Quem paga a escola pública?

Uma das diferenças que se quer estabelecer, não inocentemente, é que as escolas privadas são pagas pelos pais, remetendo, implicitamente, para o limbo das coisas não terrenas o pagamento das escolas públicas.

 

É como se as escolas públicas funcionassem sem ter patrão, sem ter quem as pague. Daí decorrem vários vícios de pensamento que são tidos como certezas não analizáveis, certezas absolutas. É assim, pronto!

 

Decorre que todos podem chegar ao topo, porque não há que dar satisfações a ninguem. Ao Ministério nem vê-lo, paga e cala. Á sociedade em geral, não se reconhece direito nenhum nem pelo facto de pagarem impostos.Aos pais, nem vê-los nada têm a ver com a escola, eduquem os filhos em casa e deixem-nos em paz.

 

Ouvem os trinados do Mário "alucinado", outro que não paga, nem faz esforço nenhum que lhe dê algum merecimento sobre o que se passa na escola pública. Reinvindica mandar, ter muito poder, todas as benesses para quem lhe paga o vencimento de sindicalista, não vá deixarem de pagar as quotas e ele ter que arranjar emprego onde tenha que labutar.

 

Numa palavra, na escola pública só há direitos, não há dever nenhum, é que ninguem paga nada, são todos a quererem mundos e fundos porque tudo vem de um saco muito fundo, que o homem da floresta trás às costas.

 

No privado, nada disso, os pais pagam a bem pagar. Completamente diferente!

Coitada Da Alexandra

OS RUSSOS ACEITARÃO REENVIÁ-LA PARA PORTUGAL?

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Com a capa de tudo fazer para melhorar a vida da Alexandra, as assistentes sociais Portuguesas, e depois o juiz Português, cometeram o crime de mandar entregar a Alexandra a sua mãe.

Alexandra foi levada para a Rússia, onde ao fim de algum tempo, as autoridades entenderam que a mãe da miúda não serve para tal, e estão a ponderar enviá-la para um orfanato.

Não estão a pensar reenviá-la para Portugal. Na Rússia, dizem-me, só há possibilidades de adopção por casais russos.

O quanto esta menina não deverá estar a sofrer. Mas claro, tudo foi feito a pensar na criança. Cambada de burros que nós temos por cá! E o arrependimento público do juiz, não serviu para nada.

Será que as autoridades Russas vão ser sensíveis aos apelos dos pais adoptivos de Alexandra, e vão deixa-la voltar?

No meio de tudo isto, só mesmo Alexandra sofre a bom sofrer, e dificilmente lhe passarão os traumas que lhe estão a infligir hoje.

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Mais um problema Aventar: Atravessar o rio

Numa pequena ilha do Pacífico Sul, três missionários e três canibais estão encalhados, numa ilha, com apenas um pequeno barco para chegar a terra firme.

Ao planificarem o transporte para terra, os missionários sabem que não podem confiar nos canibais.

Por isso, para se salvaguardarem, estabelecem a regra de que os missionários nunca devem estar em menor número do que os canibais, nem na ilha, nem em terra, nem durante o transporte.

Como devem então fazer para que todos consigam chegar… inteiros a terra firme … Se quiseres podes sempre ver esta animação e tentar jogar até resolver o problema: paciência é o que se pede!

Nota: neste endereço podes tentar resolver um problema parecido… um pato, uma raposa e um saco de milho…

«Isso era o que você queria. O meu pai é que lhe paga o ordenado!» («estórias» do ensino privado)

Eis uma frase que foi dita por um aluno a uma amiga que lecciona num colégio privado do Porto. A frase surge num contexto óbvio: a professora chamava a atenção ao aluno e ameaçava-o de ter negativa no final do ano se continuasse a comportar-se daquela forma.

