarmente e serem accionados judicialmente.

 

Estes são os resquícios do "fascismo", de quarenta anos, em que a Lei só se aplicava sobre alguns e não sobre todos. Em que havia gente que estava acima da Lei. Eram estas coisas humilhantes e discricionárias a faceta mais ignóbil do "fascismo", o dia a dia  pequenino e sem grandeza, o ser expulso da cidadania na sua própria terra!

 

Tolerância Zero!

 

Merkel baixa impostos

Na Alemanha, para relançar a economia, a senhora Merkel vai baixar os impostos. Os Liberais com quem fez coligação para governar, devem ser os pais da medida.

 

O primeiro objectivo é que a maioria da população tenha mais dinheiro para consumo interno,daí que seja nas classes com menos dinheiro disponível, onde o imposto baixará mais,  no sentido de o dirigir para o consumo.

 

E, para manter o déficite, com menos receita, onde vai cortar na despesa? Despedimentos na função pública?

 

Nós aqui em Portugal, começamos logo por ter um déficite muito superior ao anunciado pelo governo, que se fica pelos 5.9%. Ninguem acredita neste número, andará pelos 9%, se a desorçamentação da despesa escondida nas parcerias público/privadas e empresas públicas (com as de transportes à cabeça) regressarem ao orçamento, numa política de verdade.

 

A gestão política do orçamento já começou, escondendo a despesa e o déficite real, e esta aventura nunca deu bons resultados. Tudo indica que teremos mais uma vez uma fuga para a frente, com um orçamento expansionista, pese embora a dívida pública ser já uma calamidade nacional.

 

Taxar as classes mais altas e transferir a receita assim obtida, para as classes mais baixas, pode ser uma tentação.

 

O caminho é muito estreito. Vamos lá ver de quem é a culpa desta vez!

FotoBlogger Convidado

 

Paulo Abrantes

De bem com Deus e com o Saramago

 

 

     Naquele dia, Jesus  invadiu os aposentos do Pai, gritando, com a pressa de trazer a Má Nova:

     – Ó pai, ó pai, trago más notícias!

     – Irra! Já ando há mais de dois mil anos a dizer-te a mesma coisa! Quando chamares por Mim, usas maiúsculas. Fazes favor, sais, e voltas a entrar como deve ser. Só não te fulmino, porque sei que ressuscitas ao terceiro dia.

     Jesus encolheu os ombros e saiu. Com o mesmo entusiasmo, reentrou, clamando:

     – Ó Pai, ó Pai, trago más notícias!

     – Vês como és capaz? Diz lá, Meu filho.

     – O Saramago anda outra vez a criticar a Igreja e a Bíblia.

     – Saramago? Quem é esse?

     – Aquele escritor que até escreveu um livro sobre mim.

     – Com essa descrição, havemos de ir longe.

     – É aquele português que, por causa de um senhor que disse mal desse livro, resolveu dizer que se exilava em Lanzarote.

     – Ui, já Me lembro! Na altura, até pensei que se todos os portugueses com razões de queixa do governo fossem para Lanzarote, aquilo já tinha ido ao fundo. Mas, então, o homem disse mal da Igreja e da Bíblia? Mesmo que dissesse mal de Mim, qual era o problema? Até parece que não sou omnipotente. Mas, afinal, quais são as más notícias?

     – É que o pessoal da Igreja e afins ficou logo todo encrespado.

     – Pronto, já estou mesmo a ver! O rapaz Saramago comete o erro básico de falar de literatura como se fosse a realidade e o pessoal da sotaina cai-lhe em cima porque pensam que não se pode dizer mal do livro preferido deles.

     – É um bocado isso, é.

     – É o costume: têm a mania que falam em Meu nome. Se estivessem mais preocupados em dar a outra face em vez de se comportarem como membros de uma claque de futebol…! Mas tu, deixa-te estar, com aquela cena macaca de andares a bater nos vendilhões também lhes deste um rico exemplo.

     – Ó pai, outra vez essa história? Até parece que não te fartaste de fulminar gente!

     – Olha as maiúsculas, rapaz!

