Como as eleições brasileiras vão chamar a atenção do mundo (III)

Por CHICO JUNIOR

continuação daqui

Agendadas para outubro deste ano, as eleições no Brasil vão permitir que o povo brasileiro escolha candidatos para os cargos de Presidente, Senadores, Deputados Federais, Governador e Deputados Estaduais. Os três primeiros cargos estão relacionados à esfera federal, os seguintes se referem às unidades que compõem a Federação. A Presidência da República é o mais alto posto e recebe maior atenção por ser lugar onde os olhares dos demais países se deitam. Dentre os mais bem cotados e conhecidos a disputar a vaga estão a ex-ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, o ex-governador de São Paulo, José Serra, e a ex-senadora do Acre, Marina Silva – todos afastados dos respectivos cargos para darem andamento a candidaturas, oficializadas recentemente.

Além da responsabilidade de comandar o Poder Executivo de uma nação emergente que conquista espaço geopolítico e econômico, quem vencer as eleições presidências precisará tratar de complicadas questões internas e externas. Internamente, uma delas é a de obter base política no Legislativo a fim de conseguir a chamada governabilidade do País. Em outras palavras, é preciso oferecer cargos e outras benesses para que os projetos do Governo sejam aprovados no Parlamento. Em 2002, quando tomou posse, o Presidente Lula enfrentou uma situação desta ordem e foi nela (ou dela) que se originou o escândalo denominado por Mensalão – uma espécie de benefício financeiro dado aos parlamentares para votar a favor das propostas da presidência.

Para demonstrar o tamanho do problema, explica-se que o Poder Legislativo brasileiro é bicameral composto pelo Senado Federal e pela Câmara dos Deputados. Cada uma das 26 unidades federativas e mais o distrito federal, a capital do País, é representada por três senadores que totalizam 81 membros. A Câmara, com 513 parlamentares, representa proporcionalmente a população das unidades federativas, também conhecidas como estados – a com maior número de representantes é São Paulo com 70 deputados, as menores possuem, no mínimo, oito, como Roraima, por exemplo. Essas complicações podem dificultar andamento de projetos significativos para o avanço do crescimento do País.

No além-mar do território brasileiro, outro terreno espinhoso está nas relações internacionais. O Brasil é responsável pelo comando da Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti (Minustah). Ao país latino-americano cabe supervisionar as nações socorristas e supostamente evitar quaisquer tentativas de aproveitamento dos recursos naturais e de mão-de-obra barata, senão escrava, devido a penúria enfrentada pelos haitianos. Com os cerca de 230 mil mortos, 1,2 milhão de desabrigados e estimativa de atendimento para apenas um dentre cada três haitianos, as dificuldades enfrentadas pelo país da América Central são desesperadoras. Apesar disso, ombreadas pelo Governo Federal, empresas brasileiras parecem se aproveitar da operação militar e assim conquistaram o direito de construir uma usina hidrelétrica no país.

No campo diplomático, sob a batuta dos Estados Unidos, o acordo nuclear entre Brasil e Irã teve gosto de azedume com o ácido das sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU). Ainda na relação internacional com a Casa Branca, as demandas de retaliação aprovadas pelo Congresso Brasileiro contra produtos norte-americanos põem o governo brasileiro entre a cruz e a espada. Esses são alguns dos complexos temas a serem herdados por quem há de vir a se assentar na cadeira presidencial do Palácio do Planalto nos primeiros dias de 2011.

CHICO JUNIOR

Chico Junior é brasileiro, graduado em jornalismo e em teologia, autor do blog Polipensamento.