Portugal tem dois problemas: a crise económica e a eleição presidencial

este era Portugal. Hoje em falência, o Terreiro do Paço será também vendido?

Fui convidado a investigar e leccionar em Portugal, em 1981. Gostei do país, da sua terra e da sua gente e da forma de resolver os seus problemas. Eram dois meses apenas esse convite, mas gostei tanto, que falei com a minha família e propus mudar-nos a um país sem comparação com os outros países da Europa. Farta a família de andar por tantos países, recusou o convite, ficaram em Cambridge e eu tinha que viajar entre um e outro. Aliás, foi preciso confrontar ao meu chefe, Sir Jack Goody e anunciar que cancelava o meu contrato com ele e ficava no Porto do Galo – nome romano para Portugal -, porque havia muito trabalho para ser feito. Ficou furioso, disse-me que no nosso Departamento havia mais ainda. Não ouvi e fiquei. Esses dois meses passaram a ser 30 anos… até ao dia de hoje.

Nunca pensei que a República Portuguesa ia ter tantos problemas para resolver em frente de si. Especialmente económicos, políticos e éticos. Se na Grã-Bretanha tomávamos conta do penny, em Portugal era do tostão antes, hoje em dia do cêntimo.

Não há dia em que não se deva poupar. Não há dia em que não devamos pensar duas vezes antes de levar a mão à carteira. Olhamos os preços, comparamos, e as compras passam a ser um cumprido passeio. Aliás, já nem compramos o que costumamos adquirir.

Temos posto de parte o tabaco, não por causa de saúde, mas por ser muitos euros a serem queimados em apenas um instante. Os ordenados não conseguem pagar ao que temos direito. Usar o carro hoje, apenas para passear. Passear, apenas aos Domingos e a pé. Os presentes que costumávamos oferecer, nem se pensam em eles. Porquê? É a crise económica que afecta a todo o mundo. Pelo que, parece-me que é preciso responder essa questão nunca colocada: o quê é a crise? A resposta é simples: o nosso País não investe em actividades que dão lucro. Lucro? É dinheiro que traz dinheiro. Portugal sempre pensou ser um País de férias, sem se importar com o futuro que podíamos obter, sem essa mais-valia que as indústrias dão: uma velhice sem recursos. Se o Estado Alemão, que tem riqueza em indústrias, se o Estado da Suécia, que tem aço aos milhares, está em crise, como não ia estarmos nós, sem indústrias a trabalhar e com muitas a fechar? Das áreas rurais apareceram imensas pessoas para trabalhar na cidade. Essas mesmas, estão a retornar à abandonada terra para comer do que semeiam. Lembro-me bem de um livro que escrevi nos anos 90: Fugirás a escola, para trabalhar a terra, editora Escher, hoje Fim de Século. Parece uma premonição! Há Arquitectos a trabalhar de motoristas, há Advogados sem clientes que despedem às suas secretárias e fazem da casa, o seu escritório e poupar renda. Há médicos que faltam, há académicos que nem livros podem comprar para estudar e ensinar. Pergunto-me às vezes: esse duro de trabalho de investigar, ensinar o provado e os livros escritos a partir das hipóteses, são para quê? Qual o objectivo da vida? A emigração começou, mais uma vez, como nos anos 40 do Século passado, mas não para a França ou a Europa do Norte em geral: hoje em dia é para o Oriente, que soube guardar as suas riquezas.

No meio da hecatombe, dois problemas mais aparecem, mas já resolvidos: o do aborto; e o do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Toda a Europa respeita a opção de sentimentos. Toda a Europa permite a opção de amor. No nosso país, apenas sou capaz de ver homens que casam com mulher por conveniência, por amar ao vizinho ou ao amigo mais próximo. A conveniência é o facto de não ser desprezado, de ter trabalho, do bom-nome no andar em todas as bocas, como se fosse um holocausto. Esquecem que Karol Wotila, em 1991, ao manda redigir o Catecismo, diz, ao falar do adultério, esse sexto mandamento dos católicos romanos que, em breve diz: não cometer adultério, acrescenta no artigo 2358:     Um número não negligenciável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente enraizadas. Esta inclinação objetivamente desordenada constitui, para a maioria, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á para com eles todo sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a reali­zar a vontade de Deus em sua vida e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar por causa de sua condição .Com todo, Wojtila o retira da lista dos pecados ao não esqueçer dois factos: que o Rei David dos Hebréus, amava a Urias,o marido de Basheva. Por conveniência do cargo, casa com Basheva, tendo, assim,  sempre ao pé de si, a Urias. Uma traição dele com outro, enfurece David, e o manda a guerra em primeira fila para ser morto. O outro, que Freud em 1905 tinha denominado aberração sexual se era com crianças, explicitado mais tarde no seu texto de 1920, quando ele próprio, como diz na sua auto psicanálise, tinha-se namorado doirmão da sua mulher Marta, que nascemos bissexuais e há a opção da escolha em diversas idades. A prova é que ser homossexual, foi retirado dos delitos do Código de Direito Criminal.

