Elisabete Figueiredo
Girassóis a preto e branco
Chego a Cluj e ao hotel. O incómodo continua. Sei lá. Nem mesmo a circunstância de, pela primeira vez, nesta viagem, o hotel ser digno desse nome, me conforta. Nem mesmo o telefonema da Eniko a saber quais os meus planos, me anima. Planos, já se vê, não tenho. Tirando os dias guardados para esta ou aquela cidade, não faço nunca planos de visitas a sítios, monumentos, coisas. Vou andando.
A Eniko convida-me para sua casa. O Kamil virá buscar-me de bicicleta às seis e meia, em frente à casa da cultura, mesmo abaixo do hotel. São quatro e meia ainda, por isso saio e vou até à Piata Unirii (praça da união, está bem de ver. Todas as terras aqui parecem ter uma). Bebo uma limonada numa esplanada. As coisas parecem ficar melhores.
Volto ao hotel. Tiro umas roupas da mala. O dia está tão triste. Visto um casaco, volto a sair para me encontrar com o Kamil. Na praça onde marcámos encontro, há um senhor a vender flores. Penso que não vejo a Eniko e o Kamil há quatro anos e que, estupidamente, não me ocorreu trazer-lhes nada de Portugal. Fico novamente incomodada. Por isso, compro girassóis.
Um senhor que está também a comprar flores, olha para mim, e percebendo que sou estrangeira, diz-me que devia tirar uma fotografia com os girassóis. Concordo. Ele manda-me chegar um bocadinho para a esquerda, um bocadinho para a direita até que, finalmente, tira a fotografia. Ficou a preto e branco. Girei o botão para o lado errado, sem querer, antes de lhe passar a máquina. Ele diz que tira outra, porque os girassóis jamais farão sentido a preto e branco.
Os textos continuam magníficos .
A sua marca pessoal é genial.
Beijos,
mfc genial é exagero. Digamos que me deu muito prazer escrever estes postais desta viagem e a viagem, claro, e talvez isso se note na escrita. 🙂