PSD: A Demissão Aguardada

A Dr.ª. Manuela Ferreira Leite conseguiu um milagre.

Perante um Partido Socialista desgastado por casos como o Freeport, a Guarda ou a Independente, a braços com uma crise económica sem precedentes e ferido pela batalha presidencial, sem esquecer os Professores e a Função Pública em guerra com o governo, seria de esperar, no mínimo, uma vitória tangencial nas legislativas e uma vitória clara nas autárquicas. Nos últimos anos, nenhum líder do PSD teve um clima eleitoral tão favorável.

Porém, o PSD perdeu as legislativas e não ganhou as autárquicas. Ora, só resta uma saída à actual liderança do PSD: a demissão e consequente marcação de eleições internas. Tudo o resto, todos os outros cenários propostos, são tretas para mero entretenimento interno e gozo externo

PSD: A Demissão Aguardada

A Dr.ª. Manuela Ferreira Leite conseguiu um milagre.

Perante um Partido Socialista desgastado por casos como o Freeport, a Guarda ou a Independente, a braços com uma crise económica sem precedentes e ferido pela batalha presidencial, sem esquecer os Professores e a Função Pública em guerra com o governo, seria de esperar, no mínimo, uma vitória tangencial nas legislativas e uma vitória clara nas autárquicas. Nos últimos anos, nenhum líder do PSD teve um clima eleitoral tão favorável.

Porém, o PSD perdeu as legislativas e não ganhou as autárquicas. Ora, só resta uma saída à actual liderança do PSD: a demissão e consequente marcação de eleições internas. Tudo o resto, todos os outros cenários propostos, são tretas para mero entretenimento interno e gozo externo

Autarquicas 2009 – Os "meus" concelhos (Porto, Trofa e Setúbal)

Começando no Porto, concelho onde de tudo me fazem para me retirar tempo para “bloggar”, pouco terei a acrescentar aos rios de tinta que já se dirigem para montante.

É evidente que Rui Rio é um dos melhores presidentes de câmara do país atualmente. Tomou muitas decisões controversas, e por isso ganha. A curva descendente do Porto não é obra de Rui Rio. É bem anterior. No entanto, em face disto, Rui Rio tomou várias decisões polémicas. Concordo com algumas, discordo de outras.

E pergunto: qual é o autarca que, no seu perfeito juízo, tem coragem para tomar decisões controversas? Não dúvido que, estivesse Rio quieto em muitos dos domínios em que tocou, e a sua maioria seria ainda mais confortável.

Prezo ainda a tónica de seriedade que Rui Rio introduziu na política autárquica. A gestão da CMP é transparente como nunca e os interesses que à volta dela aviltam degladiam-se, agora, segundo a lei da concorrência, ao invés da do compadrio. Isto marca uma diferença significativa em relação aos seus antecessores recentes. Rui Rio conquistou-me logo no inicio, no momento em que decide enfrentar os obscuros interesses ligados ao Futebol Clube do Porto e ao sector imobiliário. Percebi logo que se tratava de um homem de coragem e com elevada ética. Sem dúvida um sério candidato a primeiro-ministro. Graças a Rui Rio, o Porto tem um pouco mais de Porto, e um pouco menos de Palermo. Como lamento o facto de ele não ser de esquerda…

Quanto a Elisa Ferreira, nem considerei como muito relevante o facto de ser eurodeputada. Até penso que devia ser um ponto positivo, porque conquistando o Porto, sofreria um enorme revés salarial, o que considerei salutar. No entanto, fez uma campanha péssima. Pessoalmente, deixei de a ouvir depois do lamentável debate televisivo. Por mero acaso, os meus olhos cruzaram-se, posteriormente, com a solução que ela propunha para o Bairro do Aleixo: a solução judicial. Nem comento tamanha demagogia/populismo. Estando o prémio de cromo do ano atribuído, atríbuo-lhe a medalha de lata. Para condizer com o bairro (alusão às fracas instalações, porque a população genéricamente considerada merece-me todo o respeito).

A grande surpresa da noite veio da Trofa, cidade que herdei da minha mãe. Desta não estava mesmo à espera. Quando, no desenrolar da noite eleitoral, me contaram, mandei o meu interlocutor “pastar”, por se estar a aproveitar de uma situação de acesso privilegiado às fontes para gozar com a minha ignorância. No entanto, horas depois, o STAPE confirmava a hecatombe do PSD.

Conhecendo um pouco a autarquia, abri os jornais para perceber se já havia acontecido algum fenómeno parecido com os suicidios em massa da France Telecom, mas se aconteceu, os jornais ainda não se aperceberam.

Foi, efectivamente, uma enorme surpresa para mim. No entanto, indaguei melhor sobre os motivos de tal hecatombe e parece que Joana Lima, que até aqui apenas governava o munícipio “de facto” que é a concelhia da Trofa do PS, conseguiu aproveitar o facto de ser deputada para ter uma  disponibilidade inexcedivel durante os ultimos 4 anos. Todos os sectores da sociedade trofense cruzaram-se com Joana Lima nos últimos 4 anos. Mesmo em termos de trabalho de vereação, começou a instalar-se um “a Joana resolve” na Trofa. Cavalgando a onda socialista que varreu o país nestas eleições autárquicas, a deputada destrona, com um trabalho aparentemente cheio de mérito, o PSD. Vejamos se consegue ser tão boa presidente de câmara como candidata.

Quanto à maravilhosa Setúbal, herdada do meu pai, também temos novidades. Em 2001, o PS, na pessoa de Máta Cáceres, foi despedido pelos Setubalenses com justa causa. Uma gestão autárquica atroz que, inclusivamente, tornou necessária a intervenção do Governo para garantir a solvabilidade da autarquia, atirou o PS para mínimos históricos. Em 2005, um pouco recomposto, o PS atinge os 21%, ainda atrás do PSD (o que, para quem conhece Setúbal, é um estrondoso insulto ao PS). 2009 traz-nos, agora, duas novidades: o PS inverte posições com o PSD e, com 29%, torna-se a segunda força mais votada. A CDU, que cai de 40% para 38%, alcança uma maioria absoluta que lhe havia fugido em 2005. Provavelmente, a mais pequena maioria absoluta do país. Tudo graças a um trambolhão do PSD, de 25% para 14%, que o recoloca em níveis mais consentâneos com aquela que, históricamente, é a sua votação típica.

