O Bloco de Salvaterra

Nunca percebi a ideia do BE em dar guarida à senhora que se desentendera com o PCP em Salvaterra da Magos, ficando orfã enquanto presidente da Câmara.

Lembro-me que na altura houve uma forte polémica interna mas a decisão lá terminou por passar, ou não tivesse por padrinho Miguel Portas.

Passados 8 anos continuo a não ver o mínimo interesse político na coisa. É uma autarca exemplar? Não sei, mas não me venham com o facto de ser reeleita como demonstração de virtudes. Valentins e Loureiros também o são.

Chega hoje a notícia de que em Salvaterra de Magos teve lugar um rodeo, e a tal senhora multiplicou-se em entrevistas onde se manifesta como aficionada da tortura e homicídio de animais.

Ora eu não sou: levo mesmo muitos aninhos a protestar contra essa barbárie, digna herdeira do Circo Romano, e que estabelece uma fronteira clara entre civilização e animalidade, sendo que enquanto animal estou do lado da civilização.

Nem o Bloco de Esquerda o é: foi gozado durante a última campanha precisamente por defender no seu programa a civilização e os direitos dos animais.

Esta espantosa coerência dá o flanco aos adversários, este vídeo é de um socratista preocupado em perder as eleições pra o BE em São Pedro do Sul, e também não me venham com direitos de tendência animalescos, ou com independências, ou o caraças.

Vai é dando-me razão quando preveni que muitos maus dias estavam para vir quando o crescimento do BE se manifestasse nas autarquias. Estas coisas começam assim, e acabam em agências de emprego e negociatas com construtores civis, à moda da CDU. Limpinho.

FUTAventar – O Braga é um tratado

É um prazer ver jogar o Braga. Tem uma defesa segura, dois laterais que se fartam de correr e apoiar o ataque, uma linha média onde se juntam a capacidade de recuperar a bola e a visão, à distância, de colocar a bola do Hugo Viana.

O ataque ainda não é eficaz, constrói muitas oportunidades mas marca poucos golos e ninguem é campeão sem marcar golos. Mas tem trunfos, como é o Adriano que é um bom jogador de área. Com paciência, o Adriano pode ser o ás de trunfo, daqui a uns tempos, quando a fadiga se fizer sentir em jogadores muito rápidos como são o Alan e o Paulo César.

Bem gostaria de ver o Braga campeão, mas falta-lhe o peso que, por exemplo, os Loureiros tinham no Boavista. Sem “mexer” na arbitragem o Braga tem que ser muito melhor do que os outros para aspirar a ser campeão!

Talvez o Pintinho dê um jeito, já que este ano não tem equipa para ganhar. Assim evitava ter de ouvir os lampiões…

ESCLARECIMENTO

ESCLARECIMENTO

 

Há dias fiz um comentário à Daniela Major sobre pontuação e vírgulas. Não é que eu tivesse dado conta de qualquer erro cometido pela Daniela, e se tal acontecesse eu não cometeria a deselegância de o dizer, nem a ela nem a ninguém. Respondi apenas ao que ela dissera na sua apresentação, ou seja, que não prometia colocar bem as vírgulas porque não era capaz ou não sabia.

 

Fiquei no entanto chateado pois o meu comentário podia parecer presunçoso e dar a ideia de armanço, coisa que não me assenta. Todos nós andamos aqui a aprender, e venha o primeiro a dizer que sabe tudo, que eu não acredito nele. Sei o valor da humildade e já o fiz ver à Daniela.

 

Todavia, já o disse, creio que o instrumento de quem escreve reside nas palavras e na construção que com elas se faz, tal qual como o piano é o instrumento do pianista, dele saindo a música que toca. Se o pianista toca mal…as pessoas não gostarão de o ouvir.

 

O Aventar é um local de comunicação escrita, e o Aventar com certeza que imagina a credibilidade acrescida que assegura se escrever bem, e o descrédito e encolher de ombros que produz se escrever mal. Não podemos ter a mais pequena dúvida de que é assim. Se há pessoas menos exigentes que lêem o aventar, também há, com certeza, pessoas muito exigentes. Novamente como no caso do pianista.

 

Isto para dizer, na minha opinião, que um erro ortográfico ou erro de construção (não uma gralha, evidentemente) pode ser, já não digo a morte do artista, mas um ponto na penalização a caminho do descrédito e da desclassificação. Ninguém anda aqui para ser artista, mas se nos propomos tocar o nosso piano, não podemos trocar as notas.

 

Quem se propõe escrever para outros lerem, tem de o fazer tão bem como o alfaiate faz um fato a quem lho encomenda. E seria giro o Aventar ser um exemplo, não só de democracia, que o é, mas também de respeito pela boa interpretação e execução da música que toca.

 

Por mim, com toda a sinceridade, fico imensamente grato a quem me apontar as minhas falhas. De certeza que não voltarei a repeti-las.

Os jogos olímpicos no país dos pobres presidido por um apedeuta

Experimentem goglar apedeuta.

Depois da wiki definição (sem instrução, ignorante, estúpido, insipiente), dará Lula, Lula, Lula.

Apedeuta!!!!

Clamam os patetas luso-brasileiros, no balcão, cuspindo para a plateia.

O gajo que meteu o Brasil no mapa da grandes potências não teve instrução, é ignorante que chegue para distinguir um tanino de outro, estúpido quanto baste para chegar a presidente, e incipiente insipiente em tudo e  mais algumas coisas.

Grande era o Sóciólogo (não é gralha nem erro, é pura próvócação) anterior, e os nossos vícios coloniais de olharmos para o Brasil como um filho, quando é pai de uma razoável parte da nossa história, até porque a pagou durante todo o século XVIII.

Enorme é o país que se constrói com um presidente assim, que demonstra que mais vale ter um apedeuta na mão, que um Cavaco (Professor Doutor) para aturar.

O Rio não ganhou os Jogos Olímpicos por ter favelas: merece-os mesmo com elas.

Há favelas em Pequim (esconderam-nas, tal como as prostitutas), vidas piores em Londres (mas os ingleses parecem sempre civilizados, né?), em Chicago blues, e em Madrid o povodos subúrbios que apanha os comboios do 11/3.

Os Jogos Olímpicos são um espectáculo político com um bocadinho de desporto à mistura. Nesse aspecto até respeitam a tradição helénica.

Têm sempre um valor simbólico: os de Pequim assinalaram a ascensão do Império do Meio, os de Londres devem servir para marcar a decadência do império da majestade deles, os do Rio vão simbolizar uma nova grande potência económica (espero que se fique por aí).

