Gripe A: não deveriam os alunos receber a vacina?

Que mal pergunte: mas, as crianças não deveriam ser vacinadas?

A resposta não é só económica?

Marcelo não é Cristo mas é o salvador

Vaga de fundo em preparação para Marcelo Rebelo de Sousa voltar à presidência do PSD.

 

Rangel, Arnault, Sarmento atacam em várias frentes para lançarem o professor que, como já aqui disse , tomou a iniciativa de uma reunião que não resultou, o que  lhe permitiu colocar-se na posição do "bonzinho".

 

Vai deixar que Manuela Ferreira Leite faça o trabalho dificil de dar passagem ao Orçamento na Assembleia da República, e depois avança, sabendo que só ele dentro do PSD tem um grupo parlamentar com que pode contar. Não é dele mas é de MFL, e esta vê em Marcelo credibilidade bastante.

 

Não ganhando e não estando desgastado pelas recentes eleições, Marcelo pode, no entanto, ser o real vencedor, esperando que o tempo lhe traga o poder. Só precisa de não cometer erros, apresentar um programa alternativo ao PS e rodear-se de meia dúzia de nomes "sem passado ".

 

A classe política está tão desgastada por escândalos, por maus resultados, pelo empobrecimento contínuo do país, que tudo indica que Marcelo pode acreditar que "Jesus voltou à terra!"

SiMPLEX

Recebi uma carta registada de uma instituição pública, notificando-me de uma decisão administrativa e dando-me dez dias para impugnar judicialmente.

 

A carta tem a data de 16/09/2009 e eu recebi-a no dia 27/10/2009, isto é, um mês e onze dias depois.

 

Receoso que se tivesse desencaminhado "no meio caminho andado" dos CTT, desloquei-me à estação de correios da minha zona. Lá estava a data de entrada nos CTT, 23/10/2009 . Demorou quatro dias a chegar às minhas mãos após a sua entrada nos CTT.

 

 É, pois, a instituição que escreveu a carta com data de 16/09/2009 e que me dá dez dias para reagir, que está profundamente imbuída do espirito Simplex. E, agora, como vai ser ? Hoje já verifiquei, via Internet, no "sitio" da instituição, que foi feito um registo de uma acção que deveria ser posterior à minha impugnação, a que tenho direito.

 

Vou lá amanhã, dizer à senhora do balcão, com provas documentais, que não tive oportunidade de exercer os meus direitos cívicos.

 

Quantos papéis e solicitações e caminhadas vou ter que fazer para me concederem o previlégio de exercer o meu direito de cidadão?

 

Multiplique-se estres atrazos de vida, por milhares de cidadãos, por milhares de empresas, e fica-se com uma ideia do que são e como são prejudiciais os chamados "custos de contexto" !

 

Trata-se de entregar em tempo útil uma simples " carta a Garcia…"

Os Encarregados de Educação, essas pragas

4 anos de intoxicação da opinião pública, por parte de um Ministério da Educação lamentável, deu este resultado: os Encarregados de Educação julgam-se donos das escolas.

Vão para os Conselhos de Turma questionar os métodos dos professores, pôr em causa as regras na sala de aula e na escola, acusar todos aqueles que, na sua visão redutora, são demasiado exigentes para os meninos. Ainda por cima, em vez de serem representantes dos Encarregados de Educação, representam apenas os seus próprios educandos e não falam de outra coisa que não os filhos.

Para cúmulo, muitas vezes são professores.

Se fosse o defunto Secretário de Estado Pedreira, diria que, quando se dá uma bolacha a um rato, ele a seguir pede um copo de leite. E depois dá nisto!

A vara socialista

Estão em toda a parte. Do partido para o governo. Do governo para as empresas .Das empresas para os negócios. Dos negócios para a corrupção. Da corrupçao para arguido. De arguido para a prescrição. Ou para as escutas ilegais. Ou para a obtenção de prova de forma ilegal. Para a impunidade!

 

Passados uns tempos, com a calmaria e os holofotes virados para outros que tais, aí voltam eles, bem acomodados em empresas públicas, ou em funções de poder que os protegem, colocam camarada ali, estrategicamente, familiares acolá e tudo volta ao mesmo.

