Nem esquemas, nem reserva mental

  

 

Sem maioria absoluta, José Sócrates terá que ser, de facto, um novo primeiro-ministro. Nas suas declarações de ontem, afiançou-nos do seu interesse no diálogo com os partidos da oposição e à SIC declarou que sendo o governo do PS, tem o dever de cumprir o programa partidário apresentado aos eleitores. Eis o equívoco que não pode deixar de ser sublinhado.

 

Sócrates parece algo surpreendido pela recusa de coligações ou compromissos por parte de qualquer uma das outras formações com assento em S. Bento. Não sabemos  o que terá proposto aos seus quatro interlocutores, nem isso interessa de sobremaneira à opinião pública, mais preocupada com as dificuldades do quotidiano. Pelas declarações do primeiro-ministro, parece ter assim início aquilo que todos previam, no caso de um governo minoritário.

 

A atribuição do ónus da ingovernabilidade à oposição, segue os parâmetros há um quarto de século gizados pelo então primeiro-ministro Cavaco Silva e que em crescendo de crispação, conduziria a eleições antecipadas que proporcionaram o almejado absolutismo parlamentar.

 

Hoje, a situação é bem diferente e ninguém consegue esconder a calada semi-desilusão que a entrada de Portugal na então CEE hoje significa, com o seu cortejo de falências, liquidação de sectores produtivos tradicionais, perda de oportunidades para um prometido desenvolvimento e pior que tudo, a clara ameaça de desaparecimento do país como Estado formalmente  independente.

 

A verdade é que o novo governo não ostenta a necessária legitimidade para tentar fazer aplicar integralmente o chamado "Programa Eleitoral de Governo do PS". Perdeu quase 10% dos eleitores, dezenas de deputados e a confiança no que respeita às decisões que afectarão a vida das próximas gerações. O que J.S. deve compreender, é que mais que a arrogância e a intratabilidade, o eleitorado puniu a opção por projectos cuja valia ou interesse nacional, não são discerníveis pela maioria dos portugueses, avessos a qualquer tipo de aventureirismo. Resta-lhe a construção de pontes com os seus adversários, obtendo os consensos que a moderação e o bom senso exigem.

 

PSD não quis  acatar o programa do PS, nisto sendo seguido pelo CDS, BE e PC, confirmando-se assim aquilo que todos esperavam da oposição: a não assinatura do aval que permita loucuras a grande velocidade, negociatas turvas e alienadoras do património público, aeroportos semi-desertos ou tríplices auto-estradas destinadas à "dinamização" de negócios de companheiros de viagem.

 

Um governo minoritário – como o povo quis de forma muita clara -, é um executivo destinado a obter plataformas de entendimento e os compromissos necessários ao bem estar geral.  Não pode vingar uma vez mais o ilusionismo da vitimização. A competência de quem tem também o dever de fazer uma oposição responsável, verificar-se-á na capacidade de demonstrar até onde vão as boas intenções do diálogo, ou pelo contrário, os esquemas da reserva mental.

 

Monsanto Perde Em Casa – Braga Ganha Em Qualquer Lado – Nacional Vence

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HOUVE TAÇA EM MONSANTO (TORRES NOVAS)

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O Monsanto não conseguiu levar de vencida a equipa da primeira liga que lhe coube em sorteio nesta ronda da Taça de Portugal.

A meio da segunda parte, a equipa do Monsanto já nada podia fazer. O cansaço já era mais que evidente na altura em que Mantorras (o menino mais bem querido da equipa encarnada) entrou em campo, e acentuou-se nos últimos 10 minutos do jogo.

Depois, nada a fazer, derrota por 6 bolas a zero. Derrota demasiadamente pesada.

 

BRAGA VENCE EM QUALQUER LADO

 

Braga só sabe ganhar. Ganha seja onde for e seja a quem for. No entanto, o Covilhã mereceria ter ido a prolongamento.

 

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NACIONAL GANHOU AO VARZIM

 

 

O Nacional honrou os pergaminhos e veio ganhar a Varzim. Na segunda parte tudo se resolveu em poucos minutos.

 

A Taça de Portugal é assim.

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Houston, problema resolvido

 

Estamos de volta, apenas falta parte do nosso arquivo que ficou esquecido num porão qualquer, mas que se vai já buscar de seguida.

 

O Correio da Manha visto pelas tags

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Estas palavrinhas correspondem às etiquetas mais usadas pelo Correio da Manha, no dia 17 de Outubro do ano da graça de 2009. Ou da desgraça. Quanto maiores as letras, mais usadas as palavras. A quantidade de violações que fazem a actualidade surpreendeu-me. Parece que os portugueses entraram em regime de violai-vos uns aos outros. Ou que no Correio da Manha Online as notícias, aliás a selecção das notícias tem um critério curioso. Espreitem por lá nas caixas dos comentários e não estranhem que a pena  de morte sob tortura seja pedida linha sim, linha não. Os jornais também escolhem os seus violadores, perdão, leitores.

Helena de Lisboa

O Movimento de Cidadãos por Lisboa acolheu-se nos braços do PS nestas últimas autárquicas, o que foi para mim uma grande desilusão. Mas parece que nem tudo está perdido.

Recebi hoje por mail a notícia de que o Movimento apresentou a todos os partidos da oposição a reivindicação de anularem na Assembleia da República o contrato dos Contentores de Alcântara, acordado ente o governo de Sócrates e a Mota-Engil. Este contrato, chumbado pelo Tribunal de Contas, que enviou o relatório para o PGR, é um verdadeiro assalto a Lisboa, desde o número de contentores permitido até aos 30 anos de prazo, aos 600 camiões que terão de entrar em Lisboa numa das principais entradas de Lisboa, às obras caríssimas de abaixamento da rede ferroviária de Lisboa/Cascais, que vão obrigar a desviar o caneiro de Alcântara. E todas estas obras são pagas pelo contribuinte.

A Helena Roseta diz que a sua vida política responde pela sua independência. Também temos as presidenciais e a vontade secreta de Sócrates deixar apeado Manuel Alegre, é pois muito possível que Helena não deixe morrer o Movimento. Para já, está a prestar um grande serviço a Lisboa e ao país!

Vamos então, ver como se comportam os partidos com assento na Assembleia da República neste caso concreto que tanto criticaram!

