Lisboa com a CDU no coração ?

As últimas é que Costa e Santana podem ficar com o mesmo número de eleitos.

A ser assim Rubem de Carvalho e a CDU ficam com as chaves da cidade na mão.

Macário deu à costa em Faro…

Luis Filipe Menezes arrasa adversário que foi ajudado pessoalmente por Sócrates, com 70% dos votos e já diz que o PSD pode derrotar o PS, é uma questão de o porem a ele à frente do partido.

Avelino Ferreira Torres, foi de tractor e fato macaco, esperemos que não torne a vestir fato e gravata.

Oliveira, recupera a Câmara de Évora o que constitui pretexto para a CDU dizer que não perdeu a noite eleitoral.

BE perde metade do eleitorado em Lisboa e Porto, o que mostra bem que as autárquicas são muito específicas, têm a ver com as pessoas.

Em Castelões, Ricardo Duarte esmaga

Mais nada… e corre o risco de ser a vitória mais dilatada do PSD com 73, 97% dos votos.
São um conjunto de gente que tem o defeito de ser do PSD, mas quem não os tem. Os defeitos, claro.
De resto, perdem parte do seu tempo livre apenas e só pela vontade de ajudar. São, acredito, mais um exemplo como tantos no país e por isso os destaco aqui no Aventar.
Os meus parabéns!

Canelas – Gaia

Aqui já se ouvem foguetes.
Via telemóvel dizem-me que o PSD ganhou a junta pela primeira vez.

canelas

Estou a tentar obter os resultados oficiais!

Fatinha e Narciso foram à vida…

Vá lá, metade foram apeados. Valentim e Isaltino continuam, apesar dos processos judiciais. É a vontade da população, dir-se-á, mas é dificil perceber que em Oeiras, principalmente, onde vivem  quadros de empresas, essa questão não seja decisiva.

Em Gondomar já se explica melhor, é um meio mais pequeno, uns frigoríficos e uns bilhetes para festivais do Carreira conseguem fazer a diferença, embora seja vergonhoso.

Num caso e outro tambem há muita gente a viver mal e uma casa decente, cria fidelidades para toda a vida.

É mais um problema da Republica do que das populações, acho eu!

Lisboa e Porto sem maioria ?

Mais dificil para Costa do que para Rio mas tudo indica que não teremos maiorias absolutas nas duas maiores cidades do país.

Os cidadão estão vacinados por uns anos e bons contra as maiorias absolutas. É, assim, a Democracia que exige discussão, procura das melhores soluções. O quero, posso e mando leva muito frequentemente à prepotência e Sócrates deixou escola, quanto ao abuso.

Aqui em Lisboa, parece que o BE está muito perto de obter o seu primeiro vereador, já no Porto o BE tem muito poucas hipóteses de obter um vereador.

Apostas no Grande Porto

Gaia: PSD / CDS (Maioria Absoluta)
Porto: PSD / CDS (MA)
Gondomar: Major (MA)
Matosinho: PS
Maia: PSD / CDS (MA)
Valongo: PSD / CDS (MA)
Vila do Conde: PS (MA)
Póvoa: PSD / CDS (MA)
Feira: PSD / CDS (MA)
Paredes: PSD / CDS (MA)
Penafiel: PSD / CDS (MA)
Amarante: PS (MA)

Resultados das Eleições autárquicas

No site do Ministério da Justiça.

Afluência às urnas em bom ritmo

Parece ser o primeiro resultado. Uma abstenção menor que nas eleições anteriores, o que atendendo a esta frequência, três actos eleitorais em tão curto espaço de tempo, mostra que as pessoas querem dizer coisas, que só vamos saber daqui a uma hora e tal.

Entretanto, há um rodopio de figuras conhecidas a serem filmadas no momento de votar e que depois debitam umas banalidades. O Alegre diz que as autárquicas deviam ser respeitadas pelas máquinas partidárias, aqui contam mais as pessoas e o conhecimento pessoal, do que o partido ou a figura nacional que anda por aí a dar uma ajuda.

Nas grandes cidades grande parte dos autarcas não sabemos quem são, mas o mesmo não se passa no resto do país. Aí são os amigos de sempre ou o vizinho de todos os dias que concorre.

Ás vezes conhecem-se bem de mais como é o caso da morte de hoje. O que choca é que aquelas duas pessoas foram para as mesas de voto armadas!

Levam longe demais a velha expressão revolucionária ” O voto é a arma do povo!”

Ermelo não pode ter medo?

ermelo

Não sei se as divergências eram políticas, se pessoais e patrimoniais. Pelos vistos a GNR já considerava estas eleições como “de risco” , expressão que conhecemos mais de jogos de futebol.

Agora que há uma ironia mórbida em tudo isto, há: a frase de campanha do presumível homicida era Ermelo não pode ter medo. Pelos vistos pode, e tem.

