A Agenda Pessoal de Cavaco

Assistimos hoje em Portugal a uma agenda política bloqueada face aos timings da recandidatura de Cavaco Silva a um segundo mandato.
Continuamos também a assistir a uma forma de fazer política baseada apenas no calculismo frio e na gestão das agendas pessoais onde impera a táctica em detrimento de valores que deveriam ser intrínsecos a todos os que estão na vida pública.
Num país dito “normal” e depois de o Governo ter deixado o País no estado em que todos nós sabemos, só lhe restaria uma opção – o despedimento por justa causa. Depois de suspeitas, de mentiras, de trapalhadas, surgiu a crise e a falta de preparação de José Sócrates em liderar este processo de reacção. Já ninguém acredita que é o actual Primeiro-ministro que vai impulsionar o país. José Sócrates já nem consegue ter forças para moralizar as suas tropas (entenda-se os membros do governo) e muito menos para impor, junto dos seus, medidas de contenção e de rigor.
Mas quem está conivente com esta apatia é Cavaco Silva. O Presidente da República assume a sua cumplicidade com este clima de podridão, pois não toma as medidas certas que este tempo exige. Neste contexto, não se pode deixar em claro que o Presidente da República fez declarações ao país sobre o estatuo dos Açores, sobre um problema informático no seu computador (escutas de Belém) e recentemente sobre o casamento gay. Cavaco Silva recusa-se a comprometer o seu estado de glória eleitoral, apenas por ambições pessoais. O país precisa de mais do que intenções. O país exige que o Presidente da República tome medidas duras para dar sinais, internos e externos. O país exige sinais para poderemos sair deste estado calamitoso em que nos encontramos. O país exige que José Sócrates seja rapidamente substituído.
Face a esta realidade o maior partido da oposição está uma vez mais refém da agenda de Cavaco. Pedro Passos Coelho tem que jogar sempre à defesa, pois sabe que tão cedo não vai ter eleições e que tem que se resguardar. O líder do PSD sabe que não vai ser Primeiro-ministro já amanhã e que provavelmente o caminho vai demorar mais tempo que o desejo de muitos. O seu capital de esperança e de credibilidade que conseguiu granjear pode inclusive desvanecer ao longo do tempo… E sendo assim só resta esperar… Esperar uma vez mais por Cavaco!
Os interesses nacionais deveriam estar sempre à frente dos interesses particulares alicerçados na vontade de uma reeleição. Portugal merecia melhor.

Comments

  1. Luís Moreira says:

    PPC não correu por Cavaco, quem o fez e perdeu foi MFL e Rangel.Oxalá PPC perceba a táctica do eucalipto, a não ser assim, morre às mãos da crise que quiz ajudar a resolver. Sócrates não se cala com o TGV e a ponte, sem dinheiro, mas não desiste.

  2. maria monteiro says:

    O povo é que deve perceber a táctica do eucalipto porque está à beira da morte lenta

  3. Pedro Rocha says:

    O sr. Silva não presta. Sem colocou os seus interesses à frente dos interesses do país. Quase todos os seus ex-ministros vivem à conta das decisões que tomaram enquanto ele foi primeiro.
    O sr. Silva é o homem mais instrumentalizado e instrumentalizável que Portugal conheceu em democracia. E já lá vão 15 anos a levar o país para frente, só que o país irresponsável não entende bem a vontade do sr. Silva.

  4. Luís Moreira says:

    Nem do Sócrates, tal é a desorientação…


  5. Um regresso em grande e logo a partir a loiça toda! Grande malha Ricardo!!!