Acordo Ortográfico: o Porto deixou de ser a Cidade Invicta

O trabalho de sapa do João Roque Dias encontrou, em pouco tempo, mais um exemplo da supressão de consoantes que não são mudas. Neste caso, trata-se de uma afronta involuntária à cidade do Porto, orgulhosa de ser invicta há vários anos. No site do Colégio de Quiaios e numa legenda da TVI, o c de Invicta desaparece e o Porto deixa de ser invencível.

Já tive ocasião de notar alguns fenómenos semelhantes: Acordo Ortográfico: sabor a pactoAcordo ortográfico: a fissão da ficção e Acordo Ortográfico: consoante antes de consoante não se escreve.

A insegurança no uso da ortografia não é, infelizmente, um problema recente, mesmo nas escolas e na comunicação social, ambientes em que a língua devia ser mais bem tratada. O chamado acordo ortográfico, por ser um instrumento carregado de deficiências, serve para acentuar essa insegurança.

Num país a sério, com políticos a sério, a leviandade com que o AO90 foi posto em prática não existiria. Assim, é só mais uma acha para a imensa fogueira onde arde a irresponsabilidade das políticas culturais e educativas.

Comments

  1. Para quem tem a ocessão de destruir não destrói o que não presrta – o prazer mórbido é destruir cristais e tesouros

  2. gabriela says:

    Isto é uma afronta e uma vergonha. Como é possível escrever-se assim, e adoptar-se uma ortografia que ainda nem foi subscrita pelos países lusófonos?

    • Gabriela, vc ainda percebe menos disto que o Nabais, o que em si mesmo é notável, porque o Nabais percebe muito pouco.
      O Nabais confunde erros de ortografia com o AO, ainda que consiga distinguir uma coisa da outra, e vc pensa que é o AO que manda escrever assim.

    • António Fernando Nabais says:

      Não há como o Silva para não perceber o que está escrito, comentar o que não percebeu e demonstrar coisa nenhuma. Isso é que é coerência, grande Silva!

  3. Maquiavel says:

    Ò gente de pouca fé!
    Näo vedes que isto está na linha dos “brands de Portugal”???
    É para promover o Porto em Espanha e Itália! Porto, Cidade Invita, porque lá “invita” quer dizer respectivamente “oferece” e “convida”!!!
    É um mar-que-tem muuuuuuuuuuuuuuuito à frente, cuarágue!

  4. Rui Miguel Duarte says:

    Com efeito, J. Silva não percebeu. O que escreve António F. Nabais é claro: “A insegurança no uso da ortografia não é, infelizmente, um problema recente, mesmo nas escolas e na comunicação social, ambientes em que a língua devia ser mais bem tratada. O chamado acordo ortográfico, por ser um instrumento carregado de deficiências, serve para acentuar essa insegurança.”
    Isto, como inúmeros outros que se reproduzem como coelhos (os patos, os impatos, os intatos, os retos, além dos contatos e dos fatos), são efectivamente erros. Mas, se mesmo as entidades com responsabilidade pelo AO (os seus criadores e os produtores de dicionários no Brasil e em Portugal ao abrigo do AO, por alguns dos seus criadores) não se entendem em relação a algumas coisas (o “co-herdeiro” do AO e o “coerdeiro” do Vocabulário de Bechara), como pode o comum dos utentes da língua, que não leu o AO, entender-se e saber alguma coisa? É que antes toda a gente sabia escrever, e aprendeu a escrever à mão. Hoje, nem com os “corretores” (da bolsa) de ortografia deixam ninguém descansado. E face à ignorância, desencadearam-se fenómenos de ultra-correcção, pelo mecanismo da analogia. Os criadores do AO, claro, é que não previram nada disso, que outros previram. E devo dizer que, em meu entender, não é preciso ser muito dotado para ter feito tais previsões. Pessoas como António Emiliano disseram o óbvio…
    E se há pessoas como Pedro Santana Lopes, um dos signatários do AO, escreve “fato” em vez de “facto”.