Marinho Pinto esmiuçou a justiça

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Fujam…

Sondagem à boca das Urnas: Autárquicas 2009

À boca da Urna dei por mim a pensar como está errado o nosso sistema autárquico. E essa foi a sondagem que me ocorreu fazer nos momentos posteriores ao voto, até porque o meu filho me perguntou porque é que hoje tinha 3 papéis de cores diferentes, quando há 15 dias tinha apenas um.
Percebi nestas autárquicas que o povo real se envolve, de facto, nestas eleições, ao contrário do que acontece nas eleições nacionais onde o povo da capital e as televisões parecem ser a única parte do sistema partidário português.
Nas autarquias, nomeadamente nas que ficam longe das áreas metropolitanas, a vivência democrática em torno da tripla eleição de hoje é tremenda. E isso leva-me, repito, a pensar como o sistema está mal construído.
Escolhemos um órgão colegial, quando na verdade o que estamos a escolher é um órgão pessoal – o Presidente.
Depois, cada um de nós vota para a Assembleia, onde os presidentes das juntas têm direito a presença e a voto. Este último não é escolhido directamente, mas indirectamente, em função da divisão de poderes na Assembleia de Freguesia. Está tudo, basicamente, trocado. Vejamos.
Do cidadão para o colectivo, o que está mais próximo de nós, deverá ser uma rede tão alargada quanto possível, com uma dupla responsabilidade:
– sensibilizar os poderes “superiores” para a dimensão micro da vida;
– actuar na gestão e resolução das “pequenas” coisas de cada comunidade, gerindo o acesso, à rede social, por exemplo.
Para isso, penso que deverá ser eleita uma Assembleia, sendo institucionalmente assumido que o Presidente é o número um da lista mais votada (tal como acontece hoje).
Obviamente, esta opção só poderá ser implementada se houver uma reorganização TOTAL e COMPLETA da actual organização do território. Rio Tinto com mais de 100 mil eleitores não pode ter um órgão semelhante a outros, com menos de 10% dos eleitores.
O presidente da Assembleia de Freguesia, ou Presidente da Junta, deverá ter assento num órgão autárquico, Conselho de Presidentes, onde também estará o Presidente da Câmara, que preside. Este seria uma espécie de senado do município, marcadamente executivo e teria carácter consultivo no que disser respeito aos documentos essenciais da dimensão municipal.
Depois teríamos que votar apenas para um outro órgão: a Assembleia Municipal, o Parlamento.
O Primeiro da lista seria o Presidente e teria o poder de escolher o executivo (o governo) da Câmara. Na primeira reunião da nova Assembleia seria votado o Presidente da mesma, que poderia, por exemplo, aparecer nas listas como número dois.
Com esta clareza estaríamos a diminuir a confusão entre os eleitores – sabiam que estariam a escolher o Presidente e a maioria que o iria suportar: penso que não acrescenta nada à democracia ter um Presidente de um partido e uma maioria de outra cor.
Aliás, que sentido faria ter essa organização no Parlamento do País?
Temos 4 anos para começar a pensar nisto.
Até já!

Mais uma vez, tenho uma premonição

Miséria dos governos da burguesia

Miséria dos governos da burguesia

Após ter solicitado ao grupo que lê Aventar um dia de reflexão antes de votar, parece-me que dois assuntos têm acontecido.

O primeiro, é mais do que conhecido: três eleições dentro de três meses a seguir, para um povo que viveu uma ditadura, o acto eleitoral não parece importante. Causa-me imensa pena que o denominado Estado Novo, esteja ainda vivo entre nós, especialmente na miséria que vive o nosso país, como é posível ver na foto de este aventa. Ninguém confia.

O segundo, eleições todas a seguir dentro de um país que é pensado para passar férias, especialmente num Domingo cheio de sol, é o terror da juventude e das famílias. A Educação Cívica ainda não entrou nem mesmo entre os governantes – um candidato à Presidência de câmara, referia  na televisão: já cumpri com o meu dever, vou almoçar e ao cinema para descansar.

Será que o povo português anda sempre cansado, como referia esse muito disputado Presidente de Câmara? O seu dever era tomar conta de manter a paz enquanto decorrem as eleições a até as urnas fecharem. Assim, nunca mais, um facto como o da Aldeia Ermelo torne a acontecer. Senhores representantes da nossa soberania, o dever acaba nas férias o na mudança de hierarquia.

O terceiro é simples: todos pensam, especialmente os mais novos, que o candidato contrário vai ganhar, pelo que nem vale a pena ir votar.

A minha premonição, por causa do motivo que causó o facto criminoso do Ermelo, enquanto  autarcas iam ao cinema, facto que não é passível de perdoar, a minha premonição, digo, é que a abstenção será muito semelhante à das eleições para o Parlamento Europeu. Que tristeza: não votar pelos que nos governam e aos que entregamos a nossa soberania? Com ou sem voto, os eleitos vão governar. Sugiro apenas que a Constituição seja reformada e defina um mínimo de eleitores, para qualquer candidato triunfar. Contra a democracia esta  minha ideia? Por amor de Deus, comodizem por ai: eu não entrego a minha soberania ao etemo candidato eleito por escassa margem de votos.

Uma triste premonição. Espero estar enganado e que a maior parte do povo tenha votado apesar de Ermelo.