 

Varas deles, muitos, com muita experiência, tanta, que às vezes nem se percebe como falam ao telefone a pedir "recuerdos". A família dá o nome, as propriedades estão em nome dos filhos ou em off-shores, os advogados são os melhores, o negócio já conta com a eventualidade de se distribuir algum.

 

São demitidos de funções por perderem a credibilidade e a seguir aparecem como banqueiros, quando o negócio bancário é, por definição, um negócio de confiança. Mas com eles tudo perde o valor, tudo perde o sentido, tudo é possível.

 

São tantos os casos que vieram a público sobre gente com funções governamentais e de Alta Gestão, que se começa a perceber porque não há condenações.

 

A economia  desacelarava !

Podem os homens viver sem as mulheres?

 Recentemente ouvi um desabafo que não me saiu mais da cabeça.  Um homem contava, aparentemente sem drama nem cinismo, que, após um divórcio mais ou menos civilizado, havia desistido das mulheres. Ou melhor, desistira de relacionamentos com alguma profundidade.

 

Admitia encontros esporádicos, sem compromisso, desde que estivessem claras e fossem aceites por ambas as partes as condições em que os encontros decorreriam. Em síntese, seriam encontros sexuais com a garantia de que nunca se tornariam em algo mais do que isso. Se elas estivessem dispostas, claro. E aproveitou o embalo para fazer um elogio do celibato, garantindo que agora se sentia mais livre, mais autónomo, capaz de decidir sem amarras e sem cedências à vontade alheia.

 

Lembrei-me de uma velha canção do Tom Waits, “Better off without a wife”, um elogio à amizade entre homens e às vantagens de poder dormir até ao meio dia, sair quando se entende, ir de pescaria ou ficar a uivar à lua sem nunca ter de prestar contas a nenhuma mulher. Tudo isto com a ironia de Waits, ou não tivesse ele acabado por casar não muito depois de ter gravado essa canção. 

 

Para os homens da geração do meu pai, e salvo meritórias excepções, viver sem mulher comportava problemas logísticos de tal ordem que não seria exactamente uma opção. Quem cozinharia, quem trataria da casa, quem se ocuparia dos filhos? Quando, ao fim de décadas, se encontravam sozinhos, por divórcio ou viuvez, deparavam-se com um caos difícil de superar, constatavam a sua inépcia para resolver aquilo que sempre lhes parecera fácil, ou no qual simplesmente nem haviam reparado.

 

Actualmente podemos acreditar, com algum optimismo, que as mulheres já não são vistas unicamente como donas de casa ou mães, as relações entre homens e mulheres já não têm como um dos alicerces essa complementação de papéis: homem ganha-pão, mulher mãe/dona-de-casa, e já se pode ponderar se os relacionamentos, com as exigências que pressupõem, valem a pena. Os jogos de sedução iniciais, as cedências, os almoços com a família dela, os aniversários para recordar, os raspanetes pelas tarefas por cumprir, as exigências permanentes do romantismo, tudo isso desaparece num ápice e fica apenas a agenda telefónica.

 

Haverá quem diga que o que fica, nessas condições, é a solidão, o vazio pela ausência de laços afectivos sólidos com outro ser humano, mas também isso corresponde a um modelo de vida de que nem todos partilham. Este homem de que vos falava no início não se manifestava contra as mulheres, não proferiu nenhuma crítica, nenhum queixume. Tendo experimentado as alegrias e as amarguras do relacionamento conjugal, chegou à conclusão de que estava melhor sem ele.

 

Dizia Waits nessa canção: “sou egoísta no que respeita à minha privacidade, mas enquanto puder estar comigo damo-nos tão bem que eu nem acredito”.

Desculpem tanto tempo às voltas com este tema, mas confesso que, tal como imagino que deva acontecer com outras mulheres, a ideia de que eles possam e queiram viver sem nós parece-me estranhíssima.

 

Mas, tal como aceito que possa existir um clube de fãs do Fernando Rocha, ou vida fora do planeta Terra, também tenho de abrir espaço nas minhas crenças pessoais para essa possibilidade fantástica. A de que haja, entre o género masculino, quem esteja convencido de que não precisa das mulheres.

 

Parabéns Astérix, Obélix & Cª pelo vosso 50º aniversário!