 

Texto de LUIS MOREIRA

O Prémio Nobel da Paz, rejuvenecido

Podia-se dizer que a atribuição do Prémio Nobel da Paz a Barak Obama, seria uma surpresa. É verdade que ninguém estava a espera, e, todos ficamos felizes. A minha felicidade é apenas porque o Prémio deve incentivar ao Presidente a acabar a guerra de Iraque-notem bem, acabar a guerra de Iraque, digo, e não uma retirada. Usar essas palavras significa uma obrigação para que os iraquianos não combatam mais entre si. Nunca esqueço o dia em que foi eleito Presidente dos EUA. De imediato escrevi um texto no jornal O Interior, Intitulado: Finalmente! É verdade também que o prémio Nobel da Paz não´tem o mesmo significado desde o ano 1973, por ter-lhe sido atribuído a um criminoso que em Setembro de 1973, após dinamizar um golpe de Estado, em Novembro desse ano foi premiado. O seu colega no Prémio, Le Duc Tho, rejeitou o galardão por motivos conhecidos por todos nós. Ele tinha lutado para acabar a guerra do Vietname, o outro, após da incentivar, virou do avesso e procurou essa paz…anos depois! Le Duc Tho, tinha estado na luta e sabia o que a guerra era e a sua felicidade pela paz era autêntica.

Mas, será justo misturar Obama, esse grande pacificador, com falsos profetas? No seu discurso pré entrega do Prémio, prometeu solenemente acabar as guerras do mundo. De certeza, consegue. E mais nada digo. O facto de comentar o Prémio do Presidente, da família Iraquiana Hussein, é um orgulho: laços de parentesco, não com o ditador, mas sim com um país que sofre, como o sem Prémio Nobel deixa nas suas mãos a responsabilidade que Bush, o seu predecessor no crgo, nunca quis assumir: que o povo Iraque viva em paz. Que os Chitas não perturbem a paz. Que os Sunitas estejam reconciliados entre si e com o povo que sofre. O novo Nobel da Paz, é semelhante ao Dalai Lama, quem também recebera esse galardão. Desde o meu humilde sítio de escritor, penso e sinto que Academia Sueca não podia ter escolhido uma melhor pessoa que Barak Obama Hussein

 

Como Se Fora Um Conto – Ciclismo, Sameiras, Caramilos e Pirolitos

CICLISMO, SAMEIRAS, CARAMILOS E PIROLITOS

Com a minha infância ainda a meio, o ciclismo era uma modalidade rainha em Portugal. O hóquei em patins e o futebol, eram as outras, que moviam milhares de adeptos em delírio por esse País fora.

Como muita gente da minha geração, percorria muitos quilómetros para ver os ciclistas passarem na estrada ou para assistir a um desafio de hóquei.

Nas férias de verão, que se prolongavam quase por três meses, as brincadeiras reflectiam essa alegria e essa “afficcion”.

Durante a parte das férias que se passavam na aldeia (vila na altura e hoje cidade), a poucas dezenas de quilómetros do Porto, fazia, em conjunto com um primo que ainda hoje é um aficionado tremendo do ciclismo, uma brincadeira que julgo ser inédita.

Contada de uma maneira simples, era assim que as coisas se passavam. Cortavam-se quadradinhos de papel, pequenos, onde se escreviam os nomes e os números dos ciclistas concorrentes à prova. De um modo geral, eram os mesmos que corriam na volta a Portugal do ano em que estávamos. As equipas, claro, eram também as mesmas. Porto, Benfica, Sporting, Sangalhos, Tavira, etc.

Jogava-se de uma maneira engraçada. Como se lembrarão, alguns poucos, a rega dos campos era feita através de regos de água que percorriam um trajecto mais ou menos grande, desde o tanque onde estava armazenada até à leira a regar, com curvas largas ou em ângulos apertados. Assim, colocavam-se os quadradinhos de papel na água, e íamos seguindo o trajecto dos “ciclistas” até à leira que se pretendia regar na altura. No fim, escrevia-se numa folha de prova, a ordem de chegada, e os pontos que cada um recolhia pela classificação que obtinha. Durante o trajecto, se um papel encalhava nas pedras ou nos paus do caminho, era de imediato solto para continuar viagem. Se insistia em encalhar, era desclassificado. Havia várias etapas, cada uma no seu campo de cultivo, ou em trajectos diferentes no mesmo campo. Estas corridas, demoravam semanas a terminar uma vez que no fim de cada etapa, era necessário secar os ciclistas. Cada etapa demorava cerca de duas horas, pelo que estávamos muito tempo entretidos com estas brincadeiras.

Durante a parte das férias que se passavam na praia, as brincadeiras eram outras. Havia corridas a pé de uma praia a outra, jogos de matraquilhos (na Praia do Molhe), natação nas águas frias da Foz do Douro (Praia de Gondarém), saltos para a água (Praia do Molhe), jogos com o prego, à babona, e acima de tudo, corridas de sameiras. Era o nosso jogo por excelência, que demorava horas a executar. Era preciso construir a pista, em areia, com subidas íngremes, descidas, pontes estreitas, saltos, túneis, zonas estreitas, zonas largas, metas volantes e meta final. Quem saísse fora da pista voltava à meta volante anterior. O jogo era simples. Pegava-se nas sameiras, e na parte interior colocava-se o número e o nome do ciclista. Eu corria com o Joaquim Leão,

Um bocado de casca de laranja para dar peso no interior da sameira, ou uma tampa plástica de garrafa com areia dentro, para dar o mesmo efeito, e toca a jogar. Na altura eu era muito bom no jogo, tinha certeza na mão, força nos dedos e técnica, que era bem necessária. Havia quem tomasse nota das classificações das etapas, e no fim da corrida, com meia dúzia de etapas que se prolongavam por uma semana, o que ganhava sentia um orgulho imenso e era considerado o melhor pelos outros.

Na altura, a meio da tarde, logo após a hora do banho, não esquecer que fazíamos as três horas inteirinhas de digestão, passava a senhora da língua da sogra, ou a das bolas de berlim em miniatura, e, antes ou depois, o homem das batatas fritas à inglesa. Quem tinha dinheiro (éramos poucos os que o tinham), comprava alguma dessas coisas. Eu, tradicionalmente, esperava pelo caramileiro, depois de comer um pacote de batatas. O homem, todo vestido de branco, vendia caramilos, espécie de rebuçado em forma de guarda chuva, doce, muito doce, que eu me deliciava a comer. Na barraca de meus pais, estava à minha espera um pirolito que avidamente bebia a acompanhar o caramilo.

Eram tempos bons, esses. Sabíamos brincar. Inventávamos brincadeiras. Não havia brinquedos caros que brincavam sozinhos (por vezes nem brinquedos havia), e não nos sentíamos tristes por não termos mais nada para fazer.

Ah, esqueci-me de dizer, as sameiras, nome que na nossa zona norte dávamos às coisinhas que usávamos para brincar, eram as tampas das garrafas dos refrigerantes, que coleccionávamos (havia quem tivesse dezenas, todas diferentes). Hoje, infelizmente perdeu-se o uso do nome, e como outras coisas que nos foram impostas por terceiros e às quais mudaram o nome, chamam-lhes caricas.