Paisagem de Ermelo

MAIS UMA ACHEGA, AMIGO CARLOS LOURES

Eu não sei o que é a poesia, penso que ninguém sabe verdadeiramente o que é a poesia, e duvido muito de quem diz que sabe. Desde a depuração absoluta da palavra à Respiração de Deus, já ouvi todas as definições. No entanto, penso que a poesia é um sentimento como outro qualquer. Por isso, em vez de poesia, prefiro chamar-lhe sentimento poético, como em vez de arte, prefiro dizer sentimento artístico. O sentimento poético é um sentimento como o sentimento do amor, como o sentimento da alegria, como o sentimento da tristeza. Parece-me, contudo, ser um sentimento muito subtil, quase mágico, provavelmente de uma neuronalidade muito delicada, uma espécie de musicalidade, uma essencialidade rítmica e harmoniosa que existe dentro de nós e nos permite, quando permite, a mais nobre e sublime expressão da realidade das coisas e da vida.

 Penso, ainda, e parece haver estudos psicológicos, sociológicos e neurobiológicos que o comprovam, que o sentimento poético e o sentimento artístico enriquecem e enobrecem todos os nossos processos de humanização, criam grandes afinidades com a consciência, aproximam-nos de todos os mecanismos de identificação com a verdade, afinam todas as outras emoções e sentimentos, ajudam-nos no caminho do equilíbrio e da harmonia, e até da justiça, ou não devesse ser a justiça a convergência ao mais elevado nível, do equilíbrio e da harmonia.

 E mais penso que, muitas vezes, o que andamos para aqui a fazer não tem nada a ver com poesia. Fazer poesia, ou melhor, pesquisar a poesia como eu gosto mais de dizer, é sentirmo-nos como uma espécie de garimpeiros da poesia. Todos sabemos que os garimpeiros são aqueles homens que, nas margens dos rios das regiões auríferas, passam dias, semanas, meses e anos, a lavar pedras e cascalho, a ver se encontram umas pepitas de ouro. Nós, os que nos consideramos pesquisadores de poesia, passamos os dias a lavar o cascalho das palavras a ver se encontramos algumas pepitas de poesia, o que nem sempre acontece. Com a agravante de que há ouro verdadeiro e ouro falso, nem sempre fáceis de distinguir.

 E penso, ainda, que a poesia percorre transversalmente qualquer forma de expressão artística, seja o poema, sua matriz natural, seja a pintura, seja a música. E qualquer forma de expressão artística só é arte, se contiver dentro de si a essência poética. Arte e poesia são irmãs gémeas, não podendo viver uma sem a outra.

 Penso ainda que a poesia, pela sua natureza intimista, é para ser lida a sós, no mais recatado silêncio. Eu não sou grande adepto da poesia lida, dita ou declamada. Reconheço, talvez, algum carácter de excepção no que respeita à poesia chamada de intervenção. De resto, penso que é um tanto caricato andar a ler poesia à mesa dos cafés, poesia no eléctrico ou poesia nas feiras, como é moda ultimamente. Peço desculpa a quem tem uma opinião diferente da minha, mas o mal não está em ter opiniões, mas em não as ter. Eu passo a explicar porque assim penso.

 Quando um autor faz um poema, cria-o com toda a sua vida, através de toda a sua estrutura vivencial, com todas as suas emoções e sentimentos, as suas paixões e frustrações, as suas memorizações, a sua cultura, a sua visão do mundo e das coisas. Quem vai ler esse poema não vai ler o poema do autor, mas o seu próprio poema, dado que vai lê-lo com a sua vida, com a sua estrutura anímica e vivencial, através das suas emoções e sentimentos, através das suas paixões e frustrações, deitando mão da sua cultura própria e da sua visão do mundo e das coisas, que podem nada ter a ver com a vida do autor. O poema do autor constitui apenas o estímulo, mais profundo ou menos profundo, mais poderoso ou menos poderoso, que consegue arrancar um novo poema do íntimo de quem lê. Ninguém vê com os nossos olhos, ninguém sente com o nosso íntimo e ninguém pensa com o nosso pensamento.

“Onde fica esse rectângulo?”

Alberto João Jardim continua divertido. Como sempre. Hoje foi votar e uns pés de microfone que lhe dão atenção perguntaram-lhe como comentava o homicídio de hoje. Sempre com resposta na ponta da língua, o homem respondeu que não é este o país que deseja para a Madeira dele. A Madeira dele, não sei se repararam na preciosidade linguística. Terminou com um “onde fica esse rectângulo? Onde fica?”.

Como não devia estar a falar de geometria mas sim de geografia, e o tal “rectângulo” acho que deve ser Portugal, vamos dar uma ajuda a descobrir onde fica…

mapa portugal

O “rectângulo” fica na Europa. O “rectângulo” pagou – e continua a pagar – o desenvolvimento da Madeira. O “rectângulo” ajuda a que o chefe dos humoristas da ilha se mantenha no poder.

Este Jardim é um prato.

COMO SE FORA UM CONTO – As Frases da M…

AS FRASES DA M….!

Vá-se lá saber porquê, dei por mim a visitar na Net o “The Art Museum Toilet Museum of Art”. Por lá se encontram as fotografias das mais variadas casas de banho dos museus mundiais. Desde a mais banal à mais moderna e à mais sofisticada, por lá as vamos apreciando.