Portugal vive do crédito. Home casado, de certeza não ama outro home. Mas, esses, não têm andado pelo Parque Eduardo Sétimo de Lisboa, nem pela baixa do Porto, aimda menos em Estoril, perto da vila de Cascais. Quem por ai andar, tirava o crédito. Como acontece com o cartão de crédito, que hoje em dia há tantos. Falta dinheiro, há crise? Alegria, qualqeur Caixa Azul sálva-nos. É, como diría Garcia Márquez, amor nos tempor do cólera. Do cólera doença, não amor com cólera ou raiva. A liberdade é para todos, cada um vive a crise como melhor entende e defende-se como o genaral no seu laberinto, diria García Márquez, dentro de um país inventado, à moda de Isabel Allende.

São as minhas palavras para o meu semanário. Até onde entenda, vivemos dentro de uma República Soberana, depositada em todos os seus cidadãos, mas gerida pelase mãos dos que nos governam.

É assim que o cabeçalho do título deste texto, fala apenas de dois problemas: a crise económica e as próximas eleicões presidenciáis, en Janeiro de 2011.

Essa crise económica é a falta de investimento em indústrias que transformadoras que troquem a matéria prima em mercadorias para vender. Portugal tem não apenas imensas vinhas, bem como sabem fazer delas excelentes vinhos denominados do Porto, cobiçados em todos os países de fora da República, quer na Europa, quer na Ásia ou a Oceânia. Venda de vinhos que enriquecem aos proprietários das videiras, que com o lucro obtido, e reinvestidos em mais terras com mais fileiras de vinhas, melhorando o produto ao fabricar o vinho com máquinas modernas, melhorando a embalagem em garrafas de vidro escuro para que a luz não penetre e descolore o sabor. É uma riqueza que o Estado português não controla, até o dia de organizarem as cooperativas do vinho do Porto, e de outros vinhos, como o Moscatel, ou os fabricados pela Wine  & Spirit, empresa criada faz mãos de vinte anos nas Caldas da Rainha, como também os produtores de vinho da herdade de Esporão (Alentejo), Ermelinda de Freitas (Setúbal), ou o do Zé Maria da Fonseca (Setúbal), e entre outras as Cooperativas Agrícolas localizadas ao longo do país.  Estas produtoras associam-se com as indústrias corticeiras, produtoras de rolhas entre outros produtos relacionados com a cortiça dos Sobreiros, existentes no Alentejo ao longo de centenas de hectares para dar resposta à procura da cortiça, usada em diversas actividades industriais. A empresa da cortiça teve que dividir o trabalho entre vários países com clima adequado para o seu produto, e outros, para serem usados apenas como fábricas transformadoras, como o Chile que visitara com o Ministro de Ciência, o Prof. Doutor Engenheiro José Mariano Gago que tem desenvolvido a ciência em Portugal como nunca tem acontecido em outros países. Desde a investigação informática às cortiças, passando pelo apoio ao Ensino Superior, soube introduzir programas Delta, Alfa, Institutos de Ciência em várias Universidades, trabalhar com o Microscópio, louvar aos melhores escritores e converter ao Instituto Superior Técnico, do qual é Professor Catedrático, em fábrica de mentes inteligentes que espalham o saber científico e tecnológico pelas antigas colónias da República e outras Universidades de Europa, em que se têm instalado laboratórios de Portugal para ensinar não apenas a língua, bem como organizar empresas, estudar o pensamento com a arte da semiologia e outras matérias. Entre essa, estudar as mentes infantis, solicitada a mim, a minha instituição e a Associação Portuguesa de Antropologia. Esta missão foi cumprida e têm aparecido imensos livros sobre o saber das crianças, escritos por mim e discípulos e assistentes, para desenvolver o saber cultural português e de outros sítios do mundo. O Ministro tem recriado Portugal e nós agradecemos e entregamos nas suas mãos a nossa confiança. Viva!