    

 

Clube dos Poetas Imortais: Orlando da Costa (1929-2006)

 

Conheci Orlando da Costa em 1971.Nesse ano, vim trabalhar para uma editora ligada na altura a um grupo editorial de Barcelona. A editora ia lançar aqui uma obra de grande sucesso internacional e contactámos a agência de que Orlando da Costa era director criativo para se encarregar da campanha publicitária, em todos os meios – na televisão, na rádio, na imprensa… Eu era o interlocutor da editora junto da agência e aquele fim de Primavera foi agitado, com reuniões intermináveis, após o que íamos beber um copo (às vezes mais do que um).

 

Era conhecido dentro da comunidade literária, pois o seu romance «O Signo da Ira», recebera Prémio Ricardo Malheiros de 1961. Sabia também algo sobre a sua actividade política, a militância antifascista, as prisões. Ele ouvira falar de mim, pois a minha prisão em 1968, alegadamente pela publicação de «A Voz e o Sangue» foi comentada no meio. Tornámo-nos amigos. Com o tempo, as relações profissionais (ele foi mudando de agência e a editora foi sempre atrás dele) conduziram a uma amizade muito grande e a um grande respeito mútuo, mesmo quando não estávamos de acordo – era militante do Partido Comunista e eu sempre fui muito crítico relativamente à prática política do PCP – antes e depois do 25 de Abril.

 

 

Orlando da Costa era um bom escritor, mas mais importante do que isso, era um homem bom, de uma grande dignidade e com um incomum sentido das suas responsabilidades cívicas. Depois de um jantar organizado por uma editora, em 2005, já ele estava doente, não voltámos a estar juntos, mas falámos muito pelo telefone. Por um amigo comum, o António Andrade, ia sabendo da evolução negativa da doença. Até que o Andrade me telefonou a dar a triste notícia da sua morte, antes de os canais de televisão. Lá fui à Basílica da Estrela – estivera lá a despedir-me do David Mourão-Ferreira, depois foi o Orlando e, em 2008, o velho Luiz Pacheco.

Não gosto nada da Basílica da Estrela.

Orlando da Costa, nasceu em Lourenço Marques, actual Maputo, em 1929, numa família goesa. Foi criado em Margão, vindo para Lisboa, com apenas 18 anos, em cuja Faculdade de Letras se licenciou em Ciências Histórico-Filosóficas. Ficcionista, dramaturgo e poeta, publicou uma dezena de livros, dos quais saliento os romances «O Signo da Ira» (1961), «Podem Chamar-me Eurídice» (1964), «Os Netos de Norton» (1994) e «O Último Olhar de Manú Miranda» (2000). O poema que seleccionei, foi publicado na antologia «Poemabril» (1984) e foi musicado pelo maestro Fernando Lopes-Graça:

Canto Civil – 1

            Este é o meu canto civil

            canto cívico graduado

            desde um tempo antigo que vivi

            entre poemas de aço camuflados e algemas de silêncio

            Esse era o tempo do assalto às casernas

            mas já então eu escrevia o que devia:

            a cartilha da guerrilha do amor e da paz

            para ser ensinada à luz das lanternas

            nas escolas nas igrejas na parada dos quartéis

 

            Este é o meu canto civil

            canto cívico desfardado

            escrito a vinte e oito de Abril

            do ano passado à noite

            de punho cerrado com alegria e sem espanto

            canto para ser cantado de dia

            por todos por muitos por mim ou por ninguém:

           

            Soldado raso

            ao cimo da calçada

            em guarda

            de flor e farda

            a flor que te damos

            é pão da madrugada

 

            É pão amassado

            sem liberdade

            é gesto de guerra

            em nome da paz.

            É flor de canção

            em terra mar e ar

            rubra flor popular

            num só cano de espingarda

            Soldado raso

            em sentido na memória

            lembra-te de novo e sempre

            a flor que te damos

            é da terra é do povo

            é pão da madrugada.

 

 

Manifesto pelo fim da divisão na carreira IV ou o cavalo que não quer beber

E estamos de volta com a questão do Luís: Trabalho Igual, salário igual?

 

Ponto de ordem à mesa: quando digo que na profissão docente não faz sentido a divisão porque o conteúdo funcional da profissão é sempre o mesmo, estou a pensar no conjunto de tarefas que cada trabalhador tem que fazer e não na sua qualidade. Isto é, estou a pensar nas aulas que um professor tem que dar e não na sua qualidade. Isso fica para a avaliação.