Enquanto as via, lembrei-me das maravilhosas (pelo uso que permitiam e pelos ensinamentos que nos davam) retretes públicas que existiam, e algumas ainda existem, cá pela cidade, e que em tempos idos eram muito frequentadas pelos meus concidadãos.  Havia sentinas, em catacumbas no meio da Avenida dos Aliados e no túnel para peões frente à Igreja dos Congregados, havia-as na praia do Molhe e na praia de Gondarém bem viradas para o mar, no meio do Jardim do Passeio Alegre e noutros lugares, todas elas com empregados que procediam à limpeza (sempre imaculadamente limpas) e cobravam entrada (na altura era de cinquenta centavos), um homem para a secção dos homens e uma mulher para a secção das mulheres, onde eles liam o jornal e ouviam um velho rádio a pilhas e elas faziam crochet ou malha, e também mictórios espalhados por muitas ruas do Porto. A juntar a estas, havia também algumas casas de banho públicas, onde se podia tomar um banho completo, havendo ainda uma que funciona em frente à Praça 24 de Agosto. Também as escolas, as universidades, os estádios de futebol, os cafés e restaurantes, os museus e em geral todos os edifícios públicos, tinham para uso dos seus frequentadores vários urinóis e casas de banho.

Nessas retretes, com um design extremamente válido do mais banal que podia haver, com azulejos, portas, e sanitas e urinóis de tamanhos e alturas diferentes, e demais materiais, todos brancos, havia nas que eram mais evoluídas ou pertencentes a espaços mais nobres, máquinas para venda de escovas e pastas de dentes (máquinas essas já desaparecidas para dar lugar a máquinas para venda de preservativos), e havia e ainda hoje há, inscrições de todo o género e feitio, sobre as mais variadas coisas. No entanto, enquanto hoje o que se pode ler nas sentinas, em especial na parte designada para os homens, quase se limita a nomes de mulheres e seus números de telefone, por vezes com uma ou outra descrição de serviços que prestam e com observações asquerosas baixas e repugnantes, anos atrás, encontravam-se comentários e declarações sobre a intolerância, sobre o racismo, sobre sexo, e até sobre política e religião. Encontravam-se com frequência, frases profundas, pensamentos, queixas, juras de amor eterno, poesia, mensagens com destinatário, informações económicas e financeiras, datas a testemunhar a presença de um qualquer frequentador, tudo o que debaixo de anonimato espelhava o quotidiano citadino. Muitos adolescentes daquela altura, aprenderam os factos da vida pela leitura das frases escritas nas portas e nas paredes das sentinas públicas.

Hoje, perdeu-se o prazer de visitar as casas de banho públicas, onde, no meio de uma qualquer dificuldade momentânea, sempre um sorriso nos aflorava os lábios por via da leitura dos comentários e sugestões que alguém bem intencionado lá deixara.

JM

BREVE COMENTÁRIO A CARLOS LOURES

Uma beleza, Carlos. E a beleza é, por assim dizer, a irmã gémea da poesia. Não consigo separá-las.
Também não conhecia o poema de Peggy Seeger. Muito bonito, mas confesso a minha deficiência, é-me muito difícil absorver a essência, a gema, o cerne de um poema, que não seja em português, ou então numa tradução feliz, que não é frequente porque ser tradutor de poesia implica ser-se poeta. Na minha opinião, uma situação bem diferente do romance ou de qualquer outro trabalho. Adoro Neruda, Garcia Lorca, Goethe, Rilke e muitos outros, mas não chego lá, ao caroço, à alma de um poema da minha língua, da minha rua, da minha pele. Quanto ao CHE, nada mais se pode dizer para além daquilo que eu digo há muitos anos: Neste mundo HÁ ALMAS GRANDES E ALMAS PEQUENAS, e o resto são cantigas.

A Gripe A explicada às criancinhas

Portugal REAL! A Segurança e a Lavoura do Portas?

É a falta de segurança de que fala Portas. Ele que conhece o mundo da Lavoura
Mais a sério, andei nas férias por Mondim.
Gostei das pessoas, mas percebi pela quantidade de materiais de campanha que eles não brincam em serviço.
A este nível, tudo tem mais significado e mais importância – as diferenças entre os partidos são quase sempre pessoais e muitas vezes dá para o torto.
Foi o caso.
Estou convencido que no plano dos desejos, o que aconteceu hoje em Ermida é apenas a parte visível de muita coisa que acontece em quase todo o lado: a vontade de dar um tiro ao adversário.
Ainda só passaram trinta e tal anos…

Pobrecitos…

Na Sábado, o Pedro Santos Guerreiro

Para o El País, somos assim: ” Um governo frágil e extremamente dependente, deverá lidar, no país mais pobre da União Europeia, com alarmantes níveis de dívida, déficit público e desemprego” Quem, nós?

Mas então este não é o país de Sócrates ? O país maravilhosamente governado?

E segue o director do Jornal de Negócios “… o déficit orçamental vai mais que duplicar este ano para 5.9% do PIB….olhando para a dívida pública (75% este ano, 80% no próximo) ficamos a saber que Portugal nunca deveu tanto dinheiro. Só nos juros que pagamos todos os anos gastamos mais dinheiro que todo o investimento público. …um rol da desgraça que os políticos calam porque dizem que o fundamental é pôr a economia a crescer, isso diluirá o peso da dívida e dos déficits. É verdade ! Mas como se põe a economia a crescer? Como, se não damos estímulos fiscais e em vez disso temos de subir sucessivamente os impostos para obter receitas?