Custam dinheiro? Mas também dão lucro, num saldo impossível de calcular por antecipação. É um investimento de retorno imprevisível, mas num país emergente, e destino turístico, parece-me um bom investimento.

O resto fica por conta do nosso paternalismo serôdio, e pelos canudos dos que apelidam Lula de apedeuta, e andam hoje com a carinha a arder, que bofetada de luva branca também dói.

rodapé: pareceu-me ver um tal de Pelé, tipo que nunca valeu um Eusébio, metido a comemorar o feito. Como o futebol nos olímpicos pouco conta espero que fosse só um figurante ou tenho de chorar pelos jogos não terem ido para Buenos Aires.

O QUE FOI O SR FAZER, SR PRESIDENTE?

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DIZER QUE OS PC´S NÃO ESTAVAM SEGUROS?!
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Confesso que nem me tinha lembrado de tal possibilidade, mas outros o fizeram.
Quando o sr Presidente da República falou dos seus computadores e de como parecia fácil entrar fraudulentamente neles, e ainda de que o correio electrónico da presidência podia estar a ser vigiado, fácil seria imaginar que pessoas com conhecimentos suficientes para entrar na rede informática, fossem tentar muito depressinha antes que fechassem a porta.
Agora, neste país ensandecido, se calhar são aos milhares as tentativas de entrar pela porta informática que o sr Presidente deixou pensar que estivesse aberta.
Isto é tão giro. Ninguém pensa no que diz e nas consequências do que diz. Nem o Presidente.
Tudo muito frágil nos sistemas informáticos em Portugal. E nas pessoas também.

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JM
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A corrupção nas mais – valias urbanisticas

Já tratei deste assunto aqui no Aventar. O nosso país é o único em toda a Europa em que as mais-valias urbanisticas não são retidas pelas finanças públicas. Tratam-se de mais – valias obtidas administrativamente, com é o caso, mais evidente, de alguem que tem um terreno que vale 10 unidades monetárias e que, por conseguir fazer licenciar um prédio naquele mesmo terreno, este passa a valer 100 unidades monetárias.

As mais-valias, 90 unidades monetárias, vão para o próprio que nada fez a não ser pagar para que lhe façam o projecto e lhe licenciem o terreno. Se não fosse levado a sério, estava tentado a dizer que a corrupção num caso destes até torna a negociata mais justa, pois assim há mais quem abocanhe.

Então, se todos sabem que é assim, porque não se muda a Lei? Porque não só está em causa a corrupção, como no final, quem paga são os que compram o prédio do nosso exemplo, e aqui a renda do terreno corresponde acerca de 2/3 do preço final.

Há cidades que têm milhares de fogos construídos sem comprador e sem utilizador, porque o lucro é de tal ordem que é bem melhor construir do que investir na industria. Muita gente comprou casa por causa da baixa de juros bancários, endividando-se, e agora estão com “as mais -valias” às costas de quem enriqueceu com este esquema.

Este governo que nos desgovernou nos últimos quatro anos não teve tempo ? Ou foram os camaradas autárquicos que não deixaram?

A GREVE QUE TERÁ FEITO O PORTO PARAR

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HOJE A STCP FEZ GREVE
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É suposto que uma greve sirva para prejudicar a empresa onde ela é feita, de molde a que os desejos de quem a faz sejam satisfeitos. Veja-se o caso da TAP, de há dias atrás, em que os pilotos, ao fazerem greve, terão provocado um prejuízo de perto de dez milhões de euros, e nada terão conseguido.
Ora a greve de hoje da STCP, segundo os números oficiais, dos sindicatos e da administração, terá rondado qualquer coisa como cinco a oito por cento.
Uma greve com essa expressão, dificilmente se poderá chamar isso. Em nada terá prejudicado o andamento normal dos serviços, ninguém deverá ter reparado, de nada terá servido. Nem para prejudicar a empresa serviu.
Para que foi isto então?

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JM
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Um lugar sossegadinho para Elisa e para Isaltino

«Tenho um lugar sossegadinho e bem pago».
A frase foi dita ontem por Elisa Ferreira, a uma florista, durante a campanha eleitoral para a Câmara do Porto. Falava de Bruxelas, como é óbvio, e do tamanho amor pela cidade, que a faria perder «tacho» tão bom no caso de ganhar o Porto. Pelo menos, sabemos que não é hipócrita, ao contrário dos seus colegas, esses malandrinhos – em lugares sossegadinhos sem contarem a ninguém.
Enquanto isso, Isaltino continua a liderar as sondagens para a Câmara de Oeiras. O que não se percebe. Porque todos sabemos que, em breve, também ele terá um lugar sossegadinho para viver. Só que não será assim tão bem pago…

A Académica e o chicote do tetra-arguido

O presidente da Académica, José Eduardo Simões, anunciou, (…), a rescisão por mútuo acordo com Rogério Gonçalves, treinador da equipa de futebol, após a derrota do clube de Coimbra por 4-2, na recepção ao Marítimo.

O tetra-arguido José Eduardo Simões, que preside a uma espécie de Organismo Autónomo do meu clube de criação, livrou-se de mais um treinador que escolheu por sua conta e risco (ficando sem director desportivo por causa disso) e o tal organismo não se livra dele.

Não sei se meto isto nas autárquicas se no futebol.

Explico: JES foi simultâneamente presidente da Académica-OAF e Director do Departamento da Câmara que trata dos prédios. Alguns cresceram em andares, e é acusado de cobrar em donativos para o clube outros favores a empreiteiros, transformados em benfeitores da Académica.

Duvido que JES seja julgado na terra, o seu advogado, que  encabeça uma lista à Assembleia Municipal onde promete denunciar a corrupção,  tem adiado as coisas com competência a caminho da prescrição final, donde continuaremos a presumir JES como inocente.

Por via das dúvidas fica na categoria de eleições – o  Presidente Encarnação que o manteve a mandar nas urbanizações e obras depois de ganhar as eleições na Académica-OAF ainda se recandidata –   e no futaventar.

Eu bem vos percebo, colegas aventadores, quando não metem tags, etiquetas ou lá o que isso é.

Por vezes um homem não sabe para onde se deve virar.

Jaime gama lugar a Alegre

A acreditar no «Público», Jaime Gama será o candidato do PS às próximas eleições Presidenciais. A acreditar, claro. É que acabei de ler uma entrevista de Manuel Alegre à «Visão» em que ele diz exactamente isso: que a partir de agora vão aparecer em catadupa nomes de candidatos pelo Partido Socialista. E que, neste momento, não está para embarcar nesse jogo.
Resta saber o que vai Alegre fazer se não for ele o escolhido: ou repete a candidatura independente de há quatro anos e perde, mas rouba ao candidato oficial do PS a hipótese de ser eleito, ou fica no seu canto e vê a sua carreira política terminar de forma inglória. Mal por mal, mais vale ir a jogo e tentar uma diminuta hipótese de chegar à segunda volta. É que, se o conseguisse, até eu votava nele.