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(In O Primeiro de Janeiro, 4-08-2009)

Como Se Fora Um Conto – Futebol, A Vida do Dia-a-Dia

FUTEBOL, A VIDA DO DIA A DIA

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Acho o futebol um desporto engraçado. Não que alguma vez o tenha jogado, pois que para tal prática era uma perfeita nulidade, mas gostava de ver. Na altura, já lá vão muitos anos, era eu sócio do F C Paços de Ferreira com o nº 2022, nunca me esqueci do número, ia com o criado (empregado para todo o serviço) de meu avô paterno, ou com um tio ou ainda com um primo do lado materno, ver a bola, no campo do Paços e uma ou outra vez no campo do Freamunde. O que mais me interessava era o espectáculo à volta das linhas brancas. O que os vinte e dois homens de cuecas, onze de cada lado com camisolas diferentes conforme os lados, e os três senhores de preto (na altura estavam sempre de preto) faziam, correndo atrás de uma bola, não era muito do meu interesse. Mas o que os acompanhantes, os adeptos, os simpatizantes de cada uma das equipas em confronto estavam a fazer ou dizer, tinha toda a minha atenção. Eram umas centenas de almas agritar a plenos pulmões, insultos, desabafos, incentivos e o mais que fosse, para dentro do campo. Às vezes também para fora do campo, para os outros, para os da outra equipa, para os inimigos. Os jogos mais interessantes eram os que punham frente a frente o Paços (de que eu era adepto e sócio por causa da minha família paterna) e o Freamunde (de que eu era adepto, embora não sócio, por causa da minha família materna). Em todos os jogos a que assisti, havia num dado momento pancadaria. Os de Paços e os de Freamunde, vilas que distavam entre si cerca de três quilómetros, eram inimigos figadais. Essa inimizade alastrava-se para fora do campo de futebol chegando ao cúmulo de um jovem de uma das vilas não poder casar com uma jovem da outra. No caso de meus pais, isso não aconteceu, a proíbição, pois que minha mãe, apesar de ter toda a família a viver em Freamunde, tinha nascido no Porto. Sorte a deles, que assim puderam ser felizes.

Mas voltando ao jogo, na verdade os encontros entre as duas equipas, eram sempre acompanhados de encontros físicos entre os adeptos e muitas vezes também entre os jogadores.

Naquele tempo, não havia claques, os adeptos não estavam separados, não havia bancadas, à volta do campo só havia uns quantos metros de terra batida, de um dos lados com alguma inclinação. Por todo o lado havia gente. Alguns, empoleirados nos postes ou no muro que circundava o campo, ou em cima das cabines dos jogadores ou dos árbitros ou ainda em cima de uma cabine existente num dos lados e perto da porta de entrada e que eu supunha ser de electricidade.

Quando a pancadaria começava, fosse qual fosse o motivo, uma falta mal assinalada, uma rasteira de um jogador a outro, ou simplesmente porque sim, ninguém sabia quem era quem. Pelo menos eu não sabia. De imediato, a pessoa que me acompanhava, fosse o sr Aurélio, ou o meu tio ou um qualquer primo, empurravam-me para um canto, de maneira a que eu estivesse protegido das arremetidas dos populares. Numa das vezes, em que essa acção foi menos lesta, ouvi de repente uma voz a meu lado, “Paços ou Freamunde?”. Bloqueei sem saber que responder. Fosse qual fosse a resposta, poderia ter como prémio um murro. Salvou-me o meu tio, que me arrastou de imediato para o lado. Por todo o lado estava espalhada uma batalha campal. Já não me lembro de como saímos do campo, mas sei que essa terá sido uma das últimas vezes em que fui ver um Paços-Freamunde, já que a minha avó teve conhecimento do caso e proibiu terminantemente fosse quem fosse de me levar, ordem que foi ainda algumas vezes desrespeitada.

Desde essa época para cá, as coisas não mudaram muito no mundo do futebol. A rivalidade continua, os adeptos da outra equipa são inimigos, os árbitros  erram e são insultados, os jogadores são incentivados, e de vez em quando, em quase todos os jogos de equipas rivais, há assistentes que medem forças uns com os outros. Hoje como antes, acarinham-se os que cometeram os erros que nos são favoráveis e invectiva-se quem praticou os que nos prejudicaram. Hoje, como antes, as ameaças aos árbitros e aos dirigentes, incluem as de morte.

Uma coisa mudou, para mim a mais importante. Os jogadores já não são da equipa A ou B. Já não são adeptos da equipa em que jogam. Já não vestem a camisola do clube com amor e entrega total. Os jogadores são uns meros empregados, contratados a peso de ouro, que ora estão nesta equipa, ora estão no seu rival mais directo, desde que o vencimento mensal ou de prémios seja aliciante. O dinheiro tomou conta do futebol, como aliás tomou conta de toda a nossa existência. Os jogadores são tratados como mercadoria. O que interessa são os milhões. O futebol profissional, aquele de que toda a gente fala, aquele sobre o qual toda a gente lê, aquele que move multidões, já não é um desporto, é uma profissão. Os jogadores, os treinadores e outros agentes do futebol, ganham quantidades de dinheiro estupidamente altas, absurdamente elevadas, que são uma afronta à fome, ao desemprego, às dificuldades que o comum dos mortais vive diariamente. São uma afronta a todos nós, e mesmo assim, esta indústria, move multidões, que paga bilhetes a preços exorbitantes, quotas elevadas, lê avidamente os jornais que diariamente falam de futebol, ouvem atentamente todos os programas de rádio e de televisão sobre futebol, como se nada mais no nosso quotidiano interessasse. Quantos, para pagar o bilhete que para além das quotas mensais têm de comprar para assistir aos jogos, não deixam mulher e filhos em casa, sem apoio económico.

Hoje, como antes, o futebol aliena as mentes, desde as dos mais sábios às dos mais tacanhos, desde as dos mais educados, às dos mais burgessos.

Hoje, como antes, convém aos governantes, de uma ponta a outra do espectro político, que o futebol, a par de outras alienações religiosas ou políticas, seja parte integrante das nossas vidas.

Não convém muito, que a população pense pela sua cabeça. Interessa levá-la a pensar o que o objecto da sua alienação lhe diz para pensar. Se as pessoas pensarem sozinhas, pode surgir daí uma qualquer ideia disparatada, como por exemplo, entenderem que estão a ser mal governadas.

Hoje já só vejo futebol, pela televisão, e desde que o meu clube jogue. Como qualquer adepto, o meu clube é o maior.

Um agradecimento à Maria João Nogueira

Mudar de casa tem que se lhe diga. Mesmo que seja apenas uma mudança virtual, eram quase 5 da manhã e a Maria João Nogueira, dos Blogs do Sapo, ainda estava a trabalhar na transferência do Aventar. Informava-nos por e-mail, hora a hora, do ponto da situação. E nós, grandes desavergonhados, a dormir. Ninguém lhe respondia! Ainda pensei em ficar acordado a noite toda à espera de novidades, mas lembrei-me de quando o fiz para acompanhar a corrida do Fernando Mamede nos Jogos Olímpicos de 1984… e desisti.

