1000 milhões famintas / 1100 milhões obesas

É irónico se não fosse trágico, mas a verdade é que podíamos ter 2 100 milhões de pessoas mais felizes e mais saudáveis se o bom senso imperasse.

Resolvido o problemas da produção há que resolver o problema da distribuição. No primeiro, as pessoas tiveram que dar largas à imaginação, à ambição de ter uma vida melhor. Apareceram e organizaram-se os factores de produção que permitiram uma exponencial criação de riqueza. Na distribuição há que dar lugar ao bom senso, à solidariedade, à justiça. Tudo imensamente mais dificil.

Num planeta globalizado, nem sequer podemos refugiar-nos no desconhecimento ou na capacidade de fazer chegar os alimentos onde são precisos. Não chegam às pessoas que morrem de fome porque este problema não é, para o mundo, uma prioridade. Não há por onde fugir.

E o mundo somos nós todos, os que participamos na formação da opinião pública, os que pressionamos para que as prioridades sejam as que são e não outras, os que elegemos programas de governo que não têm uma única linha sobre solidariedade entre as pessoas.

Entretanto, vamos pagando rios de dinheiro em SPAS para emagrecer, em dietas caríssimas e em lipoaspirações dolorosas, tudo porque não conseguimos prescindir do desperdício.

Vamos morrer todos gordos e anafados, cheios de colasterol e diabetes, mas de barriga cheia.

Limão e malagueta

A malagueta nasce verde
verde como o limão
olham-se verde no verde
ela cora
e ele não.
Um empalidece
outra faz-se rubor
há qualquer coisa de astuto
qualquer coisa de comum
entre os dois e o amor.
A malagueta abre-se à cor
em carne viva
ardendo da penetração quente do sol
da carícia de febre
luz vibrada e tacto de seda.
Não fenece
enquanto à sua volta
tudo morre e envelhece.
O limão
nem mole nem duro
sumo de virilidade
sumo de alegria
denso de seiva
sabor amargo ou doce
ao sabor dos descuidos
da verdade e da melancolia.
A malagueta não é séria nem puta
é luta de vida numa vida de luta
madura de ilusões
lábios maduros
palpando as vozes e as palavras
na ponta da língua.
O limão não sofre de amores
nem de esplendores
nem de ignorância presunçosa
jogo de toda a vida imbecil.
Se o encontro se dá
solta-se o sangue em torno dos ideais
nos rútilos prados da malagueta amada
malagueta mulher
orvalhada
pequenina e nua
capricho de um ventre fecundo
na cintilação da madrugada
como se a vida fosse
um desejo de amarga doçura
decúbito de sílabas erguidas
ao som da música
entre espaços de côncavo silêncio
cristal e solidão.
Dilatada angústia
pernoitada
na eterna penetração de fulgor
da malagueta desabrochada
ao paladar
da última gota do livre limão.

Em manutenção

Aventar está em manutenção.

Legislativas, autárquicas, política, sociedade, cultura… Deixaram-nos estendidos. Estamos pois em manutenção. Muito em breve estaremos de volta num computador perto de si.

Uma boa escolha do Bloco de Esquerda

A eleição de José Manuel Pureza para líder parlamentar do Bloco de Esquerda deixa-me, como dizer, contente. Podia somar várias razões para tal, mas fico-me por uma: o país terá oportunidade de descobrir as qualidades políticas que em Coimbra lhe conhecemos. Temos as nossas divergências, mas as coincidências superam-nas.

Claro que vai levar com calúnias e postas de pescada em cima, mas são ossos do ofício.E nunca o achei muito cristão no acto de dar a outra face.

Bom trabalho Zé Manel.

Premonição

Canción para ese día

 

He aquí que viene el tiempo de soltar palomas

en mitad de las plazas con estatua.

Van a dar nuestra hora. De un momento

a otro, sonarán campanas.

 

Mirad los tiernos nudos de los árboles

exhalarse visibles en la luz

recién inaugurada. Cintas leves

de nube en nube cuelgan. Y guirnaldas

 

sobre el pecho del cielo, palpitando,

son como el aire de la voz. Palabras

van a decirse ya. Oíd. Se escucha

rumor de pasos y batir de alas.

 

Jaime Gil de Biedma, Antologia Poética (Alianza Editorial, 2007)

Casa Pia – Tenham medo! Muito medo!