Em Espanha acaba de ser apresentado um Orçamento de Estado que agrava, em muito,os impostos. Na Alemanha, o grande objectivo é chegar a zero no déficit orçamental para 2015. Na Holanda, o governo prepara-se para cortar 20% nas despesas públicas, incluindo pensões e habitação social.

E nós? TGV, Aeroporto, Terceira Ponte, autoestradas, Contentores de Alcântara…

Isto é tudo muito mau mas a gente diverte-se imenso com estes estadistas…

Código postal: meio caminho andado para o disparate

Parece que na Direcção-Geral da Administração Interna andavam à procura de um meio de determinar automaticamente a freguesia de residência do cidadão. Vai daí um iluminado terá gritado:

– Achei, com o código postal é fácil.

A incompetência é uma coisa que chateia. Até eu sabia que os códigos postais não batem certo. Moro numa daquelas freguesias que já foram paróquias, com fronteiras hoje sem qualquer sentido. Num tira-teimas recente sobre limites fomos, os teimosos, ao código postal: não tinha pés nem cabeça, não batia certo, e a teima continua.

Uma coisa é uma discussão de vizinhos. Outra é a tal DGAI, a quem se pede profissionalismo, tal como o tiveram os CTT:

“Esta ferramenta foi criada em 1979 com o objectivo de nos ajudar a entregar cartas e encomendas, tendo em conta os centros de distribuição postal espalhados pelo país. Nem sempre coincide com o mapa administrativo, porque não é suposto coincidir, não é esse o seu objectivo”.

Diz um senhor dos Correios. Além de hoje, a jusante, baralhar a vida ao eleitor, este disparate, a montante, já fez das suas, uma vez que o número de recenseados determina a composição da Assembleia da Freguesia a eleger.

O mapa das freguesias em grande parte das  nossas cidades, é tão desligado da realidade como sucede na minha. Já que fizeram bosta, podiam aproveitar e pensar um bocadinho numa coisa: e que tal racionalizar as fronteiras das freguesias? No meu pequeno bairro estamos divididos em quatro. Pensem lá nisso, mas agora vão todos de castigo para o canto da sala, e sim, metem essas orelhas. As de burro claro.

Antologia de pequenos contos insólitos: Jorge Luis Borges

Jorge Luis Borges, o grande escritor argentino, nascido no ano de 1899 em Buenos Aires e falecido em Genebra em 1986, sempre se preocupou mais com o lado oculto da realidade do que com a sua face mais visível. Familiarizou-se com a cabala, estudou as mitologias anglo-saxónicas, germânica, escandinava, bem como as respectivas literaturas. Para ele, o tempo podia ser vencido pela escrita. Produziu obras com «El Aleph» (1949) e «El oro de los tigres», 1972. Do seu livro «Ficciones», 1944, extraímos a narrativa

AS RUÍNAS CIRCULARES

Apresentando antes um pequeno vídeo com um excerto de uma das últimas entrevistas de Borges.