Agora que a transferência está em andamento, apesar do que ainda falta, serve este «post» para agradecer à Maria João Nogueira o excelente trabalho que levou a cabo com o Aventar. Calculo que não seja fáci transferir um blogue que, apesar de ter apenas 6 meses de vida, já tem milhares de «posts» e de comentários e um tráfego tão intenso.

Não conhecia a Maria João, à excepção de alguns comentários que fez aos meus «posts» do «5 Dias». Fiquei a conhecer alguém cujo profissionalismo difere em muito daquilo a que estamos habituados em Portugal.

Cara Maria João, nunca esqueça este «post». 🙂 Porque, daqui em diante, tenho a impressão de que vou precisar muito de si. Eu e todos os meus colegas.

E já agora, obrigado por tudo.

 

A nova casa do Aventar: Bom dia, vizinhos!

Hoje é dia de festa no Aventar. Porque estamos a inaugurar a nossa casa nova e porque faz hoje exactamente 6 meses e 17 dias que começámos a postar. É pois dia de comemorar e penso que o Valupi não levará a mal.

Antes de tudo, uma explicação. Começámos a 30 de Março deste ano e nunca pensámos que, 6 meses decorridos, estaríamos em 13.º lugar no «top» dos blogues mais lidos em Portugal. A nossa pobre máquina não aguentou. Depois das 20 mil páginas lidas no dia das eleições, deu o tilt e baqueou. Uns «hackers» indianos aproveitaram a fraqueza e atacaram. O Aventar não se recompôs e, perante as alternativas, a única solução era mesmo mudar rapidamente de casa.

Por isso, cá estamos nos Blogs do Sapo. Por aqui, só queremos ser tão felizes como fomos no WordPress. Já conhecemos alguns dos vizinhos. Eles não gostam muito de nós. Paciência, teremos de conquistar a sua amizade. Quanto ao senhorio, foi de uma simpatia incomparável e só por isso já estamos contentes.

Por tudo isto, hoje é dia de festa no Aventar. Por tudo isto e ainda porque, a partir de hoje, o Aventar conta com um novo elemento. É ele José Reis Santos. Esteve até há pouco tempo no «Simplex» e, no nosso blogue, vem reforçar a ala socratista, que bem precisada está de apoios nestes tempos de maioria relativa.

E cá está o novo Aventar. O mesmo Aventar de sempre, mas numa casa nova. Bom dia, vizinhos!

 

A máquina do tempo: Nazim Hikmet

 

 

Em 1943, em plena Guerra Mundial, um jovem investigador turco chegou a uma aldeia isolada numa região montanhosa e descobriu que as canções de um grande poeta que ali recolheu, as quais «enterneciam as mais altas montanhas e os mais duros rochedos», supostamente um poeta popular muito antigo, eram afinal de um poeta contemporâneo. No entanto, os camponeses afirmavam que já seus pais e avós sabiam aquelas poesias. Como podia ser? Sem jornais, sem rádio, com a povoação mais próxima a 14 horas de marcha, como chegaram os versos de Hikmet a tão recôndito lugar e se instalaram de maneira tão profunda entre os hábitos ancestrais dos aldeãos?

 

Nazim Hikmet Ran nasceu em 20 de Novembro de 1901 e morreu em 3 de Junho de 1963. Foi o mais importante poeta turco do século XX. Nasceu em Salónica, na altura integrada no Império Otomano, e foi membro do TKP (Partido Comunista da Turquia), sendo desde muito jovem perseguido pela polícia do sultão. Entre 1922 e 1925, esteve exilado na União Soviética, completando os seus estudos em Moscovo. O advento da Revolução turca de Mustafa Kemal Atatürk, em 1923, não melhorou a situação do poeta, mantendo-lhe a condição de proscrito. Só este ano (5 de Janeiro de 2009), quase 46 anos após a sua morte, o governo de Ancara aboliu por decreto a decisão que em 1951 retirou a nacionalidade turca ao grande poeta.

Mas voltemos a 1943 e ao trabalho do folclorista universitário.

A aldeia a que o jovem investigador acabava de chegar, era um aglomerado de quarenta casebres, com tectos de terra batida. Os aldeãos viviam em condições de extrema pobreza. Como já disse, a povoação mais próxima ficava a 14 horas de marcha, por acessos difíceis, estreitos carreiros talhados no flanco das rochas. Na aldeia, uma rapariga disse saber «belas canções de um grande poeta, com força para «enternecer as mais altas montanhas e os mais duros rochedos». E a jovem começou a recitar versos que o investigador se apressou a anotar no seu bloco de apontamentos.

Ao cabo de momentos, foi tomado de uma grande surpresa – os poemas que a camponesa sabia de cor, eram versos de Nazim Hikmet. – Quem foi o poeta que compôs estas canções? – perguntou aos aldeãos. – «Foi um grande poeta» – responderam -«Os seus versos são mil vezes por nós repetidos. Os nossos pais e os nossos avós já os cantavam também. Vieram-nos dos nossos antepassados. Como podemos saber quem os escreveu?»

O jovem investigador ficou estupefacto. Como era possível que os poemas de Nazim Hikmet, escritos poucos anos antes, tivessem podido chegar até àquela longínqua aldeia da Turquia asiática e enraizar-se no coração dos seus habitantes, misturando-se com as odes dos bardos tradicionais da Turquia – o legendário Korkout e o sublime Younous? Um dos poemas recitados pela jovem aldeã tinha sido escrito escassos anos antes numa cela da prisão de Brousse. Como era possível Hikmet misturar a sua voz com as obras dos velhos cancioneiros populares?

Voltou por diversas vezes à aldeia para tentar decifrar o enigma, mas recebeu sempre a mesma resposta: «- É um grande poeta, um grande homem. Recebemos os seus versos dos nossos pais, que os receberam dos seus pais…» Nunca conseguiu descobrir como os poemas de Hikmet viajaram até àquela aldeia e se incrustaram entre a poesia ancestral.

Devo acrescentar que a modernização da língua turca muito deve a Hikmet. Os grandes mestres estavam mergulhados num total esquecimento. Ninguém descobrira que o turco podia ser uma linguagem poética, literária no melhor sentido e, ao mesmo tempo, terna e vigorosa. Foi Hikmet que lhe conferiu essa característica ao abandonar cânones empolados, só entendidos por eruditos, e ao adoptar a linguagem do povo, vinculada à sua realidade quotidiana, ao trabalho, à rudeza da vida.