O Processo Casa Pia é um arroto que faz sair pelas goelas as próprias vísceras, uma anedota ordinária, uma sanita por onde se enfiam uma a uma, a confiança, a nobreza, a vergonha, a culpa…

Na Sábado, o Gonçalo Bordalo Pinheiro .

“A poucas semanas do fim do julgamento, a juíza Ana Peres resolveu consultar alguns ficheiros apensos ao processo, com os registos das chamadas feitas e recebidas pelos arguidos. E, por acaso, terá descoberto três telefonemas entre Jorge Ritto e Ferreira Diniz numa altura em que era suposto os dois não se conhecerem e em que algumas vítimas se queixam de ter sido abusadas por eles.”

A polícia tem ,evidentemente, uma explicação para o absurdo: durante o inquérito houve pequenos problemas com o sistema informático usado no caso…..elogiam a descoberta feita pela juíza Ana Peres, que atribuem à carolice da juíza.

Infelizmente, há ainda mais uma notícia que a polícia partilha connosco” Se o material for agora devidamente tratado, ainda pode haver surpresas”.

Tenham medo, é muito natural que se continuem a descobrir “surpresas” debaixo dos “erros” da polícia!

E, já viram, como é tudo normal, legal, sério e honesto? Ninguem é responsabilizado, não há inquéritos para se saber a verdade do “erro”, não há primeiras páginas, nem telejornais que peguem no assunto. Afinal, foram só uns rapazitos que foram abusados sexualmente por gente com estilo!

Nada que tire o sono, nada com interesse, nada que nos envergonhe…

Não ao racismo e à xenofobia!

A propósito do vídeo da Maitê Proença, já se disse quase tudo. Concluamos – é um vídeo irrelevante de uma irrelevante actriz de telenovela. Não tomemos a nuvem por Juno – tem a importância que tem e que é quase nenhuma. Vimos alguns comentários, bem humorados, mas roçando perigosamente o indesejável território da xenofobia. Cuidado, há brasileiros, mesmo no mundo do espectáculo, que, ao contrário da Maitê Proença, nos respeitam a nós e à nossa cultura, como por exemplo Jô Soares e Chico Buarque de Holanda.

Para desanuviar o ambiente, aqui se deixa um vídeo dos «Gatos» sobre o racismo:

  

Diálogo : Quem apoia o meu programa ?

Como ninguem apoia o meu programa, apesar dos esforços continuados no diálogo e do braço estendido, sou obrigado a governar sòzinho, o que é uma instabilidade, só por si. Instabilidade atribuível na sua totalidade aos partidos da oposição que não aceitaram o meu programa, o meu diálogo e o meu braço estendido!

Naturalmente, que ninguem está à espera que eu governe com os programas dos outros partidos que perderam as eleições! Ou é de esperar? É de esperar, isso sim, que os outros partidos apoiem o meu programa que ganhou ! Ou não? Por isso estendo o meu braço e proponho o diálogo. Quem quer apoiar o meu programa?

Aceito coligações e apoios quer a nível governamental, quer a nível parlamentar, para poder executar o meu programa. Por isso, disponho-me ao diálogo, e estendo o meu braço a todos os partidos para apoiarem o meu programa. Sem hesitações, sem preconceitos e com a maior das transparências. Todos serão bem vindos para apoiarem o meu programa!

Não obtendo consensos quanto ao apoio do meu programa, avançarei com um governo só do meu partido, esperando que os partidos da oposição apoiem o meu programa e se disponham ao diálogo e aceitem o meu braço estendido!

É essa a sua tarefa patriótica, apoiarem o meu programa!

A máquina do tempo: a «Leva da Morte»

ferragial

Há quem, mais de 90 anos decorridos, queira descrever o consulado sidonista como um oásis de ordem no meio do caos da I República. Esquecem-se, entre outros actos de despotismo, os que assim descrevem o período em que Sidónio Pais presidiu aos destinos do País do sinistro episódio da «Leva da Morte», ocorrido faz hoje 91 anos, portanto em 16 de Outubro de 1918.

No ano anterior tinham acontecido muitas coisas – logo em Janeiro partira para França a primeira brigada do Corpo Expedicionário Português (Comandado pelo general Gomes da Costa). Portugal entrava na Grande Guerra. Os contingentes continuariam a seguir para a frente de batalha. Em 25 de Abril formou-se o terceiro governo de Afonso Costa. Em Maio noticiavam-se as primeiras «aparições» de Fátima, logo aproveitadas pelas forças conservadoras.