Irlanda: A vitória dos anti-democratas

A vitória do SIM no referendo sobre o Tratado de Lisboa foi uma clara vitória dos anti-democratas europeus. Não está em causa o resultado em si. Não, não é isso.
O que está em causa é a repetição do referendo um ano depois da realização do mesmo. E apenas para que o SIM acabasse por ganhar, como veio a acontecer. Apenas para que o Tratado de Lisboa fosse aprovado. Se o NÃO tivesse voltado a ganhar, no próximo ano lá teríamos um novo referendo. E outro, e outro, e outro…
Ora, isto é tudo menos democrático. Se fazem referendos, têm de aceitar os resultados!
Resta-nos agora que a esperança de que os nossos bons amigos polacos e checos – e agora sim, estou a falar do Tratado em si mesmo – não o ratifiquem e atirem para o caixote do lixo da História algo que, definitivamente, pode interessar a muita gente (até quem vê nisso o maior momento da sua carreira política), mas não interessa a Portugal.

Clube dos Poetas Imortais: Maria Rosa Colaço (1935-2004)


Esta canção, «A Outra Margem», interpretada pelo Luís Represas e pelos Trovante, tem letra de Maria Rosa Colaço. A Maria Rosa foi-me apresentada pelo escritor Romeu Correia, seu vizinho em Almada. Foi uma amizade instantânea que começou, ainda nos anos 50, numa tarde de Inverno, no primeiro andar do café Avis nos Restauradores. Era uma rapariga bonita, inteligente, bondosa, calma, com a sabedoria alentejana do seu Torrão natal a cintilar-lhe nos olhos. Sobre a nossa amizade, ela descreve, mencionando-a, o cenário em que decorreu em «O Amor Tem Tantos Nomes» (1998), lembrando aqueles anos cinzentos que a nossa juventude, irreverente e lutadora, conseguia colorir. Alta madrugada, cantávamos debaixo das janelas do Aljube, «Estupidamente, claro, porque os tiranos não se removem com canções nem falsos heroísmos, mas isso eu não, sabia porque aos dezoito anos só sabemos coisas importantes e únicas…», diz Maria Rosa.
Pediu-me que fizesse a apresentação deste livro, o que fiz com prazer em Oeiras, na livraria e galeria municipal Verney. Foi a penúltima vez que estivemos juntos. Falávamos muito pelo telefone. No ano seguinte sofri um acidente de automóvel que me deixou sequelas que se foram arrastando por quatro operações cirúrgicas, um ano quase fora do mundo e os seguintes de lenta recuperação. Pelo telefone, fui relatando a minha situação e segui a doença do marido, a excelente pessoa que o Malaquias de Lemos era, e depois a sua, dizendo que estava maluca quando me afirmava que morreria em breve. Ríamo-nos até às lágrimas quando dávamos conta de que estávamos só a falar de doenças.

Contei-lhe a história do António José Saraiva, quando ao falar com velhos retirava a prótese auditiva e não ouvindo o que o interlocutor dizia, comentava a espaços «Isso é chato…é muito chato». Acertava sempre, dizia ele, pois estavam a falar das maleitas. Ainda ouço as gargalhadas da Maria Rosa. Depois, já eu andava por aí com canadianas, almoçámos uma vez num restaurante italiano junto ao meu escritório, para lhe apresentar o meu editor e avaliar das possibilidades de ele lhe publicar a obra completa. Poucos tempo antes de morrer telefonou-me a despedir-se, como quem parte de viagem. Voltei a chamar-lhe louca, que era coisa que ela não era. Era sim, uma excelente escritora e uma das melhores amigas que jamais tive.

Maria Rosa Colaço, nasceu no Torrão, Alcácer do Sal, em 1935 e faleceu em Lisboa, no Hospital de Santa Maria, em Outubro de 2004. Completou primeiro um curso de enfermagem e depois o de professora do Ensino Primário. Foi do seu contacto com as crianças que nasceu o livro que a tornou muito conhecida – «A Criança e a Vida» (1984), com mais de 40 edições e traduzido em diversos idiomas. Publicou numerosos livros, dos quais refiro apenas «O Espanta Pardais» (1960), a peça de teatro «A Outra Margem», Prémio Revelação de Teatro em 1958. Foi assessora da RTP durante 12 anos e colaboradora regular do diário «A Capital». O presidente da República, Jorge Sampaio, agraciou-a com a Ordem da Liberdade. Colaborou na antologia «Hiroxima» (1967) com o poema

Serenos e pulverizados continuamos

Aqui tens os teus mitos tu
um dia também terás notícias nossas
os nossos olhos não desistem de furar o asfalto
e crescer como flores proibidas

rastejando entre espingardas e vidros
furamos as paredes e o nevoeiro
rastejamos como vermes
mas nunca à maneira dos desesperados

um dia terás notícias nossas

podes pulverizar-nos
é quase certo que nos pulverizes
podes odiar-nos
é quase certo que nos odeias
podes destruir-nos
é indiscutível que seremos destruídos

mas um dia terás notícias nossas

porque através das paredes e do mar
e do vidro e da dinamite e do ódio
nós continuamos
serenos e pulverizados continuamos.

OS SUMARÃES ALUMINOS

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ENVOLTOS EM POLÉMICA HÁ TEMPO DE MAIS
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.Ciclicamente as coisas vêm à baila.
Paulo Portas encomendou dois submarinos alemãs e não o deveria ter feito.
Fez um contrato mal feito e não o deveria ter feito.
Deixou que outros roubassem cerca de seis milhões de contos ( dos antigos, dos bons) ao Estado Português, fruto de comissões mal entregues.
Foi uma nódoa na governação.
Etc., etc., etc..
Sempre que o homem ganha alguma notoriedade lá voltam as acusações. Mas é bom de ver que este processo já é mais velho que o do Freepot e ainda não acabou. Mas como estamos em Portugal, nada é de estranhar.
O sr Portas parece que nunca foi chamado a prestar declarações sobre o assunto. parece incompreensível, não é verdade? Se o sr tem tanto de mau comportamento, de acções ilegais, porque raio não foi ainda chamado?
Nestes últimos dias ficou a saber-se que o contrato de compra dos submarinos e das contrapartidas, desapareceu. (?!?!?!) No mínimo, é esquisito. Como é que desaparecem papeis importantes dos que o nosso Estado tem de guardar? Documentos importantes que indicam quem deve o quê e como?
Agora surge a polémica sobre a hora e o minuto do aviso da concessão ao consórcio ganhador, vários dias antes do despacho do Ministro. É importante? Seria se o aviso surgisse antes do concurso, ou algo parecido. Agora já depois da decisão tomada, mas antes do despacho?
Não podem ver uma camisinha lavada!

