Ok, com a autoridade de quem não costuma ser nada meigo para com Paulo Portas e quase sempre que sobre ele escrevo o faço com críticas violentas, chegou o dia de, por uma vez sem exemplo, o defender. Aliás, não é tanto defender Portas mas antes a herança do Independente no seu tempo áureo de parceria com Migues Esteves Cardoso – O Génio.
Quando Rangel afirmou “Portas iniciou uma escola sinistra de jornalismo” cometeu uma grave injustiça. O Independente de Portas e Esteves Cardoso foi um grande semanário que revolucionou o cinzentismo dominante na imprensa escrita. Era um jornal que se lia de uma ponta a outra e hoje, quando olhamos para artigos como os de Ricardo Araújo Pereira na Visão ou Alberto Gonçalves na Sábado, suplementos como o Inimigo Público ou a revista de Pedro Rolo Duarte no i, sem esquecer o estilo omnipresente no blog 31 da Armada, lembramo-nos do Independente desses tempos.
O Independente fez escola. Teve coisas negativas, como tudo e como em todos. E logo Rangel a atirar pedras…Depois descambou? Perdeu-se? Morreu com o desaparecer dos governos de Cavaco Silva? Está bem, acontece a muito boa gente.
Entretanto, a intervenção de Pais do Amaral na dita comissão teve o condão de irritar muito boa gente. Mas dela guardo uma frase, mais ou menos assim: “quando um trabalhador não cumpre as ordens do patrão, é natural que este o chame à razão”. Eu percebo a irritação de Moniz mas, verdade verdadinha, quem no fim pagava as contas era Pais do Amaral e os accionistas costumam ser implacáveis com os maus gestores. E Pais do Amaral provou e continua a provar que não é um mau gestor. Bem pelo contrário.
Os jornalistas julgam que eles próprios podem fazer o que negam a quem lhes paga o vencimento. A escola sinistra de jornalismo quando caíu nas mãos de medíocres imitadores, foi uma vergonha.
Não lhe tardou a resposta pelas calúnias ao Sindicato dos Juízes e aos Magistrados.
O vendedor de sabonetes e presidentes da república quando ataca alguém está a homenageá-lo…
Não morro, nem um bocadinho, de amores pelo tipo, mas neste caso, quer-me parecer que quem pagava as contas ( e o ordenado ) ao Pais do Amaral era o Moniz: “Fui a antena contestar as decisões tomadas. Se eu fosse presidente, teria posto o director-geral na rua. Isso não aconteceu. Esse comportamento passivo do Pais do Amaral ocorria porque ele precisava de mim para ter audiências e ter o garantir que as receitas correspondiam”, sublinhou José Eduardo Moniz.
O Independente do tempo de PP era um conjunto de grandes títulos, muita parra e algumas uvitas. Não era o Washington Post. Deixava algo a desejar. Que agitou, lá isso é incontestável.
“Gente da Saúde sem pinga de sangue” títulava em grandes paragonas o Independente, descrevendo uma reunião que eu próprio tivera com um vereador da CML, acerca da possível expansão do Hospital S. Francisco Xavier. Tive que levar várias transfusões de sangue…
..”parangonas.”…claro.