Resta a Maia, a cidade que um filho meu herdaria de mim. Também aqui há alguns elementos surpreendentes. Fica para um outro post.

Marco e Felgueiras: Não aos caciques

O povo de Marco de Canaveses e Felgueiras disse claramente que não queria mais caciques. No caso do Marco, não foi uma surpresa. Manuel Moreira, que fez um bom primeiro mandato, garantiu a maioria absoluta e teve vida para um Avelino Ferreira Torres que não chegou aos 30%. Há 4 anos, foi para Amarante, agora regressou ao Marco e o povo cansou-se. Ferreira Torres é passado.
A surpresa mesmo veio de Felgueiras. O PSD subiu de 29 para 48% e garantiu a maioria absoluta. A troca de votos com Fátima Felgueiras parece ter sido directa, porque a candidata desceu de 47 para 25%. O espanto no concelho parece que foi geral – afinal, em 2005, Fátima vinha de uma fuga ao Brasil, graças a uma chamada amiga de Lopes da Mota, e ganhou folgadamente. 4 anos depois, é o adeus definitivo.
Mais um concelho que quis dizer não ao caciquismo. E o distrito do Porto duplamente de Parabéns.

Pum! Pum! Pum!

Nem tenho palavras: dasss! Ao fim de 6 meses e depois de duas semanas de doidos com o Aventar a vir abaixo por excesso de visitantes, eis a grande surpresa:

São 22h. O Blasfémias (eterno líder da blogosfera lusa) conta 6.274 visitas, o 31 da Armada conta 6.193, o Abrupto leva 4.156 e o Aventar já conta 7.929!!!

Ou seja, somos o blogue de política mais lido em Portugal. Já era uma ameaça, agora é uma certeza.

Aos leitores, o nosso OBRIGADO!

Matosinhos: A mãozinha venceu o coração

Tenho uma forte ligação a Matosinhos e esta eleição era para mim muito especial.
Estou em crer que todos aqueles que votaram em Narciso Miranda votaram com o coração. Narciso fez de Matosinhos aquilo que é hoje – tornou-o a primeira cidade de habitação cooperativa do país e um concelho muito atractivo para as empresas e para a população. Um concelho moderno, desenvolvido e onde é bom viver.
No entanto, cometeu um erro: não quis afrontar o PS há 4 anos e deixou o caminho aberto para Guilherme Pinto, que fora seu vereador durante muitos anos. Resutado: Guilherme Pinto impôs-se, mostrou competência, fez esquecer Narciso e, quando este regressou, foi encarado como o produto de um passado a que não se quer voltar, por melhor que esse passado tenha sido. Se tivesse concorrido na altura, teria ganho numa evolução natural de duas décadas.
Quanto ao PSD, que em 2005 chegara aos 30%, desta vez apresentou José Guilherme Aguiar e ficou-se pelos 17. Os matosinhenses não gostam muito de pára-quedistas.

Contos Proibidos: Memórias de um PS desconhecido. Frank Carlucci e o Partido Comunista

continuação daqui

«Ignorando por completo as gravíssimas declarações do então chefe do COPCON, Otelo Saraiva de Carvalho, Carlucci rapidamente perceberia a lógica da «Revolução». O velho amigo dos americanos, Costa Gomes, então Presidente da República, tinha caido na mão dos comunistas, Vasco Gonçalves era mais radical do que o próprio Álvaro Cunhal, os militares estavam ansiosos por protagonsimo e, na sua ignorância política e vaidade revolucionária, pendiam mais para o PCP, Partido que, com o apoio soviético, mais condições tinham para os aliciar. O Embaixador era um liberal de centro-direita e nada tinha, ainda hoje, de socialista. Mas compreendeu, para desespero injustificado de Sá Carneiro, que nem o então PPD, nem a Direita democrática (pág. 64)

As eleições na Figueira da Foz vistas de lá

Santana Lopes  não perdeu só em Lisboa. O seu herdeiro na Figueira da Foz (as dívidas da câmara já vão em 80 milhões) também foi derrotado. Um regresso à normalidade numa cidade que sempre tinha votado PS?

Uma crónica eleitoral, vinda de lá:

Aqui na Figueira nada de novo. Mudou a câmara do PSD para o ”ps”, o vencedor, o que não é novidade nenhuma, nem tão pouco trará novidade, pois como é sabido os “socialistas” já lá estiveram 20 anos seguidos, e, portanto, já são velhos conhecidos. De novo mesmo foi o fim das maiorias absolutas que já durava no concelho desde 1989 e a entrada de dois vereadores de uma lista supostamente independente, mas muito ligada a um dos ramos dos interesses imobiliários (o outro apostou na lista vencedora).
Houve também vencedores e perdedores individuais.
Vamos aos vencedores: José Elísio, ex-vereador da maioria cessante arrasou em Lavos ao arrebatar a Assembleia de Freguesia com uma lista independente chamada “Ou vai ou racha”. Foi e rachou. Carlos Simão, actual presidente da freguesia de S. Pedro com o apoio do “ps” e do PSD em 2005, e que desta vez perdeu o apoio dos “socialistas”. Conseguiu manter a maioria absoluta com 5 lugares contra 4 do “ps”, tendo a CDU perdido o lugar que ocupava.
Entre outros vencedores pode-se também destacar o porco no espeto, as minis e as febras, sem esquecer o conhecido empresário Aprigio Santos, este sim, talvez o verdadeiro vencedor no sentido estrito (em encaixes futuros). O popular Quim Barreiros também foi, ele próprio, um vencedor, quanto mais não seja pelo cachet que cá veio facturar.
E, agora, os perdedores: além de mim próprio, a CDU, que perdeu um mandato na Assembleia Municipal e não conseguiu eleger um vereador e Duarte Silva que, além de perder as eleições teve mesmo assim que pagar o cachet ao Quim Barreiros.