    Ou seja, antes sabia-se escrever, havia padrões estritos. Agora abriu-se a caixa de Pandora e saíram de lá todos os demónios da balbúrdia, do salve-se quem puder.

    • E por falar em gente que não percebe nada disto… aparece o Rui Miguel Duarte.
      Se há quem dê erros porque não usa os c e p pronunciados é apenas porque está a complicar o que é fácil. Qual a novidade?
      Se há quem dê erroos agora porque não usa c e p pronunciados, não resolve o problema de ver jornalistas com acesso a editores de texto a darem erros e muitos antes do AO, qual a novidade?

      O padrão do AO é estrito, como era estrito o padrão anterior que também tinha facultatividades que, de resto, se mantêm todas. Se estas não o incomodam, porque o incomodam as novas? Porque as antigas era do tempo do Salazar e da “África Portuguesa” e estas aparecem porque por um acordo com o Brasil moreno? Rui, saia do armário, deixe-se de descuipas esfarrapadas.

    • Vamos ver se desta vez o comentário entra;

      R.Duarte, erros de ortografia houve, há e haverá, e querer dizer que agora está pior, logo, o AO é mau, é o mesmo que dizer “agora há mais infratores, logo, foi mau ter baixado o indice de alcolemia para efeitos de multa”.
      Quanto aos padrões estritos que agora “não há”, como costume, o R.Duarte mente.
      Os padrões estritos para regular facultatividades existem e estão dicionarizados, tal como existem e estão dicionarizadas as facultatividades anteriores ao AO.
      Acontece que para um racista as facultatividades anteriores são “boas” porque vêm do tempo do sr.dr.Oliveira Salazar e da “África Portuguesa”. As novas são más porque apareceram no tempo da aproximação ortográfica ao Brasil moreno.
      A respeito de azia com o AO, é melhor serem vcs a tê-la do que os portugueses que não são racistas.
      Saia do armário. Assuma que o seu problema é ideológico. Deixe-se de desculpas e disfarces.

      • Rui Duarte says:

        J. Silva,
        O seu comentário é risível. Vamos por partes.
        1. Padrões estritos dicionarizados: devolvo-lhe a acusação de mentira; basta comparar os dicionários da praça (Porto Editora, Priberam, VOLP, Lince) para ver que há coisas, muito menos do que antes, estritas. Basta isto, para sermos atacados com algumas crises. Pois… E que antes houvesse facultatividades, eram muito poucas comparativamente ao que agora se passa. Isto ninguém o negou.
        2. Agora o meu problema é ideológico. Passa do debate científico para o processo de intenções? Sou racista também? Conhece-me de algum lado? Dei-lhe, demos-lhe, exemplos científicos, e desvirtua completamente o debate, imputando ao adversário erros próprios. Alguém aqui falou em Salazar? Quer um argumento mais idelógico do que “As novas são más porque apareceram no tempo da aproximação ortográfica ao Brasil moreno.” Eu sou moreno, e sou Português… Ah, se calhar queria escrever “moderno”. Como quer que seja. Já foi dito, por muitos ideológos e racistas, que o Português do Brasil é suficientemente diferente do euro-afro-asiático para constituir uma língua, e não uma variante. Isto é dito por gente de ambas as margens do Atlântico. Eu não diria que se tratam de duas línguas, mas as diferenças são acentuadas, são FACTOS (ou fatos, se preferir), não ideologias, nem racismos. E a tendência é para que, linguisticamente, elas se acentuem. É sabido, dito por eles, Brasileiros, que o fosso entre o padrão escrito, culto, jornalístico, é grande em relação ao coloquial. Isto sustenta, para alguns, a consideração de uma língua brasileira. Leio um artigo académico brasileiro como leio um português. Mas a conversa, oral, entre dois cidadãos comuns dos dois países já não corre sem alguns problemas de comprensão, designadamente fonéticos e sobretudo VOCABULARES. Em Portugal, a diferença é menor. Dentro de uns 200 anos, já provavelmente a norma culta brasileira será diferente
        e estará mais afastada da de Portugal. Aproximação é contrariar a tendência natural. O Galego e o Português também se afastaram, e são duas línguas diferentes. O curso será análogo. Invocar a “aproximação ao Brasil” é um argumento político-económico, logo ideológico. E esta é das poucas coisas que os acordistas têm para dizer.

