Previsões da OCDE que não interessam

antecipam um crescimento da economia portuguesa superior à média da zona euro em 2017, 2018 e 2019. Belzebu não facilita.

Medalha de bronze para Portugal

na modalidade de dívida em percentagem do PIB na zona euro.

«Uma Europa bloqueada, reaccionária e mesquinha,

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que não pode nem deverá aguentar-se por muito mais tempo.» Uma análise do economista norte-americano James K. Galbraith [fonte: Le Nouvel Observateur/BibliObs]

Os populistas do Norte

«O principal problema político dos governos do Norte [holandês, finlandês e alemão) é que não querem contradizer-se nos seus parlamentos, pois barricaram-se por detrás de um discurso populista, segundo o qual os seus povos pagam para que os preguiçosos dos gregos se aguentem. Tudo isso é falso, uma vez que é aos bancos que pagam.» Alexis Tsipras, 29 de Julho de 2015 [Fonte: L’Humanité|transcrição em Francês]

Resistir ao totalitarismo económico [o discurso da Presidente do Parlamento grego]

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«A dívida grega não é um fenómeno meteorológico, antes foi criada pelos governos precedentes, mediante contratos manchados pela corrupção, por comissões, luvas, cláusulas leoninas e juros astronómicos, de que bancos e empresas estrangeiras beneficiaram, fazendo de uma dívida privada uma dívida pública, e assim salvando bancos franceses e alemães, bem como bancos privados gregos, e condenando o povo grego a viver nas actuais condições de crise humanitária, enquanto mobilizando e gratificando os órgãos da corrupção mediática encarregues de aterrorizar e de enganar os cidadãos. Esta dívida, que nem o povo nem o Governo actual criaram ou fizeram aumentar, é desde há cinco anos usada como instrumento de subjugação do povo por forças que agem a partir do interior da Europa, no quadro de um totalitarismo económico.

A Alemanha comporta-se como se a História e o povo grego tivessem contraído dívidas junto dela, como se pretendesse um ajustamento de contas, realizando a sua vingança histórica pelas suas próprias atrocidades, aplicando e impondo uma política que constitui um crime não apenas relativamente ao povo grego mas também contra a própria Humanidade – no sentido penal do termo, pois trata-se aqui de uma agressão sistemática e de grande escala contra uma população, com o objectivo premeditado de produzir a sua destruição parcial ou total.» | Zoe Constantopoulou, ontem [13 de Julho de 2015] no Parlamento grego

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«Minhas senhoras e senhores, caros colegas,

Nos momentos como este, devemos agir e falar com sinceridade institucional e coragem política. Devemos assumir, cada um, a responsabilidade que nos cabe.
Protegendo, como a nossa consciência nos obriga, as causas justas e os direitos sagrados, invioláveis e não negociáveis do nosso povo e da nossa sociedade.
Salvaguardando a herança legada por aqueles que deram a sua vida e a sua liberdade para que hoje possamos ser livres.
Preservando a herança das novas gerações e das vindouras, bem como a civilização humana, o mesmo acontecendo com os valores inalienáveis que caracterizam e dão sentido à nossa existência individual e colectiva.
O modo como cada um opta por decidir e agir pode variar, mas ninguém tem o direito de zombar, degradar, denegrir ou usar com uma finalidade política as decisões emanadas de um processo e de uma decisão difícil e consciente, intimamente ligados ao cerne da nossa existência. [Read more…]

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Louisa Gouliamaki© Louisa Gouliamaki

Democracia na UE: a nota de rodapé que diz tudo

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O texto do comunicado do Eurogrupo (excluída a Grécia, que não foi chamada para a reunião), numa tradução muito rápida:

«Desde o acordo de 20 de Fevereiro de 2015, relativo à extensão do actual programa de assistência financeira, ocorreram intensas negociações entre as instituições e as autoridades gregas, com o objectivo de alcançar uma solução satisfatória para a referida extensão. Atendendo ao prolongado bloqueio nas negociações e à urgência da situação, as instituições apresentaram uma proposta exaustiva sobre a questão dos condicionalismos políticos, recorrendo à flexibilidade prevista no actual acordo.