Alexandre Campos, texto completo na  Aldeia Olímpica

Uma vitória para os animais

Nunca me imaginei a ter de dar os Parabéns a este Governo, mas há que ser justo. Foi hoje dado o primeiro passo para o fim da utilização dos animais no circo – uma prática muito mas muito mais cruel do que a tourada – através de uma portaria do Ministério do Ambinete que proíbe, a não ser em casos muito excepcionais, a compra e reprodução de animais como os tigres, os leões, os elefantes ou os macacos. De fora, para já, ficam os animais domésticos, mas lá há-de chegar a altura.
É uma clara vitória para os animais e para os valores civilizacionais de um país como Portugal. Que se apoie o circo, o «maior espectáculo do mundo» – mas sem animais que nasceram para viver em liberdade e não para estarem aprisionados e a fazer habiidades durante toda a vida.
Claro que um tal de Chen, cultor de crueldades, já veio dizer que pode não comprar os animais, mas que não pode impedi-los de se reproduzirem, porque vão estar juntos. Como é óbvio, esse senhor não é inocente nem estúpido. Pensa é que os estúpidos somos nós. Para que os seus prejuizos não sejam tão grandes, aqui fica um conselho gratuito: castre apenas os machos, homem. Sempre fica mais barato do que esterilizar as fêmeas. Ou se não quiser gastar dinheiro, mantenha-os separados.

Porto: A vitória da Concelhia do PS


Neste momento, algures na rua de Santa Isabel, comemora-se a vitória de Rui Rio nas Autárquicas de ontem. É nessa rua que está sediado esse autêntico ninho de ratos que dá pelo nome de Concelhia do PS. Esses cavalheiros desde o início que disseram que não queriam Elisa Ferreira como candidata e nas reuniões iniciais chegou a haver «mosquitos por cordas» (estou muito zoófilo hoje). No momento em que Elisa Ferreira consegue esse extraordinário feito que é ser ainda menos votada do que Francisco Assis, jorrou a alegria de quem, afinal, parece que tinha razão.
Rui Rio acaba, pois, por ser o grande vencedor da noite eleitoral no Porto. Renova a maioria absoluta e, mais uma vez, não vai precisar de Rui Sá para nada. Não percebo como, mas Rio veio em crescendo desde o primeiro mandato. Ou se calhar, olhando para os candidatos que o PS tem apresentado, até percebo.
Uma última palavra para João Teixeira Lopes. O ex-aventador ressentiu-se da sua saída do Aventar 🙂 e ainda não foi desta que conseguiu dar ao Bloco um lugar na vereação portuense.

Autárquicas: Valongo e as dificuldades de governação (e Tino de Rans)

Fernando Melo faz uma pausa no seu discurso durante o quinto aniversário do Espaço Internet de Valongo, comemorado a 30 de Janeiro de 2009

O período pré-eleitoral anunciava o cenário. A campanha reforçou essa ideia. As eleições de ontem confirmaram. Valongo arrisca mais quatro ano difíceis. Fernando Melo obteve mais um mandato mas, desta vez, sem maioria absoluta. Aliás, em rigor, já não a teve no mandato que agora se prepara para terminar.

Depois de uma vitória nas urnas, por cerca de 1500 votos, em 2005, Melo enfrentou um período político muito complicado, vendo alguns vereadores eleitos na sua lista alinharem ao lado da oposição, retirou-lhes pelouros e poderes e alguns deles aprovaram mesmo um voto a retirar capacidade de gestão financeira ao presidente. Crise grave, pois. Foi uma casa onde poucos se entenderam.

O cenário pré-eleitoral já apontava para este dia seguinte. Foi a confusão geral. Maria José Azevedo e o PS não se entenderam e a vereadora avançou como independente. Os partidos partiram-se. Houve de tudo. Socialistas a apoiar a candidata independente, que também recebeu o incentivo de ‘laranjas’ descontentes com Melo, levando a que alguns dos socialistas ‘rebeldes’ regressassem ao PS e a apoiarem Afonso Lobão. Houve bem mais, mesmo nas freguesias, mas será história para outro dia.

Nas urnas, Fernando Melo saiu vencedor, com quatro eleitos, deixando o PS com três e a lista Independente a garantir dois mandatos. Gerir um concelho como Valongo nestas condições, e com os dramáticos antecedentes, não será simples. Tanto mais que a política de alianças afigura-se bem complicada. É que PS, e talvez Maria José Azevedo, podem estar a pensar já nas próximas eleições. Nessa altura Fernando Melo não será candidato.

Ah, quase esquecia um dado que pode parecer irrelevante mas não é: o independente Vitorino Silva (mais conhecido como Tino de Rans) obteve 2328 votos (!), mais que CDU e BE. O que é que isto nos diz?

ETICA E EDUCAÇÃO – 2ª PARTE (8)

ETICA E DUCAÇÃO – 2ªPARTE (8)

 c) Educação no tratamento dos problemas éticos ligados à esfera da saúde. Considerações sobre a necessidade de integração de conhecimentos ligados à saúde no âmbito da educação escolar e social

 Desde a civilização grega clássica aos nossos dias, a medicina e a ética sempre se cruzaram, mas só 2500 anos depois é que as questões do esclarecimento e da informação se colocaram no debate sobre ética médica. Em nenhum texto, desde a Antiguidade Clássica, até ao século XVIII, se ouviu falar em informar o doente. Foi nessa altura que tais questões começaram a surgir. No entanto, até meados dos anos setenta, o médico permaneceu sempre como um virtuoso, um homem que sabe e que está ao serviço do doente, pessoa fragilizada a quem a doença reduz a razão, e que se entrega de alma e coração nas suas mãos, não procurando saber, não questionando, acreditando piamente na sua capacidade de o curar.

 A medicina viveu séculos segundo o mandamento de que a saúde do doente era a lei suprema para os médicos. Hoje, a vontade do doente é a lei suprema do exercício médico. O chamado consentimento esclarecido, o consentimento após informação do diagnóstico, índole, alcance, envergadura e consequências da intervenção ou tratamento, é um direito dos doentes de hoje quando querem saber o que se passa. Mas a medicina triunfalista actual, empolgada por um admirável e quase inacreditável desenvolvimento da ciência e da técnica, mas também de um cientismo desertificante, rapidamente foi perdendo o “cuidar do doente” como objectivo central do seu interesse, começando a pôr de lado uma boa parte das imortais virtudes hipocráticas, sem as quais a medicina perde toda a sua humanidade.