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JM
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Axfixias madeirenses

Durante mais uma inauguração eleitoral, Alberto João confronta-se com um cartaz do PND que a denuncia. Primeiro dá carta branca aos seus apoiantes para correrem com eles, mais tarde reclama da PSP por defender os militantes do PND das agressões.

Vai para décadas que não percebo onde anda a esquerda madeirense, e só posso lamentar que o PND tenha de a substituir, para começar na coragem física de afrontar a asfixia. Se votasse no Funchal estes democratas, independentemente de não concordar com muitas das suas acções e com o seu programa, tinham  o meu voto. E pela mesma razão Jaime Gama não terá o meu se for candidato presidencial pelo PS.

Via Arrastão. Há outro um vídeo com a segunda parte, que inclui as agressões da praxe.

Antologia de pequenos contos insólitos: Giovanni Papini

Nesta antologia do insólito e do fantástico, apresentamos um conto de Giovanni Papini, «HISTÓRIA COMPLETAMENTE ABSURDA».
Escritor italiano nascido em Florença em 1881, cidade onde faleceu em 1956. Foi um dos escritores mais importantes da sua época. As suas principais obras são «Um homem Lapidado»,1912, e «O Diabo», 1953. Este conto pertence à colectânea «Riviere Ligure». «Storia completamente assurda», inspirou o vídeo do brasileiro que incluímos por curiosidade, embora nos pareça ténue a relação entre filme e conto.