 

Sou da opinião que a trabalho igual deve corresponder salário igual e aqui distingo trabalho de função – sou (imaginem como sou ultrapassado) da opinião que uma mulher tem o direito a ganhar tanto como um homem, desde que execute as funções com o mesmo nível de qualidade de um homem. Imaginem só.

 

Portanto, levando isto para o campo da docência, se fosse possível medir a produtividade (já lá vamos) então sim, o dinheiro deverá ser a resposta à qualidade desse trabalho – estou de acordo com isso: os melhores ganham mais, os menos bons ganham menos. Os maus são colocados fora porque com a vida das nossas crianças não se pode facilitar.

 

Mas, há aqui uma dúvida que não consigo esclarecer: como se mede a "tal" produtividade num professor?

Pelas notas dos alunos? Pelo número de horas que trabalha acima do horário estabelecido (outra modernidade)? Pelos alunos que passa? Pelos pais que recebe? Pelos exames que faz para mostrar que ainda sabe umas coisas?

E só para ajudar à confusão, imaginem a minha turma do 5ºano: somos 9 professores a trabalhar com eles – vamos imaginar que famílias, sociedade, etc.., não influenciam em nada o processo educativo: onde é que termina o meu trabalho, a minha influência e começa a de outro professor?

 

Freinet

Dizia o Freinet que não se pode dar água a um cavalo que não tem sede – como quer o meu caro Luís avaliar a minha produtividade se eu tiver um aluno que simplesmente não quer aprender?

 

Pórticos, Chips, Scuts E Cidade Da Maia

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MUDARAM DE IDEIAS

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Desloco-me quase diariamente, pelas estradas do meu distrito (Porto), muitas das vezes só pelo prazer de passear. Tenho esse privilégio.

Nesses meus passeios, acontece ter de passar pelas auto-estradas e vias rápidas da zona. De longe a longe, lá se viam, nos últimos tempos, um ou outro pórtico novo, que ninguém me sabia dizer ao certo para que iria servir.

Vou muitas vezes à cidade da Maia.

Antes das eleições, vi por lá cartazes, grandes, a informar os munícipes, que a Câmara da Maia, e evidentemente o seu Presidente e de novo candidato, eram contra o pagamento de portagens nas "scuts" da área. Ninguém, em seu prefeito juízo, aceita de bom grado, esse pagamento, até porque se sabe da falta de alternativas a essas estradas de circulação rápida.

Depois, e durante a campanha eleitoral para as Autarquias, vi por lá, em substituição dos cartazes de que falei, as caras dos candidatos e os símbolos dos partidos que os apoiavam.

Até aqui, tudo normal, penso eu.

Dia de eleições, Domingo, os que votaram foram votar e os outros também não.

Na segunda-feira imediata, coisas estranhas aconteceram. Como se fossem cogumelos, os pórticos multiplicaram-se. numa azáfama incrível, dezenas de operários estavam a trabalhar para pôr em pé dezenas de coisas dessas espalhadas pelas "scuts" da zona. Depressa se verificou,, e se soube que iriam servir para o pagamento, via chip a colocar nos automóveis, de portagens.

Estranhei. Antes das eleições ninguém se mexia, ninguém falava no assunto. No dia a seguir, tudo em pé de trabalho. A fazer muito depressa o que todos contestam.

Bem, todos não, que a Câmara da Maia, agora que os mesmos venceram, esqueceu-se de voltar a colocar os cartazes antigos a dizer que eram contra o pagamento de portagens na "scuts". Será que agora já não interessa captar as simpatias dos munícipes? Afinal já está tudo ganho, para quê qualquer preocupação?

Os pórticos, já estão todos instalados. Todas as auto-estradas da zona estão minadas com eles. A28, A29, A41, A25 e por aí fora, têm já tudo a postos.

Com o início do pagamento de portagens, as estradas antigas vão encher-se de carros. Os engarrafamentos vão ser uma constante. O País, nestas zonas vai tender a parar.

É um simples e evidente ataque ao Norte. Se não vejamos:

-Porto – Aveiro PAGA!

-Porto – Espanha PAGA!

-Porto – Paços de Ferreira – Lousada – Felgueiras PAGA!

-Porto – Aeroporto PAGA!