Infelizmente, apesar dos esforços empreendidos em todos os planos e do total apoio do Eurogrupo, a proposta foi rejeitada pelas autoridades gregas, tendo estas últimas abandonado as negociações unilateralmente a 26 de Junho. O Eurogrupo sublinha as significativas transferências financeiras e o apoio acordado à Grécia ao longo dos últimos anos. O Eurogrupo esteve até ao último momento aberto a ponderar a continuação do apoio ao povo grego através da prossecução de um programa orientado para o crescimento.

O Eurogrupo toma nota da decisão do Governo grego de avançar com uma proposta de referendo, com data prevista para Domingo, 5 de Julho, ou seja, posterior à expiração do programa. O actual programa de assistência financeira à Grécia expira a 30 de Junho de 2015, o mesmo acontecendo com todos os acordos a ele relativos, incluindo a transferência pelos Estados-membros de títulos de dívida e activos financeiros líquidos.

As autoridades da zona euro estão preparadas para fazer o que for necessário para assegurar a estabilidade financeira da zona euro.»

«Que não, que não, mas depois é sempre o que acontece:

as dívidas públicas são reestruturadas.» Thomas Piketty ao Público

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«Se a Europa deu consigo a criar uma moeda sem Estado em 1992

(…) foi porque esta resolução internacional foi concebida (…) no momento em que se pensava qe os bancos centrais tinham por única função a de ver passar os comboios (…). Foi assim que criámos uma moeda sem Estado e um banco central sem Governo. (…)» Thomas Piketty, O capital no século XXI

Catálogos IKEA

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Quando uma capa de edredão custa 47 euros em Portugal e muito menos em todos os outros países do Euro…

O desemprego na Europa e a emigração em Portugal

A Europa

Deixo agora de parte o ‘sistema financeiro internacional’, a desregulação da banca, os paraísos fiscais, o funcionamento bolsista e todas as estruturas e agentes promotores da profunda crise que se derramou pelo chamado mundo ocidental (Europa e EUA).

O Eurostat acaba de divulgar números do desemprego na UE28 e, especificamente, na Zona Euro; esta, sabe-se, é parte da primeira, distinguindo-se pelo uso de moeda única, euro, pelos Estados-Membros que a integram – caso de Portugal.

Uma súmula de dados transmite com clareza a ideia do desastre socioeconómico europeu, o qual nem mesmo o sucesso alemão consegue esbater. Atente-se nesses dados, reportados a Novembro de 2013:

  1. Estimativas de desemprego na UE28: 26.553 milhões de cidadãos, dos quais a maior parte (19.241 milhões, i.e., 72,4%) pertence à Zona Euro.
  2. Comparado com Novembro de 2012, o desemprego aumentou de 278.000 cidadãos na UE28 e 452.000 na Zona Euro. [Read more…]

Comentário – Comunicado do FMI de 25 de Julho de 2013

O comunicado é extenso, contraditório e impudente. Define-se como análise da Zona Euro, como esta compreendesse um espaço monetário e social coeso, consistente e formado por Estados-membros a funcionar em condições homogéneas ou, pelo menos, semelhantes.

O Tratado de Maastricht, ingénua ou deliberadamente, criou a União Europeia e os fundamentos da União Monetária, de iniquidades e problemas económico-financeiros que submetem ao sofrimento os povos da agora designada ‘periferia desqualificada e empobrecida’.

Acima das controvérsias a nível nacional, reduzidas à visão de interesses partidários e de lobbies substancialmente alimentados por negócios de fundos comunitários e afins, prevalece a verdade de que, do grave impulso às PPP e obras públicas de tonitruante propaganda, iniciadas por Cavaco diga-se, Portugal e outros chegaram à funesta condição de perda do tecido económico tradicional – agricultura, pesca e indústria – e a um crescendo de endividamento insustentável (Grécia com 160,5% do PIB, Portugal 127,2%, Irlanda 125,1%, países assistidos, e Itália 130,3% são o paradigma, no 1.º T de 2013, que a mais indecorosa das verborreias não conseguirá negar).

As projecções integradas no final do documento do FMI, quebra de – 0,6% do PIB da Zona Euro em 2013, são bastante elucidativas dos topetes cantados na alvorada europeia.