And if left off dreaming about you…

Ninguém o viu desembarcar na unânime noite, ninguém viu a canoa de bambu sumir-se na lama sagrada, mas daí a poucos dias ninguém ignorava que o homem taciturno vinha do Sul e que a sua pátria era uma dessas infinitas aldeias que ficam rio acima, no flanco violento da montanha, onde a língua zenda não está contaminada do grego e onde é rara a lepra. O que é certo e seguro é que o homem pardo beijou a lama, subiu a margem sem afastar (provavelmente sem sentir) as sanguessugas que lhe dilaceravam as carnes e arrastou-se enjoado e sangrando, até ao recinto circular dominado por um tigre ou um cavalo de pedra, que teve outrora a cor do fogo e agora a da cinza. Essa arena é um templo que os antigos incêndios devoraram, que a floresta pantanosa profanou e cujo deus não recebe as honras dos homens. O forasteiro deitou-se sob o pedestal. Só o despertou o sol alto. Verificou sem assombro que as feridas haviam cicatrizado; fechou os olhos pálidos e adormeceu, não por fraqueza da carne mas por decisão da vontade. Sabia que esse templo era o lugar referido para o seu invencível desígnio; sabia que as árvores incessantes não tinham conseguido estrangular, a jusante, as ruínas de outro templo propício, também de deuses incendiados e mortos; sabia que a sua obrigação imediata era o sono. Por volta da meia-noite acordou-o o grito inconsolável de um pássaro. Marcas de pés descalços, uns figos e um cântaro avisaram-no de que os homens da região lhe tinham espiado com respeito o sono e solicitavam o seu amparo ou temiam a sua magia. Sentiu o frio do medo e procurou na muralha delapidada um nicho sepulcral e tapou-se com folhas desconhecidas.
O desígnio que o guiava não era impossível, se bem que sobrenatural. Queria sonhar um homem: queria sonhá-lo com uma integridade minuciosa e impô-lo à realidade. Este projecto mágico esgotara o espaço inteiro da sua alma; se alguém lhe perguntasse o seu próprio nome ou qualquer pormenor da vida anterior, não seria capaz de responder. Convinha-lhe o templo desabitado e desmantelado, porque era um mínimo do mundo visível; a vizinhança dos lenhadores também, dado que estes de encarregavam de prover às suas necessidades frugais. O arroz e os frutos do seu tributo eram pasto suficiente para o seu corpo, consagrado à única tarefa de dormir e sonhar.
Ao princípio, os sonhos eram caóticos; pouco depois, foram de natureza dialéctica. O forasteiro sonhava-se no meio de um anfiteatro circular, que era de certo modo o templo incendiado: magotes de alunos taciturnos fatigavam os degraus; as caras das últimas filas pendiam a muitos séculos de distância e a uma altura estelar; mas viam-se com uma precisão absoluta. O homem dava-lhes lições de anatomia, de cosmografia, de magia: os rostos escutavam com ansiedade e tentavam responder com entendimento, como se adivinhassem a importância daquele exame, que deveria redimir um deles da sua condição de vã aparência e o interpolaria no mundo real. O homem, no sonho e acordado, considerava as respostas dos seus fantasmas, não se deixava enganar pelos impostores, adivinhava em certas perplexidades uma inteligência crescente. Procurava uma alma que merecesse participar no universo.
Ao cabo de nove ou dez noites compreendeu com certa amargura que nada podia esperar dos alunos que aceitavam passivamente a sua doutrina, mas sim dos que arriscavam, às vezes, uma contradição razoável. Os primeiros, embora dignos de amor e de afeição, não podiam elevar-se a indivíduos; os últimos preexistiam um pouco mais. Uma tarde (agora também as tardes eram tributárias do sonho, agora só estava acordado umas horinhas ao amanhecer) despediu para sempre o vasto colégio ilusório e ficou apenas com um único aluno. Era um rapaz taciturno, azedo, desordeiro às vezes, de feições afiladas que repetiam as do seu sonhador. A brusca eliminação dos seus condiscípulos não o desconcertou por muito tempo; os seus progressos, ao fim de poucas lições particulares, conseguiram maravilhar o mestre. No entanto, aconteceu a catástrofe. Um dia o homem emergiu do dono como de um deserto viscoso, fitou a vã luz da tarde que começou por confundir com a da aurora, e compreendeu que não tinha sonhado. Durante essa noite toda e todo o dia, abateu-se sobre ele a intolerável lucidez da insónia. Quis explorar a floresta, extenuar-se; só a custo conseguiu pela cicuta uns quantos lampejos de sono fraco, riscados fugazmente por visões de tipo rudimentar: inaproveitáveis. Quis voltar a reunir o colégio e mal articulou umas breves palavras de exortação, logo este se deformou e se desfez. Na sua quase perpétua vigília, lágrimas de cólera queimavam-lhe os velhíssimos olhos.
Compreendeu que a tarefa de modelar a matéria incoerente e vertiginosa de que se compõem os sonhos é a mais árdua a que se pode entregar um homem, embora penetre todos os enigmas da ordem superior e da inferior: muito mais árdua que tecer uma corda de areia ou que cunhar o vento sem cara. Compreendeu que era inevitável um fracasso inicial. Jurou esquecer a enorme alucinação que o desencaminhara ao princípio e procurou outro método de trabalho. Antes de experimentá-lo, consagrou um mês a recuperar as forças que lhe gastara o delírio. Abandonou toda a premeditação de sonhar, e quase a seguir foi capaz de dormir um razoável bocado do dia. As raras vezes que sonhou durante esse período, não ligou aos sonhos. Para retomar a tarefa, esperou que o disco da Lua ficasse perfeito. Depois, à tarde purificou-se nas águas do rio, adorou os deuses planetários, pronunciou as sílabas lícitas de um nome poderoso e adormeceu. Quase imediatamente, sonhou com um coração a bater.