O poeta em particular, e o escritor em geral, têm de estar no cerne da vida. Hikmet compreendeu isso e rapidamente ganhou um lugar no coração do seu povo, lugar mais importante do que mil cadeiras de academias. Como um subtil, mas impetuoso, lençol subterrâneo de água, impregnou a alma do povo turco. Esta a única explicação para o folclorista surpreendido, sem compreender como é que aquela gente ignorante, analfabeta na sua maioria, recitava poemas que estavam proibidos. Por aqueles anos 40, a posse de um texto de Hikmet dava direito a uma pena de cinco a dez anos de prisão, a sevícias e a tortura.

Numa outra escala, numa outra realidade, apesar de tudo menos dramática, não foi isto que se passou em Portugal com as canções de José Afonso? Muitas pessoas sem cultura ou consciência política cantavam as suas canções e recitavam os seus versos. Por exemplo, a sua canção sobre Catarina Eufémia valeu por milhões de panfletos e jornais clandestinos. Quantas mulheres, entre os 30 e os 40 anos, se chamam hoje Catarina? Homenagem, em muitos casos inconsciente, de seus pais ou padrinhos à ceifeira assassinada no Baleizão.

Nem a repressão policial, nem os elitistas preconceitos intelectuais, conseguem fechar o coração de um povo à poesia, à música, à arte com que a sua alma se identificar. Muito daquilo do que  hoje se celebra como grande literatura, por exemplo, morrerá logo que se extingam os temporais conceitos que servem de pedestal a essa suposta grandeza. Só sobreviverá o que for genuíno e intemporal. Foi assim com Nazim Hikmet. E, entre nós, Fernão Lopes, Gil Vicente, Camões, Fernando Pessoa, não terão, também eles, descoberto a subtil chave para os nossos corações? Será por isso que perduram? Acho que sim.

 

 

 

Afinal quem é o otário que anda a pagar esta festa?

Tenho entretido com o Nuno Ramos de Almeida uma elegante polémica (apesar da suposta tareia que lhe dei) acerca do financiamento das autarquias. Ele pede-me que continue. Quem sou eu para dizer que não?

A minha fonte é o melhor livro de urbanística escrito em Portugal (o único que de facto, nos pode oferecer uma perspectiva verdadeiramente política da questão):  Ordenar a Cidade de Jorge Carvalho editado pela Quarteto.  Trata-se de uma tese de doutoramento, portanto cheia de jargão técnico porventura inacessível ao comum dos mortais , mas as continhas estão lá tintin por tintin, e não são difíceis de perceber. É tudo mais e menos, um multiplicar e um dividir de vez em quando. Mas com um pequeno esforço, leia-se as parte II e III e está lá tudo. Eu, que sou arquitecto, percebi. Apenas me limitei a acrescentar algumas, poucas, reflexões que decorrem da minha experiência profissional, aqui ou ali porventura discordantes das do Jorge Carvalho.

Mas o que me importa, ou que mais me preocupa, é remeter esta discussão para um nível propositivo. Que fazer?

Ora, se a malta não fizer um pequeno esforço de compreensão para ultrapassar a barreira da linguagem tecnocrática, estamos, estaremos e seremos sempre lixados na nossa dimensão de cidadãos, para além de qualquer discurso de esquerda ou direita pré-formatado  por lugares comuns pouco ou nada coincidentes com a realidade. Neste caso a barreira parece difícil mas apesar de tudo, garanto-vos, custa menos que a matemática do nono ano. É que este debate sem números vale muito pouco. Debate que diga-se é verdadeiramente ideológico e incide sobre questões que na sua essência, digo eu, distinguem esquerda e direita , questão tão cara aos meus amigos do cinco dias e colegas (também amigos) do aventar.

Dito isto à laia de desabafo esmiuçemos.

A argumentação do NRA assenta na ideia de que as Câmaras lucram com o crescimento urbano desenfreado e que por isso necessitam deste crescimento para compor os seus orçamentos e fazer investimento público.

O que eu digo é precisamente o contrário: as Câmaras perdem dinheiro nesse processo, que tem um custo muito maior decorrente do alargamento e dispersão da infraestrutura pública que importa construir, conservar e renovar , do que as eventuais receitas fiscais ou contrapartidas que criam.

Aliás, se fosse como o NRA afirma, haveria uma certa racionalidade na coisa: constrói-se mais (ainda que mal) mas ganhava-se dinheiro que se conduziria para o interesse público. Este seria, apesar de tudo, um bom argumento para se manter o status quo, na medida em que crescimento urbano não só se pagava a si próprio como ainda gerava lucro para a coisa pública.

No entanto não é assim, senão vejamos:

1-     Infra estrutura pública (conceito que alargo por forma a abranger não só às obras de urbanização – ruas, água, luz, saneamento etc, mas também os equipamentos –escolas, hospitais, parques, etc…) e crescimento urbano estão correlacionados. Isto é, ou a infraestrutura chega primeiro e gera pressão urbana no território, o que faz com que as coisas aconteçam (a forma correcta), ou chega primeiro a urbanização que traz consigo a exigência de infraestrutura pública (a forma errada).

2-     De qualquer das formas temos então um custo que resulta directamente no processo de urbanização ou que é induzido por este.

3-     Quanto custa e quem o paga? São as perguntas que importam.

4-     Custa em média 100 euros por metro quadrado de construção, segundo as contas do Jorge Carvalho, sendo que metade é para infraestrutura geral (a que diz respeito à escala da cidade/vila) e a outra é para infraestrutura local (a que diz respeito à própria urbanização).

5-     Os promotores imobiliários (urbanizadores e construtores) pagam cerca de 25euros (média no final dos anos noventa princípio do milénio- as coisas talvez terão mudado um pouco para melhor nos últimos anos), o que significa que alguém anda a pagar os restantes 75.

6-     Por outro lado se olharmos para a despesa dos municípios em infraestrutura pública esta era em meados dos anos noventa
, cerca de dois terços dos seus orçamentos (contabilizando todos os custos).

7-     As receitas resultantes de impostos e taxas sobre o imobiliário (IMT e IMI) cobrem apenas 25% dessa despesa.

8-     Se cruzarmos esta despesa com as fontes de financiamento verificamos que a infraestrutura pública é paga da seguinte forma: 50% os contribuintes e 25% os utilizadores, 15% os proprietários, 10% os promotores. Nunca tantos pagaram tanto para tão poucos, dizia o outro e digo eu.

O processo de urbanização desenfreado tem sido um péssimo negócio para as Camâras, Estado e Contribuintes em geral e não é lá grande coisa para os utilizadores. Mas os senhores proprietários e os senhores promotores, os que precisamente arrecadam a maior fatia da mais-valia não se têm dado muito mal. Quem é que são os otários?

Serão os autarcas, que quer o saibam ou não – e muitas vezes isto é feito conscientemente – fazem investimento público e orientam-no para prosseguir interesse privado sem que as autarquias ganhem com isso muito pelo contrário?