A República Portuguesa tem um manancial de riquezas, mal aproveitadas por causa dos debates políticos causados pela novidade de ser República livre e soberana apenas faz 100 anos. Se a comparamos com o Chile, com 200 anos de autonomia e independência, podemos apreciar que apesar de guerras civis do Século XIX e um grande assassinato de um Presidente de la República livremente eleito, maiores problemas nunca houve. Especialmente desde o dia em que a tradicional democracia tornou ao país após 200 anos de soberania.

No caso de Portugal, como referi en outro texto meus, 900 anos de Monarquia, 20 de Repúblicas pouco ousada, e 50 anos de ditadura patriarcal, nem tempo houve para que os nossos representantes souberem organizar uma República legislativa livre e soberana. Foi apenas a 25 de Abril de 1974, como todos sabemos, que a democracia sem alterações. Apenas que organizar a Constituição, os novos Códigos, tentar vender produtos fora do país, têm causado a grande distracção de não se lembrarem de instalar indústrias transformadoras. Aliás, é esse o outro problema de Portugal, ter apenas duas vertentes políticas: a católica romana, e a marxista que não se entendem. No meio fica o Partido Socialista que nos governa. Na base ideológica, acabou por ficar esse sermos todos iguais, na gaveta de Mário Soares, que soubera levar Portugal ao centro da Europa, à Comunidade Económica Europeia como era denominada nesses tempos, hoje a União Europeia, com moeda única e tribunais internacionais para julgar a criminosos que hoje em dia podem livremente transitar por toda Europa, se há um contrato. Entre todos os países, há um acordo de contratos de trabalho e de segurança social, igual para todos.

No entanto, no entanto, temos em frente de nós candidatos á Presidência do Paós, a pessoas que é difícil acreditar em eles. Há, sim, uma lista deles e os seus programas, nos que mal e pouco acreditamos, especialmente porque quem no governa hoje, tem vendido o País ou ao FMI, com a anuência da Presidência da República, ou vendido as nossas dívidas a China e outros países, ais que se deve pagar juros. Quem paga esses juros? O povo que, a partir do 1 de Janeiro de 2011, deve ver incrementados os seus impostos em 23%, os seus ordenados reduzidos, as pobre pensões congeladas, às pensões mais altas com impostos, e um limite para os ordenados.

Quem toma estas medidas? Dois Partidos muito semelhantes um ao outro: o Socialista, longe de ser esse grupo materialista histórico dos anos da sua fundação, para se modernizar com a teoria neoliberal da economia. Por outras palavras, os preços são fixados no mercado e não há vigilância do Estado para resguardar à maioria do povo pobre e resguardar, sim, aos investidores. A lista dos Candidatos  define os seus objectivos e a sua ideologia, entre os que concorrem porque vão ganhar, e os que apenas fazem um cumprimento de contenção para guardar os seus eternos ideias.

Parece-me desnecessário falar de cada um deles, excepto dois factos: o actual Presidente da República declara-se católico romano, desses que entendem aos seres humanos e respeitam a sua ideologia. O Candidato Cavaco Silva, actual Presidente da República, ao falecer este ano uma glória nacional, José Saramago, nem assistiu ao funeral, não foi cumprimentar a viúva e enviou apenas dois Representantes de baixa patente para assinar o livro de condolências, sem cumprimentar a viúva que adorava a seu marido, Pilar del Rio de Saramago. São essas as solidariedades de um denominado cristão que, por estar de férias, nem foi nem mandou declarar luto nacional nem mandou por a bandeira nacional a meia haste para comemorar a passagem para outra vida de um dos poucos das nossas glórias nacionais?  Serão esses os deveres de um presidente da república? Não em vão escrevi em outro texto meu, Portugal Fatimizado que todos os 13 de Maio o então Primeiro-ministro Aníbal e Maria a sua mulher, marmeladas com o povo nestes dias se candidatura, davam Cavaco aos que não eram tão empenhadamente cristãos como eles.

Portugal tem dois problemas: a crise económica e as eleições presidenciais, com certos problemas éticos no meio que, de certeza, se existir essa sua divindade, os puniam com a pena máxima. Apenas dá-me Alegria as sábias e sãs palavras de Manuel, o meu candidato….

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