Sonhou-o activo, quente, secreto, do tamanho de um punho, de cor escarlate na penumbra de um corpo humano ainda sem cara nem sexo, com minucioso amor sonhou-o durante catorze lúcidas noites. Noite a noite, percebia-o com uma evidência cada vez maior. Não o tocava: limitava-se a testemunhá-lo, a observá-lo, talvez, e corrigi-lo com o olhar. Percebia-o, vivia-o, de muitas distâncias e de muitos ângulos. Na décima quarta noite roçou a artéria pulmonar com o dedo indicador e a seguir o coração todo, por fora e por dentro. O exame deixou-o satisfeito. Deliberadamente não sonhou durante uma noite; depois, tornou a pegar no coração, invocou o nome de um planeta e empreendeu a visão de outro dos órgãos principais. Em menos de um ano chegou ao esqueleto, às pálpebras. O inumerável cabelo foi talvez a tarefa mais difícil. Sonhou um homem inteiro, um mancebo, mas este não se levantava nem falava nem podia abrir os olhos. Noite após noite o homem sonhava-o adormecido.
Nas cosmogonias gnósticas, os demiurgos amassam um encarnado Adão que não consegue pôr-se de pé; tão inábil, tosco e elementar como esse Adão de pó era o Adão de sonho que as noites do mago tinham fabricad
o.
Uma tarde, o homem destruiu quase toda a sua obra, mas arrependeu-se, (Mais lhe valeria que a tivesse destruído.) Depois de ter esgotado os votos aos nomes da terra e do rio, caiu de joelhos aos pés da imagem que talvez fosse um tigre e talvez um potro, e implorou o seu desconhecido socorro. Nesse crepúsculo, sonhou com a estátua. Sonhou-a viva, trémula: não era um atroz bastardo de tigre e potro, mas ao mesmo tempo essas duas criaturas veementes e também um touro, uma rosa, uma tempestade. Este múltiplo deus revelou-lhe que o seu nome terrestre era Fogo, que nesse templo circular (e noutros iguais) lhe tinham prestado sacrifícios e culto e que ele magicamente animaria o fantasma sonhado, de modo que todas as criaturas, salvo o próprio Fogo e o sonhador, o pensaram um homem de carne e osso. Ordenou-lhe que, depois de instruído nos ritos, o enviasse para outro templo desmantelado cujas pirâmides persistem a jusante do rio, para que alguma voz o glorificasse naquele edifício deserto. No sonho do homem que sonhava, o sonhado acordou.
O mago executou as ordens. Consagrou um prazo (que no fim durou dois anos) para lhe descobrir os arcanos do universo e do culto do fogo. Intimamente, custava-lhe separa-se dele. A pretexto da necessidade pedagógica, dilatava dia após dia as horas dedicadas ao sonho. Também refez o ombro direito, porventura deficiente. Às vezes inquietava-o uma impressão de que tudo aquilo já tinha acontecido… Em geral, os seus dias eram felizes; ao fechar os olhos pensava: Agora vou estar com o meu filho. Ou então, mais raramente: O filho que gerei espera por mim e não existirá se eu não for ter com ele.
Gradualmente, lá o foi habituando à realidade. Uma vez mandou-o colocar uma bandeira num píncaro distante. No outro dia, flutuava a bandeira no cume. Tentou outras experiências análogas, cada vez mais audaciosas. Compreendeu com um certa amargura que o seu filho estava pronto para nascer – e talvez até impaciente. Nessa noite beijou-o pela primeira vez e enviou-o para o outro templo cujos despojos branqueavam rio abaixo, a muitas léguas da inextricável floresta e de pântanos. Mas antes (para que ele nunca soubesse que era um fantasma, para que se julgasse um homem como os outros) infundiu-lhe o esquecimento total dos seus anos de aprendizagem.
A sua vitória e a sua paz ficaram turvados pelo desgosto. Nos crepúsculos da noite e da madrugada, prostrava-se diante da figura de pedra, talvez imaginando que o seu filho irreal executava rito idênticos, noutras ruínas circulares, rio abaixo; de noite não sonhava, ou sonhava como o fazem todos os homens. Apercebia-se com certa palidez dos sons e formas do universo: o filho ausente alimentava-se dessas diminuições da sua alma. O desígnio da sua vida fora preenchido; o homem persistiu numa espécie de êxtase. Ao fim de um tempo que certos narradores da sua história preferem calcular em anos e outros em lustros, à meia-noite acordaram-no dois remadores: não conseguiu ver as caras deles, mas falaram-lhe de um homem mágico num templo do Norte, capaz de andar sobre o fogo sem se queimar. O mago lembrou-se de repente das palavras do deus. Lembrou-se de que, de todas as criaturas que compõem o globo, o fogo era a única que sabia que o seu filho era um fantasma. Esta recordação, que o descansou ao princípio, acabou por atormentá-lo. Receou que o seu filho meditasse nesse privilégio anormal e descobrisse de qualquer modo a sua condição de mero simulacro. Não ser um homem, ser a projecção do sonho de outro homem, que humilhação incomparável, que vertigem! Qualquer pai se interessa pelos filhos que procriou (que permitiu) numa simples confusão ou na felicidade; é natural que o mago temesse pelo futuro daquele filho, pensando entranha a entranha e feição a feição, em mil e uma noites secretas.
O fim das suas reflexões foi brusco, mas anunciaram-no alguns sinais. Primeiro (ao cabo de uma longa seca) uma remota nuvem numa colina, leve como um pássaro; a seguir, para os lados do Sul, o céu com a cor rosada das gengivas dos leopardos; depois as fumaradas que enferrujaram o metal das noites; depois a fuga pânica dos bichos. Porque se repetiu o que acontecera há muitos séculos. As ruínas do santuário do deus do fogo foram destruídas pelo fogo. Numa madrugada sem pássaros, o mago viu abater-se sobre as paredes o incêndio concêntrico. Por um instante, pensou refugiar-se nas águas, mas logo compreendeu que a morte vinha coroar a sua velhice e absolvê-lo dos seus trabalhos. Caminhou ao encontro dos círculos de fogo. Estes não morderam a sua carne, acariciaram-no e inundaram-no sem calor e sem combustão. Com alívio, com humilhação, com terror, e compreendeu que ele próprio também era uma aparência, que outro estava sonhá-lo.
(Extraído do livro «Ficções», de Jorge Luis Borges, traduzido por José Colaço Barreiros,
© Editorial Teorema, Lda., Lisboa, 2000).