Qual a solução que o NRA apresenta? Mais dinheiro da Administração Central para as Autarquias. Não me parece lógico. Significa afectar ainda mais impostos genéricos para fins que beneficiam privados à grande e à francesa e que se deveriam pagar a si próprios (ou pelos menos na sua grande parte).

O tema não se esgota aqui como é óbvio. Este estado de coisas tem a ver com o Planeamento Urbanístico e consequentemente com a política de solo e regulação do mercado fundiário, coisas indissociáveis, o que é muitas vezes esquecido. Questões que remeto para posts posteriores.

 

NOTA: quando me refiro a infrastrutura geral, não estou a incluir a construção dos equipamentos, mas apenas ao encargos decorrentes da compra dos terrenos e das obras de urbanização.

 

 

 

Texto recebido de um amigo (não sei quem escreveu)

 

Cara Maitê,

Acabei de ver o teu vídeo a pedir desculpa aqui à malta de Portugal!!

Tudo jóia miúda.. já vi que és uma garota "légál" e brincalhona, por isso, sei que não levas a mal se te tratar por tu…já somos amigos!!

Sabes que há uns anos atrás, quando te vi pela primeira vez, soube logo que tu tinhas dois avôs portugueses!! Essa tua beleza tinha de vir de algum lado né?

Neste momento sinto-me envergonhado de nós (Portugueses) termos ficado tão ofendidos com aquele documentario!! Afinal de contas, o pessoal brazuca é show de bola.. é sempre em festa!! Qual é o problema de um grupo de brasileiras brincarem e gozarem com "gajos" como o Camões e o Vasco da Gama, escarrar para um lago de um Mosteiro que é património mundial, deitar a baixo uma pessoa que não sabia resolver um problema no computador, que pelo que entendi, tu também não sabias resolver … qual é o stress?? Na boa, tudo "légál", show de bola garota…

Sabes o que me lembrei???

Até era giro a malta combinar, tu falares com esse teu amigo camera man e fazemos o seguinte: Eu levo daqui o Rui de Carvalho (um conceituado actor aqui de Portugal) aí ao Brasil e a malta faz um filme caseiro com este guião:

1º Filmamos o Rui a mijar para os pés do Cristo Redentor e a fazer um V de Vitória como que a afirmar : "estou-te a mijar para os pés e tu não podes fechar os braços para me impedir… estás a ver quem manda ó 7º maravilha do mundo??"

2º Outra imagem era o Rui num restaurante a fazer o seguinte pedido: "Oh garçon, arranja-me aí uma dose de Presidente recheado com arroz de coentros (caso não tenhas entendido ele iria pedir Lulas recheadas)…"

3º Também era "légál", o Rui gozar um bocado com a vossa história, mas infelizmente, não vai dar porque não é fácil encontrá-la… Espera lá! Já sei… arranjamos um barco e o Rui veste-se de conquistador Português a desembarcar no posto 9 em ipanema gritando o seguinte: "quem sois vós minhas popozudas de fio dental?? e vós seus boiólas de sunga?? Que estaides a fazer assim vestidos na terra que eu descobri??? ide-vos vestir e de seguida ide trabalhar para os campos a apanhar cana de açúcar que é para isso que vocês servem!! (esta é show, não é Maitê??)

4º Para acabar, o Rui faz um discurso à frente da estátua do Pélé a dizer: "sabem para que é que este preto era bom?? para limpar os escarros que os vigaristas dos brazucas mandam para os lagos dos nossos mosteiros lá em Portugal!"

Vôcê curtiu a ideia Maitê??? Pensei que seria falta de respeito e de educação fazer uma coisa deste género de um país que não é o meu, mas afinal, é uma coisa normal como tu dizes.. é brincadeira.. isto há brincadeiras do carago (como se diz no norte cá da terra)!

Ah é verdade… muito importante…Depois vendemos isto à rede Globo e eles transmitem isto em horário nobre… Aposto que o Brasil vai ficar inundado em lágrimas de tanto rir!! Afinal de contas como tu disseste, o povo brasileiro, é muito brincalhão! De certeza que vai aceitar que um "manézinho" vá aí à tua terra gozar com a tua pátria!!

Um beijo pá..

E aparece mais vezes cá em Portugal. Tenho uma brincadeira que adorava fazer contigo, mas que não te conto agora… pronto está bem, eu conto… era esfregar 3 pasteis de nata (aqueles que tu comeste) na tua cara!! Deve ser mesmo o teu género de brincadeira… afinal de contas tu és tão bem humorada! É verdade, traz as tuas amigas do programas porque há pasteis para todas!!

 

 

A Helena de Lisboa

Sofri um desgosto quando vi a Helena Roseta soçobrar aos cantos de sereia do António, afinal o movimento dos Cidadãos por Lisboa era uma boa ideia que morria nos braços do PS. Fiz-lhe chegar isso, mas a resposta foi que o movimento continuava.

Ontem recebi um mail a informar-me que o Movimento dos Cidadãos por Lisboa tinham entregue uma reinvindicação junto de todos os partidos representados na Assembleia da República, para que a negociata dos Contentores de Alcântara fosse anulada.

Não há razão nenhuma que a maioria (a oposição) não responda afirmativamente. Para além de ser um negócio colocado em causa pelo Tribunal de Contas, sem concurso público e por um prazo que é uma vida, devasta aquela zona do rio, entope a entrada da cidade com 600 camiões por dia, obriga a obras enormes e caras desde os problemas do Vale de Alcântara, ao abaixamento da rede ferroviária.

Diz a Helena que a sua vida política responde pela sua independência. É do que todos precisamos e que Lisboa anseia. O Movimento não se desfaz, as presidênciais estão no horizonte com Manuel Alegre a perfilar-se, e o mais certo é que uma parte do PS não esteja ao lado do Movimento dos Cidadãos por Lisboa.

Voltou a esperança para as duras batalhas que vamos ter que travar com a Empresa Frente Tejo SA., outro monstro que nas nossas costas prepara a destruição da frente ribeirinha.

Temos todos de estar atentos!

Quadras do dia

Não te esqueças S. João

De lutar até ao fim

Seja loureiro ou machado

Seja oliveira ou jardim.

O Teatro Sá da Bandeira

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O TEATRO VAI SER HOTEL?

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O Teatro Sá da Bandeira, a sala de espectáculos mais antiga de Portugal (a inauguração remonta a 1877) está à venda há mais de cinco anos e ninguém o tem querido. O preço, dizem, tem sido impeditivo para a sua venda.

Até que agora apareceu um interessado. Não na sala de espectáculos, mas no edifício, e, ao que parece, quer transformá-lo num hotel.

O PDM do Porto, diz que defende os imóveis de interesse municipal, pelo que a transformação do teatro em hotel, estaria prejudicada por estar protegido por lei.