O pano de fundo de tudo isto, eram os motins, as greves, mas esse caos social, económico e político serviu de trampolim ao major e professor Sidónio Pais que, mobilizando algumas unidades militares e, sobretudo, os cadetes da Escola de Guerra, e com algum apoio popular, desencadeou em 5 de Dezembro uma revolta. Mais uma. Afonso Costa foi preso, o ministério demitiu-se, o presidente Bernardino Machado partiu para o exílio. Instaurou-se uma ditadura militar, apoiada pelo Partido Unionista. O Congresso foi dissolvido, destituído o presidente da República, a constituição alterada. Instalou-se um regime presidencialista – aquilo a que se veio a chamar o sidonismo. A Sidónio, muitos chamavam o «Presidente-Rei». Era a «República Nova».

Os decretos eram publicados a uma velocidade estonteante. A máquina administrativa, a lei da imprensa, o ensino, tudo ia sendo reformulado. As relações com o Vaticano foram restabelecidas e restituído ao clero muitos dos privilégios que a República lhe retirara. As sucessivas revoltas contra a ditadura sidonista iam sendo dominadas. Em Janeiro de 1918, foi neutralizado um levantamento de marinheiros da Armada. Em 28 de Abril, realizaram-se eleições presidenciais com Sidónio como único candidato, foi eleito. Em França, em La Lys, as tropas portuguesas sofreram uma pesada derrota o que reforçou a germanofobia do presidente e dos seus apaniguados. A direita reforçava-se. Em Julho surgia a «Cruzada Nun´Álvares» formada por monárquicos e sidonistas católicos com o objectivo de unir a direita anti-republicana.

Tudo isto ocorria sem que os problemas fulcrais do País se resolvessem – continuava a miséria, a carestia da vida, o racionamento de bens essenciais… O descontentamento, mesmo dos que tinham saudado o aparecimento de Sidónio, reavivava-se. Recomeçavam as greves, os motins, os levantamentos populares. O benefício da dúvida terminara. Sidónio apenas resolvera problemas da hierarquia da Igreja, de terra-tenentes e industriais. O povo não figurava nos seus planos. Gente ligada ao Partido Democrático, agitava-se. As prisões enchiam-se de opositores ao «presidente-rei». A «lei-da-rolha» estendia-se a todos os domínios. Tudo estava tão mal como antes, só que agora nem sequer se podia protestar. E chegamos ao 16 de Outubro de 1918.

Na manhã de 12 de Outubro eclodiu em Coimbra uma revolução constitucionalista, saindo para a rua o Regimento 35. O comandante da Divisão sediada na cidade foi preso pelos revoltosos e o alferes Sidónio Pais, o filho do presidente, perseguido pela cidade. Em Lisboa e no Porto, o movimento não encontrou eco, a revolta foi jugulada Face à rebelião que alastrava por todo o País, o governo decretou o estado de sítio. As prisões encheram-se de presos políticos, gente do Partido Republicano Português na sua generalidade.
Cerca das 3 da tarde, não cabendo mais presos nos calabouços do Governo Civil de Lisboa, as autoridades decidem transferir uma parte deles para os fortes do Campo Entricheirado – São Julião da Barra, Alto do Duque e Caxias. O comboio especial que os iria transportar, estava previsto sair às 18 horas do Cais do Sodré, sendo depois a partida adiada para as 21 horas. Ao cair da tarde, 153 detidos são concentrados no pátio central do Governo Civil e, rodeados por 253 guardas saem do edifício. Há um pormenor bizarro. O cortejo é aberto por uma formação de corneteiros e tambores.

Entre os presos, destaca-se a figura fisicamente enorme de Francisco Correia Herédia, um sexagenário forte e combativo. Fora deputado e fizera, antes do Regicídio, parte do grupo da dissidência Progressista, liderado por José Maria de Alpoim. Estava filiado no PRP de Afonso Costa e voltara ao Parlamento, agora como deputado republicano. Deixara de usar o título de visconde e usava apenas o seu nome civil. Como disse, os presos marchavam enquadrados por guardas armados. Apontando as armas aos curiosos, gritavam:
– Fechem as janelas! Afastem-se das ruas!