Sondagens autárquicas, as últimas e o vão das escadas

As autárquicas são para muito boa gente, nos ramos da comunicação mercados sociais & afins, chamemos isto à coisa, o negócio que além de lhes render já ainda promete para depois.

Não me peçam números. No mundo das micro-coiso-nano empresas, anteriormente designadas como de vão de escada, é uma vez em 4 anos. Só dou este número.

Notam-se mais os papéis, os autedóris,  mas toda a gente com dúvidas e empreiteiros encomenda sua sondagem. Depois lá a esconde, ou não, mas tem de a resguardar na mesma porque já há leis contra a  livre transgenerização das sondagens e isso. E  que mal tem o vão de escada, não seja ele o do comércio do aborto espero que de vez abortado, mesmo que façam os cartazes infelizes feitos à ordem, directa (eu vi) do cartatado?

Chegaram-nos diversas sondagens, por conta de várias casas,  algumas com um bocadinho de credibilidade comparando com a velha à central telefónica que toda a distrital partidária sempre usou.

Não publicámos.

Não pela coisa da lei, afinal sempre posso escrever que um gajo me acabou de confidenciar ao balcão cerveja e não fui eu que disse, nem pelos vastos estudos que sustentam a importância e desimportância das sondagens na decisão dos eleitores.

Apenas porque é uma não-notícia como qualquer outra, uma das mais ficções com que se inventam campanhas eleitorais.

Inventam-se, caros cidadãos e eleitores.

E assim me avento para ir votar, invente-se quando votar o cidadão, a  seguir serão eles os eleitos que o  inventam.

Limpinho.

Poemas com História: Luto em Outubro

Este poema foi escrito em 11 de Outubro de 1967, quando se confirmou a morte do Comandante, pois passáramos os dois último dias na dúvida se o que constava sobre a sua execução era verdade ou manobra de intoxicação. No dia11 os jornais traziam a fotografia de Guevara morto, estendido sobre uma padiola em Valle Grande, de olhos abertos. Num grupo de amigos, reunidos em torno das notícias, havia quem duvidasse, mesmo assim, que fosse verdade. Foi um dia negro. Guevara que saíra de Cuba, todos o sabíamos, por não suportar ver a Revolução submeter-se a um imperialismo para fugir a outro, constituía para os que amavam a liberdade a esperança numa «terra sem amos». A nossa tristeza era indizível. Vim para casa e escrevi este texto que, mais tarde, publiquei em «A Poesia Deve Ser Feita Por Todos».

Luto em Outubro

Onze de Outubro – há um rosto
que ensanguenta o jornal
e anoitece o dia –
Guevara caiu sob o céu da Bolívia,
morto na sua guerra pela paz.
Flor que nasce negra na tarde
triste e fria,
a sua fotografia é um cartaz
desfraldado ao vento da história.
É um rosto
que ensanguenta a página
e anoitece o dia.
Uma lâmpada apagou-se na treva
debruçada sobre a terra americana
– silêncio no teu fuzil de esperança,
Comandante,
tombado no teu posto de combate.

As palavras nos teus lábios
não eram só palavras,
mas acção.
Espingardas e punhais
dentro da tua voz havia.
Hoje há um rosto, sim um rosto,
que ensanguenta o jornal
e anoitece o dia.

Guevara caiu no seu posto,
cremado o seu corpo, as cinzas
sobem no ar da América,
saúdam as estrelas,
beijam os pássaros,
caem
como chuva justiceira,
pranto dos humildes
de todo um continente
que de escuridão se cobre.
Milhares de mãos se estendem
para empunhar as tuas armas órfãs.
Sim, há um rosto em Outubro
que ensanguenta o jornal.
Há um rosto vitorioso
que anoitece o dia.

FUTAventar – dia estranho ou daltonismo futebolistico?

Há dias assim no futebol. Dias estranhos.
Ao fim da tarde dou por mim em frente ao PC a ver o DinamarcaSuécia. À velha pergunta “Quem queres que ganhe?” facilmente respondia, os de vermelho! Até aqui, tudo normal.
Depois, segue-se o jogo na catedral. Nada de estranho a assinalar – sou pelos de vermelho… até que vejo lá o Liedson. Sim. Esse, o Levezinho… e vestido também de vermelho. Pensei que a coca-cola do jantar teria álcool a mais, mas não. Confirma-se: o Levezinho que gosta tanto de marcar na luz, estava vestido de vermelho… na Luz!

Simão e Liedson

Mas, as surpresas não iriam ficar por aqui. Volto ao PC para ver o Argentina – Peru: um jogo também decisivo para a equipa de Maradona.
Tradicionalmente vestida de azul e branco às risquinhas… E eis que Aimar (15) e DI Maria (7) aparecem no onze inicial vestidos, imaginem car@s leitor@s, de azul e branco. Que mais me irá acontecer?
Assistência de Aimar, golo da Argentina. O Peru empata ao minuto 90 e depois é ligar as colunas e ouvir a festa Argentina… vestida de azul e branco.
Há dias estranhos.

Blasfémias: R.I.P.

Ao ler hoje ESTA caixa de comentários do Blasfémias fiquei com duas certezas: que a falta de solidariedade no blasfémias é uma realidade que devia envergonhar quem lá escreve e que ESTA minha posta sobre o fim do Blasfémias é cada vez mais certeira…