      • John Silva (original) says:

        Este gajo não sou eu!!!! FDX!!! Por favor caríssimo Nabais, leitores e demais postadores não me confundam com esta excrescência.
        Sr. J. Silva além de ser de um terrível mau gosto usurpar o nick alheio, é ainda pior fazê-lo com a sua prosa, que não me faz justiça e infantiliza o nick por ambos utilizado.
        Além da sua prosa primária, consegue ainda raciocinar de forma asinina, como se comprova pela lógica do seu texto: quem argumenta contra o A.O fá-lo obviamente por ser racista e saudosista do salazarismo (!!!).
        Sendo eu apenas básico e não salazarista, oponho-me ao A.O. porque este é estúpido, contra-producente, e irrelevante, porque vai realmente criar confusão onde antes havia ordem e «ruído» desnecessário onde antes não havia.
        As vantagens, para a população portuguesa, residentes e emigrantes, não existem, o resultado final desta parvoíce, é apenas os representantes portugueses na O.N.U. passarem a ter de ler traduções e documentos oficiais num português de vão de escada, que é para mim, com todo o respeito, aquele que se fala e escreve maioritariamente no Brasil.
        Sendo esta uma uma medida acéfala é natural que se aconchegue melhor aos respectivos…
        O português não tem que ser a língua de Portugal ou do Brasil, ou língua universal ou o que quer que seja, a língua é o que cada povo dela quiser fazer e nesta situação aceitar uma dupla ortografia, ou padrões ortográficos adaptado a cada geografia, ou qualquer outra solução que não passe por uniformizar (!!!) a ortografia contra o sentido estético, linguística e literário de um povo parece-me mais aceitável.
        Considerar-me racista por ter esta posição é de uma total idiotice que deveria envergonhar quem exprimiu esta opinião; e relembro que essa mesma pessoa usou de falso testemunho e tentou (tenta?) fazer-se passar por outrem.
        Aí está a fibra moral de quem acusa… J. Silva não se envergonhe mais e faça-me o obséquio de um desgastante esforço mental p/ inventar um nick um pouco mais original.
        Palhaço!!!

        • Rui Duarte says:

          Pois é, J. Silva (original), o seu homónimo assimila rectângulo/retângulo, Árctico/Ártico vende-se/vendesse, avance/avançe, nestes treês últimos casos os erros interpretando-se pela deficiente relação significante escrito/fónico, com facto/fato, opção/oção, casos em que esse problema não existe, pois não há aí consoantes mudas, mas bem proferidas… Fenómenos perceptíveis como de ultra-correcção. Coisas incomparáveis.
          E nada disse em relação ao facto de Pedro Santana Lopes, na ocasião signatário do AO, escrever “fato” e dizer que os Portugueses passariam a escrever assim… milagres de aproximação Tugo-Brasuca. Só não sei como ele, decisor com responsabilidade, assinou uma coisa sem a ler, pois, com efeito, o AO não altera o “facto” luso no “fato” brasileiro…
          Como por vezes digo, o AO assemelha-se a um medicamente posto em circulação antes de ser testado. Começando a ocorrer fenómenos de efeitos secundários, insiste-se na toma, em vez de o retirar liminarmente do mercado.
          Cumprimentos

          • Coisas como oção existem basicamente nas observações dos antiacordistas.