Em 29 de Outubro de 1959, foi posto à venda o primeiro álbum com uma aventura de Astérix e seus companheiros, criados por René Goscinny e Uderzo. Têm encantado, com as suas divertidas aventuras, sucessivas gerações de leitores.

Há festa na minha aldeia

 

Coimbra conseguiu manter dois secretários de estado, entrou em "êxtase" (dizia o Calino) porque a ministra do Ambiente é Pássaro por parte de Oliveira do Hospital, e tem agora um arguido na parte REN da operação face oculta: Paulo Penedos até candidato a secretário-geral do PS foi, e o pai Penedos secretário de estado de Guterres.

O PS de Coimbra devia receber uma medalha municipal. De mérito turístico, serviços desportivos, elevação cultural, auxílio a órfãos, não interessa, uma ou mesmo duas, acho eu.

 

Mais modernidades: Tudo pelo lucro, nada pelo roubo

Ao que parece estamos em crise, certo?

Como é que se explica que uma empresa que vende bens de primeira necessidade aos portugueses, nomeadamente à classe média e média baixa, consegue aumentar os lucros desta maneira. Repito – aumentar os lucros… Até manter seria vergonhoso… agora aumentar?!!

 

Sim, eu sei, eu é que vejo o mundo ao contrário

 

 

Os desígnios de Sócrates

Deixemo-nos de ingenuidades. Este governo tem um objectivo. Lançar os megaprojectos que interessam a construtoras, bancos, consultores, por forma a que se tornem irreversíveis.

 

O TGV já vai em cinco linhas, quando Sócrates nunca conseguiu explicar como rentabiliza uma só que seja. O aeroporto , a sua dimensão, face ao futuro do transporte aéreo que serviu para o impor , não serve agora para o parar. Quanto à construção por módulos conforme as necessidades,  nem uma palavra.

 

A ponte, a terceira, sobre o Tejo avança, quando a Vasco da Gama nem um terço da sua capacidade tem esgotada.

 

Tudo isto para financiar com dívida externa a juntar à monstruosa que já temos que pagar.

 

A composição deste governo reforça este desígnio, um núcleo duro, coeso, que centraliza o que interessa e na periferia, ministros sem qualquer peso político, a quem está reservado o fogo de artíficio.

 

Os casos que envolvem José Sócrates diminuiram-no, fragilizaram-no e como já hoje se percebe, nenhum primeiro ministro a governar em maioria teve tão forte diminuição de votos quanto este. Com este governo estão os poderosos deste país, os gestores por nomeação política, os milhares de funcionários socialistas.

 

O país empobreceu nos últimos anos, com especial ênfase nos últimos três anos e vai continuar a empobrecer, pese embora já sermos o mais pobre da UE.

 

Recuperar o tecido empresarial das PMEs, que representam 70% do emprego e 80% das exportações é que é a tarefa nacional. Inovar, ajudar a torná-las competitivas, desenvolver e exportar tecnologia, isso sim,  é que é um desígnio nacional.

 

Endividar o país para fazer mais umas obras de betão, nada tem de grande.

A máquina do tempo: José Gomes Ferreira – um «lisboeta» nascido no Porto – 2

 

Quando José Gomes Ferreira, vindo da Noruega, voltou a Lisboa, encontrou um outro  país – A Revolução continua – diziam os apoiantes da «nova ordem» que reinava nas ruas e com a repressão que condicionava as mentes. Com um ou outro acidente de percurso, a direita católica e conservadora, o chamado Governo da Ditadura Militar, ia, decreto a decreto, sob a orientação cautelosa, mas obstinada, de um tal Oliveira Salazar, eliminando os vestígios da República, suprimindo as liberdades fundamentais. Alguns amigos eram os mesmos, outros tinham morrido.

