O João Paulo gostava de saber, já se percebeu, quem vai ser o novo ministro da Educação. Toda a gente gostava.
Pois se querem o meu palpite, cá vai. Maria de Lurdes Rodrigues vai continuar a ser a Ministra da Educação.
Não é uma teoria tão parva como pode parecer à primeira vista. José Sócrates vai forçar a queda do Governo desde o início, com o objectivo de ir a votos novamente e voltar a ter maioria absoluta.
E quem melhor do que Maria de Lurdes Rodrigues para assegurar que o Governo se fragiliza a cada dia que passa e que acaba por ser derrubado em breve?
Maria de Lurdes Rodrigues vai continuar como Ministra da Educação!
Ministr@ da Educação ou não!
@ nov@ ministr@ da educação está escolhido.
Aqui ficam as pistas: é do Género Masculino, ou talvez não.
Há quem diga que é independente, sendo que pode ser militante do PS.
Sabe escrever, não sei se com a mão esquerda se com a mão direita. Há quem diga – eu que nada sei, não sei – há quem diga, escrevia eu antes de avançar com a frase feita apenas para engrossar a prosa, que na continuidade do passado recente pode haver um@ ministr@ que não sabe escrever.
Há uma enorme possibilidade de que seja um@ professor@, sendo que há uma igualmente provável probabilidade de que possa não ser.
Estou certo, car@ leitor@, que estas pistas são mais que suficientes para perceber quem vai ser @ próxim@ Ministr@ da Educação.
Ou não!
Ética e Educação – 2ªParte (9)
Educação no tratamento dos problemas éticos ligados à esfera da saúde. Considerações sobre a necessidade de integração de conhecimentos ligados à saúde no âmbito da educação escolar e social
Qualquer doente tem o direito de saber pormenorizadamente os caminhos investigacionais e as decisões terapêuticas que sobre ele impendem. Todo o doente tem o direito de perguntar e saber o que tem, bem como de conhecer os meios de que a sociedade dispõe para melhor o tratar. Nunca o médico, pelo facto de ter na sua frente uma pessoa sofredora, fragilizada e, circunstancialmente, numa posição de dependência, pode ou deve usar argumentos prepotentes, imposições de cátedra ou condutas redutoras da personalidade. A dor, seja ela física ou psíquica, esfarrapa o homem, a dor despe até à nudez aquele que a sofre, dissolve a vaidade e coloca o homem frente à sua fraqueza. A dor é o detergente que embranquece o espírito e lava a memória. A dor é uma espécie de fronteira entre a vida e a morte, e, perante ela, ninguém tem vergonha de parecer ignorante.
Tudo é explicável ao doente, tudo é entendível por qualquer pessoa, se o médico souber usar uma linguagem que se adapte à sua compreensão. O que acontece é que muitos médicos não cuidam de saber falar, não cuidam de saber escrever, não querem perder tempo ou Ética e Educação – 2ªParte (9)
Educação no tratamento dos problemas éticos ligados à esfera da saúde. Considerações sobre a necessidade de integração de conhecimentos ligados à saúde no âmbito da educação escolar e social
Qualquer doente tem o direito de saber pormenorizadamente os caminhos investigacionais e as decisões terapêuticas que sobre ele impendem. Todo o doente tem o direito de perguntar e saber o que tem, bem como de conhecer os meios de que a sociedade dispõe para melhor o tratar. Nunca o médico, pelo facto de ter na sua frente uma pessoa sofredora, fragilizada e, circunstancialmente, numa posição de dependência, pode ou deve usar argumentos prepotentes, imposições de cátedra ou condutas redutoras da personalidade. A dor, seja ela física ou psíquica, esfarrapa o homem, a dor despe até à nudez aquele que a sofre, dissolve a vaidade e coloca o homem frente à sua fraqueza. A dor é o detergente que embranquece o espírito e lava a memória. A dor é uma espécie de fronteira entre a vida e a morte, e, perante ela, ninguém tem vergonha de parecer ignorante.