 Por outro lado, a sociedade, ao invés de humanizar as leis, vai-as subvertendo no dia a dia, ao tecer a corda cada vez mais forte com que enforca cada vez melhor os mais fracos. Por isso, na educação para a cidadania, a informação do cidadão e os conhecimentos que deve possuir em relação à medicina e à saúde não podem limitar-se à sua situação individual. (Continua)

 

                           (manel cruz)

(manel cruz)

QUADRA DO DIA

Desde o Minho ao Algarve

 

E da serra até ao mar

 

Não há igreja que não tenha

 

Uma virgem a aterrar.

Lisboa: A vitória de Roseta

Helena Roseta, número 2 da lista de António Costa, foi uma das vencedoras da noite de ontem. Afinal, o seu Movimento Independente, que conquistara 20 mil votos em 2007, contribuiu largamente para a vitória de António Costa. Recorde-se que o PS venceu por uma diferença de cerca de 15 mil votos. Se tirassemos ao novo Presidente da Câmara os votos de Roseta, Santana vencia por 5 mil de diferença.
O mesmo não se pode dizer dos 13 mil votos alcançados por Sá Fernandes na lista do Bloco de Esquerda. É duvidoso que, sozinho, ele voltasse a alcançar o mesmo resultado.
Eis a razão pela qual António Costa, se não está dependente do PSD, está fortermente condicionado pelo acordo feito com Helena Roseta, que – já o provou – tira o tapete ao PS logo que lhe der jeito. É que, sem Roseta, não tinha havido Costa Presidente, como se viu, aliás, eplas sondagens feitas antes do acordo.

CALINADAS E CALINADINHAS

“HÁ CERCA DE UM ANO” e não “À CERCA DE UM ANO” (Brrrrrrr).

“SITUAÇÕES COM QUE UM ALUNO NÃO BRINCA” e não “SITUAÇÕES QUE UM ALUNO NÃO BRINCA”. (Brr)

Bom autarca / Mau cidadão

Para se ser o primeiro é preciso não se ser o segundo? Esta questão colocou-se já várias vezes no nosso panorama político. E a verdade é que as pessoas votam no bom autarca ou no bom político e esquecem a pessoa.

Se virmos bem, esta decisão ou esta hierarquia de valores é normal, ou pelo menos usual numa sociedade de interesses e não de valores. É normal para uma sociedade que vive para o curto prazo e não para o médio e longo prazo. É a mesma sociedade que gasta os recursos naturais como se não houvesse futuro, como se as gerações que ai vêm nada tenham a ver connosco.

É tambem assim que chegamos ao descalabro financeiro e económico que vivemos, onde não interessam valores, nem regras, mas antes o lucro fácil, e a ilusão que a falta dos valores éticos não se pagam, e caros, mais tarde ou mais cedo.

Pode-se ser bom autarca não se sendo bom cidadão ? Assim, olhando para Izaltino, parece que sim, todos lhe gabam a obra.O que ninguem consegue saber é que obra teria Izaltino se fosse bom cidadão e não andasse a contas com a Justiça.

O que perde Izaltino por estar fragilizado, perante os grandes interesses que gravitam à volta da Câmara de Oeiras? Ou melhor. O que perde Oeiras ?

Não me parece que os eleitores ponderem estas questões. Se o poder isola quem o detem, o poder fragilizado é muito perigoso, manda quem não tem mandato popular.

É a verdadeira negação da Democracia!

MENSAGEM DE MICHAEL MOORE A OBAMA

Mensaje de Michael Moore a Obama: Si no sale de Afganistán, devuelva el Premio

http://www.cubasi.cu

Traducido por Cubasí
Estimado presidente Obama,

Qué bueno que haya sido reconocido hoy como un hombre de paz. Sus rápidos, tempranos pronunciamientos -el cierre de Guantánamo, el traer las tropas de Iraq a casa, su deseo de un mundo libre de armas nucleares, el admitir a los iraníes que derrocaron a su presidente elegido democráticamente en 1953, el pronunciamiento de un gran discurso ante el mundo islámico en El Cairo, eliminó ese término inútil de “Guerra contra el Terror”, que haya puesto fin a la tortura- todo esto nos ha hecho sentir un poco más seguros, teniendo en cuenta el desastre de los últimos ocho años. En ocho meses usted ha hecho un giro y ha conducido a este país en una dirección mucho más sana.

Pero…

La ironía de que se le haya otorgado este premio en el segundo día del noveno año de lo que se está convirtiendo rápidamente en su guerra en Afganistán no pasó desapercibida para nadie. Usted está realmente en una encrucijada. Usted puede escuchar a los generales y expandir la guerra (sólo para dar lugar a una previsible derrota) o puede declarar por terminadas las guerras de Bush, y traer todas las tropas a casa, ahora. Eso es lo que un verdadero hombre de paz haría. No hay nada malo en que Usted haga lo que el último tipo no pudo hacer- la captura del hombre o los hombres responsables de los asesinatos en masa de 3.000 personas el 9/11-. PERO NO PUEDE HACERLO CON TANQUES Y TROPAS.

Usted está persiguiendo a un criminal, no a un ejército. Usted no utiliza un cartucho de dinamita para deshacerse de un ratón. Los talibanes son otra cosa. Eso es un problema que debe resolver el pueblo de Afganistán -como hicimos nosotros en 1776, los franceses en 1789, los cubanos en 1959, los nicaragüenses en 1979 y la población de Berlín Este en 1989- Una cosa es cierta, todas las revoluciones llevadas a cabo por personas que desean ser libres, en última instancia, tienen que lograr la libertad por sí mismos. Otros pueden ser solidarios, pero la libertad no puede entregarse desde el asiento delantero del Humvee de otra persona.

Ahora usted tiene que finalizar nuestro involucramiento en Afganistán. Si Usted no lo hace, no tendrá otra opción que devolver el premio a Oslo.