 

E surgiram alguns novos – Manuel Mendes, Bernardo e Ofélia Marques (seus «compadres», padrinhos de seu filho Raúl), Carlos Botelho, Diogo de Macedo, José Rodrigues Miguéis, João Gaspar Simões Cottinelli Telmo, a Maria e o Chico Keil… E os neo-realistas Alves Redol, Carlos de Oliveira, Fernando Namora, Manuel da Fonseca, Soeiro Pereira Gomes, Carlos Queiroz… Olha, ainda há flores/ Mas quem se atreve/a cantar as flores do verde pino/no madrigal desta manhã de pesadelos?/ E tu, papoila, minha bandeira breve,/quando voltarás ao teu destino/ de enfeitar cabelos? Estes versos, escreveu-os José Gomes Ferreira para As Papoilas, uma canção popular composta por Fernando Lopes-Graça. Na realidade, os tempos não corriam de feição «a cantar as flores do verde pino».

 

Em 1933, logo em Janeiro, o governo a que Salazar presidia criava a Polícia de Defesa Política e Social, que passaria a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado e depois a Polícia Internacional de Defesa do Estado, a PIDE, que ensombrou gerações de antifascistas, perseguindo, prendendo, torturando, matando. Em 1936 desencadeava-se em Espanha a rebelião fascista de Franco contra o governo legítimo da República – era a Guerra Civil que iria durar até 1939, num prelúdio sangrento da II Guerra Mundial, que eclodindo nesse ano, se manteria até 1945, deixando o mundo em ruínas.

 

Foi um período negro em que não publicou livros. Colaborou, sim, em revistas como a Presença, a Seara Nova, a Gazeta Musical e de Todas as Artes, na revista de cinema Imagem, no jornal infantil Senhor Doutor, onde publicou em folhetins As Aventuras de João Sem Medo. Foi na Presença que, em 1931, publicou o poema Viver sempre também cansa, que representou o arranque para uma fase decisiva da sua obra poética. Colaborou também na legendagem de filmes estrangeiros sob o pseudónimo de Álvaro Gomes.

 

Terminada a guerra com a vitória dos Aliados, nasceu entre os antifascistas portugueses a ilusão de que todas as ditaduras nazi-fascistas, lixo da História, iriam ser varridas pelas democracias vencedoras do conflito. Mas foi mesmo uma ilusão. Salazar, qual ilusionista de circo pobre, faz um truque, um passe de mágica – Portugal uma ditadura? Que ideia! – O regime corporativo, onde a saudação de braço estendido, como na Itália fascista ou na Alemanha nazi, foi ritual corrente e, por vezes, obrigatório, transformou-se numa «democracia orgânica».

 

Foi criado o Movimento de Unidade Democrática e Gomes Ferreira aderiu, tal como a grande maioria dos intelectuais portugueses e, em 1947, quando nasceu o ramo juvenil do MUD, escreveu a letra do hino «Jornada» ou «Vozes ao Alto», como é conhecido, com música composta por Fernando Lopes-Graça. Durante as frequentes e intensas lutas estudantis dos anos sessenta, será cantado até à saciedade por jovens, mesmo pelos que, mais à direita ou mais à esquerda, não militam no Partido Comunista, organização que estava por detrás do MUD Juvenil. O Jornada, foi também o hino que serviu de indicativo à estação clandestina Rádio Portugal Livre que, a partir de Praga, emitia diariamente para Portugal desde Março de 1962. Da colaboração entre Fernando Lopes-Graça e José Gomes Ferreira, nasceu também este «Acordai» aqui cantado pelo coro da Academia dos Amadores de Música:

 

Entre 1950, ano do O Mundo dos Outros – histórias e vagabundagens, selecção de crónicas publicadas na Seara Nova, e a sua morte, publicou cerca de quarenta títulos – poemas, obras de ficção, crónicas, livros de memórias, ensaios, peças teatrais, introduções, prefácios, comentários, notas, traduções. De um escritor que, nos primeiros cinquenta anos de vida, produzira pouco mais de meia dúzia de títulos, passou a ser um criador prolífico. No segundo fôlego do seu espírito criativo, vieram as grandes obras, as que o converteram num dos mais importantes escritores portugueses do século XX. Naturalmente que José Gomes Ferreira não publicou muito nesse primeiro meio século de vida, mas escreveu. Foi «enchendo gavetas com nuvens», para usar a expressão que ele próprio utilizou para classificar esses anos em que acumulou projectos que, por uma razão ou por outra, não concluiu.