Como é óbvio, na generalidade das escolas privadas os clientes, perdão, os alunos, sabem que têm as «costas quentes» e que, fazendo muito ou fazendo pouco, passam sempre com excelentes notas. Nos bons colégios privados, mesmo bons, não acontecerá isso – o aluno fraco simplesmente é convidado a sair, para que não estrague as médias do colégio. Mas na generalidade dos colégios, a situação que relato é o dia-a-dia.

Num colégio privado, as boas notas estão garantidas.

Distribuição da riqueza

Este é o problema número um em Portugal!

Uns, poucos, com tudo.

Outros, cada vez mais, sem nada.

 

O que me dizem os modernos gestores e economistas sobre esta questão?

O que sugerem para resolver esta questão?

A boa luta

A corrupção é sempre condenável, tanto ontem como hoje. Se há 50 anos existia, lamento que não tenha sido sancionada. Se hoje existe, lamento igualmente que não seja sancionada.

Mas sinceramente: com os problemas do Portugal de 1960 posso eu bem. Com os de hoje é que todos temos uma responsabilidade a assumir. E, quanto a mim, basta de aplaudir a corrupção. Conheço muitos portistas que, fosse Pinto da Costa presidente de câmara ou Ministro, teriam pedido a "cabeça" dele há muitos anos, por entenderem que não seria suficientemente sério para o desempenho de funções públicas. Como é no futebol, contemporizam. Obcecam com as vitórias e perdem clareza de visão. É óbvio que se fosse o SLB a ter a posição dominante do FCP, ainda que nos bastidores, os benfiquistas, que não são genética e culturalmente diferentes dos portistas, teriam, na sua generalidade, a mesma reacção da generalidade dos portistas.

Quanto a mim, se LFV fosse alguma vez condenado por corrupção seria eu o 1º a pedir a cabeça. Gosto que o SLB ganhe, mas de cabeça erguida. Vitórias nos bastidores não prestam nem sabem bem. O futebol não é um espectaculo como o Wrestling, em que o resultado é combinado à priori. É uma competição.

 

 

É uma vergonha Portugal aparecer aos olhos dos europeus ao lado da Itália, no que toca a escândalos de corrupção. Pior ainda é o facto de só em Itália terem ocorrido mudanças por causa disto. Em Portugal, parece que só o Boavista é que foi condenado. O resto continua intacto, e os adeptos inertes. O que interessa é ganhar…

É esta mentalidade que importa combater. Impõe-se que a sociedade portuguesa se mobilize numa luta sem tréguas contra a corrupção, onde quer que ela se encontre.

Não tenho meio termo para estas minhas convicções. Sou muito claro: quem não condena a corrupção onde quer que ela se encontre e contra ela se indigne, está, para mim, do outro lado da barricada.

É para mim inaceitável que continuemos com uma atitude tão passiva perante um dos grandes flagelos do Portugal moderno. O branqueamento da corrupção no futebol é apenas um sintoma de algo mais grave: em Portugal, ninguém leva a corrupção "latu sensu" muito a sério. Parece algo normal. Já perdi a conta à quantidade de concursos públicos que impugnei por entes públicos restringirem, sem motivo justificado, a concorrência. Há corruptos/criminosos que chegam, até, a ser idolatrados, em fenómenos sociológicos que não ficam a dever nada ao fenómeno que elevou a popularidade de Pablo Escobar na Colômbia aos pincaros.

Por isso, apelo a todas as pessoas de boa formação que tenham a capacidade de separar o trigo do joio, e fazerem o exercicio de se situarem acima da poluição veiculada por quem quer fazer da corrupção no futebol uma mera guerra entre clubes. Essa poluição é igual à dos autarcas indiciados por corrupção, que alegam ser tudo jogadas da oposição ou de membros do partido desavindos. Basta ler as transcrições das escutas para perceber a gravidade da situação. E as escutas são como o algodão: não engana, e não há branqueamento que as faça sair limpas.

 

 

Será desta?

 Foi hoje anunciado que em 2011 estará finalmente disponível uma vacina contra a malária, resultado dos esforços de uma equipa que reúne especialistas espanhóis e moçambicanos.