Gostaria ainda de saber como se vai atravessar a ponte de Vila do Conde, por exemplo? Vamos ter "bicha" parada do Porto até à ponte. E depois até passar a Póvoa, como vai ser? Só por lá há uma estrada (que não passa de uma simples rua) com uma faixa para cada lado, cheia de tudo o que é comércio e indústria. Qual a alternativa que nos deixam? Quantas empresas, e quantos particulares vão deixar de ter possibilidades de subsistir?

Mas o governo é que sabe, e todos baixam as orelhas.

Ou não?

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Manifesto pelo fim da divisão na carreira III

Boas, se me permite car@ leitor@, vou insistir na minha tese de que não faz sentido haver qualquer divisão na carreira docente. E volto ao tema tendo como ponto de partida o texto do Luís (Trabalho igual, salário igual). Numa resposta a dois tempos:

 

 

Karl Marx

 

E o primeiro comentário vai no sentido de rebater um pré-conceito menos declarado, mas sempre muito presente, contra "O" sindicalista, como se os problemas do nosso país fossem estes e não outros. Sem qualquer tipo de Pré-conceito afirmo que a culpa dos problemas estruturais do nosso país está nas elites dirigentes e não nos trabalhadores. Temos patrões a mais e empresários a menos. Temos gatunos a mais e governantes a menos. Temos uma minoria dirigente interesseira, nada interessada nos interesses da maioria dirigida.

Há sindicalistas conservadores? Com visões do passado? Claro…

 

Mas, quando me dizem que hoje é preciso voltar a jornadas de trabalho de 60h / semana, quando me dizem que talvez seja preciso voltar a trabalhar mais do que oito horas por dia por causa da competitividade… quem é que é reaccionário e conservador?

Será moderno o incompetente Albino Almeida, o pai de todos os pais, vir dizer que quer as creches e escolas das 7h30 às 19h30?

E seria conservador, se por exemplo, exigisse dos empresários um maior apoio aos trabalhadores com filhos em idade escolar, para que estes podessem ajudar os filhos?

 

Nunca na história da humanidade houve tanto dinheiro disponível, nunca como hoje Portugal e os Portgueses foram capazes de gerar tanto dinheiro – porque é que alguns têm que ficar com "ele todo" e outros com nada?

 

Porque é que os lucros de uma empresa, pública ou privada não importa, são para os accionistas na sua totalidade? Porque é que o trabalho é visto como um custo de produção e não como parte essencial ao lucro? Porque é que as empresas não dividem por exemplo, parte dos seus lucros, numa proporção igual, entre accionistas e trabalhadores?

 

Já sei, isto é ser conservador e ter uma visão do passado. O que é moderno é ter gente a ganhar milhões quando temos portugueses a passar fome.

 

Repito – a questão central é mesmo a da distribuição da riqueza.

 

E com isto me perdi no que queria escrever, mas certamente vão ter a paciência de me acompanhar no próximo post…

 

O Direito a Heresia

Heresia (do latim haerĕsis, por sua vez do grego αρεσις, "escolha" ou "opção") é a doutrina ou linha de pensamento contrária ou diferente de um credo ou sistema de um ou mais credos religiosos que pressuponha(m) um sistema doutrinal organizado ou ortodoxo. A palavra pode referir-se também a qualquer "deturpação" de sistemas filosóficos instituídos, ideologias políticas, paradigmas científicos, movimentos artísticos, ou outros. A quem funda uma heresia dá-se o nome de heresiarca.

ou linha de pensamento contrária ou diferente de um credo ou sistema de um ou mais credos religiosos que pressuponha(m) um sistema doutrinal organizado ou ortodoxo.

A palavra pode referir-se também a qualquer "deturpação" de sistemas filosóficos instituídos, ideologias políticas, paradigmas científicos, movimentos artísticos, ou outros.

A quem funda uma heresia dá-se o nome de heresiarca. A definição não é minha.

O título deste texto, também não. O conceito está definido em http://pt.wikipedia.org/wiki/Heresia é o título foi retirado de um Alerta Google, que me fora enviado pelo motor de pesquisa assim denominado, a pedido meu e que diz:Saramago advoga "direito à heresia"

Se a definição fosse minha começaria por dizer que heresia era uma opinião ou doutrina diferente às ideias recebidas. Por outras palavras, aprendemos uma ideia ou várias delas e pasamos a pensar de forma diferente em todos os campos do saber material ou ideal.