Saludos, Michael Moore

P.D. Su oposición ha pasado la mañana atacándolo por traer esa buena voluntad a nuestro país. ¿Por qué ellos odian tanto a los Estados Unidos?

Me da la impresión de que si ud descubriera la cura contra el cáncer esta tarde ellos lo hubieran estado denunciando por destruir la libre empresa, porque los centros de cáncer tendrían que cerrar. Hay otros que dicen que Ud. no ha hecho nada todavía para merecer este premio. En lo que a mí me concierne, el solo hecho de que Ud. se haya ofrecido para caminar en un campo minado de odio y tratar de deshacer el daño irreparable que el último presidente causó, no solo es apreciado por mí y por millones, sino también un acto de verdadero coraje. Por eso Ud. obtuvo el premio. El mundo entero depende de EE.UU y de Ud. para literalmente salvar este planeta. No los defraude.

http://www.cubasi.cu/DesktopDefault.aspx?SPK=160&CLK=249360&LK=1&CK=127372&SPKA=35

PCP: Ainda um bastião autárquico

Com quase 30 municípios, o Partido Comunista continua a ser o único bastião autárquico que consegue fazer frente ao PSD e ao PS. A sua implantação no poder local continua intacta, mesmo que tenha perdido Câmaras como a da Marinha Grande para um PS cuja dinâmica de vitória iniciada nas Legislativas continuou ontem.
Ao contrário do Bloco de Esquerda, o PCP continua a ter uma estrutura forte por todo o país e, tal como aconteceu há duas semanas, as suas perdas foram meramente residuais.
Infelzimente, o seu poder real no Porto e em Lisboa vai ser pouco mais do que simbólico, visto que as maiorias absolutas conquistadas permitirão a António Costa e a Rui Rio descartar e ignorar Rubens de Carvalho e Rui Sá. Afinal, a cultura do diálogo é só para quando se tem maioria relativa.

O «ranking» das escolas: Uma comparação 2001 – 2009


Retirado de http://1.bp.blogspot.com/_RbVUgAiJFaQ/SRv3afG-cCI/AAAAAAAAAFc/RIsTgy7_uEs/s320/ranking+das+escolas03.jpg

São estes os verdadeiros números do «ranking» que interessam. À medida que as medidas de Maria de Lurdes Rodrigues foram sendo implementadas, as escolas públicas foram desaparecendo do mapa:
Média 2001/2006 – 2 escolas públicas nos 10 primeiros lugares; 6 nos 20 primeiros; 10 nos 25 primeiros; 33 nos 50 primeiros. 2007 – 1 nos 10 primeiros; 5 nos 20 primeiros; 9 nos 25 primeiros; 28 nos 50 primeiros. 2008 – 0 (ZERO) nos 10 primeiros; 3 nos 20 primeiros; 7 nos 25 primeiros; 23 nos 50 primeiros.
No «ranking» de 2009, cujos resultados acabam de se saber, há uma escola pública nos vinte primeiros lugares. E mesmo essa, não serve de grande exemplo: só levou a exame 14 alunos.
Foi a isto que conduziu a política educativa da Ministra da Educação e do actual Governo. E de quem é a culpa que as escolas públicas estejam a desaparecer progressivamente dos primeiros lugares do ranking?Deve ser dos professores. Os tais que, pelos vistos, dantes não eram avaliados, mas que conseguiam melhores resultados para os seus alunos do que agora.
Ou então é dos alunos. Aqueles que são cada vez menos responsabilizados e cujo sistema facilita cada vez mais a sua progressão, ao ponto de se querer acabar com as reprovações. Aqueles que vêem que tanto faz reprovar porque se está doente ou porque se vai para o café. Aqueles que vêem que tanto faz estudar ou não.
Da senhora ministra? Que ideia! Nem pensar! Então não se vê o clima sadio que ela criou nas escolas para professores e alunos. Então não se vê como as escolas privadas vão esfregando as mãos de contentes?

Muito mais haveria a dizer sobre isto. Porque, no fim de contas, as escolas privadas não são em nada melhores do que as públicas. Algumas serão, a maioria não. A falácia destes números, onde tanto vale uma escola com 50 exames como outra com 500, e onde tanto vale seleccionar os alunos como acolhê-los a todos, não esconde, no entanto, o desaparecimento das escolas públicas desde 2005.
Desde o dia em que Maria Lurdes Rodrigues entrou no Ministério da Educação para enfernizar a vida a toda a comunidade educativa com os milhares e milhares de diplomas, leis, decretos e despachos que diariamente ia vomitando para cima das escolas.
A História lhe fará a justiça devida.

O «ranking» do Aventar aqui

Resultados das Autárquicas: Comparação 2005 – 2009

comparação
Ver todas as comparações entre 2005 e 2009 aqui.

A grande «débacle» do Bloco de Esquerda (onde se fala de um CDS que não foi a votos)

O Bloco de Esquerda sofreu uma grande derrota na noite de ontem. Quem esperava a continuidade dos resultados das Legislativas deve ter sofrido uma grande desilusão. Para além de provar que não está minimamente implantado ao nível do poder local, viu-se que nem nas grandes cidades o está. No Porto, continua sem eleger vereadores. Em Lisboa, perdeu mesmo o único que tinha.
A verdade é que, em Lisboa, o Bloco foi prejudicado pelo chamado «voto útil» – utilizado por todos aqueles que receavam uma vitória de Santana Lopes. No Porto, foi – inexplicavelmente – o costume.
Comparações com o PRD, essas, são pouco avisadas. O Bloco já tem uma estrutura minimamente organizada, tem o seu eleitorado fiel e tem uma história. O PRD nada tinha e por isso desapareceu tão rapidamente como tinha aparecido. Não é o caso do Bloco.
Quanto ao CDS, como disse aqui o João Paulo, não foi a votos. Coligou-se com o PSD em muitas Câmaras e, quando não se coligou, foi uma nulidade. Ou a demonstração de que a dinâmica das Autárquicas nada tem a ver com a dinâmica de umas Legislativas, através das quais o CDS ganhou o poder de ser o fiel da balança nos próximos anos.