Há quatro dias, estando a escrever com uma ligeira irritação, algumas das páginas mais falsas das minhas memórias, ouvi bater levemente à porta, mas não me levantei nem respondi. As pancadas eram demasiado fracas e não gosto de lidar com tímidos.
No dia seguinte, à mesma hora, ouvi novamente bater; desta vez, as pancadas eram mais fortes e decididas. Mas também não quis abrir, pois não aprecio absolutamente nada os que se corrigem com demasiada pressa.
No terceiro dia, sempre à mesma hora, as pancadas foram repetidas de forma violenta e antes que pudesse levantar-me vi a porta abrir-se e entrar a medíocre figura de um homem bastante jovem, com o rosto um tanto afogueado e a cabeça coberta por cabelos ruivos e crespos, inclinando-se canhestramente, sem nada dizer. Mal viu uma cadeira, atirou-se-lhe para cima e como eu continuasse de pé indicou-me o cadeirão para que me sentasse. Tendo-lhe obedecido, julguei-me no direito de lhe perguntar quem era, pedindo-lhe num tom nada delicado, que me dissesse o nome e o motivo que o tinha levado a invadir o meu quarto. Mas o homem não se alterou e fez-me imediatamente compreender que, para já, desejava continuar a ser o que até então fora para mim:. um desconhecido.
– O motivo que me trouxe até ao senhor – continuou, sorrindo – está dentro da minha mala e dar-lho-ei a conhecer imediatamente.
Com efeito, apercebi-me de que trazia na mão uma pequena mala de couro amarelo-sujo, com guarnições de latão desgastado pelo uso, a qual abriu dela tirando um livro.
– Este livro – disse pondo-me diante dos olhos um grosso volume forrado a tela com grandes flores de um vermelho ferruginoso – contém uma história imaginária que criei, inventei, redigi e copiei. Em toda a minha vida, apenas escrevi isto e atrevo-me a supor que não lhe desagradará. Até agora apenas o conhecia de nome e só há uns dias uma mulher que o ama me disse que o senhor é um dos poucos homens que não tem medo de si mesmo e o único que teve a coragem de aconselhar a morte a muitos dos seus semelhantes. Por isso, pensei ler-lhe a minha história, que narra a vida de um homem fantástico ao qual acontecem as mais singulares e insólitas aventuras. Depois de a ter ouvido, dir-me-á o que devo fazer. Se a minha história lhe agradar, prometer-me-á tornar-me célebre no prazo de um ano; se não gostar, matar-me-ei dentro de vinte e quatro horas. Diga-me se aceita estas condições e eu começarei.
Compreendi que nada podia fazer senão manter a atitude passiva que tinha assumido até então e indiquei-lhe, com um gesto que não conseguiu ser amável, que o escutaria e faria tudo o que desejava.
“- Quem poderá ser – pensava para comigo – a mulher que me ama e que falou de mim a este homem? Nunca tivera conhecimento de que uma mulher me amasse e se assim fosse não o teria tolerado, pois não há situação mais incómoda e ridícula que a dos ídolos de um qualquer animal.” O desconhecido arrancou-me a estes pensamentos com um bater de pés, pouco eloquente, mas claro. O livro estava aberto e a minha atenção era considerada necessária.
O homem começou a leitura. As primeira palavras escaparam-se-me; dei mais atenção às seguintes. Depressa apurei o ouvido e senti um leve calafrio nas costas. Dez ou vinte segundos depois o meu rosto ficou vermelho; as pernas moveram-se-me nervosamente; decorridos mais dez segundos, levantei-me. O desconhecido suspendeu a leitura e fitou-me, interrogando-me humildemente dom os olhos. Olhei-o do mesmo modo e inclusivamente com ar de súplica, mas estava demasiado aturdido para o ,mandar embora. Disse-lhe simplesmente, como qualquer idiota sociável:
– Faça o favor de continuar.
A extraordinária leitura prosseguiu. Não conseguia estar quieto no cadeirão e os calafrios percorriam-me não só as costas, mas também a cabeça e o corpo inteiro. Se tivesse podido ver o meu rosto no espelho talvez me tivesse rido e tudo tivesse passado, pois provavelmente reflectia um espanto abjecto e um indeciso furor. Tentei, por um momento, não continuar a escutar as palavras do calmo leitor, mas só consegui ficar mais confuso; escutei integralmente, palavra por palavra, pausa após pausa, a história que o homem lia com a sua cabeça ruiva inclinada sobre o bem encadernado volume. O que podia ou devia eu fazer numa circunstância tão especial? Agarra o maldito leitor, morder-lhe e atirá-lo para fora do quarto como um inoportuno fantasma?
Porém, por que motivo iria fazer tal coisa? No entanto, aquela leitura produzia-me um inexprimível aborrecimento, uma penosíssima impressão de sonho absurdo e desagradável, sem esperança de poder acordar. Julguei por momentos ir cair num furor convulsivo e vislumbrei na minha imaginação um enfermeiro de uniforme branco que me punha um colete de forças, com infinitas e excessivas precauções.
Contudo, finalmente acabou a leitura. Não me lembro de quantas horas durou, mas, ainda mergulhado na minha confusão, reparei que o leitor tinha a voz rouca e a testa húmida de suor. Depois de ter fechado o livro e de o ter guardado na sua mala, o desconhecido fitou-me com ansiedade, embora o seu olhar não tivesse já a ansiedade do princípio. O meu cansaço era tão grande que ele próprio o adivinhou e o seu pasmo aumentou vendo que esfregava um olho e não sabia o que lhe responder. Parecia-me naquela altura que nunca mais poderia voltar a falar e até mesmo as coisas mais simples que me rodeavam se apresentavam aos meus olhos tão estranhas e hostis que quase experimentei uma sensação de repugnância. Tudo isto parece demasiado vil e vergonhoso; penso o mesmo e não tenho qualquer espécie de indulgência para a minha perturbação. Porém, o motivo do meu desequilíbrio era de muito peso: a história que aquele homem tinha lido era a narração pormenorizada e completa de toda a minha vida íntima, interior e exterior. Durante aquele tempo, escutara a minuciosa narrativa, fiel, inexorável de tudo o que sentira, sonhara e fizera desde que vim ao mundo. Se um ser divino, leitor de corações e testemunha invisível, tivesse estado a meu lado desde o meu nascimento e tivesse escrito o que observou dos meus pensamentos e acções, teria redigido uma história perfeitamente igual à que o leitor desconhecido declarava ser imaginária e por ele inventada. As coisas mais pequenas e secretas eram recordadas e nem sequer um sonho ou um amor ou uma vileza oculta, um calculismo ignóbil, escaparam ao escritor. O terrível livro continha até factos e pensamentos que esquecera e que apenas recordara ao escutá-lo.
A minha confusão e receio provinham desta impecável exactidão e deste inquietante escrúpulo. Nunca vira aquele homem; aquele homem afirmava nunca me ter visto. Eu vivia muito solitário a uma cidade a que ninguém vem se a isso não for forçado pelo destino ou pela necessidade. A nenhum amigo, se é que ainda algum me restava, confiara as minhas aventuras de caçador furtivo, as minhas viagens de salteador de almas, as minhas ambições de pesquisador do inverosímil. Nunca escrev
er
a, nem para mim nem para os outros, uma relação completa e sincera da minha vida e precisamente por aqueles dias estava fabricando fingidas memórias para me ocultar dos homens, inclusivamente após a morte.
Quem, pois, podia ter dito a este visitante tudo o que narrara sem pudor e sem piedade no seu odioso livro forrado de papel antigo de cor ferruginosa? E afirmava ter inventado aquela história e apresentava-me, a mim, a minha vida inteira como se fosse uma história imaginária!
Encontrava-me terrivelmente perturbado e emocionado, mas de uma coisa estava certo: este livro não podia ser divulgado entre os homens. Mesmo que para tal aquele infeliz autor e leitor tivesse que morrer, não podia permitir que a minha vida fosse divulgada e conhecida no mundo, entre todos os meus impessoais inimigos. Esta decisão, que senti firme e sólida, no meu foro íntimo, começou a reanimar-me levemente. O homem continuava a fitar-me com um ar consternado, quase suplicante. Tinham decorrido apenas dois minutos desde que terminara a sua leitura e não parecia compreender o motivo da minha perturbação. Finalmente, consegui falar:
– Desculpe, senhor – perguntei – Assegura que esta história foi verdadeiramente inventada por si?
– Precisamente – respondeu o enigmático leitor, com ar mais tranquilo – pensei-a e imaginei-a durante muitos anos e fui fazendo retoques e alterações na vida do meu herói. No entanto, tudo é fruto da minha imaginação.
As suas palavras incomodavam-me cada vez mais, mas consegui ainda fazer outra pergunta:
– Diga-me, por favor, tem a certeza absoluta de não me ter encontrado antes de hoje? De nunca ter ouvido contar a minha vida a alguém que me conheça?
O desconhecido não pôde conter um sorriso de espanto ao ouvir as minhas palavras.
– Já lhe disse – respondeu – que até há pouco tempo apenas o conhecia de nome e que apenas há uns dias soube que costumava aconselhar a morte, mas nada mais sei sobre o senhor.
A sua condenação estava decidida, sendo necessário que não demorasse a ser executada.
– Continua disposto – perguntei-lhe com solenidade – a manter as condições por si mesmo estabelecidas antes de começar a leitura?
– Sem dúvida – respondeu com um leve tremor na voz -, não tenho outras portas a que bater e esta obra é a minha vida. Sinto que não poderia proceder de outro modo.
– Devo então dizer-lhe – acrescentei com a mesma solenidade, embora temperada por alguma melancolia – que a sua história é estúpida, aborrecida, incoerente e abominável. O seu herói, como lhe chama, não passa de um enfadonho malandrim que entediará qualquer leitor mais requintado. Não quero ser demasiado cruel acrescentando ainda mais pormenores.
Comprovei que o homem não esperava estas palavras e apercebi-me de que as suas pálpebras se fecharam instantaneamente. Porém, ao mesmo tempo reconheci que o seu poder sobre mim era equivalente à sua honestidade. Quase imediatamente reabriu os olhos, fitando-me sem medo e sem ódio.
– Quer acompanhar-me até lá fora? – perguntou-me com uma voz demasiado doce para ser natural.
– Com certeza – respondi, e depois de pôr o chapéu saíamos de casa sem falar.
O desconhecido continuava a levar na mão a sua mala de couro amarelo e segui-o, entorpecido, até à margem do rio que corria caudaloso e ruidosamente entre as negras muralhas de pedra, Olhando em redor e certificando-se de que não via ninguém com aspecto de salvador, voltou-se para mim dizendo:
-Desculpe-me se a minha leitura o aborreceu. Julgo que nunca mais incomodarei um ser vivo. Esqueça-se de mim tão depressa quanto possível.
E estas foram as suas últimas palavras, porque saltando agilmente o parapeito, com um rápido impulso, atirou-se ao rio com a sua mala. Debrucei-me para o ver mais uma vez, mas a água já o tinha recebido e coberto. Uma menina tímida e loura apercebera-se do rápido suicídio, mas não pareceu muito espantada e prosseguiu o seu caminho comendo avelãs. Regressei a casa depois de ter feio algumas tentativas inúteis. Mal entrei no meu quarto, estendi-me sobre a cama e adormeci sem muito esforço, abatido e alquebrado pelo inexplicável acontecimento.
Esta manhã acordei muito tarde e com uma estranha sensação. Parecia-me estar já morto e esperar apenas que me viessem sepultar. Tomei imediatamente providências para o meu funeral, fui pessoalmente à agência funerária para que nenhum pormenor seja esquecido. Espero que a todo o momento me tragam o caixão. Sinto pertencer já a outro mundo e todas as coisas que me rodeiam têm o indizível ar de coisas passadas, acabadas, sem qualquer interesse para mim.
Um amigo trouxe-me flores e disse-lhe que podia esperar para as colocar sobre a minha campa. Pareceu-me que sorria, mas os homens sorriem sempre daquilo que não compreendem.