Tudo é explicável ao doente, tudo é entendível por qualquer pessoa, se o médico souber usar uma linguagem que se adapte à sua compreensão. O que acontece é que muitos médicos não cuidam de saber falar, não cuidam de saber escrever, não querem perder tempo ou acham que o paciente não merece atenção especial. Muitos médicos e agentes de saúde, não tendo respeito por eles próprios, não podem ter respeito pelos doentes, não podendo admirar-se de que muitos doentes percam o respeito por eles. Facilmente se enrolam na corrupção do pensamento ou na negação da sua nobre missão, integrando uma assistência desumana e de mediocridade, cuja culpa principal pertence às instituições, fermento de confusão entre inteligência e indigência, humildade e petulância, formação e deformação, rigor e confusão, seriedade e manigância. Por isso o doente tem de ser informado de que ir ao médico pode ser uma aventura. A velha norma que manda cumprir religiosamente o que o médico diz parece não ter muita verdade a sustentá-la, por um lado pela má formação e pela incompetência, por outro lado pela precariedade da assistência a muitos níveis. (continua).
acham que o paciente não merece atenção especial. Muitos médicos e agentes de saúde, não tendo respeito por eles próprios, não podem ter respeito pelos doentes, não podendo admirar-se de que muitos doentes percam o respeito por eles. Facilmente se enrolam na corrupção do pensamento ou na negação da sua nobre missão, integrando uma assistência desumana e de mediocridade, cuja culpa principal pertence às instituições, fermento de confusão entre inteligência e indigência, humildade e petulância, formação e deformação, rigor e confusão, seriedade e manigância. Por isso o doente tem de ser informado de que ir ao médico pode ser uma aventura. A velha norma que manda cumprir religiosamente o que o médico diz parece não ter muita verdade a sustentá-la, por um lado pela má formação e pela incompetência, por outro lado pela precariedade da assistência a muitos níveis. (continua).
Maria Pinto Teixeira, uma nova aventadora
Maria Pinto Teixeira é uma advogada da Foz, mas foi a causa dos animais que lhe deu alguma notoriedade pública, pelo menos na cidade do Porto. A associação que lidera, a Animais de Rua, faz um trabalho extraordinário que deveria estar a cargo das Câmaras Municipais: vai a colónias de gatos, esteriliza-os em clínicas veterinárias e volta a pô-los no mesmo local. Se são animais dóceis, tenta encontrar um dono para eles. Quando pensamos que um casal de gatos pode dar origem a 14 milhões de gatos em 10 anos, apercebemo-nos melhor do admirável trabalho que, sem apoios financeiros, é feito pela associação.
Recentemente, Maria Pinto Teixeira foi uma das subscritoras iniciais do movimento que pede o casamento de pessoas do mesmo sexo, causa que abraça a 100%. Dinâmica, multifacetada, criativa, é mais recente aventadora deste blogue. Que seja muito feliz por aqui!
Parlamentares da III República (1974 – 2009)
A
ABECASIS, Nuno Krus – Nasceu em 1929 em Faro, morreu em 1999. Engenheiro civil. Fez parte do II Governo Constitucional, em 1978, como Secretário de Estado das Indústrias Extractivas e Transformadoras. Foi Presidente da Câmara Municipal de Lisboa entre 1979 e 1989, um período correspondente a 3 mandatos. Na parte final do seu último mandato, entregou a Siza Vieira a reconstrução da zona do Chiado, alvo de um grande incêndio em 1988. A sua passagem pela edilidade ficou marcada por muitas críticas, relativas à especulação imobiliária que permitiu. Depois de abandonar a Presidência, integrou a Assembleia Municipal, ao mesmo tempo que presidia à Fundação Cidade de Lisboa. Foi Deputado à Assembleia da República, pelo CDS, nas 4 primeiras Legislaturas, entre 1976 e 1987, embora tenha ocupado poucas vezes o seu lugar devido às funções autárquicas que entretanto assumiu.
ABRANTES, Afonso Sequeira – Nasceu em 1945 na Guarda. Professor do ensino básico, com licenciatura em Filologia Românica. Presidiu à Comissão Instaladora da Escola Preparatória de Mortágua em meados dos anos 80. Desde 1989, é Presidente da Câmara Municipal de Mortágua, tendo vencido, pelo PS, 6 eleições consecutivas, sempre com maioria absoluta. Nos anos anteriores, fora membro da Assembleia Municipal e Vereador da edilidade. Foi Deputado à Assembleia da República, pelo PS, círculo de Viseu, entre 1987 e 1990.