Não se sabe ao certo quantas pessoas morrem com malária todos os anos, mas o número não é inferior a 3 milhões, sendo certo que muitos casos não chegam ao conhecimento das autoridades de saúde.

Em muitos casos, os afectados são crianças com menos de 5 anos. Aliás, a OMS estima que em África morre uma criança a cada 30 segundos vítima de malária.

Pode ser difícil criar uma vacina contra a malária mas reduzir ou eliminar o número de casos necessitaria apenas de uma melhoria das condições sanitárias em que vive a população e da introdução de redes mosquiteiras. Uma rede mosquiteira custa menos de um euro mas não parece ser uma prioridade para muitos governos africanos. 

É certo que, em muitos casos, são os cidadãos que resistem ao uso da rede. Porque faz calor, porque lembra uma mortalha, porque não crêem que seja prioritário. Mas também isso poderia transformar-se se houvesse um investimento na informação. Isso significaria, por parte desses governos, um genuíno interesse na vida e na saúde do seu povo. Não porque haja perspectivas de lucro nos bastidores mas porque essa vida é o mais precioso bem de um país.

Enquanto houver uma minoria que se serve do poder para promover os seus interesses, continuaremos a ver África condenada ao sacrifício dos seus filhos. Continuaremos a ver gerações a quem, numa fuga desesperada da fome, da malária, da sida, da guerra, nada mais arresta do que dar à costa da Europa e mendigar a vida digna a que tinham direito por nascença. 

Isabel Alçada – a mentira começa no próprio nome

 

Começa mal, a nova Ministra da Educação Isabel «Alçada».

Primeiro, mentiu descaradamente sobre o convite para o Governo – obviamente que não foi feito na véspera, mas sim muitos meses antes. Ana Maria Magalhães, colega de escrita, confirma-o explicitamente quando refere que aceleraram a escrita do último livro da colecção «Uma Aventura», dada a perspectiva de ela poder vir a ser Ministra.

Depois, vem a mentira do nome. Como já li por aí, deve ser a primeira vez que um Ministro é conhecido pelo pseudónimo e não pelo nome verdadeiro. Neste caso, Maria Isabel Girão de Melo Veiga Vilar. Claro que dá jeito em termos comerciais, não é?

Pelo menos, não mente no «curriculum», como fazia a outra. Foi professora do 2.º ciclo e assume-o sem vergonha. Sempre achei que fazia falta no Ministério da Educação alguém que soubesse como realmente funcionam as escolas portuguesas.

 

 

 

Moderno

Ora cá está mais um exemplo de como o problema deste país são as pessoas que trabalham.

É mais uma vez a Modernidade em pleno.

Mudar ou não a porta

A propósito do que aí pode vir sobre avaliação, lembrei-me do problema ou paradoxo, se preferirem, de Monty Hall.

 

Do PS uma posição do tipo, desculpem lá qualquer coisinha.

Do BE e do PC – acaba-se com isto!

Do PP, venha agora a solução do Privado.

Do PSD, nem chove, nem sai de cima.

 

É por isso que recorro ao Monty Hall:

 

O jogo consiste no seguinte:

 

Monty Hall (o apresentador) apresentava 3 portas aos concorrentes, sabendo que atrás de uma delas está um carro (prémio bom) e que as outras têm prêmios de pouco valor.

Na 1ª etapa o concorrente escolhe uma porta (que ainda não é aberta);

De seguida Monty abre uma das outras duas portas que o concorrente não escolheu, sabendo à partida que o carro não se encontra aí;

Agora com duas portas apenas para escolher — pois uma delas já se viu, na 2ª etapa, que não tinha o prêmio — e sabendo que o carro está atrás de uma delas, o concorrente tem que se decidir se permanece com a porta que escolheu no início do jogo e abre-a ou se muda para a outra porta que ainda está fechada para então a abrir.

