17 amigos juntaram-se e acordaram entre si que futuramente dariam preferência, sobretudo, às transacções entre eles. Alguns poucos, e um em especial, tinham mais coisas e, sobretudo, incorporavam mais know how nos bens e serviços que vendiam e prestavam, que os restantes, a maioria.
Decidiram até criar mesmo uma unidade monetária comum para facilitar as transacções entre si, por mero acaso desenhada à medida dos interesses dos mais fortes.
Nesta “economia fechada” dos 17, as relações foram evoluindo de acordo com as regras de mercado e seguiram o seu curso natural e previsível. Os mais fortes foram acumulando riqueza, que emprestavam aos mais fracos para estes lhes comprarem mais bens e serviços, e os mais fracos acumularam dívidas, resultantes das aquisições acrescidas dos respectivos juros.
A Balança dos primeiros foi ficando cada vez mais Superavitária e a dos outros cada vez mais Deficitária, uma vez que nunca tinham liquidez para investir nas áreas adequadas ao equilíbrio das contas.
A certa altura os primeiros ficam preocupados com as dívidas e tentam obrigar os restantes, à força e de forma violenta, de repente, a equilibrar as respectivas Balanças, até anularem o deficit e pagarem as dívidas. Para isso forçam os países mais fracos a reduzir dramaticamente as suas despesas, através da redução dos consumos, de modo a encaminharem esse remanescente das receitas para o pagamento das dívidas.
O que é que SÓ pode acontecer ao Superavit dos mais fortes, nesta situação? Será que é preciso ser muito inteligente, perceber muito de Excel ou de matemática para saber a resposta a esta questão? Como escrevi aqui dezenas de vezes, o Deficit dos países periféricos (neste momento 45% da população da Zona Euro) é o Superavit da Alemanha. A conclusão não se impõe?
Foi assim que a Gorda engordou ainda mais. É um remake (mau) da fábula da Rã que queria ser um Boi!
Inchou, inchou, até que rebentou.
“A Balança dos primeiros foi ficando cada vez mais Superavitária e a dos outros cada vez mais Deficitária, uma vez que nunca tinham liquidez para investir nas áreas adequadas ao equilíbrio das contas.”
Portugal recebeu 9 milhões de € por dia, durante 25 anos, foi culpa nossa ou dos alemães, a aplicação dessa massa? A corrupção, as obras que custaram 3, 5, 10 x mais o orçamentado…
“A certa altura os primeiros ficam preocupados com as dívidas e tentam obrigar os restantes, à força e de forma violenta, de repente, a equilibrar as respectivas Balanças, até anularem o deficit e pagarem as dívidas”
Esta preocupação já existia desde o início do projecto – limite de défice em 3% e dívida do PIB em 60%. Desde 1996/97 se sabia disto, mas a governação socialista sempre vendeu aos portugueses a ilusão de crescimento assente em dívida (no período 2002-2005, Sampaio encarregou-se de interromper o governo não socialista de então e trazer o PS de volta). A sociedade portuguesa, graças a uma comunicação social que falha rotundamente na sua missão de informar os cidadãos, naturalmente sempre optou pelos que lhes mostravam a “via mais fácil”, apesar das muitas vozes que alertaram para o descalabro que aí vinha… Enquanto nos emprestaram dinheiro tudo corria bem, quando a fonte secou… e aqueles que acham que “isto passa” qnd Passos & Gaspar saírem, estão bem enganados!
http://jornalismoassim.blogspot.pt/2013/03/sobre-as-peticoes-manifestacoes-e.html
Mas pronto, somos umas pobres vítimas nas mãos dos cruéis alemães…
Não Murphy, não somos “umas pobres vítimas…” porque sempre houve muito quem votasse em PS e PSD que , como escorria dinheiro para meia dúzia de afilhados, sempre cumpriram á risca as ordens do directório comandado pela Alemanha e, ainda hoje quando a miséria campeia e a destruição é brutal, continuam a ter como principal desiderato “serem bons alunos”.
Entre 2002 e 2005 também foi uma maravilha!Com essa é que mostrou a face.e não é que o discurso estava a correr tão bem!!!mas…..é mais forte,a guinada ideológica.pobre…
Ninguém falou em maravilha entre 2002 e 2005, apenas recordei que nessa altura (há 10 anos, portanto) enquanto alguns já sabiam que o Estado , o País, não poderia sucessivamente gastar 110% do que produz, outros diziam aos portugueses que “há vida para além do défice”.
Pessoalmente não vou em utopias e ilusões, Portugal, vai ter austeridade durante 10 – 15 anos. Irá muito para lá de Passos & Gaspar, deste governo PSD/CDS, do próximo do PS e do que vier a seguir…
Sim, mas porque tem um problema de falta de receitas, não por caisa do excesso de despesa. O que há de rrado na despesa são os abusos, os roubos, os desvios, a corrupção o tráfico de influéncias. Não é a saúde, nem a educação, nem o excesso de funcionários públicos. Não podes fazer emigrar 200.000 pessoas em idade fértil e depois vir reclamar da sustentabilidade da SS. Políticas erradas, desvios e falta de receitas.
João, na minha opinião os nossos erros têm origem, principalmente, há cerca de 20 anos (2º mandato de Cavaco) e, nos últimos 2, estamos a “pagar” por eles. Na tua, são os últimos 2 anos a origem do problema.
Como disse atrás austeridade ficará durante 10 – 15 anos, independentemente de quem passe pelo governo (e acho que passará muita gente…)
Aqui, encontrarás mais qq coisa sobre o que penso do assunto:
http://jornalismoassim.blogspot.pt/2013/05/do-portugal-silencioso.html
Cumprimentos.
Onde é que eu referi datas da origem do problema? Não referi. Até concordo com a tua opinião.
Este texto refere-se à crise em curso e suas causas próximas. E situa o problema onde ele pertence: na CE. Aparte isso também há causas e problemas nacionais? Há!
Entre 2002 e 2005 também foi uma maravilha!Com essa é que mostrou a face.e não é que o discurso estava a correr tão bem!!!mas…..é mais forte,a guinada ideológica.pobre…muito pobrezinho.
E o que é que o período de 2002 a 2005 contraria o que foi dito, devido à ideologia? Foi o PSD que lá esteve…
E que percentagem desses 9M€ tinham o seu destino pré-decidido em Bruxelas?
Tirando o “17” em vez de “dezassete” em início de frase 🙂 está aqui mais um bom post. Falta só um desenho para explicar que não se trata de saber de quem é a culpa, foi assim, é sempre assim clho! Boa João de Sousa, gostei do estilo “deixem-se de mdas, isto até as criancinhas percebem”.