COMENTÁRIO AO COMENTÁRIO DO AMIGO CARLOS RUÃO

Amigo Carlos Ruão

Um abraço e o meu obrigado por teres respondido ao meu humilde comentário.

Gosto muito de poesia, gosto de tentar fazer poesia, mas não sou um letrado em poesia. Aquilo que digo é fruto do que sinto e não propriamente do que sei, que é muito pouco.

 Na realidade, o que eu sinto é que é muito difícil alguém saber o que é a poesia. Desde a antiguidade aos tempos de hoje, embora toda a gente tenha o direito de emitir a sua opinião. Até hoje, nenhuma explicação, das que tenho lido, me deixou satisfeito. E já agora, gostaria de dizer que sendo eu materialista, em todo o sentido filosófico-científico, não admitindo qualquer dualidade corpo-espírito, penso que a única explicação do que é a poesia poderá vir a ser dada pela neurofisiologia, quando a neurobiologia do espírito for elevada a ciência incontestável, como espero. A partir do substracto fisiológico e neuronal, poderá perceber-se, creio, o seu valor e significado estético e sentimental.

 Quanto à identidade gemelar entre beleza e poesia, creio, amigo Carlos Ruão, que é uma realidade, ainda que o belo se esconda por detrás de textos sublimes ou terríficos, como acontece no Paraíso Perdido. Um objecto artístico não faz parte da realidade concreta do dia a dia. Se estamos frente a uma obra demasiado realista, ou nos identificamos com ela como objecto da realidade quotidiana, “convivemos”, dentro dos horizontes sempre limitados de uma realidade sem preocupações de dimensão universal. Nestas circunstâncias, muito facilmente se passa ao lado da beleza, ainda que ela lá esteja.

 Se a obra que temos na frente, ainda que representativa de uma natureza real, passa além da realidade concreta, ultrapassa a fronteira para além da qual o homem se atreve a pôr o pé na sua dimensão universal, então não convivemos com ela, mas “contemplámo-la” como arte, e, logicamente, como manifestação de beleza. Porque a beleza, quer queiramos quer não, reside na capacidade do homem de se projectar para fora dos horizontes da sua natural tendência antropocêntrica.

PS: Um excelente resultado

O PS não venceu as eleições, mas obteve um excelente resultado. Foi o Partido mais votado, ganhou várias Câmaras Municipais emblemáticas, como Leiria ou a Marinha Grande, e aproximou-se muito do PSD. De negativo e inesperado, talvez apenas a perda de Faro.
José Sócrates, obviamente, está de Parabéns. Em termos comparativos, este resultado acaba por ser melhor do que aquele que conseguiu há 15 dias. Porque subiu muito e ficou muito perto do primeiro. Só que há 15 dias foi o único Partido que desceu mas ganhou as eleições. Ontem, foi o que mais subiu e perdeu. Coisas da política.
Para além de Sócrates, António Costa foi outro vencedor da noite. Mesmo ficando refém de Helena Roseta e de José Sá Fernandes, a verdade é que sempre é melhor do que ficar refém de Santana Lopes. Não era uma vitória muito difícil de conseguir, mas a verdade é que conseguiu. No resto do país, Apolinário foi a nota negativa, Elisa Ferreira, Ana Gomes e Paulo Pedroso não fizeram mais nem menos do que deles se esperava. Muito mais fizeram todos aqueles Presidentes menos mediáticos que, pelo país, conquistaram Câmaras ao PSD e à CDU.

O BE e o PRD

Lembram-se do PRD, o partido que à sombra de Eanes obteve 17% dos votos nas legislativas ?

E que depois nas eleições autárquicas teve uma derrota estrondosa ?

Tinha algumas parecenças com o BE, não na ideologia, claro, mas como apareceu e como se desenvolveu. Cresceu depressa à custa de muito descontentamento face aos partidos existentes, especialmente o PS, era tambem um partido urbano que captava votos de um eleitorado volúvel, sem nenhuma implantação no terreno, nas autarquias, nas juntas de freguesias.

Quando o PRD teve aquele elevado resultado nas legislativas e depois nas europeias, os quadros e os que já tinham tarimba de política correram para esses lugares, ficando o partido entregue a si próprio. O trabalho de partir pedra junto das populações não foi feito e depois ruiu na primeira manifestação a sério de peso eleitoral.

O CDS aguenta-se porque não tem ninguem à sua direita para absorver e refugia-se nos braços do PSD nas autárquicas, fazendo de conta que o resultado do PSD é tambem o dele. O Portas hoje nem sequer apareceu.

Esta é uma explicação para a derrota do BE e lança desde já um limite muito sério ao crescimento do partido a nível nacional!

A máquina do tempo: a lição magistral de Unamuno

Andando exactamente 73 anos em direcção ao passado, viajemos até 12 de Outubro de 1936, para Salamanca, uma das mais belas cidades de Castela e assistamos a uma cena dramática. Uma entre milhares das que, por aqueles últimos anos da década de 30, Espanha foi cenário. Quando a Guerra Civil foi desencadeada, de 17 para 18 de Julho, com o desembarque do Exército de África, Salamanca foi rapidamente tomada pelas tropas rebeldes (no dia 22). A cidade transforma-se na capital provisória, com ministérios e sede de organizações falangistas. O reitor da Universidade, Miguel de Unamuno, defendera inicialmente a sedição contra a República, chegando a fazer um apelo aos intelectuais europeus para que apoiem a rebelião. Mas a sua adesão ao movimento é breve. A repressão criminosa anda à solta pela cidade. Começam os fuzilamentos. Os intelectuais são presa apetecida pelos falangistas – e fácil, pois em geral não são de grandes resistências. Em fins de Julho, nos bolsos do reitor amontoam-se cartas de familiares e de amigos seus presos – professores, escritores, jornalistas, artistas, pedindo-lhe que use a sua influência para livrar os entes queridos da morte. Unamuno vai, no início de Outubro, ao paço episcopal, onde Franco está a residir e instalou o seu posto de comando, suplicar clemência para os amigos. Inutilmente, pois todos vão sendo executados.