Qual é a estratégia mais lógica? Ficar com a porta escolhida inicialmente ou mudar de porta? Com qual das duas portas ainda fechadas o concorrente tem mais probabilidades de ganhar? Porquê?

 

Antes de continuarem, escolham uma opção.

Escolheu? Então pode continuar:

 

 

Para saberes mais podes consultar a Wikipédia.

Episódio do Numb3rs em que explicam este paradoxo:

 

 

Podem ainda ver outra animação:

http://www.youtube.com/watch?v=mhlc7peGlGg

 

 

Manifesto pelo fim da divisão na carreira VI

No seguimento de alguns dos posts anteriores, permitam-me que aborde uma questão central nesta discussão: de um lado os professores. Do outro o país.

Esta foi a formulação básica (em todos os sentidos) que o ME usou – dizem agora, os que estão de saída, que a culpa foi do assessor, mas eu, que vejo muitos filmes, acho sempre que o Mordomo nunca é o culpado.

Vamos imaginar que o modelo de avaliação (que não está em prática porque o que existe é uma anedota) e o estatuto (outra aberração) são os melhores do mundo.

Sim, eu sei que é um esforço grande, mas tentem.

O.k. Está a ser complicado… deixa ver… conseguiram? Não…

Mas, vamos fazer de conta, a sério… Mesmo a brincar, do tipo, é a sério.

 

O que é que melhorou na vida e nas aprendizagens dos nossos alunos com esta trapalhada toda?

Depois de 4 anos de um (des)Governo maioritário e ditatorial na Educação, o que é que melhorou na Escola Pública?

Quantos Pais, hoje, depois de 4 anos, preferem meter os filhos na Escola Pública do que numa instituição Privada?

Porquê?

FUTaventar: Bruno Alves não joga para aleijar

Diz o Sougou.

 

 

O nuclear está de volta

A nova geração de reactores nucleares, que beneficiaram da experiência acumulada dos últimos 30 anos e com os desastres de Chernobil e Tree Miles Island, são extremamente seguros, a ponto de se poder dizer que é sempre possível controlar qualquer incidente.

 

Há, claro, o problema do armazenamento dos resíduos, mas  cujo montante são uma mínima parte dos resíduos que prejudicam o planeta e não são mais perigosos.

 

Aqui em Portugal, a ideia nunca foi avante, tendo sido agora introduzida novamente, pelo Ex-Presidente Eanes. Há questões específicas no nosso país, como seja a dimensão territorial, que não permite a construção de um número suficiente de centrais nucleares que constitue massa crítica, para suportar os custos da pesada logística de apoio de vigilância e segurança, exigiveis.

 

Uma solução passaria por uma parceria com Espanha, por forma a que as nossas futuras centrais  fizessem rede com as centrais construídas e a construir junto à fronteira dos dois países. Assim, a estrutura logística de segurança e  vigilância  seria suportada por um suficiente número de centrais.

 

É que já há centrais espanholas junto às nossas fronteiras e a água que é utilizada para arrefecimento é a  mesma que corre no nosso país, pelo que temos os prejuízos (virtuais ou reais em caso de incidente) e não temos os benefícios. E a haver um incidente numa central espanhola, a ver pelo que aconteceu em Chernobil, cuja nuvem radioctiva alcançou a Suécia , o nosso país nunca seria poupado.

 

As energias renováveis, face ao desenvolvimento e ao petróleo que vai faltando e é cada vez mais caro,  são incontornáveis. Dizer que somos o único país não nuclear, como referência do Turismo, equilibra a balança?

Enriquecer à portuguesa

Conheça um banqueiro. Convença-o a emprestar-lhe uns milhões e dê como garantia as acções que vai comprar de empresas do PSI-20. Com o rendimento das acções vai pagando o empréstimo. Convem fazer um plano de negócio onde demonstra tim-tim por tim-tim que vai produzir riqueza e criar postos de trabalho. É que assim, convence tambem os serviços do banco e vai buscar uns milhões de subsídios ao Estado.