Quando o cortejo, vindo da Rua Serpa Pinto, atravessando o Largo da Biblioteca e chegando a cabeça da coluna à Rua Vítor Córdon soou um tiro. Estabeleceu-se o pânico e desencadeou-se um forte tiroteio com os guardas a disparar quase à toa em todas as direcções. Quando a calma e o silêncio se restabeleceram a rua estava juncada de mortos e de feridos, alguns agonizantes. No rescaldo, apuraram-se sete mortos, seis presos e um guarda, sessenta feridos, sendo trinta e um preso e vinte e nove guardas. Entre os mortos, na valeta junto à Rua Vítor Córdon, estava o visconde de Ribeira Brava, degolado pelo que parece ter sido um golpe de baioneta.

No dia seguinte, o Governo emitiu um comunicado em que se dizia que tudo começara quando Francisco Herédia disparou sobre os guardas da escolta, tentando evadir-se. Nesta disparatada versão pormenorizava-se que a pistola entrara na prisão dentro de um tacho de açorda! – a pistola nunca foi encontrada. Dizia-se também que dos bordéis da Calçada do Ferragial tinham sido disparados tiros contra a polícia. Foi preso um garoto de 12 anos, acusado de cumplicidade no ataque.

No entanto, a versão em que toda a gente acreditou era a mais óbvia: o massacre fora preparado pela polícia sidonista. O insólito grupo de tambores e cornetas abrindo o cortejo foi interpretado como uma forma de referenciar a marcha da coluna aos olhos de quem do exterior iria intervir.

No sábado, 14 de Dezembro de 1918, quando o ditador ia partir para uma viagem ao Norte, foi abatido a tiro na Estação do Rossio por um atirador que, ao que parece, não fazia parte de qualquer grupo político. Um tal José Júlio da Costa que, apesar de todos os esforços da polícia, do avultado número de prisões efectuado, nunca se provou estar organizado fosse em que partido fosse.

A chamada República Nova morrera com Sidónio. Nunca se diga que os doze meses da ditadura sidonista foram um hiato na violência e no caos da I República. A «Leva da Morte», episódio ocorrido faz hoje 91 anos, foi apenas um dos muitos crimes cometidos pelas autoridades nesse período.

Pérolas: Educação e suas falácias amestradas.

Para o caçador de falácias sobre Educação, há territórios que parecem reservas cinegéticas com uma abundância só comparável ao Éden. Um desses territórios é constituído pelos discursos de Ana Maria Bettencourt. As declarações feitas, ontem, pela senhora revelam aquilo que poderemos designar por vacuidade doutorada, um dos piores tipos de ignorância.

Fernando Nabais, Educação e suas falácias amestradas, Escola e sociedade devem ser mundos separados.

Há mais n’Os Dias do Pisco. Falácias desmontadas, uma escrita com pena de ave rara, lucidez, um humor subtil que chicoteia sem doer muito mas deve deixar cicatrizes nas vítimas.

Sou suspeito porque falo de um amigo, por isso façam o favor de lá ir e venham depois cá dizer que vos estou a enganar.

Ética e Educação-2ª parte (9)

Ética e Educação – 2ªParte (9)

Educação no tratamento dos problemas éticos ligados à esfera da saúde. Considerações sobre a necessidade de integração de conhecimentos ligados à saúde no âmbito da educação escolar e social

Qualquer doente tem o direito de saber pormenorizadamente os caminhos investigacionais e as decisões terapêuticas que sobre ele impendem. Todo o doente tem o direito de perguntar e saber o que tem, bem como de conhecer os meios de que a sociedade dispõe para melhor o tratar. Nunca o médico, pelo facto de ter na sua frente uma pessoa sofredora, fragilizada e, circunstancialmente, numa posição de dependência, pode ou deve usar argumentos prepotentes, imposições de cátedra ou condutas redutoras da personalidade. A dor, seja ela física ou psíquica, esfarrapa o homem, a dor despe até à nudez aquele que a sofre, dissolve a vaidade e coloca o homem frente à sua fraqueza. A dor é o detergente que embranquece o espírito e lava a memória. A dor é uma espécie de fronteira entre a vida e a morte, e, perante ela, ninguém tem vergonha de parecer ignorante.