ABRANTES, Domingos – ver FERREIRA, Domingos Abrantes.
ABRANTES, João Carlos – Nasceu em 1945. Engenheiro técnico agrário. Trabalhou na Direcção Geral dos Recursos e Aproveitamentos Hidráulicos. Foi Deputado à Assembleia da República da II à IV Legislaturas, sempre em regime de substituição. Exerceu o cargo pelo PCP, círculo de Coimbra. Interveio de forma activa no Parlamento, sobretudo através de requerimentos a diversos ministérios. A nível autárquico, integrou a Assembleia Municipal de Montemor-o-Velho.
ABREU, António Vassalo – Foi eleito, com maioria absoluta, pelo PS, Presidente da Câmara Municipal de Ponte da Barca em 2005, depois de, nas eleições anteriores, ter perdido para o PSD e ter passado os anos que se seguiram como Vereador. No sufrágio que venceu, contou com o apoio de alguns sectores do CDS-PP local, que não apresentou qualquer candidato.
ABREU, Armindo José da Cunha – Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra. Exerceu advocacia em Vila Meã, Amarante, Porto e Lixa. Está ligado à política autárquica de Amarante desde 1989. Até 1993 foi Presidente da Assembleia Municipal, depois Vereador e, a partir de 1995, Presidente da Câmara. Durante os 2 primeiros anos, exerceu o cargo em regime de substituição, no lugar de Francisco Assis (v.). Desde 1997, venceu as 3 eleições a que concorreu, pelo PS, sendo que nas duas primeiras obteve maioria absoluta. Na última, em 2005, teve de defrontar a forte oposição de Avelino Ferreira Torres (v.), que se candidatou como independente. Liderou a Associação de Municípios do Baixo Tâmega, posteriormente transformada na ComUrb do Tâmega.
Diário da Assembleia da República – 1.ª Sessão
A sessão de hoje foi mais de apresentação do que de outra coisa. Os meninos foram conhecer-se uns aos outros, ficaram a saber quais as regras que devem cumprir e, agora, estão em casa a preparar as lições para amanhã.
Quem disse que afinal não queria mais brincar aos deputados foi o menino João de Deus Pinheiro, que ao fim de meia hora disse que estava farto. Quem não está farto de ser o presidente dos meninos é o Jaime Gama, um menino que, para um outro menino, Alberto João Jardim, é feito de gelatina.
A maior surpresa foi mesmo um menino chamado Francisco Assis ter sido escolhido para chefe dos meninos cor-de-rosa. Tão acutilante, esse menino, que os meninos da Oposição até já devem estar a tremer de medo. Será que o menino-mor do país quer, com essa escolha, que os meninos de cor-de-rosa estejam mais fracos para assim o Governo também estar mais fragilizado e poder cair mais depressa? Ou será que o anterior menino, chamado Alberto Martins, vai mesmo para Ministro da Educação, como já anda a correr por aí?
Parlamentares da III República (1974 – 2009)
Como forma de marcar o início de mais uma sessão legislativa, inicio amanhã a publicação regular de uma obra encomendada há uns anos por uma editora de Vila Nova de Gaia, que nunca chegou a ver a luz do dia devido à falência da empresa.
Chamar-se-ia essa obra «Dicionário de Políticos Portugueses» e a parte que estava a meu cargo era a da III República – entre 1974 e a actualidade. Mais do que meras biografias e curriculuns, pedia-se uma apreciação pessoal, dentro do possível, de cada um dos parlamentares que passou pela Assembleia da República desde o 25 de Abril.
Apresentarei esta obra, a partir de amanhã, como a deixei na altura, com os erros e as lacunas decorrentes do facto de nunca ter sido concluída, mas actualizada já com os nomes da actual Legislatura.
O Pépe Rápido Português
SPEEDY GONZALEZ DA POLÍTICA NACIONAL
Mais rápido que a própria sombra, o deputado João de Deus Pinheiro, antes de o ser, já o não era.
Hoje, quatorze de Outubro do ano da Graça de 2009, demitiu-se momentos após ser empossado. Não foi deputado pelo PSD e pelo distrito de Braga, mais de trinta minutos. É um recorde absoluto na política Portuguesa.
