A propósito d’A São na campanha do PS,

de José Pacheco Pereira, regressemos a A São solidária e a função diacrítica de há uns tempos.

All a bunch of socialists

No sábado, Pacheco Pereira escreveu uma crónica no Público intitulada “Não deixem os atuais liberais apropriarem-se da palavra liberdade”. O texto de Pacheco Pereira começa bem quando fala de neoliberalismo, aquele termo incerto que nunca ninguém soube explicar muito bem o que é. Talvez porque não exista. Neoliberal não passa de uma tentativa de insulto aos liberais. E para não haver hipótese de julgarem que sou faccioso, avanço já que o equivalente a isto é aquela direita que grita marxismo-cultural sempre que a esquerda faz algo que não gostam, mas que não sabem como argumentar. Pacheco Pereira diz que neoliberalismo é o liberalismo reduzido à economia. Certamente não se refere à Iniciativa Liberal, que defende o liberalismo económico, social e político desde o primeiro dia. Falam os liberais mais de economia do que em temas sociais? Certamente, porque estamos num país exemplar para a Europa em certos pontos sociais, mas que caminha para o abismo económico. Admitia que há anos se duvidasse do liberalismo em toda a linha da IL, visto que era desconhecida. Hoje, é só desonestidade intelectual. Um partido que já fez várias propostas de caráter social, que foi a favor de um referendo mesmo sabendo que a sua posição seria aprovada em Assembleia, o único partido que é capaz de condenar veementemente os ataques aos direitos humanos pelo Estado chinês, o partido que propôs medidas para combater problemas de saúde.

 

Para fazer uma análise mais precisa da Iniciativa Liberal recorre ao PREC Liberal, que são 100 medidas apresentadas em contexto de pandemia. Tinha também programas políticos ao longo destes três anos de existência, mas optou pelo PREC Liberal. A Iniciativa Liberal não coloca tudo no mesmo saco, como gosta de fazer passar. A Iniciativa Liberal defende as liberdades de uma forma plena, não tendo preferências. E é preciso voltar a dizer: as ideias liberais para a saúde e para a educação aumentam a liberdade de escolha do cidadão. Em que medida isso é mau? Nunca saberemos.

 

Vamos ao que interessa: o que levou Pacheco Pereira a escrever este texto? Não sei. Mas não posso deixar de reparar num dado curioso. Esta crónica foi lançada sábado, um dia depois do famoso caso nos Açores, em que depois de se saber que o governo PSD/CDS/PPM repete a estratégia tachista do PS, a IL afirma não aprovar um orçamento com estas gorduras. Mais uma vez, a IL provou que não fará oposição clubística, colocando-se numa barricada, criticando os do outro lado, mas de olhos tapados para os defeitos do seu. A IL faz oposição a tudo aquilo que não representa os seus valores, quer tenha de se opor ao PS, PSD ou ao MAS. E isto afeta, porque o PSD perdeu finalmente a esperança de ver na IL aquilo que viu muitas vezes no CDS. O PSD olha para o que o PS faz com o BE e o PCP e ficou triste por não poder fazer o mesmo com a IL. [Read more…]

O fato das alianças, a persistência dos contatos e o massacre contínuo

MAÎTRE DE PHILOSOPHIE. La voix U se forme en rapprochant les dents sans les joindre entièrement, et allongeant les deux lèvres en dehors, les approchant aussi l’une de l’autre sans les joindre tout à fait : U.
MONSIEUR JOURDAIN. Il, U. il n’y a rien de plus véritable : U.
MAÎTRE DE PHILOSOPHIE. Vos deux lèvres s’allongent comme si vous faisiez la moue : d’où vient que si vous la voulez faire à quelqu’un, et vous moquer de lui, vous ne sauriez lui dire que : U.
— Molière, “Le Bourgeois gentilhomme

Considering that the sound /y/ is absent from the vowel space of the subjects in the present study, both at the phonemic and allophonic levels, and consequently that /u/ varies freely, beginner L1 American English learners of L2 French should have difficulty establishing contrastive phonemic categories for /y/ and /u/.
Ruellot