 

Depois, as nuvens foram saindo das gavetas transmutadas em sóis luminosos: Em 1948 saiu a público Poesia I, que José considera o seu verdadeiro livro de estreia; em 1950 é publicado o volume de Poesia II, sendo também editado o livro de ficções O Mundo dos Outros. Colabora com Lopes-Graça em Líricas. Em 1956 publica Eléctrico. Em 1960 é a vez da obra de ficção, O Mundo Desabitado. Em 1961 é-lhe atribuído o Grande Prémio da Poesia pela Sociedade Portuguesa de Escritores pela Poesia III. Em 1962 é editada a Poesia IV e publicado Os Segredos de Lisboa. Em 1963 edita-se Aventuras Maravilhosas de João Sem Medo. Em 1965 sai A Memória das Palavras – ou o gosto de falar de mim.1966 é o ano de publicação de Imitação dos Dias – Diário Inventado. Em 1969 publicou os contos de Tempo Escandinavo. Em 1971, O Irreal Quotidiano – histórias e Invenções. Em 1973 Poesia V.

 

25 de Abril de 1974: manhã cedo, Rosália acordou-o dizendo-lhe que havia movimentos de tropas em redor de Lisboa. José refilou, rabugento. Levantou-se e espreitou pela janela. Pouca gente na rua. Tocou o telefone. Era o Carlos de Oliveira: «Está lá? Está lá? É você, Carlos? Que se passa? Responde-me com uma pergunta qualquer do avesso. Às oito da manhã o Rádio Clube emite um comunicado ainda pouco claro»: Depois «A Rosália chama-me, nervosa: – Outro comunicado na Rádio. Vem, depressa. Corro e ouço.» (…) «Na Rádio a canção do Zeca Afonso…» «Sinto os olhos a desfazerem-se em lágrimas». Agora, sim, é tempo de cantar flores. É tempo das papoilas, bandeiras breves, voltarem ao seu destino de enfeitar cabelos. Mas José, nos seus 74 anos de vida, já sofreu muitas desilusões. Por isso, num encontro com escritores portugueses antifascistas regressados a Portugal após o 25 de Abril, José diz-lhes: «Que esta revolução das flores não seja a revolução das flores de retórica.»

 

Em 1975 saiu Gaveta das Nuvens – tarefas e tentames literários e o volume de crónicas Revolução Necessária. Em 1976 editou-se O Sabor das Trevas – Romance Alegoria. Em 197
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foi a vez de novo volume de crónicas: Intervenção Sonâmbula. Em 1978 saíram os volumes I, II e III de Poesia Militante. Foi eleito presidente da Associação Portuguesa de Escritores. Publicou Coleccionador de Absurdos e Cinco Caprichos Teatrais. Em 1979, nas eleições legislativas intercalares, foi candidato, por Lisboa, nas listas da APU (Aliança Povo Unido).

 

Em 1980 começou o tempo das homenagens – o presidente Ramalho Eanes, condecorou-o como Grande Oficial da Ordem Militar de Santiago da Espada, recebendo depois o grau da grande oficial da Ordem da Liberdade. Nesse ano, numa altura em que o PCP já não estava «na mó de cima», portanto por idealismo e não por oportunismo como aconteceu com tantos, filiou-se no Partido Comunista Português. Publicou O Enigma da Árvore Enamorada – Divertimento em forma de Novela quase Policial. Editou-se ainda o Relatório de Sombras – ou a Memória das Palavras II. Em 1983 foi submetido a uma melindrosa operação cirúrgica, sendo também homenageado pela Sociedade Portuguesa de Autores. Em 8 de Fevereiro de 1985, morreu na sua casa da Avenida Rio de Janeiro, em Lisboa, vítima de doença prolongada.

 

Na obra de José Gomes Ferreira cruzaram-se três tendências ou correntes literárias, sem que se possa ligá-lo a qualquer delas: o eco da matriz saudosista que lhe ficou da iniciação com Leonardo Coimbra orientando-o para a devoção a Raul Brandão e a Teixeira de Pascoaes, a atracção pela forma insolitamente bela e onírica do surrealismo e o apelo constante do conteúdo do realismo socialista ou, como se chamou entre nós, do neo-realismo. Esta miscigénese deu lugar a uma escrita muito pessoal, muito original, muito fora das escolas e das classificações que os bem-pensantes usam como prótese, a crítica literária como bússola e a análise académica como bengala.