Os motivos evocados, foram os de sempre; pessoais. As contas do antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros, terão saído furadas. O objectivo, dizem as más línguas, teria sido o de vir a ser ministro de um governo Social-democrata, o que manifestamente se não irá concretizar.
Esperam-no os campos de golf nacionais e internacionais.
O Guiness já entrou em contacto com o agora ex-deputado.
Pergunta-se: – Qual a pensão de reforma por meia hora de deputado da Nação?
Sócrates 'a solo'
Como se esperava, José Sócrates vai a jogo sozinho. Mas deve ter algumas cartas na manga para os próximos tempos.
Até lhe daria jeito ir de novo a votos muito em breve mas vai ter de resistir, pelo menos, uns dois anos.
O cheque ensino / O cheque saúde
A criação de um “Mercado da Educação” é o verdadeiro problema que alimenta quem discorre sobre o cheque ensino. Quem quer que o ensino privado seja suportado pelo Estado, bate-se pelo cheque, quem não quer que o Estado suporte o ensino privado, está contra o cheque ensino.
No fim, quem acha que a escola pública deve ser a coluna vertebral do ensino, fecha o sistema a sete chaves e nem acredita que o cheque possa trazer uma mobilidade às famílias muito importante.
Outros há, que consideram que o cheque ensino pode circular entre as escolas públicas, permitindo uma mobilidade de que resultariam francas vantagens para as famílias e para os alunos. Ficariam de fora as famílias que colocam os seus filhos na escola privada. Como se percebe, a nível do IRS o Estado já suporta parte das despesas da educação do aluno na Escola privada.
Esta questão, tambem se estenderá à Saúde,(Mercado da Saúde) mais tarde ou mais cedo, os “players” privados exigirão que o Estado favoreça a acessibilidade dos cidadãos aos hospitais privados, suportando os custos.
Eu, pessoalmente, tenho dificuldade em perceber como é que o cheque num caso e noutro favorece o comum dos cidadãos. As famílias de rendimento elevado, que já escolheram o privado, esses, sem dúvida que ficarão favorecidos, mas tenho muitas dúvidas quanto ao funcionamento do cheque entra as famílias de rendimento mais baixo.
O que me parece verdadeiramente importante, é o direito de escolha. Posso aceder ao hospital A ou B e à escola A ou B porque acho que é melhor para a minha família, introduzindo uma competição bem saudável no sistema.
Haverá outras formas de apoiar as famílias, se estiverem verificadas razões razoáveis e saudáveis para isso. Preocupa-me uma liberalização no sistema que ainda é frágil e que padece de doenças bem mais preocupantes.
Não podemos é fechar a porta a estas propostas por puro comodismo ou por medo do desconhecido. Ter medo do “Mercado da Educação” ou do “Mercado da Saúde” não é a melhor forma de os combater. A melhor forma é ter uma escola pública capaz e ter um SNS competente.
Portugal no seu melhor…
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1405279
É Portugal no seu melhor. Esta decisão de Deus Pinheiro é todo um tratado de verdade e credibilidade. Mais não digo…
Apalpado ou a raios x ?
A segurança está a cercar perigosamente a nossa liberdade. Há quem considere que não podemos perder nenhum dos nossos direitos democráticos em troca de mais segurança, o que sendo muito bonito, é tambem muito lírico. A aparelhagem de escuta e de visionamento já invadiu o espaço público, com o “Grande Irmão” em todas as esquinas a observar-nos, a escutar-nos, a tomar conta de nós.
Vendem-se, ali na Praça de Espanha, aparelhos que desde a rua podem interceptar as conversas que temos em casa ou os telefonemas que fazemos. Tudo para nosso sossego! Hoje, com o telemóvel, a via verde e a curto prazo, com a nova matrícula dos automóveis, podemos estar sempre no visor de um qualquer funcionário obediente e obrigado.
Agora em Manchester, no aeroporto, terminal 2, está a testar-se um scanner que despe o candidato a passageiro. Maminhas, contornos dos digitais e piercigns, a forma do corpo, aparece tudo como Deus ordenou. Tambem detecta armas, explosivos e outras coisas esquesitas, mas tudo a ser observado por um funcionário que não vê a pessoa, e com os registos imediatamente destruídos.