Unamuno já não acredita naquela gente e arrepende-se de a ter apoiado com o seu prestígio de figura mundialmente conhecida, espantando e desiludindo a intelectualidade internacional que, salvo raras excepções, condena o golpe militar fascista contra a República. Vai-se apercebendo, dia a dia, do horror que alastra por Espanha. Em 12 de Outubro (faz hoje 73 anos) decorre no sala dos actos (o «paraninfo») da Universidade a abertura solene do ano académico. Unamuno, acabrunhado, decidira não falar e vai tomando apontamentos enquanto os discursos «patrióticos» se sucedem. De súbito, põe-se de pé. As palavras saem-lhe de um jorro, como um impetuoso rio de lava:

«Falou-se aqui de guerra internacional em defesa da civilização cristã; eu próprio o fiz. Mas não, a nossa é apenas uma guerra incivil. » (…) «Vencer não é convencer e é preciso convencer, principalmente, e não pode convencer o ódio que não deixa lugar para a compaixão. Falou-se também de catalães e bascos, chamando-lhes anti-Espanha; pois bem, com a mesma razão podem eles dizer o mesmo. E aqui está o senhor bispo, que é catalão, para vos ensinar a doutrina cristã que não quereis conhecer, e eu, que sou basco, levei toda a minha vida a ensinando-vos a língua espanhola, a qual não sabeis…»

Nesta altura, o general Millán-Astray, que odiava Unamuno, que o acusara de corrupção, começou a gritar «-Posso falar? Posso falar?» A sua escolta puxou das armas e alguém entre o público gritou – «Viva a morte!». O general derrama todo o seu estúpido rancor, designando a Catalunha e o País Basco como cancros de Espanha. Contudo, acrescenta, o fascismo redentor de Espanha iria exterminá-los cortando em carne viva como um frio bisturi. Está tão enraivecido que fica sem voz. Ouvem-se então diversos vivas a Espanha. Fez-se um silêncio absoluto e mortal. Os olhos voltaram-se para Unamuno. Erguendo-se, este profere um discurso que será a sua derradeira lição, a sua lição magistral:

«Conheceis-me bem e sabeis que não sou capaz de ficar em silêncio. Por vezes, ficar calado é o mesmo que mentir, pois o silêncio pode ser interpretado como aceitação» (…) «Acabo de ouvir o grito necrófilo e insensato de “Viva a morte!” Isto soa-me igual a “Morra a vida”. E eu que passei toda a vida a criar paradoxos que provocaram a reprovação e o enfado daqueles que os não compreenderam, tenho de vos dizer, com autoridade na matéria, que este ridículo paradoxo me parece repelente. Uma vez que foi proclamada em homenagem ao último orador, entendo que foi a ele dirigida, se bem que de uma forma excessiva e tortuosa, como testemunho de que ele próprio é um símbolo da morte. E outra coisa. O general Millán-Astray é um inválido. Não é preciso que o diga em tom mais baixo. É um inválido de guerra. Também o foi Cervantes. Porém os extremos não servem como norma. Desgraçadamente, hoje em dia há demasiados inválidos. E depressa haverá mais se Deus não nos ajudar. Custa-me pensar que o general Millán-Astray possa ditar normas de psicologia de massas. Um inválido que não tenha a grandeza espiritual de Cervantes, que era um homem, não um super-homem, viril e completo apesar das suas mutilações, um inválido, como disse, que não possua essa superioridade de espírito, costuma sentir-se aliviado vendo como aumenta o número de mutilados em seu redor» (…)«O general Millán-Astray gostaria de criar uma Espanha nova, criação sem dúvida negativa, à sua própria imagem. Por isso ele desejaria uma Espanha mutilada».

Millán-Astray que entretanto recuperara a voz, ruge: «Morra a inteligência!». Unamuno responde-lhe com a serenidade de quem se sabe irremediavelmente condenado: «Este é o templo da inteligência! E eu sou o seu supremo sacerdote! Vós estais profanando o seu recinto sagrado. Sempre fui, apesar do que diz o provérbio, profeta no meu próprio país. Vencereis, mas não convencereis. Vencereis porque tendes força bruta de sobra; mas não convencereis, porque convencer significa persuadir. E para persuadir necessitais de uma coisa que vos falta – razão e direito na luta. E parece-me inútil pedir-vos que penseis em Espanha».

Carmen Polo, a mulher de Franco, dá o braço Unamuno e acompanha-o até sua casa, protegendo-o da fúria dos falangistas. Em todo o caso, o marido censura Millán por não ter executado o professor logo após o seu discurso. Há quem proponha a sua expulsão do cargo de reitor, acusado de tudo, o que da perspectiva fascista era condenável. No dia 22 de Outubro Franco assina o decreto da destituição. Prisioneiro em sua casa, dá uma entrevista ao escritor e filósofo grego Nikos Kazantzakis (1883-1957) em que, em certo passo, afirma: «Um dia, em breve, levantar-me-ei, e lançar-me-ei na luta pela liberdade, eu sozinho. Não, não sou fascista, nem bolchevista; sou um solitário». Morre em sua casa em 31 de Dezembro de 1936, de doença súbita. Apesar de tudo o que se tinha passado e de praticamente o terem mantido sob prisão domiciliária, os falangistas fazem-lhe um funeral exaltante, como se em vida ele tivesse sido um deles. Morto, já não os pode desmentir nem afrontar.

Ortega y Gasset escreve: «A voz de Unamuno ecoava sem parar por toda a Espanha há um quarto de século. Ao cessar para sempre, temo que o nosso país sofra uma era de silêncio atroz». Não se engana – o «silêncio atroz» irá durar até 1975.