Specifically, the study focused on production by native English speakers of the French vowels /u/ and /y/. French /u/ is realized with variants that are similar, yet acoustically non-identical, to the realizations of the /u/ category of English. French /y/, on the other hand, does not correspond directly to an English vowel, and can therefore be regarded as a new sound for English native speakers who learn French as an L2.
Flege

***

Há um importante aspecto — com <c>, que em português do Brasil ilustra /k/ e em português europeu fixa o /ɛ/, impedindo um /ɛ/→[e] (cf. ‘espeto’) — a ter em mente, ao reflectirmos — também com <c>, que ilustra o /k/ subjacente e fixa igualmente o /ɛ/, evitando-se /ɛ/→[ɨ] (cf.repetirmos‘) — sobre a recorrência de grafias como aquela ali à esquerda:

Agora, de forma escorreita.

Há um importante aspecto a ter em mente, [Read more…]

Pacheco Pereira: uma longa entrevista com uma análise brilhante

sobre o actual momento político e o que representa nos planos democrático, social (é essencialmente neste plano que José Pacheco Pereira tem construído o seu projecto historiográfico) e até filosófico. Notável descodificador de uma semântica não apenas artificial como superficial, Pacheco Pereira mantém-se isolado na sua trincheira – um caso único na paisagem de comentadores políticos em Portugal.

Ora ouçam por exemplo o que diz sobre a engenharia social e as recomposições sociais que as políticas radicais do Governo Passos/Portas forçaram numa sociedade extremamente vulnerável como a portuguesa. «A questão não é ter ido além da troika, mas ter tomado um conjunto de medidas cujo objectivo era alterar aspectos da composição e dos poderes sociais na sociedade portuguesa. E isso é inaceitável para um partido que se intitula social-democrata.»
pacheco_pereira_RTP_28out2015

Manifestação contra o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 (Lisboa, 12 de Setembro de 2015)

Os meus agradecimentos a Artur Magalhães Mateus e José Pacheco Pereira.

PSD e CDS responsáveis

pela vinda da troika de credores. [Lobo Xavier e Pacheco Pereira na Quadratura do Círculo/fonte: TSF]

«O governo actual

manteve todas as práticas de co-governação com a banca e as instituições financeiras que já vinham do governo anterior (…)» Pacheco Pereira hoje no Público, a pretexto da «crise» no BES.

Exactamente: Fernando Moreira de Sá

Fernanda Câncio refere-se a “um consultor de comunicação entrevistado pela Visão”, “o consultor de comunicação”, “o entrevistado da Visão”, “o tipo” e José Pacheco Pereira a “um dos participantes”. Acabo de ler a entrevista e, imaginem só, “um consultor de comunicação”,  “o consultor de comunicação”, “o entrevistado da Visão”, “um dos participantes”, “o tipo”, afinal, escreve aqui no Aventar e, vejam lá, até tem nome e tudo: Fernando Moreira de Sá!

F e r n a n d o  M o r e i r a  d e  S á.

Repararam?

F e r n a n d o  M o r e i r a  d e  S á.

Não é difícil.

PSD, Purgas e Caça às Bruxas

Sou formal e explicitamente contra a qualquer espécie de punição sobre militantes que não foram seguidistas quanto às escolhas para estas Autárquicas 2013. Rui Rio pode ter muitos defeitos, inclusive a falta de agilidade e visão integrada para potenciar os milhões de turistas que a Ryanair deposita no Porto, mês após mês, mas jamais deverá ser sancionado, irradiado, punido pelas posições que assumiu. Nem ele, nem Pacheco Pereira, nem Capucho, nem ninguém. Ninguém de valor, no PSD, se é que o PSD merece regenerar-se, aprender e progredir, pode ser punido apenas por conceber um PSD diferente deste apascentado por Passos, por discordar frontalmente desta liderança e criticá-la, pondo em causa o chamado PSD Sistémico. Criticar é ajudar. Dou graças a Deus pelos que me criticam, mesmo quando se apressam nos seus julgamentos aos meus posts. Com isso, tal como com a indiferença, só me impulsionam para diante.

