O novo PSD libertou o velho Miguel Frasquilho que tinha em si. O homem quer reduzir as despesas do estado. Todos queremos. Acabar com as consultadorias que alimentam os grandes escritórios de advogados, por exemplo, e a contratualização externa que virou rotina onde bem podia contar com os seus recursos. Terminar com os ajustes directos que aumentam custos e viciam o mercado. Rever a contratualização de escolas privadas para fazerem mais caro o que deveria fazer uma pública. Por aí fora.
Mas com o seu irrepreensível sotaque irlandês Miguel Frasquilho quer baixar é nos salários, começando a função pública por dar o exemplo. O facto de os salários médios (para não falar dos mínimos) serem dos mais baixos da Europa não interessa para nada. Depois do sonho irlandês, o exemplo da China ilumina esta mente generosa, disposta a prescindir de 3 e tal por cento do que vence como deputado mas que nada disse sobre as reformas antecipadas dos detentores de cargos públicos. Ganhamos muito, proclama. Em relação a quem? Aos trabalhadores chineses, só pode. A seguir vai propor sindicatos únicos e controlados pelo estado, vale uma aposta?
E se um companheiro de partido lhe pregar um bofetão que lhe vire as trombas para trás e para o passado recente? Talvez, então, lhe chegue a lucidez e reconheça os culpados desta situação, a quem deve pedir responsabilidades e exigir-lhes o coiro e o cabelo, que não aos funcionários públicos?!
Será que, com um valente bofetão, ele continua com coragem para discursar assim?
Para Frasquilho, o mais simples é reduzir os rendimentos a segmentos da população que há anos vêm a suportar a incompetência e os desvarios dos políticos. Se o proposto por Frasquilho avançar, pensionistas e funcionários públicos terão os seus rendimentos ainda mais minguados. Os ‘Mexias’ nem por isso, porque “trazem riqueza à Nação” – o ‘lobby’ católico a funcionar.