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O galope das dívidas públicas europeias e portuguesa

O determinismo monetário do BCE tem causado nos últimos dias situações dignas de reflexão, como levar, hoje de novo, o BdP a valorizar o Euro face ao Dólar (1,366 € = 1 UDS) e ao Franco Suíço (1,237 € = 1 CHF).

A citada valorização da moeda europeia é incoerente. Contraria a fragilidade das economias europeias face ao comportamento da economia norte-americana (reduções sucessivas do desemprego e incremento da actividade económica) ou à estabilidade económico-financeira da Suíça, país, de resto, que, embora mais controlado no presente, continua a ser o refúgio de intensas somas de capitais.

O fenómeno ainda suscita mais perplexidade, porque, precisamente hoje, o Eurostat divulgou o agravamento das dívidas públicas na Zona Euro e na própria UE a 27 países, confirmando a fragilidade de uma Europa desigual, sem rumo nem coerência nas políticas da UE e principalmente da Zona Euro.

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Cá ou em Bruxelas, somos brandos nos costumes e nos resgates

Pais de brandos costumes

Somos o país de brandos costumes, ouço dizer desde jovem. Todavia, a proposição nunca me pareceu convincente e assertiva.

Lembremos dois templos prisionais: o Aljube e o Tarrafal (este visitei há uns anos), locais de prisão, torturas e hediondos crimes contra oposicionistas ao regime salazarista.

Dois símbolos, dos muitos, que fazem sucumbir a autenticidade da ‘tese dos brandos costumes’, com que, recorrentemente, se descreve a sociedade portuguesa.

Dispenso-me de pormenorizar os crimes da política actual. Limito-me a referir a violência da flexibilidade laboral, da ilegítima expropriação de rendimentos dos mais frágeis que o governo de PPC, a mando ou em complemento das medidas da troika, executa com fria indiferença e obscena desumanidade.

A falsidade da presunção dos “brandos costumes” é extensível a ocorrências na sociedade civil. A violência doméstica, restringida a agressões e assassínios do cônjuge perpetrados normalmente por homens; ou ainda a violência infantil, de que nos últimos anos a pedofilia, quase em exclusivo, tem sido objecto de notícias – quem trabalha em serviços hospitalares de urgência infantil sabe da frequência e gravidade dos crimes cometidos sobre crianças.

País de brandos resgates

Dos “brandos costumes” tentamos passar aos “brandos resgates”, pela mão de Bruxelas segundo o Público, reproduzindo o anunciado pelo El País. Que não, é falso!, afiançam outras notícias.

Certo, certo é que, no desmentido, o Público informa que:

A CE só avaliará as opções para apoiar Portugal no regresso aos mercados de dívida no momento devido.

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A Rã que queria ser um Boi (nova release)

merkel17 amigos juntaram-se e acordaram entre si que futuramente dariam preferência, sobretudo, às transacções entre eles. Alguns poucos, e um em especial, tinham mais coisas e, sobretudo, incorporavam mais know how nos bens e serviços que vendiam e prestavam, que os restantes, a maioria.

Decidiram até criar mesmo uma unidade monetária comum para facilitar as transacções entre si, por mero acaso desenhada à medida dos interesses dos mais fortes.

Nesta “economia fechada” dos 17, as relações foram evoluindo de acordo com as regras de mercado e seguiram o seu curso natural e previsível. Os mais fortes foram acumulando riqueza, que emprestavam aos mais fracos para estes lhes comprarem mais bens e serviços, e os mais fracos acumularam dívidas, resultantes das aquisições acrescidas dos respectivos juros.

A Balança dos primeiros foi ficando cada vez mais Superavitária e a dos outros cada vez mais Deficitária, uma vez que nunca tinham liquidez para investir nas áreas adequadas ao equilíbrio das contas.

A certa altura os primeiros ficam preocupados com as dívidas e tentam obrigar os restantes, à força e de forma violenta, de repente, a equilibrar as respectivas Balanças, até anularem o deficit e pagarem as dívidas. Para isso forçam os países mais fracos a reduzir dramaticamente as suas despesas, através da redução dos consumos, de modo a encaminharem esse remanescente das receitas para o pagamento das dívidas. [Read more…]

A guerra em 2013

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E enquanto os abutres da finança, representados pelos governos dos países a saque, nos forçam a uma austeridade sem fim à vista que não seja o desmantelamento das nações pelo confisco dos seus cidadãos e pela privatização dos seus recursos, o desemprego prossegue a sua marcha infernal, atingindo taxas históricas entre os jovens da Europa e dizimando especialmente os do Sul: 58% na Grécia, 55,7% em Espanha e 42,1% em Portugal. Na Alemanha e na Áustria as estatísticas ainda vão de feição para essa ideia de Europa que se constrói contra os seus povos. Mas há muitos milhões de alemães a viver com muito pouco.