Tudo é explicável ao doente, tudo é entendível por qualquer pessoa, se o médico souber usar uma linguagem que se adapte à sua compreensão. O que acontece é que muitos médicos não cuidam de saber falar, não cuidam de saber escrever, não querem perder tempo ou acham que o paciente não merece atenção especial. Muitos médicos e agentes de saúde, não tendo respeito por eles próprios, não podem ter respeito pelos doentes, não podendo admirar-se de que muitos doentes percam o respeito por eles. Facilmente se enrolam na corrupção do pensamento ou na negação da sua nobre missão, integrando uma assistência desumana e de mediocridade, cuja culpa principal pertence às instituições, fermento de confusão entre inteligência e indigência, humildade e petulância, formação e deformação, rigor e confusão, seriedade e manigância. Por isso o doente tem de ser informado de que ir ao médico pode ser uma aventura. A velha norma que manda cumprir religiosamente o que o médico diz parece não ter muita verdade a sustentá-la, por um lado pela má formação e pela incompetência, por outro lado pela precariedade da assistência a muitos níveis. (continua).

Houston, we have a problem

Sim, estamos a passar uma fase delicada. O Aventar levou uma bordoada mas já recebeu tratamento.

Ainda convalesce, e os leitores podem encontrar alguns problemas. Também não estamos a conseguir publicar em condições normais.

Mas estamos confiantes no regresso à terra. A amaragem vai correr lindamente, podem crer.

Actualização: Coordenadas da amaragem definidas. Aproxima-se a sempre difícil entrada na atmosfera terrestre.
e outra: estamos na fase em que estamos e não estamos.

PCP avança com o Fim do Estatuto

O prometido é devido!

O BE avança também com esta exigência!

Também fui convidado

Mas, coligações não são comigo e por isso disse que não.
E tu?
Só é pena que o Zézito seja o dono da bola…
Quando lá na rua tinhamos que escolher as equipas, primeiro fazíamos o calca e depois cada um dos capitães escolhia à vez os seus jogadores. Acontecia, por vezes, que o dono da bola era tão bom com ela (a bola!) como a Ministra numa loja de cristais. Mas, sendo o dono da bola, tinha mesmo que jogar, apesar de ninguém o querer.
Era assim em Rio Tinto há 25 anos.

PS: para ti Pedro, com um grande abraço. Nunca te vamos esquecer. Serás sempre o nosso Palisxas!

Para que serve a escola Pública?

No dia em que arranca mais um ano parlamentar, permitam-me caros deputados que vos coloque uma exigência em torno da Escola Pública, pilar que considero central da sociedade Democrática e Livre que sonho para o nosso país.

E começo apenas pela questão central: ” Para que serve a escola Pública?”.

Considero que a Escola Pública não pode estar ao serviço dos liberais (neo?) que apenas desejam ter uma instituição barata que lhes forme os funcionários, eficazes, mas incultos, cumpridores, mas analfabetos!

Eu desejo e sonho com algo diferente.

António Nóvoa dizia:

[…]ASSEGURAR QUE TODAS AS CRIANÇAS TENHAM VERDADEIRAMENTE SUCESSO IMPLICA[…].EM PRIMEIRO LUGAR, VALORIZAR O TRABALHO ESCOLAR, RECENTRANDO OS NOSSOS ESFORÇOS NA APRENDIZAGEM DOS ALUNOS.
A ESCOLA NÃO ESTÁ AO SERVIÇO DE UM PROJECTO DE OCUPAÇÃO, DE GUARDA OU DE ENTRETENIMENTO DAS CRIANÇAS.
ESTÁ AO SERVIÇO DE UM PROJECTO DE APRENDIZAGEM. […]

A escola Pública não pode ser um parque de estacionamento onde os pais estacionam os putos durante o dia.
Mas, também não pode ser uma peça de uma cadeia de montagem que deseja criar funcionários “funcionais” para as suas cadeias de produção.

A direita de Cascais que tem liderado a opinião publicada pensa, tal como os burocratas do ME, que a coisa se resolve criando condições para que os desgraçados andem entretidos – por isso criam os CEF’s.
Cursos de Educação e Formação. Um puto com oito negas, passa do 6º para o 7º porque vai para o CEF… e Em dois anos tem o 9º.
Isto para não falar de outras histórias de faz de conta das nossas escolas.

Dito isto, importa dizer que à Escola Pública se exige currículo e aprendizagens. O que devemos exigir é que os meninos das Escolas Públicas tenham a possibilidade de aprender porque isso é o que, hoje, os distingue dos meninos das privadas. Veja-se os rankings – uns sabem conteúdos (privado). Os outros ensaiam competências.

Fica o desafio – criem condições para que na escola Pública se possa aprender em vez de entreter!