Em defesa e simplificação de Álvaro Santos Pereira

Também me dá muito jeito que caia, é costume ler-se como sinal de o governo ir atrás, embora preferisse decifrar o mistério das sondagens desaparecidas.

Mas a forma como este ministro deste repelente governo, onde manda um homem que não sabe soletrar para si próprio filho da puta, tem sido tratado, causa-me a repulsa que a palavra dignidade impõe. De todos os ministros  foi o que menos estragos fez, digam lá que foi por nada fazer, mas os outros fizeram, e andamos pagar por isso.

Um governo que tem uma Cristas que defendia ontem o que hoje se esquece, ou um Mota a dar aos caridosos o que não dá aos pobres, um Crato que não faz absolutamente nada do que andou anos a escrever, um Aguiar Branco que na defesa até perdeu a pronúncia do norte, um governo que se pode resumir em ter um Relvas, ao pé do qual a memória de Augusto Santos Silva se transforma na de alguém sério, um governo de profissionais da politiquice juvenil decorada com o acne do oportunismo não pode ser bombardeado pelo lado de quem nunca dela viveu.

Que tenham ido buscar o Álvaro para bobo da corte, até entendo, como estratégia de comunicação foi um achado.

Mas muito simplesmente não alinho nisso. E sim tem que ver com uma vaga solidariedade académica. A diferença entre o Álvaro e a maioria dos seus colegas de governo começa em ter-se licenciado numa universidade a sério, e séria, que também é a minha. Séria e a sério, neste governo, poucos mais se podem gabar disso, em universidades e em vida. Ia apostar que este sai de ministro e volta para onde estava. Os outros já sabemos a lusoponte que os espera à esquina da carreira.

Comments

  1. Nightwish says:

    “A diferença entre o Álvaro e a maioria dos seus colegas de governo começa em ter-se licenciado numa universidade a sério, e séria, que também é a minha.”

    Depois do chorrilho de disparates sempre que abre a boca, fiquei com sérias dúvidas sobre a seriedade da UC, e especificamente do curso de economia.

  2. marai celeste ramos says:

    São palavras crueis as que aqui se escrevem mas não há palavras cruéis para efinir a esquizofrenia de todo este governo esquizofrénico e demolidor da sociedade e dos ben naturais e sociais – a esquizofrenia é incurável e ataca com mais força na primavera – Qualquer requiem por este governo seria até ofender a música

  3. Toda esta artilharia pesada e repentina contra o Álvaro ocorreu precisamente nos dias em que da parte do governo se começou a insistir cada vez mais na renegociação de tarifas do sector energético (imposição da própria troika), com as empresas do sector a reagirem a mostrar os dentes e a fazer ameaças, o tal sector que está a destruir o Tua e o Douro e nos trouxe a electricidade mais cara da Europa e que muita competividade está a retirar à nossa economia.
    Já desde Janeiro se sabia que a guerra iria estalar em Fevereiro, poucos avinhariam é que iriam fazer tiro ao Álvaro via comunicação social.

    Rever tarifas eólicas levava a um colapso do sistema bancário
    http://www.pt.cision.com/O4KPTWebNewLayout/ClientUser/GetClippingDetails.aspx?id=0ebbcc43-77a5-4a80-b4c3-bc7cd2da8504&analises=1

    EDP e Endesa admitem apagões eléctricos se Governo cortar apoios
    http://economico.sapo.pt/noticias/nprint/137938.html

    Troika quer reformas mais rápidas no sector da electricidade
    http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/economia/troika-quer-reformas-mais-rapidas-no-sector-da-electricidade

    Troika obriga Governo a renegociar apoios à produção eléctrica
    http://economia.publico.pt/Noticia/troika-obriga-governo-a-renegociar-apoios-a-producao-electrica-1536297

    Mas festejem todos esta destruição selectiva do Alvaro, sem perceberem sequer que combate está a ocorrer, e de como serão sacrificados ministros e governos no confronto com estas forças. E quando se chegar à parte de renegociar as PPP’s também por imposição da Troika, já não deve sobrar governo algum, para felicidade de todos os lobbies do país, dos sindicatos aos do sector da energia, construção e bancos.

    Mais surpreendente é ver isto no Aventar, um blogue que politicamente muitas vezes não concordo, mas que partilham causas com que eu me identifico, sendo uma delas precisamente a questão da energia.

  4. JA, pode ter razão, foi abordagem que não me ocorreu. Eu sempre apostei que nem uma das medidas “boas” do memorando seria concretizada, principalmente a das PPP. Quanto à energia a entrada chinesa arrumou o assunto, nos próximos tempos veremos uma total subserviência em relação a tudo o que os interesse, justificada com a promessa de que vão comprar muito mais e investir alguma coisa. Um outro exemplo é o do ensino privado, onde se está a fazer exactamente o contrário do que lá está escrito.

    Nightwish, eu não escrevi que o homem foi bom aluno, pois não? mas já agora a FEUC é capaz de ser a única onde o pensamento dominante dos seus professores, exposto publicamente aqui e ali em poucos jornais, é contrário ao pensamento dominante que vai às tv’s e provêm das outras faculdades de economia.

  5. Krugman disse e eu concordo que os economistas falharam enquanto classe. Eu concordo!

    Como é possível que num curso de economia não existam cadeiras a abordar teorias alternativas ao crescimento ecomnómico contínuo???!

  6. paula marques says:

    Tenho a certeza que não a licenciatura não foi no mesmo curso…
    Mais, ainda: conhece o Álvaro?

  7. Ricardo Lopes says:

    Depois da comparacao com o Augusto Santos Silva, confesso que a meu ver o texto simplesmente caiu no ridiculo.

  8. Pisca says:

    Que me perdoem os Iluminados, mas para mim Economista é:

    Aquele que prevê o que nunca acontece, e tem sempre boas explicações para o que nem lhe passou pela cabeça e sucedeu

    Pelo menos os que andam por aí a botar palavra

  9. um economista é um cientista social que esquece essa condição e se julga uma espécie de alquimista dos tempos modernos capaz de transformar merda em ouro com ajuda da matemática. a economia devia ser retirada do universo das ciências sociais e arrumada ao lado da quiromancia, feitiçaria, artes adivinhatórias, etc., etc. deviam dar-lhe um lugar de destaque na organização do congresso anual de Vilar de Perdizes.

  10. clara says:

    tudo conversa
    percorri o blog… nada se diz sobre os estaleiros de Viana! ouvi umas notícias, parcas, um senhor a dizer que havia muitas encomendas, mas que estava tudo parado…
    em Lisboa os navios também estão parados, que se passa????
    estamos a discutir o Álvaro… que treta é esta?
    para mim, a notícia do dia foi: estaleiros de Viana com encomendas. trabalhadores parados. empresa lucrativa….
    Ah! os trabalhadores querem trabalhar… quem não quer que eles trabalhem? porquê?
    Em Lisboa, o mesmo. Os trabalhadores, preguiçosos, fazem a manutenção sem diretrizes, isto é, sem ninguém os obrigar, podiam jogar à bisca….
    Que se passa?

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