 

Depois almoce com uns jornalistas e convide decisores na área da comunicação social, que vão fazer barragem ao seu negócio, protegendo-o de quem nada faz e só quer o mal dos empreendedores. Entretanto, começa a ganhar dinheiro e ainda não avançou com o negócio, o que lhe permite arranjar mais uns milhões que aplica na bolsa.

 

Você, agora, já é comendador, já ninguem está à espera que suje as mãos na indústria ou na agricultura, onde se produz a riqueza. Como se tornou um accionista de referência de uma ou de várias empresas "amigas" do governo, tem lugar assegurado nas administrações, a ganhar principescamente.

 

Os bancos nem se atrevem a pedir-lhe que devolva os empréstimos, não vá alguem bisbilhoteiro de dentro da banca, dizer como se fizeram os negócios "finos". Se deixar de ganhar dinheiro ou que haja um "crash" bolsista, você entrega as acções e o prejuízo é da banca, e você continua a ganhar uns milhares por mês em vencimentos.

 

Vai dando algum aos partidos, principalmente ao que apoia o governo, e não vão faltar obras públicas e "contentores de Alcântara", que fazem aumentar o seu rendimento e que lhe abrem as portas a mais um lugarzinho bem pago nos orgãos sociais.

 

Dá muito trabalho ser rico em Portugal!

A máquina do tempo: Sobre a canção urbana – o fado e o tango

 

Neste vídeo, apreciámos uma tentativa de fusão de tango e de fado, interpretada por Beatriz Ayas e pelos Portubayres. É um tema curioso, este o da similitude entre dois tipos de música urbana – a portuguesa e argentino-uruguaia.  Aqui há tempos referi-me numa destas crónicas a um texto de Jorge Luis Borges sobre o assunto. Não o consegui encontrar, embora saiba que foi publicado num suplemento do DN num domingo de há muitos anos. Gostava de o ter consultado, pois é de tango e de fado que vou hoje ocupar-me. Em Abril de 1982, assisti na Gulbenkian à exibição de «Cinco Tangos», executada pelo grupo de Ballet da Fundação. A música era do Astor Piazzolla, o grande compositor argentino, mago do bandoneón. Várias vozes se fizeram na altura ouvir, chamando a atenção das afinidades entre o tango e o fado.

 Agora que se fala em candidatar a chamada canção nacional ao estatuto de «Património Imaterial da Humanidade», justifica-se avaliar até que ponto esse desiderato faz sentido. Avaliação que, estejam descansados, não vou fazer. Aliás o assunto está muito bem entregue – o Professor  Ruy Vieira Nery, director do Programa da Educação para a Cultura da Fundação Gulbenkian e membro da comissão da candidatura diz que agora a decisão já só compete ao Ministério da Cultura. Em fins de Setembro passado, a UNESCO declarou o tango como Património Cultural Imaterial da Humanidade. Mais jovem do que o fado, o tango antecipou-se – é caso para dizer que «passou a perna» ao fado.

 

Quanto às origens do fado, não me vou pronunciar, apenas referir o que se diz. Há a tese mais vulgarizada de que, quando a Corte de D.João VI regressou, trouxe consigo uma dança em voga no Rio de Janeiro a que se chamava «Fado», inspirada no lundum, e que podia ser acompanhada por canto. Na realidade, os primeiros registos escritos sobre o tema começaram a surgir no século XIX, mais na segunda metade. Mas foi uma inovação que depressa se converteu em tradição.

Encontramos referências aos fado e aos fadistas, por exemplo, nos romances de Eça de Queirós. No «Cancioneiro Alegre de Poetas Portugueses e Brasileiros», organizado por Camilo Castelo Branco, inclui-se um poema de Alexandre da Conceição – sobre um tal Marialva que «dançava o fado à noite em tabernas» – referência que acentua a tese da dança vinda do Brasil. Outra referência cultural, o famoso quadro de José Malhoa, data de 1910.