 Heréticos seriam Karl e Jenny Marx e a sua família, que pensavam de forma dierente aos outros membros da família extensa. Família extensa que costumava pensar apenas em eles e não em factos sociais legais e religiosos que acnteciam en torno deles. O interesse deles era estar bem acomodados na vida tomar conta dos seus bens e ser  sempre bem recebidos na corte do Rei da Prússia, ou do seu substituto, o Imperador.

A família Marx, de Karl e Jenny, não tinham essa pretensão. Conviviam com os operários, os convidam a sua casa e eram atendidos como se fossem Imperadores.

 

Era a heresia da família Marx e de vários outros de classe social aristocrata ou burguesa, como Engels, Owen, o Conde de Saint-Simon e o próprio pai de Jenny, o Barão Johann von Westpalen. A cosequência era evidente: o acesso aos seus iguais era-lhes negado.

Donde, a heresia não é apenas em matéria de ideias religiosas, é tambem dentro do campo social. É considerada uma heresia o texto publicado por mim ontem no Aventar, ao advogar pelo matrimónio homossexual. Várias opiniões foram exprimidas, de forma irónica sobre o direito a formar família. Como se a família fosse apenas pais e filhos e não duas pessoas que se amam, capazes de ou adoptar filhos ou de entregar esperma deles a ventres femininos alugados, como acontece hoje em dia e terem filhos próprios a partir de essa relação. Relação que não é herética por ser usada por casais heterosexuais que não podem formar descendência entre eles Há a heresia da liberdade de opinião. Leio no jornal de hoje que Saramago denomina a Bento XVI ou Ratzinger, um hipócrita, por não gostar da sua imagem e figura, acrescentando que o assunto não é com ele, é entre so fieis da confissão que ele governa, confissão que deve opinar, mas nada diz por ser Ratzinger um Papa, um representante da divindade na terra. Vê-se bem que a heresia, desta vez, é literária.

O Nobel português nem conhece a doutrina cristã nem sabe que Ratzinger basseia parte dos seus argumentos na teoria dos Marx. Heresia hipócrita: a seguir a sua opinião de como Marx entendia tão bem a alienação de bens e salário por parte do espólio ou despojos da guerra que a buguesia tem começado, desde o primeiro dia da Revolução Industrial, e os agumentos nos textos Ratzinger que era pena que Marx não fosse cristão.

Ignorância de Bento XVI. A obra de Marx está toda baseada na Bíblia e nos Evangelhos.

O primeiro escrito de Karl Heinrich, aí pelos seus 15 anos, era um texto denominado União dos Cristãos na base do Evangelho de São João. Ignorância de Saramago, quem diz ter assistido apenas duas vezes a missa ao longo da sua vida. É possivel ver que há vários tipos de heresia, todas elas definidas ao mencionar os factos narrados por mim neste texto. Duas outras heresias, é não ter falado do matrimónio homossexual das mulheres que têm os mesmos direitos que os matrimónios entre homens. Estou certo que quem defende o matrimónio homossexual, não discrimina géneros. Dentro dessa luta, somos todos iguais. Luta que para nós, pais, pode passar a ser uma heresia se não entendemos que existe e liberdade de amar. Amor que pode mudar ao longo da vida para os incertos: começam como heterossexuais, amando pessoas do sexo mal chamado oposto – outra heresia, não sou capaz de entender o facto de luta por serem homens e mulheres, excepto se já não existe paixão nem devoção e se muda de género para amar um igual. Como Freud tinha previsto.

O que não estava nada previsto, é a entrada à eternidade de Luís Miguel Pimentel Correia, de férias com amigos, adormece e nunca mais acorda. Um jovem alegre, simpático, amigo dos seus amigos amante da sua família, novo na vida que adormeceu para sempe. Uma heresia para os seus pais, especialmente a sua mãe que o teve, criou e ensinou durante 32 anos. Uma heresia que nos prega a vida sem sabermos como e porquê. Heresia imperdoável. Ele já não está, mas mata de desespero a sua família, longe dele. Família que não entra em heresia de desespero: estão estonteados pela inesperada dor que causa a morte de quem a não merece, em idade nova, cedo na vida.

