Elisabete Figueiredo
Há uma velha a vender flores nas escadas cobertas
Subo uma rua empedrada. Irregular. Há passeios direitos mas em cima deles estão, que surpresa, os automóveis. Chego à escada coberta. 176 degraus até ao Monte da Escola. Avanço. Ao avançar, reparo nela. Um pequeníssimo ramo de flores numa das mãos. Milhares de rugas na cara, como estradas num mapa para que ninguém olha. Com a outra mão mostra um dedo: 1 leu pelas flores.
Estou para lhe comprar o ramo, mas depois, que farei dele? Fico ali, à entrada das escadas a olhar para ela. E penso, outra vez, que o património da humanidade é isto, não as pedras. Estas ruas que atravessam a cara dela, para lugar nenhum. Ou para o mundo inteiro.
Não há, em nenhuma torre do mundo, uma placa que diga a que distância estou eu desta mulher.
Comentários Recentes