Se preferirem podem sempre ser apalpados, mas asseguram as autoridades aeroportuárias que as imagens não são eróticas nem pornográficas.
Valha-nos isso. Já me estava a ver em cuecas e meias. Prefiro ser apalpado.
Tem mais calor humano!
"Aos vindouros, se os houver"
Vós, que trabalhais só duas horas
a ver trabalhar a cibernética,
que não deixais o átomo a desoras
na gandaia, pois tendes uma ética;
que do amor sabeis o ponto e a vírgula
e vos engalfinhais livres de medo,
sem preçários, calendários, Pílula,
jaculatórias fora, tarde ou cedo;
computai, computai a nossa falha
sem perfurar demais vossa memória,
que nós fomos pràqui uma gentalha
a fazer passamanes com a história;
que nós fomos (fatal necessidade!)
quadrúmanos da vossa humanidade.
Alexandre O’Neill, Poemas com Endereço
Poesia: ao Carlos Loures em jeito de réplica
Meu caro Carlos Loures, partilhando das mesmas inquietações acerca da arte em geral e da poesia em particular, dedico-lhe este pequeno excerto retirado de um clássico da literatura sobre o assunto:
«A poesia, em sentido geral, pode ser definida como “a expressão da imaginação”, e é congénita do homem. Este é um instrumento para o qual uma série de impressões internas e externas é conduzida, como a alternância de um vento sempre mutável, para uma harpa eólica, fazendo-a vibrar numa melodia sempre vária. Mas um princípio existe em todo o ente humano, e talvez em todos os seres sensíveis, que actua de maneira diversa daquela como age na lira e produz não só melodia, mas harmonia também, mercê de um ajustamento interno de sons e de movimentos assim excitados, ás impressões que os excitam. É como se a lira pudesse acomodar as suas cordas ao movimento do que as fere, numa determinada proporção de som, da mesma maneira que o cantor pode acomodar a sua voz ao som da lira.
Uma criança a brincar sozinha exprime a sua satisfação pela voz e pelos movimentos; e cada inflexão de tom e gesto possui uma relação exacta com um antitipo correspondente nas impressões agradáveis que o despertaram: é a imagem reflectida dessa impressão. E, assim como a lira vibra e ressoa após o vento se haver esvaído, assim a criança, prolongando na sua voz e movimentos a duração do efeito, procura prolongar também a consciência da causa. Em relação aos objectos que deleitam a criança, estas expressões são o que a poesia é para os objectos mais elevados.
O selvagem (pois o selvagem está para as idades como a criança para os anos) exprime as emoções nele produzidas pelos objectos circundantes de uma maneira idêntica; e a linguagem e o gesto, juntamente com a imitação plástica ou pictórica, devêm a imagem do efeito combinado desses objectos e respectiva apreensão.
O homem em sociedade, com todas as suas paixões e prazeres, torna-se em seguida objecto das paixões e prazeres do homem; uma classe adicional de emoções produz um tesouro aumentado de expressão; e linguagem, gesto e artes imitativas, devêm imediatamente a representação e o meio, o lápiz e o desenho, o cinzel e a estátua, a corda e a harmonia.»
… o autor ?
SHELLEY em «DEFESA DA POESIA» de 1820 !
… diga-me lá, honestamente, se não está já lá tudo em potência, senão em acto ? e neste particular, quem precisa do marxismo ou mesmo da antropologia para perceber a coisa ?
abraço.
A máquina do tempo: ainda a palavra – no princípio era o trabalho
Hoje, não vou estar com meias medidas: vamos fazer uma viagem de algumas centenas de milhares de anos. Vamos até aos alvores do Paleolítico inferior. Abordando o interessante tema da origem e evolução da poesia, o filósofo e antropólogo britânico George Derwent Thomson (1903-1987), publicou em 1945 um estudo a que deu o título de «Marxism and Poetry» (com uma edição portuguesa, da Teorema, em 1977 – «Marxismo e Poesia»). O ensaio analisa a questão de uma óptica onde se integram a sociologia, a antropologia e a linguística. Baseia-se, principalmente, em estudos de campo feitos pelo autor e na recolha de testemunhos de sociedades primitivas, já que a poesia produzida por esse tipo de sociedades não pode ser estudada em espécimes escritos; a sua natureza oral antecede em muitos milhares de anos a escrita e o conceito de literatura. Como Thomson diz, a poesia representa um tipo especial de palavra – se queremos estudar a sua origem, temos de a procurar na origem da palavra e isto, em última análise, significa estudar a origem do homem, pois a palavra constitui um dos traços distintivos mais importantes do homem.