Nestes primeiros tempos, o fado surgia como fenómeno tipicamente lisboeta. As grandes fadistas do século XIX, a lendária Maria Severa (1820-1846), nasceu e morreu em Lisboa, e Maria Vitória (1891-1915), creio que também. Esta última cantava nas revistas e celebrizou o «Fado do 31», mais tarde interpretado por Estevão Amarante.

Todos estes dados apontam para uma tradição, se assim se pode chamar, que se instalou rapidamente e que, como planta trepadeira, se enroscou no fatalismo da alma portuguesa e no miserabilismo inerente à pobreza citadina, com ele se confundiu, e às vezes pareceu mesmo estar na sua origem, ser causa e não efeito. Não esqueçamos que «fado» vem do latim «fatum», ou seja, «destino». Em menos de cem anos o fado (cantado) se espalhou pelo país e se transformou em canção nacional. Para além destas e doutras raízes mais remotas, o fenómeno Amália Rodrigues ajudou a enquistar o fado no tecido da alma popular, elevando-o à categoria de tradição.

Mas, além desta tese, há outras – teria vindo de reminiscências das melopeias árabes ou, como um companheiro do Aventar aventou, seria uma herança dos celtas. Estas duas últimas parecem-me teorias rebuscadas. Como seria possível o fado vir de tempos tão remotos e não existir, nas baixas e tordiões, por exemplo, ou noutro tipo de canção popular dos séculos que mediaram entre a herança céltica ou árabe e o século XIX, um fio condutor, um elo, que ligue esses vestígios?

Já o fado de Coimbra, com uma genealogia diferente, parece estar mais ligado às baladas tradicionais e, mais especificamente, à música beirã. Embora também seja um fenómeno relativamente recente. Os cantores Augusto Hilário, António Menano e Edmundo Bettencourt, bem como o grande guitarrista Artur Paredes, pai de Carlos Paredes, nomes maiores da canção coimbrã, são tudo gente do século XX.

O tango é mais recente do que o fado. Foi buscar as suas origens à «habanera» (de La Habana). Desta dança terão surgido o maxixe brasileiro e o tango argentino e uruguaio. A dança começou por se chamar «tango criollo» simplificando-se depois para tango. É já no século XX que se instala nos dois lados do rio La Plata, em Buenos Aires e em Montevideu. Como canção encontra em Carlos Gardel o seu mais emblemático intérprete.

A relação fado/tango era evidente – canções nostálgicas, fatalistas. Amália disse ter encontrado a sua voz, cantando os tangos de Gardel. Agora é uma argentina, María Lavalle, que, inspirando-se em Amália, volta a acentuar a relação entre as duas formas musicais. No passado fim-de-semana apresentou no Teatro Calderón de Madrid o seu espectáculo «Tú que puedes, vuélvete», fundindo o tango puro com o fado puro, misturando músicos argentinos e portugueses. Coisa que a nossa Mísia já tinha feito, para não falar no fado tango de Amália, «Cansaço», agora interpretado por Camané.

O mestre da guitarra António Chaínho, acompanhado pela cantora Marta Dias e pelo coreógrafo Alejandro Laguna, apresentou há anos um espectáculo em que fundia os dois géneros. Parece-me ser a primeira tentativa de fusão. Diziam que tendo o fado e o tango nascido em ambientes portuários e marginais, tinham trajectórias, história e sentimentos similares e, de certo modo, complementares. O que faz sentido.

Justifica-se integrar o fado no património imaterial da humanidade? Sempre vou dar a minha opinião: entendido como canção nacional, acho que sim. Recuso a ideia de que o fado «reflecte a alma do povo português», reflecte-a tanto como a chula do Minho, como o cantar alentejano ou qualquer outra forma musical popular do nosso povo. Naturalmente que o vira minhoto ou algarvio ou o bailinho madeirense, não se coadunam com o sentir de bastante mais de metade da população do país que habita as áreas metropolitanas de Lisboa, Porto e Setúbal.