PSD: Uma vitória pobre, mas uma vitória

Repito o título do «post» de há 15 dias, quando analisei o resultado das Legislativas. O PSD ganhou as eleições. Perdeu votos, perdeu Câmaras, mas ganhou. Teve mais mandatos do que o PS e manteve a Associação Nacional de Municípios. É assim que se faz sempre a contabilidade e quem diz o contrário não é sério.
Apesar de tudo, foi uma vitória pobre, como digo no título. O PSD perdeu várias Câmaras importantes para o PS e, de relevante, apenas a conquista de Faro pelo surpreendente Macário Correia. Há também a salientar a conquista de Felgueiras, mas aqui mais pelo simbolismo do que pela importância da edilidade. Quanto ao resto, perdeu Lisboa, como se esperava (e era quase impossível ganhar), mas manteve a maioria absoluta do Porto.
Num balanço final (agora que se afiam as facas), Manuela Ferreira Leite poderá dizer que sai de cabeça werguida e que, das 3 eleições que disputou, ganhou 2. Por azar, perdeu a mais importante das três. E por azar também, não teve qualquer mérito na vitória de ontem, como dizia o imbatível Luis Filipe Menezes.
Podia ter sido pior…

RESULTADOS NACIONAIS POR CONCELHO E POR FREGUESIA

distribuição de câmaras 2009Para saber todos os resultados Nacionais, por Concelho e por Freguesia, respeitantes às Eleições Autárquicas de 2009. CLIQUE AQUI.

E o grande vencedor da noite foi… o Aventar!

Pois é, o Aventar foi o grande vencedor da noite eleitoral. 6000 visitas, 1200 das quais numa hora só (até tivemos um apagão) e mais de 11 mil páginas lidas. Resultado: estamos no top-25 do número de visitas e do número de páginas. E se era impensável para nós, há seis meses atrás, estarmos à frente do Arrastão nas páginas lidas (mesmo que seja uma situação temporária, sabe bem!), mais impensável ainda era entrarmos no top-25 das visitas diária e conseguir ultrapassar um blogue histórico como o HotTVNews.
Hoje e nos próximos dias, continuaremos a dar-lhe em força com as Autárquicas. Vamos virar-nos para as regiões. É esse um dos segredos do nosso êxito. É que, meus senhores, Portugal não é só Lisboa e Porto.

Maia: Uma Vitória "À Frente do Seu Tempo"

A vitória histórica de António Bragança Fernandes (PSD) na Maia, por muito esperada que fosse, é um dos factos políticos mais importantes na AMP.

Pela primeira vez nos últimos 12 anos, o PSD foi sozinho a votos. Outro dado suplementar era, sem dúvida, o bizarro de ter como seu adversário na contenda o seu anterior Assessor de Imprensa, o levemente mediático Álvaro Braga Júnior, presidente do quase-defunto Boavista. A juntar a tudo isto tinha um PS renovado (bem ou mal mas renovado) e um Bloco e CDU com expressão no concelho. Agora juntem a tudo isto uma vitória esmagadora do Partido Socialista nas eleições legislativas quinze dias antes, vencendo em 16 das 17 freguesias da Maia. Agora que já começaram a juntar todas as peças, acrescentem estas: nas eleições de 2005, em coligação com o CDS, António Bragança Fernandes obteve 52,4%.

Hoje, António Bragança Fernandes, volta a entrar na Torre Lidador com quase 58% e oito vereadores (mais dois que em 2005), com mais Juntas de Freguesia (apenas não obteve Gondim e Gueifães, que já eram do PS – partido que viu fugir duas Juntas: a  Junta de Freguesia de Milheirós, cujo presidente foi o candidato do PS à Câmara e , ao fim de muitos e muitos anos, a mais populosa freguesia da Maia, de seu nome Águas Santas). Acresce mais uma vitória absoluta para a Assembleia Municipal.

O Partido Socialista teve um resultado desastroso: perdeu em todas as freguesias, das quatro lideranças de freguesia apenas aguentou duas e teve um dos piores resultados autárquicos de sempre. Quem ler o que escreveram os blogues socialistas nestes últimos dias só pode, em boa verdade, rir a bom rir e esperar que digam qualquer coisinha a explicar o que aconteceu. Aliás, um seu militante, de nome Cláudio Carvalho (ESTE) consegue mesmo ganhar o prémio de “Cromo do Ano”. Andou a destilar ódio e em tudo viu conspirações do demónio contra o PS – desde a comunicação social até ao gabinete de imprensa da câmara. Não escondo, foi um prazer ver o povo da Maia a dar-lhe semelhante resposta.

Uma palavra para o resultado do CDS: 3,9%. Foi um duro castigo. Muito duro. Ficou reduzido a um Deputado Municipal, perdeu voz no Executivo e pode ter hipotecado o seu futuro em termos concelhios.

Para o fim fica uma última palavra para o grande vencedor da noite: António Bragança Fernandes. Conseguiu um resultado histórico fruto da sua maneira de ser e da sua forma de estar. É um Presidente a tempo inteiro, que vai a tudo, que todos ouve e que trabalha de uma forma quase irreal (que o digam os que com ele lidam diariamente: às 7h já está ao serviço e nunca se sabe a que horas termina). Para ele, desde o pequeno buraco na estrada até ao grande projecto na zona industrial, tudo é importante.

Foi uma vitória à imagem do concelho: À Frente do Seu Tempo.

OS LÍDERES POLÍTICOS NACIONAIS

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TODOS A GANHAR, MENOS UM
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Tudo ganha minha gente. Uns ganham mais Câmaras, outros ganham mais votos, outros têm a maior subida, outros ganham porque sempre ganham, e um perde, apesar de também ganhar, porque não atingiu nenhum dos grandes objectivos e perdeu imensos votos.
O nosso Primeiro, que vai hoje ser indigitado como novo Primeiro Ministro de Portugal, está feliz. Subiu no número de Câmaras, subiu no número de votos e ganhou para toda a gente.
A sra d Manuela, está feliz apesar das infelicidades. Perdeu Lisboa, ganhou o Porto, Espinho, Felgueiras e Faro. Perdeu vinte Câmaras, mas continua a ter o maior número. Perdeu votos.
O sr dr Paulo Portas, está moderadamente contente. Mantém Ponte de Lima, e subiu no número de votos.
O sr Jerónimo de Sousa, está infeliz, mas não deixou de ganhar. Derrotou estrondosamente o BE mas sem a beleza de outros tempo a nível Nacional.
O sr dr Francisco Louçã, está muito infeliz. Não elegeu Teixeira Lopes no Porto. Não elegeu Luís Fazenda em Lisboa. Desceu estrondosamente no número de votos. É uma derrota em toda a linha, regressando a números de 2005. Tudo o que depressa sobe, mais depressa desce.

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JM
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