Na realidade, ainda que o aparecimento do homem não esteja cabalmente explicado e localizado no tempo, há um ponto em que os investigadores estão de acordo – o homem diferencia-se dos outros primatas através de duas características principais: pelo uso sistemático de utensílios especializados e pela palavra. De uma forma mais geral, os primatas diferem dos vertebrados inferiores por serem capazes de permanecer de pé e de usar as extremidades anteriores como mãos.
Ter-se-ão desenvolvido e evolucionado a partir de condições particulares do meio e que determinaram um progressivo aperfeiçoamento da região do cérebro que comanda os órgãos motores. Animais florestais, a vida nas árvores, exigiu-lhes agilidade, rigorosa coordenação da vista e do tacto (visão binocular e um delicado controlo muscular). Desenvolvidas as mãos, elas colocaram ao cérebro uma gama de novos problemas, recebendo em troca um mundo de novas possibilidades. Desde a origem, portanto, existiu sempre uma total ligação entre a mão e o cérebro.
Por seu turno, o homem difere dos outros primatas evoluídos, por conseguir não só colocar-se de pé, mas andar erecto, usando só os membros inferiores. Há quem defenda que esta aptidão se desenvolveu em consequência de um despovoamento arborícola que o forçou a instalar-se no solo. Seja isto verdade ou não, o importante é ele ter operado uma completa divisão, uma especialização, entre as funções das mãos e as dos pés. Os dedos grandes dos pés perderam a preensabilidade; os dedos das mãos atingiram um elevado grau de destreza, desconhecida entre os demais primatas superiores – gorilas e chimpanzés, por exemplo, podem manipular troncos e pedras e usá-las como armas ou ferramentas, mas só as mãos humanas conseguem transformar esses materiais em utensílios especializados.
Esta terá sido uma etapa decisiva, pois marcou o início de um novo sistema de vida – o homem, agora equipado com utensilagem, lançou-se na produção dos seus meios de subsistência, em vez de pura e simplesmente deles se apropriar – cavou a terra, plantou-a, regou-a, colheu, moeu os grãos, fez o pão. De utente passivo da natureza, passou a controlá-la e, nessa luta por dominá-la, apercebeu-se de que ela se regia por leis próprias, independentes da sua vontade. Apreendendo o sentido dessas leis naturais, deixou de ser escravo da natureza, passou a ser seu amo.
Necessitando de encontrar uma explicação para o universo, concebia-o como coisa que pudesse ser transformada por actos arbitrários da vontade – terá surgido a magia como técnica ilusória compensadora da falência da técnica real; ou digamos antes que é a técnica real apresentada sob um aspecto subjectivo. O acto mágico é a tentativa que os homens fazem para impor a sua vontade ao meio, imitando o processo natural que querem desencadear – se querem chuva, executam uma dança em que imitam o movimento das nuvens adensando-se, o ruído do trovão, o raio que cai…
Nos estádios iniciais, o trabalho de produção era colectivo. As mãos da comunidade trabalhavam em conjunto e, o emprego de utensílios, motivou um novo meio de comunicação. A gama de gritos animais é limitada. No homem, porém, esses gritos tornaram-se articulados, foram elaborados e sistematizados como meios de coordenação dos movimentos do grupo. Por isso, quando inventou os utensílios, o homem inventou a palavra. Mais uma vez se verifica a ligação entre a mão e o cérebro.
Quando vemos uma criança a tentar manejar pela primeira vez um pequeno martelo, podemos imaginar o grande esforço mental que as tentativas iniciais para usar um utensílio devem ter custado ao homem. Tal como as crianças na orquestra do infantário, o grupo trabalhava em comum e cada movimento da mão ou do pé, cada golpe sobre uma pedra ou sobre uma vara era ritmado por um recitativo mais ou menos inarticulado que todos cantavam em uníssono. Sem esse acompanhamento vocal o trabalho não poderia ser executado. A palavra terá, pois, surgido como elemento essencial da produção colectiva.