Heresias há muitas, mas esta é a pior. Saramago tem todo o seu direito as heresias que entende, mas a desaparição não esperada de um jovem galã, é, de entre todas, a pior. Paz e serenidade para a família que nunca tem sido herética dentro de nenhuma das espécies descritas. Paz e amor e uma lei para apagar estas heresias que matam e que resultam das arrogâncias da luta de classes ou da ignorância, sempre transferida a outros. Luta de classes que levara ao Luís a ganhar a vida longe da sua terra e família.

Heresia, esta, de divindade maldosa, impossível de perdoar. Ratzinger e Saramago, fazem teatro de exibição. O Luís, antes o tiver feito: estava connosco. De uma maneia especial, sinto que o está…

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Escultura de Gustaf Vasakyrkan em Estocolmo "Os santos triunfam sobre a heresia"

 

A Sinistra Ministra Isabel Alçada II, seguida de sábios vereadores das Novas Oportunidades

TEXTO DE ARREBENTA

Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas

 

O Kaos continua-me a falhar com a primeira representação oficial da Sinistra Ministra Isabel Alçada, de maneira que vamos com as Letras, que abraçam a Ignorância, uma justa alegoria da situação.

Hoje, até porque estou muito mais entretido a polir um osso de dinossauro, vou tentar ser breve, e vou voltar ao pobre do Filipe, e do bom ano em que nos conhecemos, e nunca mais me esqueço dele, com ar apavorado, quando eu lhe pus o K. 466, na tonalidade demoníaca de Ré Menor, para lhe mostrar o que podia ser a inquietação e o medo, e ele me perguntou, "mas, olha, tu queres mesmo ser meu amigo?… É que eu venho de uma família tão má, que, na Covilhã, até temos um ditado que fala de nós, e passo a repeti-lo: "Alçadas e gaios, se os virdes, matai-os…"

Suponho que não seja preciso dizer mais nada, e, como há exceções, lá seguimos amigos, mas com a sombra da nova Sinistra Ministra, a que dá facadas com sorrisos, a emergir, no crepúsculo do Socratismo — sim, rapariga, Ana Maria Magalhães dará uma boa Secretária de Estado — e, se ela não aceitar, sempre tens uma série de bruxas que tu e eu bem conhecemos, e que podem alçar-se, salvo seja, aos cargos. (Já repararam em como aqueles blogues, muito aguerridos, da "Educação", se calaram agora, não vá a nova Sinistra lembrar-se de convidar algum dos seus rigorosos autores para o Gabinete?… Pois… É…)

 

A Isabel recuperou uma história semienterrada, e agora vamos aos temas sérios, o traço de caráter da cínica, ambiciosa, pretenciosa e "snob" nova Patroa da Educação, de um tempo passado, quando, mal a Gulbenkian rejeitara o Plano Nacional de Leitura, da autoria de Conceição Rolo e Manuela Malhoa Gomes, através daqueles artifícios, muito conhecidos, da desculpa, olhe é muito bom, mas nós não queremos, que mais parecem aforismos do que argumentos, ele ter, logo de seguida, ressurgido, como "ideia" própria de Isabel Alçada. Boa safra, e há quem ainda tenha também, bem sonante, o timbre de voz, reles e ordinário, de ela a afrontar a Maria do Carmo Vieira, dizendo-lhe que, no Português, os Clássicos não tinham interesse algum (!). Suponho que preferisse as Aventuras da sua Boca da Servidão…

O resto é ainda mais triste, e retrato da taberna suja em que vivemos: donas e donas da rua, diariamente, se dirigem aos Centros de Novas Oportunidades, para obterem o "tal" diploma, que lhes confirma aquilo que sempre afirmaram, "saberem tanto como doutores…", mas a derradeira informação veio-me da Laura "Bouche", daquelas figuras que, se um dia despejasse tudo cá para fora, não era o Governo que caía, mas o País inteiro… É uma história, linda, comovente, um conto de fadas para o vosso sábado, e até podem investigar quem será o protagonista, que eu não tenho pachorra nenhuma para essas minudências.

Então, resume-se assim: com a nova escória eleita para a Câmara Municipal de Lisboa, uma sua velha amiga, de outras eras mais serenas, advogada, vai ficar agora tutelada, e às ordens, de um Vereador, persona grata, que está a acabar de tirar o 9º Ano num CNO.

Such a wonderful world… 🙂

 

(Escrito com a ligeireza do tédio dos sábados à noite, no "Aventar", no "Arrebenta-SOL", no "A Sinistra Ministra Isabel Alçada", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers")