Assange no Equador

Rafael Correa (na imagem), Presidente do Equador, decidiu dar asilo político a Julian Assange.

Lutador dos sete ofícios

Portugal é um país muito pequeno, uma espécie de aldeia à escala planetária. Não me surpreende a presença duma pessoa em vários momentos da vida cívica até porque a cidadania lusa já teve melhores dias. A experiência vai-me mostrando que as pessoas que fazem as associações recreativas são as mesmas que estão no folclore, nas associações de pais, na igreja, nos clubes, nos partidos, nos sindicatos…

Alguma direita tem procurado apontar o dedo a quem aparece na rua a protestar contra algo, nomeadamente quando se trata de pessoas ligadas ao PCP e ao BE. Desta feita trata-se da luta contra as portagens no Algarve e o BE é o bombo da festa. Parece-me excessivo que um partido ou uma organização tenham que mandar nos seus membros, quando estes actuam numa outra condição. Parece-me estranho que alguma direita, sempre tão liberal, ache que o presidente do meu partido tenha que ter opinião sobre o que eu faço no clube de futebol da minha terra ou naquilo que faço na minha comunidade, por exemplo, como elemento de uma associação de pais.

Esta transparência e divisão de “tarefas” não é uma condição da democracia? O que sugere Helena Matos?

Que cada um dos cidadãos só possa ter um papel na sociedade? Ou que, no caso de ter mais do que um, tenha de fazer uma declaração de interesses? É isso que sugere? Que traga na lapela um pin de cada uma das suas funções?

Será que teremos este tipo de considerações para os cargos de chefias de empresas, na promiscuidade entre as empresas e o estado, entre os partidos e a comunicação social? Os de confiança

Fica a sugestão para o Blasfémias.

É favor marcar aí na agenda

o fim da crise.

Ainda a caça à multas

De acordo com os dados cedidos ao CM pela GNR, no primeiro semestre deste ano foram detectados 15 757 automóveis a circular sem o respectivo visto válido da inspecção. (…) Segundo as autoridades policiais, a falta de seguro e de inspecção dos veículos estão no topo das infracções detectadas. [CM]

Esta notícia é um bom exemplo de manipulação. Quem a ler poderá pensar que os veículos são sujeitos de forma igual a acções de fiscalização e que, dos autos levantados, a maioria das infracções consiste em falta de seguro e de inspecção. Acontece que os veículos não são seleccionados aleatoriamente.

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Um estar português – Histórias de viagens on the road (EN 109 e EN 1)

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© Sandra Bernardo | Direitos reservados

O Portugalito dos anões

Nunca senti vergonha de ser portuguesa. Mas algumas vezes, neste regime e no anterior, tenho sentido desgosto pelo excesso de passividade e de espírito acomodatício do nosso povo– como se ele não tivesse sangue nas veias. Várias vezes, também, tenho sentido impaciência, e até desespero, pelo tempo que nos fizeram perder governantes que, à falta de cultura e de civismo, entenderam nivelar-nos todos por baixo. Porque quem tem dado um triste retrato do país ao mundo são esses governantes a martelo, como o uísque de Sacavém.

A notícia, fartamente badalada nos jornais, de que teria sido chumbada a Fundação Casa das Histórias, dedicada à obra da pintora Paula Rego, por um grupo de trabalho (mais um) nomeado pelo governo para avaliar as fundações, com vista a fechar o maior número possível neste tempo de política rapa-panelas, estremeceu-me e fez-me lembrar um outro ataque à cultura no consulado salazarista. Ia eu a caminho da faculdade quando li num jornal pendurado num quiosque: PRIMEIRO PRÉMIO DA BIENAL DE SÃO PAULO – MARIA HELENA VIEIRA DA SLVA (França). Que vem a ser isto?, pensei. Ao fim da manhã já sabia a história toda: o governo da ditadura tinha recusado dar a nacionalidade portuguesa ao marido da pintora, o também pintor Arpad Szenes, judeu húngaro exilado em França devido ao genocídio levado a cabo por Hitler durante a Segunda Guerra Mundial. Sendo casado com uma portuguesa, nada de mais natural do que desejar ter a mesma nacionalidade da mulher. Perante a recusa, afrontosa e mesquinha, Maria Helena Vieira da Silva reagiu em conformidade: pediu a nacionalidade francesa para ambos. Bateu com a porta na cara dos anões da (in)cultura oficial. Ficou a França a ganhar e o mundo a pensar que Portugal era um sítio de labregos. Foi preciso haver uma revolução que corresse com essa direita estúpida e ignorante (porque há uma outra direita civilizada e com mundo, mas que não aparece, não se mistura), para que a Pátria recebesse com as devidas honras esta pintora representada nos maiores museus do mundo. [Read more…]

O triângulo

A propósito dos dez anos após a morte de Helena Vaz da Silva (1939-2002) e do prémio europeu do Jornalismo do Património Cultural que tem o seu nome e será atribuído pela primeira vez, Guilherme d’Oliveira Martins escreveu no passado dia 12:

“As modernas políticas públicas da cultura ligam a preservação do património à criação e contrapõem-se à ideia de uma economia de especulação e da cultura como luxo. Como poderemos entrar num caminho de recuperação e desenvolvimento sem pôr a qualidade em primeiro lugar, sobretudo num país (na lusofonia e na Europa) com memória e com história antiga? A cultura não pode resumirse a lendas ou ilusões perdidas, feitas de indiferença e de ignorância. (…) Nada do que é vida pode ser estranho à cultura, à educação e à ciência — e a verdade é que este triângulo tem de estar presente, se quisermos recusar a mediocridade e a irrelevância. Mais do que gestos de novoriquismo, do que se trata é de ver a cultura como sinal de sabedoria e de aristocracia do comportamento (…)”.

“Embrulhar” a dor

No passado domingo, a jornalista Paula Torres de Carvalho escreveu um artigo no Público sobre a Depressão, que intitulou de «Lidar com as tristezas». Partilho esse texto com os leitores do Aventar:

“Não é fácil conviver com a infelicidade. Fazem-se planos, projectam-se desejos que a crueza da vida contraria e depois… não há perspectivas, não se vêem saídas. Fica-se desalentado. Resta viver com o que há, quando muitas vezes o que há é muito mau e muito triste. Mas estar desanimado e deprimido nem sempre significa que se está doente.

Portugal é hoje um dos países europeus com maior consumo de antidepressivos. Como em muitos outros países europeus, banalizou-se a prescrição e o consumo das drogas psicotrópicas. O último eurobarómetro sobre saúde mental realizado em 2010, indicou que 15 por cento dos portugueses tinham consumido antidepressivos nos 12 meses anteriores, o dobro da média europeia. Mas, como alertou recentemente Jorge Gravanita, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Psicologia Clínica, o entendimento de grande número de psicoterapeutas é de que 90 por cento dos casos que chegam ao consultório não precisariam de medicação, mas de psicoterapia nos tratamentos de primeira linha. [Read more…]

Uma SCUT para a china

João Salgueiro, em entrevista ao Jornal Público (versão “papel) sugere que

“Por que é a Ásia é mais central que Portugal? Portugal está no centro. O porto de Sines está no centro das rotas mundiais, entre a África, a América Latina, a Europa e os EUA. Com o alargamento do canal do Panamá ficou em frente da China.”

Ora, esta afirmação tão óbvia e já repetida por muita gente, leva-me a avançar com uma sugestão  que poder ser o nosso ovo de colombo. Abrir uma auto-estrada, em regime de SCUT, para a China.

É certo que por cá este regime especial de auto-estradas terminou, mas atendendo às vantagens económicas que esta medida poderia trazer, seria de apostar na SCUT Sines-Pequim.

No caso de ser de todo impossível, asseguramos que os chineses pagam no sentido Pequim-Sines e a saída de Portugal seria grátis, uma vez que haveria a possibilidade de a fazer coincidir com o triângulo das bermudas.

Aliás, a primeira viagem na nova SCUT Sines – Pequim seria a do Governo da nossa República, com a passagem turística no polígono referido. Não sei se vamos a tempo, mas também poderíamos considerar a substituição da Via do Infante pela nova SCUT para a festa do Pontal, que não é no Pontal. Eu trato do aluguer do Triângulo e prometo que fica mais barato que o Parque Aquático de hoje. E tem água na mesma.

José Manuel Fernandes plagiado?

José Manuel Fernandes, tudólogo praticante, escreve, também, sobre Educação, porque, por ser tudólogo, escreve, sobretudo, sobre tudo e, portanto, nada diz que se aproveite. Recentemente, tive oportunidade de comentar uma das suas pérolas, em que, usando doses gigantescas de marialvismo leviano, comentou o fenómeno do desemprego docente.

Hoje, por pura coincidência, descobri, na secção de opinião do Público e nas cartas dos leitores do Jornal de Notícias, um texto de um certo José Carvalho, professor e investigador de História. Se se derem ao trabalho de comparar as produções de ambos os josés descobrirão que metade do texto de Carvalho é igualzinho ao de Fernandes. O resto serve apenas para reforçar o habitual preconceito contra esquerdistas, professores e outros inúteis, numa visão da direita básica que prefere disparar primeiro e não fazer mais nada a seguir. Para vossa ilustração, e porque o texto de Carvalho só está disponível para assinantes, ficam aqui com uma cópia (para aumentar, basta clicar).

Provavelmente, estaremos na presença de um clone de um clown. E agora, josés?