Em 26 milhões de desempregados na UE, 19 milhões encontram-se na zona euro. E no entanto, um programa político de inflexão desta realidade, mediante a criação de oportunidades de emprego para os jovens na UE (em relação estreita e forçosamente necessária com um relançamento das economias nacionais) custaria apenas 1% do PIB – é Philip Jennings, Secretário-geral da união sindical Uni-global que o diz. De que mais evidências precisamos para abandonar o euro – já que esperar pelas políticas pós-austeritárias significaria ver Portugal deitado por terra como em nenhuma guerra declarada e com armas de fogo aconteceu?

(actualizado às 18h55)

Passos Coelho a Nobel da Economia?

41798_65198417291_7710_nMuito se tem dito, e escrito, acerca das opções de política financeira e económica do 1º ministro Passos Coelho, alguns elogiando outros denegrindo. A meu ver, todos estão errados.

É comum, entre as mentes menos esclarecidas, aceitar de forma acrítica ou rejeitar sem fundamento, as teorias verdadeiramente revolucionárias e que representam um vigoroso salto em frente no pensamento e conhecimento humanos. E Passos está a ser vítima desse tipo de inércia característico das pessoas vulgares. Vejamos mais detalhadamente as razões que me assistem na formulação de tão categórica asserção.

Começo por esclarecer os mais cépticos sobre as razões que me têm tolhido o verbo na análise dos aspectos macro-económicos da crise que afecta a zona Euro, em particular, e a União Europeia, em geral. Tal facto deriva apenas do “encolhimento”dos meus rendimentos – assoberbado pelas necessidades do dia a dia, as minhas atenções têm recaído sobre questões cada vez mais pequenas, isto é, micro económicas, como a renda da casa, a alimentação, a conta da farmácia, etc.. [Read more…]

Eurogrupo: conjunto de imbecis às ordens de Schäuble e participado por Gaspar

De Manuela Ferreira Leite a Paul de Grauwe, passando por Paul Krugman e outros académicos e especialistas, há um numeroso grupo de economistas que se pronunciou, em uníssono, pela contestação  da medida imposta a Chipre e sua generalização de confiscar depósitos bancários em situação de resgate financeiro de qualquer País da Zona Euro que, no futuro, venha a recorrer à tóxica ajuda da ‘troika’ – depósitos superiores a 100.000 euros, entenda-se.

A generalização da medida foi anunciada por Jeroen Dijsselbloem, o holandês agora presidente do Eurogrupo, eleito para a função; segundo o suplemento económico do ‘Expresso’ (pg. 5), os critérios de selecção foram os seguintes:

Foi escolhido não pela sua experiência política e económica mas por ser um guardião das ideias mais ortodoxas do norte da Europa relativamente ao sul.

Esta frase não se limita a definir o mandarete holandês. Caracteriza claramente a subserviência à Alemanha – personalizada em Schäuble – a que o belga Paul da Grauwe, Prof. da ‘London School of Economics’, no mesmo suplemento (pg. 9) se refere nos seguintes termos:

[…] A Alemanha nunca aceitaria que os seus bancos fossem tratados como os bancos cipriotas foram. E usam o dinheiro dos contribuintes se necessário. [Read more…]

Cavaco: a ideia do colapso ou o colapso das ideias

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Fonte: Presseurope

O estilo bacoco sempre foi o principal ícone da vacuidade do presidente Cavaco Silva. Superficial e bisonho, revela permanente incapacidade de fazer análises sólidas e consequentes do que o rodeia. Dos vários casos de comunicação de que foi intérprete nos últimos tempos, fica a noção da fatuidade, da incoerência e das gafes por parte do PR.

Surpreendido (?) um dia destes com a dimensão do desemprego em Portugal, diz agora que “a ideia do colapso da zona euro está enterrada”. Quem diria? Para mim, o óbvio, eloquentemente óbvio, sublinho, é o colapso das ideias cavaquistas.