Tradução de Carlos Loures de «Storia completamente assurda», de Giovanni Papini, in «Riviere Ligure», 1906).

Portugal, República em permanente transição

republica
No começo do Século XX, em Portugal sopravam ventos de mudança. Desde 1139, o denominado Condado Portucalense era pensado como Monarquia. Os historiadores sabem mais do que nós, que amamos o país e lutamos por ele. Lutamos por ele, porque desde o dia da sua fundação a Nação tem mantido ventos de mudanças permanentes. Entre 1139 e o dia de hoje, após a luta do 27 de Setembro para escolher uma Assembleia Legislativa, a imprensa não acaba de debater quem devia ter ganho, de envergonhar os que perderam, de calcular o que teria sido se um dos partidos não tiver sido roubado. Legislativas nas quais todo o mundo ganhou e também, em conjunto com as perdas que todo o mundo sofreu. Vários outros perderam, ou o seu sítio no Parlamento, ou a simpatia das massas, ou têm adquirido pela primeira vez um assento na Assembleia que nos governa.
A nossa democracia é sempre comparada com a de Atenas: assembleias públicas, debate na praça, autarcas filósofos, liberdade de votar. Mas, isso já passou. Hoje em dia os candidatos correm para ganhar um lugar na Assembleia. Cada grupo político alinha-se por bancadas, distribuídas as mais cumpridas para os partidos com mais membros eleitos. As bancadas têm sido uma tradição em Portugal desde o dia do seu primeiro parlamento autónomo. Esse Parlamento autónomo dura até 1910, após da morte do Rei D. Carlos de Bragança e do Príncipe da Coroa, Dom Luís Filipe. Por causa da morte do rei em 1908 e do herdeiro da coroa, foi proclamado Rei o filho mais novo, D. Manuel de Bragança.
Mas a Carbonária, instrumento organizador do assassinato, continuou com as suas actividades de revolucionar as tropas contra o sistema de Governo Monárquico, até conseguir que a família real fugisse de Portugal no iate real, do pequeno porto da aldeia de Ericeira, rumo a Grã-bretanha, onde são acolhidos pelos seus parentes Gotha, sendo Rei Eduardo VII. Acabada a monarquia por causa da revolução de Outubro, o problema para os republicanos era como formar um governo.
Após a Proclamação da República portuguesa em 5 de Outubro de 1910, foi nomeado um Governo Provisório que deveria dirigir superiormente a Nação até que fosse aprovada uma nova Lei fundamental.
Presidiu a esse Governo, inteiramente formado por elementos do Partido Republicano Português (o grande obreiro da revolução), o velho e respeitado Teófilo Braga; o governo contava ainda com as figuras de:
• António José de Almeida (na pasta do Interior, antigo ministério do Reino);
• Afonso Costa (na Justiça e Cultos); José de Mascarenhas Relvas (nas Finanças);
• Bernardino Machado (nos Estrangeiros); António Luís Gomes (no Fomento);
• Coronel António Xavier Correia Barreto (na Guerra); Comandante Amaro Justiniano de Azevedo Gomes (na Marinha).
A constituição do Governo Provisório sofreu alguma contestação, sendo esta principalmente dirigida a Afonso Costa e a Basílio Teles – um dos históricos do partido. Tal contestação deu lugar a remodelações no seio do Governo.
Assim, em 12 de Outubro de 1910, Basílio Teles foi substituído no ministério das Finanças por José Relvas. António Luís Gomes, outro dos nomeados, foi entretanto ocupar o lugar de Ministro de Portugal no Rio de Janeiro, encarregando-se Brito Camacho do Ministério do Fomento (22 de Novembro de 1910).
O Governo Provisório manteve-se em funções até à aprovação da nova constituição (a Constituição de 1911), em 24 de Agosto de 1911, dando por encerrados os seus trabalhos e auto-dissolvendo-se a 4Setembro, quando deu lugar ao primeiro Governo Constitucional, chefiado por João Pinheiro Chagas.
Portugal teve uma transição atrasada: em 1928 começara a ditadura do denominado Estado Novo, que tivera quase de 47 anos
A Iª República de Portugal foi efémera por causa dos Presidentes e a divisão de Partidos.
Quem soube resgatar Portugal da Ditadura e se retirar da sua arrogância colonial, foi o Movimento das Forças Armadas, a 25 de Abril de 1974, um ano depois da morte do nosso Presidente Socialista histórico, Salvador Allende. Assassinato que deu força ao Exército Português para se libertar das dependências.
Mas, será que a transição acabou? Em 35 anos de liberdade, esta parece ser usada e abusada. O nosso primeiro Rei, Afonso Henriques, começou com as lutas, como se pode ler em palavras que não são minhas e dizem:

1109: Provável ano de nascimento, em Coimbra, do infante Afonso Henriques, filho do conde Henrique de Borgonha e de dona Teresa, bastarda do rei Afonso VI de Castela e Leão. No mesmo ano morre Afonso VI. Início da disputa entre dona Urraca, a herdeira legítima, dona Teresa e vários outros pretendentes ao trono. A briga pelo poder dura anos. – 1122: Afonso Henriques antecipa em sete séculos um gesto de Napoleão Bonaparte. Ignorando o cardeal que presidia a cerimônia, arma-se cavaleiro na catedral de Zamora. – 1128: Afonso Henriques luta contra a mãe, dona Teresa, e seu aliado, o conde galego Fernão Peres de Trava. As tropas de Afonso Henriques e dona Teresa se enfrentam no campo de São Mamede, junto ao castelo de Guimarães. O exército galego é derrotado. Esta vitória leva dona Teresa a desistir da idéia de anexar a região portucalense ao reino da Galícia. – 1129: No dia 6 de abril, Afonso Henriques dita uma carta em que se proclama soberano das cidades portuguesas. – 1135: Afonso VII, filho de dona Urraca, é coroado “imperador de toda a Espanha” na catedral de Leão. Afonso Henriques se recusa a prestar vassalagem ao primo. – 1137: Paz de Tui. Após lutar com Afonso VII no Alto Minho, Afonso Henriques promete ao imperador “fidelidade, segurança e auxílio contra os inimigos”. – 1139: Batalha de Ourique. Afonso Henriques vence cinco reis mouros. – 1140: Afonso Henriques começa a usar o título de Rei. – 1143: Provável Tratado de Zamora no qual estabelece a paz com o primo Afonso VII. Primeiro passo para a independência portuguesa. Afonso Henriques escreve ao Papa Inocêncio II e se declara – e a todos os descendentes – “censual” da Igreja de Roma. A palavra “censual” significa que Afonso Henriques é obrigado a prestar obediência apenas ao Papa. Na região que governa, portanto, nenhum outro poder é maior que o dele. – 1147: Afonso Henriques expulsa os mouros de Lisboa e várias outras cidades portuguesas. – 1169: Afonso Henriques é feito prisioneiro pelo rei de Leão, Fernando II. – 1179: A Igreja Católica reconhece, formalmente, a realeza de Afonso Henriques. – 1180: Final dos conflitos com Fernando II, de Leão, pela posse de terras na região da fronteira e costa da Andaluzia. – 1185: Afonso Henriques morre na cidade em que nasceu. Sua herança, além de imensa fortuna, é o Condado Portucalense, primeiro território europeu que estabelece sua identidade nacional.
Transição? Dois factos: o projecto Constitucional de 1976 e em 1988, falam no Artigo 2 da Constituição da República de assegurar a transição para o socialismo mediante a criação de condições para o exercicio democrático do poder pelas classes trabalhadoras
Artigo e ideologia substituído pelos seguintes artigos em 2006:

Artigo 2.º
Estado de direito democrático
A República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular, no pluralismo de expressão e organização política democráticas, no respeito e na garantia de efectivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e interdependência de poderes, visando a realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento da democracia participativa.

Artigo 3.º
Soberania e legalidade
1. A soberania, una e indivisível, reside no povo, que a exerce segundo as formas previstas na Constituição.
2. O Estado subordina-se
à
Constituição e funda-se na legalidade democrática.
3. A validade das leis e dos demais actos do Estado, das regiões autónomas, do poder local e de quaisquer outras entidades públicas depende da sua conformidade com a Constituição.
Esta é a lei e a ideologia que orientou as nossas eleições legislativas de 27 de Setembro de este ano.
Afonso Henriques foi uma premonição. As nossas recentes eleições ainda são debatidas: todos ganharam, todos perderam O quê? O tribunal constitucional deve falar e o Senhor Presidente da República, ouvir, ver e calar até as próximas autárquicas de 9 de Outubro, mostrem quem tem mais sabedoria para governar, ser eleito e discursar. Mostrar esse requinte do saber gerir, sem estar a lutar por assentos nos Concelhos, como acontecera nas Legislativas
País em transição, mas com simpatia e amizade, sem se ignorar uns e outros, se pactos e convénios em beneficio dos partidos, mas com respeito a soberania popular que ai os coloca….ou não.
A Soberania não pode ter descontentamentos: é do povo, feita pelo povo e para o povo. Longe de Afonso Henriques e a sua compra da coroa de Portugal, ao Vaticano, credor nosso de uma saca de 100 quilos de moedas de ouro que Dom Afonso nunca quis pagar.

NA IRLANDA TANTO SE TENTA, QUE PASSA

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DESTA VEZ O SIM GANHOU
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Desta vez foi com sessenta por cento que o SIM ganhou. Uma mudança enorme no sentido de voto Irlandês. Também se não fosse agora, tentava-se até que a passasse a ser. Felizmente foi à segunda. Não poderia ser de outra forma. Foi muita coisa investida para que agora viesse um ou outro estragar tudo. De qualquer forma o SIM venceu, e o resultado está aceite. Está tudo bem, quando acaba em bem. Mas será que o projecto Europeu ganha realmente com esta vitória?

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JM
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O Governo dá razão ao Presidente

Ao vir dizer que tem havido muitas tentativas de intrusão no seu sistema informático, o Goverrno parece querer dar razão a Cavaco, que no discurso de terça-feira falara em vulnerabilidades do seu sistema infromático. Logo agora, que o assunto estava a morrer…
Tão amigos que eles são…

Vamos limpar Portugal… ou encher balões

Partindo do relato de um projecto desenvolvido na Estónia em 2008, um grupo de amigos decidiu colocar “Mãos à Obra” e propor “Vamos limpar a floresta portuguesa num só dia”. Em poucos dias estava em marcha um movimento cívico que conta já com cerca de 6000 voluntários.

Neste momento já muitas pessoas acreditam que é possível. O objectivo é juntar o maior número de voluntários e parceiros, para que todos juntos possamos, no dia 20 de Março de 2010, fazer algo de essencial por nós, por Portugal, pelo planeta, e pelo futuro dos nossos filhos.

Projecto Limpar Portugal

QUEM VAI DAR O APOIO DE QUE O PS PRECISA?

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MOÇÃO DE REJEIÇÃO AO PROGRAMA DO GOVERNO
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A sra d Manuela, não se vai ficar pela derrota e prepara-se para ficar à frente do PSD. Para isso está a trabalhar para apresentar uma moção de rejeição ao programa de governo do PS.
Nesta fuga para a frente, corre o risco de, de derrota em derrota apressar o descrédito total do partido. Ninguém irá votar favoravelmente a moção. Também só PSD estaria disposto a fazer cair o governo antes de começar, já que com novas eleições antecipadas seria impossível descer mais do que já desceu. Só teria a ganhar. Com esta postura, obriga outros, previsivelmente o CDS a colar-se ao PS, viabilizando o programa, e deixando à vontade o BE e a CDU para votar contra. Segundo alguns sociais-democratas, a viabilização do programa de governo, pelo CDS, fará com que perca franjas do eleitorado numa próxima eleição.
Enfim, politiquices.