Parece-me ser esse o espaço do fado – reflexo fatalista da vida descarnada, afastada da natureza, que se vive nas cidades grandes. Não terá um historial muito antigo, mas se formos a ver, toda a canção urbana nasce no século XIX – a valse musette de Paris, os cuplés madrilenos, o tango de Buenos Aires e de Montevideu. Os blues saltam das plantações de escravos para as cidades, eclodem nos anos 40 do século XX em Chicago…Como diria Mr. de La Palisse, a canção urbana nasce, ou instala-se, com as e nas concentrações urbanas.  

Mas n
em
sei porque estou eu, qual musicólogo encartado, a falar de uma coisa de que nada percebo. Aqui no Aventar, sinto-me na mesa do café onde estamos à vontade para discutir tudo, desde o Borda d´Água ao «Capital» de Marx, passando pela música de Beethoven e pelo Triângulo das Bermudas . Hoje deu-me para o tango e para o fado. Podia ter sido bem pior. Ora vamos lá ouvir a María Lavalle.

Silêncio, que se vai cantar o tango.

 

A coerência à boleia do TGV

Agora já vamos em cinco linhas. Temos Lisboa-Madrid, Lisboa-Porto, Porto-Vigo, Aveiro -Salamanca, e Sines – Beja.

 

Mário Lino, o agora ex-ministro, enquanto dizia que o TGV ía avançar até Madrid, estava a preparar os estudos para as linhas que todos pensavamos estarem abandonadas.  Enquanto toda a gente andava a discutir se uma linha (Lisboa-Madrid) seria rentável, ou na argumentação do governo,  porque nos ligaria à  Europa, preparava-se o festim.

 

Mas quem é que pode acreditar em gente que está sempre a mentir?

 

 

Calabote – Foi há 50 anos

 

Era só para relembrar…

Desertificação intelectual

Não conseguimos segurar os quadros médios e superiores. Quase 15% da nossa mão de obra qualificada vive no estrangeiro.

 

Cem licenciados por dia deixam o país para procurarem lá fora, emprego, mas a hemorragia vai continuar porque existem mais 45 000 licenciados, que no inicio deste ano estavam a desempenhar trabalhos de baixa qualificação ou não qualificados.

 

Hoje o país oferece a estes licenciados, empregos nos "call centers" e no comércio e na restauração, e é certo que grande parte deles irão tentar a sorte lá fora.

 

Na década de 90 acolhemos milhares de emigrantes de outros países, sobretudo do Leste, mas tambem do Brasil e Cabo verde, como resultado do nosso bom desempenho económico.

Na década perdida de 2000 voltamos a ser um país de emigração, mas agora já não exportamos mão de obra desqualificada, mas sim quadros médios e superiores, a quem Portugal não oferece condições conformes às suas qualificações.

 

Esta enorme contradição em que nos enredamos, por um lado aposta-se na educação e na qualificação das pessoas , para as vermos depois,  sair do país.

 

É no estrangeiro que estes quadros aplicam os seus conhecimentos que adquiriram nas universidades portuguesas, financiados por nós todos, contribuintes!

 

Desenvolver o tecido empresarial português, produzindo bens transacionáveis e esportáveis e que substituem importações, em mercados abertos e exigentes, é a única saída para o empobrecimento.

 

Ao invés, o que temos é um Estado centralizador e incompetente que trava o desenvolvimento, grupos económicos que oferecem bens não transacionáveis e protegidos pelo Estado.

Morrissey já teve alta

 Há um certo exagero quando alguém diz “Morrissey salvou a minha vida no liceu”. Um certo prazer em deixar-se afundar num fatalismo postiço, talvez. Mas, se não foi essa gloriosa lição de assombrar os fantasmas com a leveza de uma melodia saltitante, o que foi que nos salvou no liceu?

 

O que é que fazes depois do BENFICA ser Campeão Europeu?

Desligas a Playstation!

 

PES2010

 

O PES2010 vale a pena!