Argumenta o PR que a solução estará no acordo no documento a ser aprovado pelo Conselho Europeu, em 1 e 2 Março. Está, uma vez mais, equivocado. O problema grego, ao contrário do que muitos imaginam, não está solucionado e tem implicações sistémicas para a zona euro. Além do afastamento da Grécia do euro, defendido agora pelo Ministro do Interior alemão – os alemães, sempre eles – há analistas a acusar a UE, e a zona euro, da falta de solidariedade entre países.

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A profanação do euro pela S&P

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Fonte: Presseurope

Inspirado nas imagens, essas a meu ver humanamente condenáveis, de um acto de soldados norte-americanos, um cartoonista ilustrou assim a decisão da Standard & Poor’s, anunciada 6.ª feira, de baixar as taxas de notação financeira – os célebres “ratings” – de vários países europeus.

Trata-se, de facto, de uma alegoria bem humorada. Em especial, também agradou aos mercados, beneficiando de mão beijada da oportunidade de fazer disparar as taxas de juro de dívidas soberanas e de outras que lhes estão associadas. Segundo o ‘Jornal de Negócios’, o aumento da taxa da dívida portuguesa já atingiu 100 pontos (+1% em linguagem clara).

A Comissão Europeia continua a reclamar que os cortes da Standard & Poor’s são injustificados. Barroso & Cia. têm sempre de dizer algo, para demonstrar que ainda existem. Se não tem poder perante o casal Merkozy, menos ainda é possível que a S&P leve a sério o que diz a Comissão Europeia.

Em síntese, há um conjunto de vítimas de profanação. O euro, a Zona Euro, a Comissão Europeia; acima de tudo, nós cidadãos estamos profanados e bem profanados!

União Europeia: A Austeridade Assassina

Hopeless_jpg_470x420_q85Jeff Madrick publicou ontem no NYK blog, “The New York Review of Books”, um texto de severa crítica à política de austeridade europeia. Tem o título “How Austerity is Killing Europe”, sendo ilustrado pela imagem aqui reproduzida de um cidadão grego a passar na frente de um ‘graffiti’ em Atenas.

O artigo, embora de incidência sobre teorias económicas, está redigido e estruturado de forma clara, com análises e ideias consistentes. É transversal em  relação à UE e à Zona Euro, como áreas da geografia de sistemas económico-financeiros agregados; e sobretudo é implacável para governantes e tecnocratas da governação que, convencidos de obter resultados inversos, executam políticas de assassinato da Europa. Os crimes são de diversa natureza, mas o desfecho é, de facto, empobrecer, torturar e destruir a vida de milhões de cidadãos do Velho Continente. Eis um excerto do 1.º parágrafo do artigo em causa:

A União Europeia tornou-se um círculo vicioso de dívida florescente, levando a medidas radicais de austeridade, que por sua vez mais enfraquecem as condições económicas e resultam em novas políticas agravadas do governo com cortes prejudiciais nos gastos públicos e alta de impostos.

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Das lágrimas de Itália ao exemplo da Irlanda

Merkel e Sarkozy, na reunião de Paris, apostaram em novo ‘tratado’ da UE, ainda que não inclua todos os países. Pode limitar-se aos 17 Estados-membros do Euro – ou a menos, acrescento eu. O objectivo central é colocar na ordem os países endividados, como nós e os gregos, através de políticas que se esgotam em programas de austeridade.

No actual jogo europeu de orçamentistas e monetaristas, falta que a Espanha de Rajoy explicite a obediência. A Itália já o fez ontem, de forma comovente e nas lágrimas incontidas da ministra Elsa Fornero:

‘Uma lágrima no rosto’, de Bobby Solo

Nós, portugueses, além da submissão à Sra. Merkel assegurada por Passos Coelho, segundo os inúmeros sábios e especialistas, nas TV’s e artigos de opinião, temos de tomar o exemplo da endividadíssima Irlanda como padrão; sim essa bem comportada Irlanda há 4 anos em austeridade e cujo governo acaba de publicitar um novo ‘pacote de austeridade’ para 2012, com 2,2 mil milhões de euros de corte nas despesas e 1,6 mil milhões de aumentos de impostos. [Read more…]

A afronta da OCDE ao orçamento do Gaspar e à 1/2 hora do Álvaro

Vítor Gaspar foi vítima de um ataque externo. A OCDE contraria – e de que maneira! – os pressupostos do OGE 2012 apresentado ao país, pelo Ministro das Finanças.