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JM
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ETICA E EDUCAÇÃO -2ª PARTE (3)

ETICA E EDUCAÇÃO – 2ª PARTE (3)

Educação dos problemas éticos ligados à pobreza e à prosperidade

 Toda esta religião do mercado, todos estes rituais dos sacerdotes do poder espalhados pelos cultos reverenciais do dinheiro são consagrados em cimeiras onde um profundo défice de moralidade define a repartição do que ainda resta para roubar. Toda esta lógica neo-liberalizante, tão cara ao primarismo de tantos chefes de estado e seus correligionários, insensível à exclusão social e à generalização da pobreza, tende à anulação do homem, à minimização da presença do estado, à privatização de tudo o que é rentável e à promoção de uma cultura de gestão cuja meta não é outra senão a mecanicidade da sociedade, em que os homens tendem a não ser mais do que peças.

A actual globalização é o cenário do desenvolvimento desigual. Problemática e contraditória, dissolve espaços e tempos e impõe padrões e valores profundamente controversos. Centrada numa competição onde só intervêm os grandes grupos económicos, com desmesurado poder de controlo do capital e mercados, envolve grandes riscos e ameaças, não só para os trabalhadores mas para a humanidade em geral. Reduzindo o trabalho humano a uma mercadoria, subordina-o à escala global. Privando os empregados de todos os direitos de participação, leva à acumulação aguda da riqueza nas mãos de uma minoria, em detrimento de quem trabalha e do desenvolvimento social. A globalização competitiva adultera o conceito de desenvolvimento, identificando-o falaciosamente com crescimento económico, modernização e eficiência, tomadas abstractamente, onde interagem apenas os agentes do dinheiro na mera defesa dos interesses individuais. Deixa esmagar os anseios sociais pelos grupos económico-financeiros transnacionais, sacrifica a diversidade e a soberania, globaliza tudo à custa das economias nacionais, à custa do que é local, do diferente, do singular. Sob o eufemístico prisma do desenvolvimento, promove-se todo um conjunto de relações excludentes e politicamente totalitárias, gerando um infernal sistema progressivamente concentrador e destruidor. Quanto mais riqueza e poder concentrados, maior desigualdade, maior potencial de desordem e violência, maior ingerência no coração dos povos soberanos. Veja-se, como exemplo, a tragédia de milhões de argentinos que fizeram do país a terceira potência económica da América Latina. A cega ortodoxia e desumana insensibilidade do FMI aliada à irresponsabilidade, falta de sentido de Estado e à corrupção das elites dirigentes levaram à inevitável catástrofe. (Continua)

 

                       (manel cruz)

(manel cruz)

POEMAS ESTORICÔNTICOS

Place de Contrescarpe

 

Encontrava-me num café de Paris

na Place de Contrescarpe

onde Edith Piaf (un petit oiseau)

iniciara a sua carreira

como cantora de rua.

Eu sonhava…

nessa altura não era proibido sonhar

era obrigatório sonhar.

À medida que a luz da manhã crescia

insubstancial e fria

eu descia a Rue Mouffetard.

À minha direita descia Tchaikovsky

à minha esquerda subia Van Gogh.

Ambos madrugavam

suas inquietas e inflamadas personalidades

nessa horizontal e fresca manhã

do século dezanove.

Bonjour Monsieur Van Gogh.

Bonjour Monsieur Pyotr Ilich.

Bom dia rapaziada

disse eu.

Une merde! Une merde!

cochicharam os dois.

Sorridente e feliz

segui o meu caminho para a Salpétrière.

Estávamos nos primórdios da ecocardiografia

debatia-se a soberania

da famosa vertente E-F da válvula mitral.

A melodia e a cor

entraram em mim

pela mão da ciência.

Para lá do frio academismo

ciência e poesia confundem-se.

A chama da poesia

acende os dedos da paixão

onde mora o brilho da inspiração

na conquista da harmonia

a caminho do horizonte.

Ciência sem poesia

é violino sem alma.

Disto nada entendiam

nem Van Gogh nem Tchaikovsky.

Na entrada do anfiteatro

um busto holográfico de Hipócrates

falava-nos mansamente.

A mim

piscou-me o olho e disse-me

por entre dentes

Mon fils, la vie c’est le chemin

vers la rencontre de nous-mêmes.

 

                      (adão cruz)

(adão cruz)

o chelsea algarvio

1Jesualdo Ferreira, mister, em conferência de imprensa: o Olhanense é «UMA EQUIPA QUE SE HABITUOU A SER DE TOPO» !

 

 

 

 

ass. anarquista argentino (anti-calhabé!)

ps: este é o meu primeiro e último «post» futebolístico.

ps2: este «post» foi auto-censurado !

UM DEBATE ESCLARECEDOR SOBRE O PORTO

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NA TVI24
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Não tendo tido oportunidade de ver o debate anterior, estava com muita curiosidade em ver este. Uma hora de debate. Presentes cinco candidatos, representando cinco partidos.
A saber:
MRPP. BE, CDU, PS e PSD/CDS.
Durante essa hora fiquei a saber que a sra d Elisa, candidata pelo PS, quer ser Presidente da Câmara, aliás como todos os outros, e não aceita ser vereadora, no caso de não ganhar as eleições, do mesmo modo que o não aceita o actual Presidente, Rui Rio.
Fiquei também a saber que o sr Teixeira Lopes anseia sobretudo em ser vereador, coisa que ainda não é, e que pensa saber tudo sobre a cidade.
Ainda pude verificar que o candidato pela CDU, Rui Sá, sabe do que fala, conhece a gestão da Câmara de ponta a ponta, e sabe ser um vereador de oposição.
Vi ainda que o candidato do MRPP, não demonstrou qualquer capacidade para retirar algum voto a qualquer outro candidato, antes perdendo os poucos que as sondagens lhe dão, mostrando-se amorfo e não conhecedor da cidade. Talvez que estivesse nervoso, mas devido a isso, ou talvez não, teve menos de metade do tempo de qualquer outro, para falar.
Reparei que a todo e qualquer ataque, e foram muitos, o actual Presidente, Rui Rio, respondia com calma e serenidade, ganhando pontos a cada palavra.
Depois, uma situação caricata. Rui Sá e Teixeira Lopes, enveredaram pelo ataque cerrado à candidata pelo PS, Elisa Ferreira, que teve de se defender, e esqueceram o que deveria ser o principal alvo deles, Rui Rio, que do seu canto, “gozava” a paisagem.
Quando o debate entrou finalmente num ponto interessante, e quando o Presidente da Câmara explanava o seu ponto de vista, a hora acabou, e tivemos as alegações finais que foram tudo menos interessantes.
Com sessões de esclarecimento deste género, ninguém fica esclarecido. E mau por mau antes o que temos e conhecemos, se é que o que temos é mau, o que eu duvido.
E, as sondagens não mentem, pelo menos estas.

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JM
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