 

Falar, nestas breves linhas, de José Gomes Ferreira, foi como descrever o caminho trilhado pela inteligência através de um século manchado por numerosos estigmas – duas guerras mundiais com uma grave crise económica de permeio, o deflagrar da Guerra Fria, a ameaça da destruição nuclear, e as vésperas do colapso do «socialismo real». Em Portugal, o florescer e o ruir do sonho republicano, submerso no caos da I República e do episódio da aventura sidonista, a eclosão do corporativismo, a guerra colonial, a Revolução democrática e a desilusão que se lhe seguiu. José Gomes Ferreira, o escritor, o cidadão, viveu tudo isto nos 85 anos que a sua vida durou – alternâncias de períodos de vibração popular, de entusiasmo e esperança, com o doloroso e cinzento marasmo de quase cinquenta anos de ditadura de permeio.

 

Depois, antes da sua morte, ainda pôde assistir ao «regresso à normalidade», ao vazio que esta democracia formal nos deixa nas mãos e no coração. A sua escrita incorporou-se na luta de resistência activa que os intelectuais portugueses moveram contra a ditadura salazarista. Os seus versos, as páginas dos seus livros, as letras de canções que, musicadas por Lopes-Graça, andaram nas bocas dos antifascistas, fazem parte da luminosa estrada que sulcou uma noite mesquinha e criminosa. A sua obra foi um grito de inteligência no deserto de ideias que um regime tacanho quis fazer prevalecer sobre as mentes dos Portugueses.

 

Por isso, concorde-se ou não com as suas opções políticas, deve-se-lhe reconhecer a coragem de quem nunca se preocupou com o que lhe era conveniente, de quem sempre fez e disse o que lhe pareceu estar certo. Falar de José Gomes Ferreira foi como narrar o caminho que as suas palavras luminosas abriram através da noite escura que durante 48 anos desceu sobre Portugal. Falei de um dos grandes, de um dos maiores poetas portugueses. Ouçamos Luísa Basto cantar a sua (e de Lopes-Graça) «Jornada», mais conhecida por «Vozes ao Alto!»:

 

O fotógrafo estava lá: Alexandre Ventura é convidado para Secretário de Estado da Educação

 

foto da Universidade de Aveiro roubada ao Ramiro Marques

 

O penedo*

Esta gente custa-nos muito dinheiro, um é Presidente da REN, outro, o filho, é assessor jurídico na PT.

 

Não satisfeitos com lugares tão mal pagos, sabemos agora, pela voz do mais pequeno, que está envolvido na operação "Face Oculta" porque tambem é advogado da empresa de Aveiro que faz negócios com o seu próprio patrão. O Estado!

 

É incompreensível que o Estado pague mais que um rendimento à mesma pessoa. A haver vontade política, o Estado podia começar por aqui. Administradores em várias empresas, funções em orgãos sociais, pensões misturadas com vencimentos, numa promiscuidade de interesses que tem que levar à situação miserável em que vegetamos. Não contentes com o que o Estado lhes paga, ainda fazem uma perninha no privado!

 

As pensões, várias, de empresas públicas, atribuídas por eles próprios a si mesmos quando passam pelos lugares, acumuladas com a pensão da Segurança Social. É tudo pago pelo Estado. Claro que vão dizendo que a empresa não é do Estado coisa e tal, que o Estado só lá tem uma "golden share", mas quem lá os meteu foi o partido, com a ajuda do amigo e camarada que está no governo.

 

Num país onde os jovens quadros vão saindo por não encontrarem emprego, isto é um crime à vista desarmada e à luz do dia!

 

* pedra grande

Rendimento mínimo dos patrões

Querem os apoios, mas querem saltar fora do acordo para aumentar o salário mínimo. Será que o Paulo Portas não terá nada para dizer sobre isto?

Ou também é moderno dar dinheiro a patrões incompetentes que ficam com os descontos dos empregados?

Nota: distingo patrões de empresários. O da CIP é Patrão. Negar o direito a alguém que vive do seu trabalho o acesso a um miserável salário de 490 euros é do mais reaccionário e conservador. Até incomoda ouvir tal homem a falar.