Ignoro se, com recurso ao estilo estereotipado e sonolento, Gaspar reagiu dentro da bitola habitual. Nem sei também se, para além de eventuais telefonemas a Juncker e a alguém do BCE, assim como da tranquilização do inquieto Coelho, fez grande coisa para além de olhar de viés para os números com que, hoje, a OCDE presentou Portugal; números esses, diga-se, que se enquadram no cenário descrito no vídeo acima publicado.

Segundo notícia difundida em vários órgãos de informação, aqui e aqui por exemplo, a OCDE prevê para a ‘Economia Portuguesa’, em 2012, os seguintes valores macroeconómicos:

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Candura desarmante

(Tradução do Aventar, desculpem as eventuais gralhas!)

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Falemos de Portugal, da Zona Euro e dos UE dos 27

Sabe-se que o desempenho do País, a somar às influências externas, é fundamentalmente resultado da qualidade dos dirigentes  que o têm governado – em Portugal, como em qualquer lugar. Parece, todavia, útil desprezar os actos burlescos do quotidiano político, como a reacção de Nogueira Leite ao “erro tecnológico foleiro” de José Lello. De resto, ambos foram membros do XIV Governo Constitucional, de António Guterres, e eventualmente, a esta hora, já resolveram arquivar o ‘dossier’ próprio de quem se sabe merecer entre si.

Trate-se do que é relevante para os portugueses. Fale-se, pois, com seriedade de Portugal, mas igualmente da Zona Euro e da UE dos 27. Hoje, a imprensa portuguesa relata que o nosso País tem o 4.º maior défice e a 5.ª maior dívida da Zona Euro.

Sem deixar de ser verdade o anunciado, este carece de complementar e detalhada análise.  É, portanto, necessário  examinar com minúcia toda a informação hoje publicada pela Eurostat, da qual há a extrair conclusões interessantes:

  • Portugal, considerado no conjunto dos 27 Estados-membros da UE, melhora a posição para o 5.º maior défice, uma vez que o Reino Unido se intromete em 3.º lugar com  – 10,4% do PIB,  o terceiro maior da UE;
  • O total de economias deficitárias, em percentagem do PIB, é de 14 países: Irlanda, Grécia, Reino Unido, Espanha, Portugal, Polónia, Eslováquia, Letónia, Lituânia, França (estes com o mínimo de – 7%, défice da França), Luxemburgo, Finlândia, Dinamarca e Estónia; [Read more…]

Portugal Vive Um Sonho

…quentinho, húmido, doce, livre de impostos…

Portugal euro-cruxificado

Como dizem aqui no Alentejo, Sócrates está de abalada. Saiu como e quando quis. Com o pretexto de não poder aplicar o PEC IV, envergou a  pele de vítima. O objectivo era sair queixoso desta batalha, colocando o ónus da crise política sobre os adversários políticos. 

Paradoxal ou não, da ordem de trabalhos da reunião da zona euro, de hoje, foram retiradas à última hora as decisões sobre o reforço do fundo de socorro; nas quais, lembre-se, se integravam as medidas do rejeitado PEC IV. Sócrates e Teixeira dos Santos sabiam-o ou souberam-o, provavelmente, antes ou durante o debate parlamentar. É uma das hipóteses para  explicar a saída prematura do PM e as temporárias ausências de Teixeira dos Santos e Silva Pereira da sala do plenário da AR. 

Vamos a eleições. Sócrates voltará à linha da frente, na disputa com Pedro Passos Coelho. Os dois, em coligação restrita ou alargada com Portas ou isoladamente, têm possibilidades de vir a governar os portugueses. São, diz-se a torto e a direito, os homens do arco do poder – a semântica da política está em enriquecimento constante. Todavia, nos momentos históricos que vivemos, não estamos sujeitos apenas a arcos. Há  também o enorme crucifixo com que  subimos ao calvário da ‘Zona Euro’, onde os nossos eleitos apenas relatam, ouvem e obedecem. Sim, não haja ilusões; quem comanda ou comandará será sempre a Sr.ª Merkel ou outro gauleiter que a substitua. 