O Teatro, que de vez em quando ainda abre as portas ao público, terá de ser preservado enquanto tal. Não há por aí nenhum movimento de cidadãos que, a exemplo de outros casos (por exemplo o Coliseu do Porto), obrigue o Teatro Sá da Bandeira a não desaparecer?

Mas, outros assim estiveram (protegidos pela lei e esquecidos dos cidadãos do Porto), e vão a caminho de hotéis de 2 ou 3 estrelas (Cine-teatro Águia D’ouro), pelo que a protecção feita pela lei, pode vir a seu dada como nula, por superiores interesses económicos dos proprietários, e por ninguém querer fazer seja o que for pela sua reabilitação.

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O orgasmo

O orgasmo

 Quando ele viu que o Jorge Sousa Braga dera ao seu primeiro livro o título: “De manhã vamos todos acordar com uma pérola no cu”… delirou! Por um lado, um prémio – partiu do princípio que seria uma pérola preciosa – uma espécie de óscar atribuído não a um mas a todos os actores, por outro lado, um prémio deposto no mais importante emunctório do organismo, isto é, no cu.

 Ora, meteram-lhe, um dia, uma pastilha na boca e disseram-lhe que era Deus. Como se Deus coubesse na sua boca! Tiveram o cuidado e a elegância que o Jorge não teve, se bem que, entre as células do cu e as da boca, haja apenas ligeiras diferenças estruturais e funcionais, pequenas diferenças de fermentos e ácidos, muitas vezes insuficientes para justificar a diferença entre um beijo e um traque.

 Como se Deus coubesse na sua boca! O mar, infinitamente mais pequeno do que Deus, não cabe em todas as bocas juntas! Também lhe disseram que ele era filho de Deus. Ou gozaram com ele ou pensaram que era paranóico. Como se Deus andasse para aí, à margem da santa madre, a fazer filhos como ele! Era preciso que fosse um Deus muito foleiro! Revelaram-lhe ainda que nascera de uma virgem, contrariando todas as leis da natureza. Um filho desnaturado!

 E tudo porque Deus, pelos vistos, seu pai, ao criar a incomensurável empresa “Pénis e Companhia Lda.” para que todo o mundo crescesse e se multiplicasse, ou se enganou, ou se arrependeu, ou não acreditou no que fez. Disseram cada coisa na sua vida, que ele chegou a pensar que mandava nos pássaros, que era capaz de pôr as cobras de joelhos e que o céu era trigo limpo. Sendo ele filho de quem era! Chegaram ao desplante de o alcunhar de idealista!

 Apesar de tudo, sempre foram para ele um tanto estranhas as atitudes de seu divino pai. Por exemplo, e reportando-nos ao último telejornal: Um comboio com milhões de pessoas entrou nas câmaras de gás e Deus, que estava lá – Deus está em toda a parte – fugiu, sabendo o que se passava! Morreram e morrem milhões de crianças às mãos da fome, e Deus, seu pai, atafulha as mesas dos que não têm fome. As guerras crescem como as moscas, multiplicam genocídeos, fazem correr rios de sangue ao sabor dos interesses dos que rezam a Deus, – Ele próprio morre aos pedaços -, e seu pai, com poderes para desligar a máquina, não o faz!

 Milhões de mortos, despedaçados, estropiados, violentados! Porra! Eles até são seus irmãos! Os hospitais abarrotam de doentes, crianças doentes, e logo crianças!

Ainda noutro dia o seu celestial pai dissera alto e bom som:” deixem vir a mim os pequeninos.” Pensa ele que o pai se referia aos meninos ricos, porque os pobres são sempre os mesmos e ele nunca os vira em casa de seu pai: os das barracas, os famintos, os esfarrapados, os todo-cagados.

 Quer dizer… o que está a dar é o investimento na miséria, uma espécie de “opa” do banco de urgência, o verdadeiro crescimento do produto marginal bruto. É por isso que as más línguas proclamam que ele é filho ilegítimo. Argumentam, dizendo que um pai que tanto faz sofrer os seus filhos, não existe! No meio de tudo isto, Deus, seu imposto pai, marimba-se pura e simplesmente! Ele até tem vergonha, nenhum filho gosta que o pai o atraiçoe!

 E mais: Os que comem tudo e não deixam nada, os que fazem a fome para que lhes não falte a fartura, têm casas de ouro, férias para descansarem de não fazer nada, hospitais de luxo, seguros seguríssimos, o céu garantido aqui na terra e lá em cima nas primeiras filas que o Vaticano sempre lhes reservou, enquanto os outros vão para a vala comum, agora que o inferno faliu. O inferno lá de baixo, o das almas penadas, a acreditar no grito de sofrimento das vítimas da Inquisição e dos povos do terceiro mundo, imbuídos da fé e do Império que tanta e tanta felicidade lhes trouxe nestes místicos séculos, até parece que não era tão mau como o de cá. O diabo não é como o pintam!

 Assim não pensam, ao que parece, os americanos e os amigos lacaios europeus, fervorosos comungadores de uma hóstia chamada dólar ou euro, especialmente os da linha da frente, coladinhos ao cu dos senhores da guerra na corrida para o buraco negro. Acham que os espoliados ainda têm pele, eventualmente utilizável para fazer tambores.

E a vida continua. No fim de contas, ele pensa que seu pai enlouqueceu ou perdeu a vergonha. E como se não bastasse, frente à TV – Esgoto faz-se de surpreendido com tudo o que vê, ele que é omnividente, omnisciente e omnipotente! E Deus optimiza as condições meteorológicas destruidoras, sob a forma de terramotos e tsunamis, dizendo que as torres de Babel e os dilúvios já não se usam, estão antiquados.

 Fátima canta o Avé enquanto os peregrinos brandem o rosário, esfolam os joelhos, largam “o cascalho” nos cofres da igreja e o Vaticano faz as contas.

 O futebol de cima ganha ao futebol de baixo, a estupidez invade a cidade como uma avalanche de merda, o homem espreme o claxon com mais tesão do que as mamas da mulher, e a mulher do homem agarra o pau da bandeira, esquecendo-se, à noite, que é apenas um pau.

 O orgasmo do país… orgasmo de bolas… balões…e bolorenta metafísica.

 Ora bolas!

Na despedida não foram ovos, foram prosas

“Desprezou manifestações com milhares de estudantes, só por sermos menores, como se por sermos estudantes de secundário não tivéssemos uma palavra a dizer. Desprezou abaixo-assinados, incluindo um com dez mil assinaturas de estudantes, que pediram a revogação destas leis. Desprezou manifestações com várias dezenas de milhar de professores que lutavam pelos seus direitos, pelas suas escolas”

 

Palavras de Pedro Feijó, estudante do velho Camões, na despedida de Maria de Lurdes Rodrigues. Os ovos sujavam-lhe os trapos, a maturidade destas palavras mancham-lhe a carreira. Não a esqueceremos Maria de Lurdes. E não se vai esquecer de todos nós, os que defendemos a escola pública que tanto se esforçou por destruir.