            Mas vejo que foi ao essencial, àquilo que o move: o ódio ao Brasil e à aproximação ortográfica com o Brasil. Resta saber a origem do seu problema, se se deve ao facto de vc fazer parte do lobby dos maus tradutores, ou a sua aversão tem fundamentos raciais.

            Mas isso não é o mais importante.

            O mais importante é que continue por aí, porque, ao menos ai podemos estar em desacordo, mas pelo menos vc não vai precisar de mentir nem mistificar.nem inventar nem exagerar.

          • John Silva (original) says:

            Vão-me desculpar o provável tom acintoso com que responderei ao meu «homónimo».
            No meio de toda a verborreia, aquilo que se retira é: quem se insurge contra o A.O. odeia o Brasil e os brasileiros, e, sendo, este um país «moreno» (in his own words), consequentemente, é racista.
            Caro J.Silva, suponho-o talvez «pardo», de tez ligeiramente acholatada e provavelmente com gengivas de mulato.
            Há uma obra, de um autor «africano», proscrito há muitos anos, chamado o «Complexo do Mulato» será difícil de encontrar e p/ si, ainda mais difícil de digerir, mas creio se lhe apropriar nas conclusões tendo em conta as suas céleres e insistentes acusações de racismo.

          • Rui Miguel Duarte says:

            J.Silva, não tente descobrir as causas do meu ódio ao Brasil, porque é agulha só existente seu palheiro. Abstenha-se de me ofender, abstenha-se de procurar análises psicanalíticas dos seus adversários de debate, só por não embarcar na sua débil argumentação pró-AO, por lhe apresentarem argumentos pela diferenciação natural, saudável, factual, das duas grandes variantes da língua. Se não tem mais nada para dizer do que debitar estupidez, acusações infamantes e processos de intenções, retire-se de mansinho. Ou ver-me-ei obrigado a pedi-lo ao Fernando Nabais. Desampare-nos a loja.
            É com este tipo de postura como a sua (quem não é por mim, é racista, anti-brasileiro, xenófobo, comunista, salazarista, n’importe quoi!) que começam os terrorismos e inquisições.
            Boa tarde, passe bem.

          • António Fernando Nabais says:

            Caro Rui

            Ainda pensei em apresentar-lhe o Silva, mas contado ninguém acredita. Como já descobriu do que a casa gasta, já percebeu que dali não vale a pena esperar elevação ou seriedade. Devo dizer que já por aqui passaram comentadores pró-AO que, no meio das discordâncias, souberam portar-se com civismo: esses serão sempre bem-vindos. O Silva irá fazer um esforço por aprender a comportar-se ou passará a ser excluído. Já que pertenço ao grupo xenófobo-comunista-salazarista, é natural que não consiga resistir a uma pulsão censória 🙂

          • Pois claro, Nabais, diz bem, grupo salazarista, portanto: lápis azul, “Árctico” com c mudo e “Angola é Nossa” (quanto mais não seja porque ainda escrevem como no tempo do sr.dr.Oliveira Salazar). “Les beaux esprits se rencontrent”.

            Então, vá, dê lá vazão à sua veia salazarenta, isto é, censure este comentário e continue a escrever “Árctico”.

          • António Fernando Nabais says:

            Pronto, só mais este. Mas que não se repita, seu tonto!

  5. Antes de mais: declaro que não gosto do AO90, e não o uso (podem verificar no meu blogue http://divulgandobd.blogspot.com ) nem tenciono usá-lo.

    Mas não posso deixar de constatar que há quem o esteja a fazer pior do que ele é. Já vi quem tenha escrito pato e fato (em vez de pacto e facto, sim, no AO90 mantêm-se estas consoantes, que não são mudas).

    Também já recebi um convite de uma Fundação existente em Évora, cuja sednhora das relações públicas escreveu “aqui fica o contato”, e eu chamei-lhe a atenção para o facto de a palavra contacto não sofrer modificação no malfadado AO90, porque o c de contacto não é uma consoante muda.