Promessas inúteis

Os políticos em qualquer parte são os mesmos. Eles prometem construir pontes, mesmo quando não há rios. (Nikita Kruschev)

 

 

O medo das alterações às leis laborais nos trabalhos portuários – ou – Raios Partam as Greves

Os “trabalhadores portuàrios” de alguns portos Nacionais (Lisboa, Setúbal, Figueira da Foz e Aveiro estão completamente parados) estão em greve.
Como de costume no Porto de Leixões não há greve. Talvez por isso tenha lucros e seja apetecível colocá-lo ao mesmo nível dos outros. Quem trabalha e tem sucesso não raras vezes tem guerra declarada pelos que o não fazem nem o têm.
Por causa desta greve, mais esta, já vários barcos que se dirigiam à capital, mudaram o seu destino e terão ido aportar a Espanha. Se fossem inteligentes (os mandantes) teriam ido para Leixões, onde se trabalha, já que os nosso vizinhos, que já têm a austeridade à porta, também ameaçam com greves (embora tudo não passe de manifestações de solidariedade sem fundo efectivo), estendendo-as aos portos de toda a Europa, tudo por causa, imagine-se, do Governo Português.
É verdade que sou contra as greves, embora não o seja contra o direito a fazê-las, mas isto é de doidos. Quando precisamos de trabalhar, cada vez mais, fazemos greves e damos os negócios que muita falta nos fazem aos outros.
Para os defensores deste tipo de acções, é uma medida inteligente, para mim, é uma tremenda burrice, digna de quem tem a cabeça só para criar piolhos. Mas isto sou eu a dizer, que destas coisas percebo menos que nada.

Ah, e por falar em greves, amanhã há mais … CP, Metro, Carris e STCP (também amanhã, a Metro do Porto não entra).

“P’rá frente Portugal!

A Escola em marcha atrás

“As medidas adotadas pelo Governo têm três objetivos: primeiro, a redução cega de custos, obtida a partir do despedimento obsessivo de professores e de outros profissionais do sistema, da concentração de alunos em agrupamentos de dimensão cada vez maior, da transferência de encargos da responsabilidade do Estado para as famílias; segundo, obter dados estatísticos favoráveis às políticas do Governo, através da desvalorização e menorização de aprendizagens – desde as atividades físicas e desportivas às artes, à cultura e à formação para a cidadania – invocando a necessidade de priorizar “saberes essenciais” e “disciplinas fundamentais”, de adaptar a Escola às “condições da sociedade”, às “exigências do trabalho” ou do “mercado”; terceiro, colocar a Escola totalmente integrada e ao serviço das ideologias neoliberais e retrógradas que sempre se hão de opor à equidade e a direitos universais e solidários garantidos a todos os seres humanos.”

Manuel Carvalho da Silva, em artigo de opinião no JN do dia 11 de agosto de 2012

Ele diz, obviamente com outra qualidade, algo parecido com o que tentei escrever aqui no aventar uma e outra vez.

O futuro está nos barcos

Na passada quarta-feira, Emanuel e Fernando davam-nos a alegria da medalha de prata em canoagem. A única medalha de Portugal nos Jogos…

No dia seguinte, Rui Tavares escreveu no Público que Portugal é um país de exclusão económica, social e política. A democracia está a degradar-se (não é novidade, reconhece). Falou em clientelismo, feudalismo e partidocracia.

Não sendo novidade o que afirmou ainda, vale a pena pôr o dedo na ferida: “um país que desperdiça gente não sobreviverá. Um sistema político que é pior do que a sociedade que representa não se mudará sozinho.”

Muito boa gente está a deixar o país porque está desempregada, era isso a que ele se referia. Deu exemplo, de um seu conhecido, um professor do ensino especial, que a esta hora pode muito bem estar a pintar cascos de barcos na Holanda.

E pintar cascos de barcos até é muito romântico, mas só  filmes como As Palavras que Nunca Te Direi, protagonizado por Kevin Costner e baseado no romance homónimo de Nicholas Sparks.

Boa sorte a todos os portugueses que, diariamente (às centenas?), saem do seu país porque o seu país não soube nem sabe aproveitar e dar valor ao que tem.

Estamos todos no mesmo barco.
 
 
Nota: O título deste post é inspirado na peça O Futuro Está nos Ovos de Ionesco, um dos grandes nomes do Teatro do Absurdo...

Pontal: a manutenção da silly season

Na política, não existe silly season, porque a silliness está no leito e nas margens desse rio de cabotinos que nos arrasta, enquanto finge que nos governa apenas para inventar novos problemas, a acrescentar àqueles que a vida, de qualquer modo, nos traria. O Pontal, a festa do PSD, é um dos momentos altos da estação tolinha, previsível como o refrão qualquer música pimba. [Read more…]

Batalha de Aljubarrota

Completam-se hoje 627 anos sobre a Batalha de Aljubarrota, a mais decisiva das vitórias portuguesas durante a crise de 1383/85.
Conhecida durante muito tempo como a Batalha Real, por nela estarem presentes os dois monarcas (D. João I de Portugal e D. João I de Castela), decorreu no Campo de S. Jorge, actual concelho de Porto de Mós e a alguns quilómetros da vila de Aljubarrota.
A caminho de Lisboa, um numeroso exército castelhano foi interceptado e completamente dizimado, em pouco mais de meia hora, graças ao local escolhido e às tácticas utilizadas por Nuno Álvares Pereira. Uma pequena Capela mandada erguer pelo Condestável marca o local exacto da batalha. Hoje em dia, o Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota dá uma outra dimensão a todo aquele espaço.

Da série Filmes para o 8.º ano de História
Unidade 4.3. – Crises e Revolução no séc. XIV

Parada de Aguiar

Linha do Corgo, 2012.