Aos que nos seguem por feed, rss, google reader e afins

O dito cujo mudou, e agora é este:

http://aventar.blogs.sapo.pt/data/rss

Um texto enviado por um amigo

Assunto: Uma resposta possivel a Maitê Proença

 Simplesmente maravilhoso! Parabéns ao autor.
 
 

 

  

Cara Maitê,
Acabei de ver o teu vídeo a pedir desculpa aqui à malta de Portugal!!
Tudo jóia miúda.. já vi que és uma garota “légál” e brincalhona, por isso, sei que não levas a mal se te tratar por tu…já somos amigos!!
Sabes que há uns anos atrás, quando te vi pela primeira vez, soube logo que tu tinhas dois avôs portugueses!! Essa tua beleza tinha de vir de algum lado né?
Neste momento sinto-me envergonhado de nós (Portugueses) termos ficado tão ofendidos com aquele documentario!! Afinal de contas, o pessoal brazuca é show de bola.. é sempre em festa!! Qual é o problema de um grupo de brasileiras brincarem e gozarem com “gajos” como o Camões e o Vasco da Gama, escarrar para um lago de um Mosteiro que é património mundial, deitar a baixo uma pessoa que não sabia resolver um problema no computador, que pelo que entendi, tu também não sabias resolver … qual é o stress?? Na boa, tudo “légál”, show de bola garota…

Sabes o que me lembrei???
Até era giro a malta combinar, tu falares com esse teu amigo camera man e fazemos o seguinte: Eu levo daqui o Rui de Carvalho (um conceituado actor aqui de Portugal) aí ao Brasil e a malta faz um filme caseiro com este guião:
1º Filmamos o Rui a mijar para os pés do Cristo Redentor e a fazer um V de Vitória como que a afirmar : “estou-te a mijar para os pés e tu não podes fechar os braços para me impedir… estás a ver quem manda ó 7º maravilha do mundo??”
2º Outra imagem era o Rui num restaurante a fazer o seguinte pedido: “Oh garçon, arranja-me aí uma dose de Presidente recheado com arroz de coentros (caso não tenhas entendido ele iria pedir Lulas recheadas)…”
3º Também era “légál”, o Rui gozar um bocado com a vossa história, mas infelizmente, não vai dar porque não é fácil encontrá-la… Espera lá! Já sei… arranjamos um barco e o Rui veste-se de conquistador Português a desembarcar no posto 9 em ipanema gritando o seguinte: “quem sois vós minhas popozudas de fio dental?? e vós seus boiólas de sunga?? Que estaides a fazer assim vestidos na terra que eu descobri??? ide-vos vestir e de seguida ide trabalhar para os campos a apanhar cana de açúcar que é para isso que vocês servem!! (esta é show, não é Maitê??)
4º Para acabar, o Rui faz um discurso à frente da estátua do Pélé a dizer: “sabem para que é que este preto era bom?? para limpar os escarros que os vigaristas dos brazucas mandam para os lagos dos nossos mosteiros lá em Portugal!”

Vôcê curtiu a ideia Maitê??? Pensei que seria falta de respeito e de educação fazer uma coisa deste género de um país que não é o meu, mas afinal, é uma coisa normal como tu dizes.. é brincadeira.. isto há brincadeiras do carago (como se diz no norte cá da terra)!

Ah é verdade… muito importante…Depois vendemos isto à rede Globo e eles transmitem isto em horário nobre… Aposto que o Brasil vai ficar inundado em lágrimas de tanto rir!! Afinal de contas como tu disseste, o povo brasileiro, é muito brincalhão! De certeza que vai aceitar que um “manézinho” vá aí à tua terra gozar com a tua pátria!!

Um beijo pá..

E aparece mais vezes cá em Portugal. Tenho uma brincadeira que adorava fazer contigo, mas que não te conto agora… pronto está bem, eu conto… era esfregar 3 pasteis de nata (aqueles que tu comeste) na tua cara!! Deve ser mesmo o teu género de brincadeira… afinal de contas tu és tão bem humorada! É verdade, traz as tuas amigas do programas porque há pasteis para todas!!

Beijos pá

Nota: Usei o nome de Rui de Carvalho sem qualquer desrespeito à sua pessoa, antes pelo contrário, é um símbolo do nosso país daí ser a pessoa exacta para ironizar esta situação.

Ganhamos!

Não sei se com acento se sem acento – sei que ganhámos! Ou ganhamos se preferirem. Eu nunca me dei muito bem com as convenções temporais – o ontem e o hoje, depois de se ter filhos, transformam-se de uma maneira que a palavra futuro conjuga-se, quase sempre, no pretérito perfeito e muitas vezes no condicional, mas enfim…

 

Quanto ao que vos queria dizer – GANHÁMOS! Ou GANHAMOS!

E ganhamos porque tivemos a capacidade de movimentar e mostrar na rua o que de facto não queríamos: foram os de esquerda e os de direita.

Os que vão a todas e os que nunca tinham ido. FOMOS TODOS!

Exigimos, pois, que se possa dar o passo seguinte.

 

Ele está a ser dado – o PCP e o BE já chegaram à frente.

 

O  que vai fazer o PSD? E o PP?

Esta malta nova é um bocado precipitada

 

Já cá estamos, mas ainda vai demorar um bocadinho a sair do casulo, e principalmente a trazer a bagagem espacial.

Aproveito para avisar os que nos seguem por feed – mudou, e agora é este:

http://aventar.blogs.sapo.pt/data/rss

 

SÓCRATES, O DIALOGADOR

 

 

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DIÁLOGOS FRUSTRANTES

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O dialogador (na verdade tenho-lhe dado o cognome de "o dialogante", mas este é bem mais bonito, pelo que vou passar a utilizá-lo) tudo terá feito para conseguir um acordozinho ou uma coligaçãozinha. Tentou de tudo, com tudo quanto é partido com assento Parlamentar. Começou com a sra dra Manuela e a sra disse-lhe que não. Depois seguiram-se os outros pequeninos, e as respostas foram exactamente as mesmas.

Desta forma, triste e acabrunhado (ninguém parece querer ajudá-lo, ou gostar minimamente dele), já informou que vai apresentar dentro de dias (não disse quando) um governo de iniciativa PS.

Vai ser complicado. Governar nessas condições pressupõe ingovernabilidade. E não convém mesmo nada que Portugal fique ingovernável. Sócrates, o dialogador, vai ter de mostrar o que vale, que será pouco ou muito, dependendo do que conseguir ir fazendo ao nosso País.

Alguém vai ter de ceder. Quem será?

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