    Ou seja, como se sabe, neste AO a fonética é que tem a última palavra.

    E conclui-se daqui que a ignorância (ou a preguiça de estudar as regras ortográficas) já vem de longe. Porque, contrariando o último parágrafo do texto de Rui Miguel Duarte, digo que antes havia quem soubesse escrever, mas a maioria fazia erros crassos (há quem não saiba se se escreve árctico ou ártico, se recta se escreve reta, ou se retaguarda se escreve rectaguarda…

    Mas, de facto, este acordo, com as suas hipóteses de duas grafias admissíveis é mesmo uma desgraça:-( E como uma desgraça nunca vem só, como diz a frase popular, temos em simultâneo o AO90 e a Troika, mais a crise económica!

    • Rui Miguel Duarte says:

      “Porque, contrariando o último parágrafo do texto de Rui Miguel Duarte, digo que antes havia quem soubesse escrever, mas a maioria fazia erros crassos (há quem não saiba se se escreve árctico ou ártico, se recta se escreve reta, ou se retaguarda se escreve rectaguarda…”

      Sim, é verdade. Mas os erros crassos aumentaram. A coisa ficou pior, Geraldes Lino. A ignorância revelou-se em todo o esplendor, sem cadeias, livre como um passarinho. Mesmo por parte dos produtores de dicionários e por partes dos acordistas Bechara e D’Silvas Filho, do ciberdúvidas que às vezes mete os pés pelas mãos e tem… dúvidas. Mas explicito melhor, preciso o que na minha prosa foi genérico. Coisas como árctico ou ártico, recta ou reta, retaguarda ou rectaguarda. Estas, bom, causam transtornos por causa da fonética — lá está. Mas casos como “pato” em vez de “pacto”, “intato” (escrito e pronunciado) e “fato” em vez de “intacto” e “facto”, “contato” em vez de “contacto”, “reto” em vez de “repto”, “oção” em vez de “opção”, eram inequívocos. Com a caixa de Pandora aberta, nada já é inequívocos. Era as este último tipo de casos que me referia.

      • “A ignorância revelou-se em todo o esplendor, sem cadeias”
        É verdade, nisso estamos de acordo, e quem duvide que perca algum tempo a ler o que vc escreve.
        E sobre os problemas que os portugueses com a ortografia haverá ainda que lembrar o “dezer”, o “labar”, as “almorróidas”, o “quizer”, o “vendese”. Não falou nestas porquê?
        Fico sem perceber qual o seu problema com o Ártico. O que é que aquele “c” mudo está ali a fazer numa ortografia etimológica simplificada como a nossa é desde 1911? Acresce que espanhóis e italianos escrevem a palavra assim e não consta que tenham dificultade em perceber o que é o”Artico”.
        Também fico sem saber qual o seu problema com a pronúncia de “reta” ou “reto”, uma vez que não tem problema para pronuciar “neta” ou “abeto”.
        Também não percebo qual o seu problema para pronunciar “retangulo”, e se tiver, basta lembrar-se como faz para ultrapassar a dificuldade para ler “retórica” e “república”. Consegue? Então, vai ver que, apesar das suas limitações, também vai conseguir pronunciar “retângulo”.
        Quanto a “fatos” e “oções”, são coisas que sobretudo podem ser lidas em opiniões difamatórias do AO; de resto, são erros tão frequentes como o “avançe” ou o “estenso”. Falta dizer, claro, que estes últimos erros são “bons”, que vêm do tempo do sr.dr.Oliveira Salazar, e os novos são maus, porque vêm do tempo da aproximação ortográfica com o Brasil.

        • Rui Duarte says:

          “Quanto a “fatos” e “oções”, são coisas que sobretudo podem ser lidas em opiniões difamatórias do AO; de resto, são erros tão frequentes como o “avançe” ou o “estenso”.”