À medida que a habilidade foi evoluindo, o acompanhamento vocal ritmador foi deixando de constituir uma necessidade psíquica. Os elementos do grupo foram sendo capazes de trabalhar individualmente. Mas o aparelho colectivo sobreviveu sob a forma de uma repetição executada antes do início da tarefa concreta – uma dança através da qual os trabalhadores reproduziam os movimentos colectivos que anteriormente eram indissociáveis da tarefa propriamente dita. É aquilo a que os antropólogos chamam «dança mimética» e que ainda hoje se pratica entre as tribos primitivas.
Entretanto, a palavra desenvolveu-se – de acompanhamento directo do emprego de utensílios, na origem, transformou-se em linguagem tal como hoje a conhecemos – um meio de comunicação, consciente e articulado, entre os indivíduos. Sobreviveu na dança mimética e, enquanto parte falada, manteve a função mágica. Assim, em todas as línguas, encontramos dois modos de conceber a palavra – a «palavra corrente», o meio de comunicação quotidiano entre os homens, e a «palavra poética», material mais expressivo e mais apropriado aos actos colectivos do rito fantástico, rítmico e mágico.
Tentei aqui sintetizar, reproduzindo o sentido, o raciocínio de Thomson. Se o seu raciocínio é correcto, isso significa que a linguagem poética é essencialmente mais primitiva do que a palavra corrente, na medida em que preserva em elevado grau as qualidades de ritmo, de melodia, de fantasia, inerentes à palavra enquanto tal. Sendo apenas uma hipótese, apoia-se no que se conhece das sociedades primitivas – verificamos que a diferenciação entre a palavra poética e a palavra corrente é relativamente incompleta.
Thomson estabelece, pois, uma íntima ligação entre colectividade, trabalho e poesia. É uma tese que vem colidir com os que querem que a poesia se situe num plano isolado (e superior) da realidade objectiva; esta teoria vincula a palavra poética, desde a sua mais remota origem, às tarefas concretas do quotidiano, nomeadamente ao trabalho.
Isto permite-nos tirar muitas conclusões e a minha adesão a esta teoria é tudo menos inocente. Como noutras viagens da minha máquina teremos ocasião de comprovar.
A reforma da saúde nos USA
Um avanço muito importante embora ainda não definitivo. O Comité de Finanças do Senado aprovou ontem a proposta de reforma do sistema de saúde, apresentado pelo Presidente.
Para além da maioria Democrata votou a favor uma Senadora Republicana. As outras comissões do Senado que têm a ver com a Saúde, já tinham aprovado a proposta. O diploma em discussão é o único que cumpre todos os objectivos a que Obama laçou mãos, e que estende a cobertura aos 47 milhões de americanos que não têm seguro médico, proíbe a discriminação dos doentes crónicos e prevê reduzir os custos.
Desde Roosevelt que não se tinha chegado tão longe, o próprio Clinton não conseguiu vencer em 1994.
Os seguros passam a ser obrigatórios mas as pessoas que não têm capacidade económica terão subsídios do Estado. A grande questão é saber quem é que paga a reforma. A Câmara dos Representantes quer maiores impostos sobre as grandes fortunas, enquanto o Senado propõe novas taxas para os planos de saúde.
Entretanto, o lobby das seguradoras declarou guerra às reformas, declarando que a proposta aumentará em muitos milhões de dólares o custo do sistema. A Casa Branca declarou o documento distorcido e defeituoso!
É uma reforma que trará boas consequências a nível mundial !
Uma ERC para os Estados Unidos da América
“A ERC, agência governamental encarregue de supervisionar a comunicação social norte-americana, sancionou hoje a Fox News por alegado incumprimento da deontologia dos jornalistas. Na sua decisão, alegam os elementos da ERC que a necessidade de punir a Fox News deriva do facto de esta não estar a tratar de forma imparcial o presidente Barack Obama. Em particular, alertam os membros da ERC que a circunstância de a Fox News se limitar a explicar as implicações da reforma do sistema de saúde apenas pela voz de elementos afectos ao Partido Republicano prejudica o seu zelo e rigor jornalisticos, o que legitima esta sanção, ao abrigo da al. d) do art. 7º do Estatuto da ERC.”
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