…para a minha mulher, que tudo faz por mim…
Todos sabemos o que é o Natal, pelos menos nos países do Ocidente e cristãos. É a comemoração do nascimento de quem nos salvara do pecado, faz 2010 antes deste dia. Para as pessoas de fé religiosa é o nascimento do Redentor do Mundo. O problema, mais uma vez, é definir estas palavras, estes conceitos a que não estamos habituados por não sermos religiosos, ou sendo religiosos, aprendemo-los na infância mas depois esquecemo-los porque a vida, dura como ela é, faz-nos pensar todo o dia nos nossos deveres profissionais remetendo partes da nossa história, longa como é, para o esquecimento, também o stress do dia-a-dia não nos permite sermos homens e mulheres de fé e de acreditar na existência de uma divindade, que nos proteja das aleivosias de outros seres humanos.
A vida parece ser uma corrida para o lucro. Pelo menos, é o que aprendemos com o filósofo presbiteriano Adam Smith, no seu livro de 1776: An inquiry into the nature and causes of the wealth of Nations (no título não há gralhas, é a língua inglesa do Século XVIII), traduzido para português, em 1983, como A Riqueza das Nações, Fundação Gulbenkian, Lisboa. Nas corridas para o lucro, tudo é permitido; quem não corre para ter dinheiro, parece se tonto. Eis porque em época de eleições, de qualquer uma delas, o que se promete são melhores salários, segurança e melhores condições nos locais de trabalho, sejam, estas promessas dos candidatos cumpridas ou não. O que se debate na Assembleia da República é, normalmente, ideologias e cada partido ou líder de bancada ataca o outro ou os outros por não saber governar: que o governo é em representação dos pobres, dizem uns, que o governo é para melhorar o PIB, dizem outros. Todavia todos reclamam representar o povo ou proletariado, conceito que poucos usam: fala-se de trabalhadores, de sindicatos, mas apenas os partidos da denominada esquerda usam a palavra criada por Marx em 1844, nos seus Manuscritos Filosóficos. É uma corrida para o lucro, escrevia antes, mas de quem? O proletariado nada tem para investir e gerar mais-valia, excepto a sua família que trabalha auferindo tão pouco que só dá para sobreviver. Especialmente em épocas como as de hoje, em que um Orçamento de Estado, preparado por maus governantes, tenta remediar vendendo a dívida fiscal a países que as compram com altos juros. Tudo para quê? Para que o Fundo Monetário Internacional (FMI) não entre no nosso país e cobre, o que se pensa ser, juros mais altos. Grande engano! Desconfiar de um Fundo Internacional para resgatar países em falência, como o nosso. Mas, os que nos governam, que nada sabem quanto à arte de governar, nunca leram Platão, de 386 antes da nossa era, nomeadamente A República, menos ainda o mais complexo e directo de todos, Aristóteles, de 323 antes da nossa era: Tratado da Política. Se os leram, já os esqueceram. A corrida ao lucro dos minoritários e ao salário da maior parte da população, é um pecado de lesa-majestade, como defino no meu artigo de 1991, publicado em Portugal e a Europa, coordenado por Henrique Gomes de Araújo, ASA Edições, Porto, sendo o pecado a garantia da reprodução social, por punir comportamentos que ferem outros, como a usura, a cobiça, a divindade. Eram tempos em que se podia pensar de forma taxonómica, e almoçávamos em restaurantes, os livros eram editados e vendidos. Actualmente, a biblioteca computador tem substituído o formato de papel. Os livros eram para oferecer no Natal. E agora? Apenas um link ou uma ligação que abre o livro, como O saber das crianças e a psicanálise da sua sexualidade:http://br.monografias.com/trabalhos-pdf/saber-criancas-psicanalise-sexualidade/saber-criancas-psicanalise-sexualidade.pdf , Raúl Iturra, 2008. Será este um presente?
Estamos habituados à consoada, com bacalhau, couve portuguesa, batatas, cenouras, tudo o que na época de Natal é naturalmente mais caro pela lei da procura. Os presentes, outro hábito de Natal, que, hoje em dia, não se podem oferecer para prevenir o futuro que se aproxima a 23%. Pensões congeladas e com impostos, farmacopeia, que usamos para sobreviver, muito mais distante de se obter.
O Natal acabou, tenho escrito imenso sobre esta festa, mas de memória apenas. Nem árvore de Natal, nem luzes – a energia é 12% mais cara -, a água 3%.
Este governo desgoverna-nos. Quem pode fazer consoada se não retirar das suas poupanças dinheiro? Como voltar às tradições natalícias, se até Livrarias antigas, como a Bertrand, faliram?
Não digo mais nada. Não há governo que nos saiba orientar. Por quem votar? Nos Partidos, quem será de entre eles, O Salvador do pecado de sermos pobres?
Penso que o olhar dos poetas sobre o mundo não nos faz correr para o lucro, para a mais-valia, mas para a sensibilidade, a luta, a partilha, o amor…
Feliz Natal de 2010. O povo ainda não reparou nos novos impostos que dentro de 10 dias começam a vigorar.
Alegria senhores, que choramingar não nos salva do que se aproxima: um Presidente reeleito, a queda do actual governo e a subida ao poder com maioria, do partido que o apoia, o dos financeiros…
Derradeiro Feliz Natal para todos! Vivam Adam Smith e Milton Freedman, cujas teorias nos governam! Portugal passará a ser mais um país da empobrecida Europa….
Parab´ns pelo belo texto, muito real. feliz natal.
Querida Graça Dias,
agradeço a sua leitura dos meus textos. É ita a minha maneira de defender à mulher que trabalha tanto para uma noite de consoada! E os maridos, conforme a classe socoal, e os filhos, conforme a idade!
Muto obrigado e feçozes festas
RI
lautaro@netcabo.pt