Penitentes por erros acumulados, estamos condenados ao PEC IV, V, VI, VII …   e não sei até quantos os comandantes da Europa do Norte venham a impor. Os nossos governantes limitar-se-ão a cumprir, com zelo e respeito, as orientações para fazer navegar um Portugal euro-cruxificado. Prometam os nossos políticos o que prometerem, assim vamos continuar. Sofrendo.

As regras da zona euro passam a boas intenções

Na sequência do post anterior, mais uma tradução caseira sobre o que se diz na Alemanha, novamente segundo o Frankfurter Allgemeiner Zeitung.

A reforma da união monetária

O pacto de Merkel já não é pacto

A União Europeia baixa as exigências alemãs para a competitividade dos estados da zona-euro: os países devem comprometer-se reciprocamente a algumas reformas gerais e availá-las anualmente.

A União Europeia vai absorver alguns elementos do “pacto de competitividade” apresentado há quatro semanas pela chanceler Angela Merkel no seu pacote de reforma para a união monetária, mas formulando-os da forma mais vaga possível. As sanções por incumprimento das exigências formuladas por Merkel (e que foram apoiadas presidente francês Nicolas Sarkozy) não existirão. Em vez disso, os países da zona euro vão-se comprometer reciprocamente com algumas reformas gerais e discuti-las anualmente. É esta a orientação que vai ser defendida no próximo encontro dos chefes de estado e governo da zona euro no dia 11 de Março em Bruxelas. (…)

1.Março.2011

Boas notícias para estados disciplinados e com grande rigor orçamental como é o caso de Portugal. É de sublinhar que a própria Alemanha passou a fasquia dos 3% de défice do produto interno bruto (em 2010 ficaram nos 3.3%).

Alemanha: a balela do desemprego causado pelo Inverno

Parte significativa dos analistas e jornalistas económicos usa uma semântica pensada para entendidos. Portanto, para a maioria, é hermética e tende a exibir-se como científica.

Em noticiários televisivos de economia, é comum ouvir desconexas justificações do ‘sobe e desce’ das bolsas. As cotações descem em função “de uma correcção técnica”, argumentam umas vezes; no dia seguinte, os mesmos títulos sobem por estímulo dos dados apenas estimados – “os resultados hoje foram melhores do que esperado, graças a…”, acrescentam. Depois, as cotações voltam a descer e a subir; e os estereótipos reproduzem-se.

Tudo isto a propósito de, nas notícias referentes à economia alemã, os mais sábios, da ‘Bloomberg’ por exemplo, terem ficado surpreendidos com o aumento do desemprego para 7,2% em Dezembro de 2010 – mais 85 mil desempregados do que em Novembro, e a primeira subida após 17 meses. Razão invocada pelos analistas: um Inverno duro e implacável. Curiosamente, a Noruega, com clima mais adverso, ficou-se por uma taxa de desemprego de 3,20% em 2010. [Read more…]

Merkel a forçar a intervenção do FMI em Portugal

 

Não é propriamente novidade. Há muito era conhecida a falta de solidariedade de Merkel com os parceiros do euro,  endividados. É mais um exercício do macabro  nacionalismo alemão. Desta vez, de carácter económico-financeiro. No caso de Portugal e da Grécia, começou com a negociata de submarinos e outros equipamentos de guerra; agora é a fase de submissão ao capricho da rejeição alemã de duas medidas cruciais para as finanças do grupo de países em dificuldade:

  1. Recusar a emissão de obrigações de dívida pública pelo BCE, proposta pelo presidente do Eurogrupo, o luxemburguês Jean-Claude Juncker;
  2. Declinar o aumento do fundo de resgate para proteção do euro, ao contrário do aconselhado documentalmente pelo presidente do FMI, o francês Strauss-Khan.

Estes atos inflexíveis de  Merkel e seu governo estão a compelir a queda de Portugal  nas teias do FMI, entrando, desse modo, em prolongada recessão económica. Como, de resto, outros países impossibilitados de se furtar à nefasta intervenção daquela instituição – apenas o decrépito Medina, Mário Crespo e uns tantos companheiros de aventuras escatológicas creem no contrário. [Read more…]