          Claro que sim. Estão documentadas. Pululam por aí. Cada vez mais. Pedro Santana Lopes escreve “fato”. E disse que os Portugueses passariam a exprimir-se assim. No Diário da República também. Se calhar, é de propósito, para difamar. A bolha estourou agora, mas claro, é tudo para difamar, nada disto é verdade. Tal como o “invita”. Réplica ideológica a argumentos de facto/fato. Consultou a Choldra?
          De resto, não pronuncio “retângulo” como pronuncio “rectângulo”. Nem eu, nem Brasileiros (está provado, o teste foi feito), pronunciam a tugas grafias “espetadores”, “receção”, “conceção”, “deceção”, como as “espectadores”, “recepção”, “concepção”, “decepção” deles, mas como, respectivamente, “alguém que espeta, coloca um espeto”, “recessão” (triste sina portuguesa), “concessão” (acto ou efeito de conceder), “?”. Até o grande apóstolo acordista D’Silvas Filho concorda que “conceção” se confunde com “concessão”.
          Isto mesmo foi demonstrado por linguistas limitados portugueses (António Emiliano, Francisco Miguel Valada): as consoantes ditas mudas têm poder diacrítico; as palavras, quando, e sobretudo se menos frequentes ou isoladas, tenderão a ser pronunciadas com a vogal fechada. Basta expor um português de escolaridade média à grafia “preleção”. E perante “prelecção”. E mesmo gente culta hesita, na palavra isolada. A lei da analogia, dizem eles. E com os AO excepções, como as que invoca, tornaram-se regra. Tal como as excepções concedidas pelo ministro Gaspar aos gestores para ganharem ordenados superiores ao Primeiro-Ministro.
          E já que gosta tanto de citar o Dr./dr. Salazar, não esquecer que no AO se refere uma tal “norma culta”. E até o Vasco Graça Moura, limitado ideólogo desacordista, pões em causa esse conceito, por ser herdeiro da época salazarista, em que o maldita COLB45 foi assinada… Se não quer ser salazarista, fará bem, nem eu. Então zurza os autores do AO90, por consagrarem esse conceito, tão datado e classista.
          Disse.

          • R.Duarte,

            Vc tem de mudar de “amigos” brasileiros, porque foi escolher pessoas que não conhecem a nossa pronuncia, logo, que não conhecem que em alguns casos pronunciamos átonas abertas que eram seguidas de consoante muda (ex: colecção) assim como pronunciamos átonas abertas que nunca tiveram consoante muda (ex: ilação, delação, caveira, especado.)
            Um brasileiro que não conheça a nossa pronúncia acha que dizemos “selecção” com pré tonica fechada, ou então vai pronunciar o c que para nós mudo. Acontece que não fazemos uma coisa nem outra.
            Mas se falar com brasileiros que conhecem a pronúncia portuguesa verá que a questão não se coloca.

            Acho interessante a questão do “fato” por “facto”.
            Não só o PSLopes a usar, há blogger do 31 da armada também escreve “fato” e já vi “de fato” escrito assim mesmo, aliás, com o mesmo risco de confusão com fato (de vestir) como “pelo” com “pelo” (de pelar).
            E agora que, através de si vejo uma vez mais o assunto levantado, acho que o uso de fato por facto tem três vantagens: Por um lado, passamos a ter um uso ortográfico idêntico ao do Brasil. Por outro, em boa verdade “fato” é o destino de “facto” porque em português temos tendência para elimar a primeira sílaba em sequências consonanticas, aliás, essa é uma das caraterísticas da evolução do latim para o português (somno>sono, septimo>sétimo) E, por último, é um espetáculo imperdível ver gente como vc a contorcer-se a a roer-se de raiva com a coisa. Um destes dias também começo a escreve “fato” em vez de “facto”, já falou mais e vc acabou de dar um bom empurrão.

            Diz-me que há problemas com dicionários. É certo que há. Entretanto o VOLP vai resolvê-los. E não se preocupe, depois de 1911 também houve problemas e muitos com dicionários e não é por isso que vc quer que voltemos a escrever “pharmacia” ou “appello”.

            Pergunta-me se consultei a Choldra. Refere-se ao site do PNR? Sim, consultei. Escrevem todos em ortografia antiga e dizem que a Pátria acaba amanhã por causa do AO. Entretanto os dias têm passado, e a Pátria cá continua. Com certeza que deve ser algum defeito da Pátria, e não da Choldra anti AO.

          • Rui Miguel Duarte says:

            J.Silva (cópia), aiai… Afinal, V. Exa. revelou-se, saiu do armário. Escreva lá então em Brasileiro, o “fato”, à vontade. Force lá a “evolução” do Português de Portugal pelo modelo do Brasil. Em vez de haver “evoluções” naturais, uma em cada país falante e escrevente da mesma língua, em naturalmente distintos e divergentes, agora quer fazer astrologia evolucionista, pretendendo prever que o facto português se transforme se fato. Como isso ainda não aconteceu (talvez só lá para 2 500, e é muito tempo, não se pode esperar…), há que forçar, porque importa “aproximar” do Brasil. Sempre que o Português europeu não é evoluído o bastante (e a referência de evolução parece ser o Brasil), decreta-se que evolua. Depreendo que escreverá então “recepção”, “concepção”, etc., à maneira brasileira? Não podemos ter um “um uso ortográfico idêntico ao do Brasil” aqui? Por mim, pode até começar a escrever celular, bonde, ônibus, café da manhã. Ou em privado com outros amigos brasileiros, que, por serem seus, são menos limitados, está bem? Mais uma vez, se o que importa é a putativa aproximação, os académicos podem até estar relativamente próximos, mas não o povo comum. E mais afastado fica.
            Não me roo de raiva (mais uma vez, donde me conhece), mas fico sem pinga de sangue perante tanto despautério. Para não dizer nauseado.
            Choldra do PNR? Ahn? Não, a do João Roque Dias.

  6. Este AO é ridículo!

    Na minha opinião, não é mais do que uma tentativa forçada para:
    – Abafarmos os Portugueses que não sabem escrever Português!
    – Uma forma de baixarmos as calcinhas aos Brasileiros!

    A língua é o Português, quero lá saber da aproximação ao PT do Brasil !

    Deviam preocupar-se com os erros graves na escrita:
    “Eu vou á escola” ou “Eu vou há escola!” e tantas outras asneiras…
    Ensinar, de uma vez por todas (e exigir) para que todos os alunos escrevam em bom português.

    Irrita-me passar em sites de jornais portugueses e ver textos com:
    – Palavras com o AO antigo e com o AO novo (não me venham com a história da fase de transição!);
    – Palavras como “avançe”… e muitas outras! (ver exemplo – terceiro parágrafo) (http://www.acorianooriental.pt/noticia/berta-cabral-abandona-lideranca-do-psd-acores)

    Não sei como se admite este tipo de erro! É mesmo prova de que não sabem escrever!

    Por isso, sempre que coloco algo online, retirado de páginas que tenha o AO novo, corrijo para o “velhinho”, que faz muito mais sentido!

  7. John Silva (original) says:

    Caro Nabais, neste post tem todo o meu acordo. E acrescento que «marias há muitas» pois verifico que o meu «nick» foi usurpado por alguém, que, com a devida atenção, jamais o carissimo Nabais confundiria com esta minha «persona».
    Ao J.Silva (II), por favor caro amigo, respeito em absoluto a anonimidade na internet, mas a usurpação de nicks p/ poder expelir fel a alvos pré-determinados é-me absolutamente repugnante, mais que as tolices de Nabais, assim você revela-se um verdadeiro NABO…

    • António Fernando Nabais says:

      Entre os dois Silvas, o meu coração balança. Esteja descansado, John, que não vos confundo: vocês são inconfundíveis.

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