Pessoalmente, nem sempre gosto de Pacheco, nem sempre suporto Rio, mas estou muito longe de deixar de reconhecer a um e a outro, por exemplo, qualidades úteis ao PSD, necessárias ao País, bem como ideias incómodas sempre urgentes ao debate de ideias. Há muitos caminhos para se alcançar um País mais arejado de vícios políticos e mais regenerado de hábitos caducos. Goste-se ou não, quer Rio, quer Pacheco têm ajudado a essa missa. Já no que toca a Capucho tenho dificuldade em vislumbrar algo mais fecundo que um mero ressabiamento prebendista, ou não tivesse falhado clamorosamente o seu tirocínio à presidência do Parlamento. Ele e o Criador lá saberão.

Prà frente, Portugal

actual RTP

A propósito da base IX, 9.º, do AO90, lembrei-me das eleições presidenciais de 1986.

Durante a campanha, alguém terá dispensado a leitura do imprescindível Tratado de Rebelo Gonçalves:

A exemplo de ‘à’ e ‘às’ ou de ‘ò’ e ‘òs’, recebem o acento grave certas formas que representam contracções de palavras inflexivas terminadas em ‘a’ com as formas articuladas ou pronominais ‘o’, ‘a’, ‘os’, ‘as’ (Bases Analíticas, XXIV). Estão neste número (…) ‘prò’, ‘prà‘, ‘pròs’ e ‘pràs’, contracções cujo primeiro elemento é ‘pra’, redução da preposição ‘para’

(1947: 185)

e

— Prà rua, que é sala de cães! — gritava ele…

(Aquilino Ribeiro, “Terras do Demo”, 1.ª parte, cap. VIII)

(apud 1947: 282).

***

Isto é, em vez de “Prà Frente, Portugal”, adoptou-se

Ódios Pessoais

Portanto, Pacheco é uma hiena descontrolada de Esquerda no Partido Errado. Quando é que rasga o cartão de militante?

Ainda os 50% no 1º de Maio

O artigo de Pacheco Pereira no Público merece uma  reflexão profunda porque coloca as coisas como eu penso que devem ser colocadas. E sei do que falo quando penso no país como o interior de uma panela de pressão que está hoje mais quente do que ontem.

“O Portugal dos dias de hoje está como
um daqueles cristais muito frágeis que, só
de se tocarem, correm o risco de quebrar.
O erro do Pingo Doce foi dar um abanão
desnecessário e inútil nessa fragilidade,
feito a partir de uma posição de força de
quem pode escolher, contra a fragilidade de
quem não pode.”

 

O Natal triste de José Pacheco Pereira

Hoje, dia 24 de Dezembro, José Pacheco Pereira (JPP) desejou-nos «Um Natal triste».
Não, obrigada, sr. Dr.! Vamos tentar que ele seja o mais feliz possível.
O historiador teve a oportunidade única de desejar Um Feliz Natal a cerca de 45 mil leitores do PÚBLICO em papel mais os leitores online. Desperdiçou-a totalmente. Teve azar que este dia tão especial fosse a um sábado, dia do seu espaço no referido diário. Sem nada para dizer que pudesse contribuir para alimentar um pouco da esperança que anda pelas horas da amargura, escreveu “Este Natal será triste. (…) Digo triste, porque mais ou menos, vaga ou profunda tristeza, todos sabem que a vida vai piorar, e que não existe esperança no futuro próximo (…). Tudo é mau para milhões de portugueses (…).
Os jovens que o lerem (leram) terão mais uma razão para o desânimo: “um mundo com emprego e com a possibilidade de «construir» o seu espaço próprio não existe”. Assim também os mais velhos terão mais um motivo para lembrar o que já adivinham, que “o fim da sua vida, a reforma, a doença, o declínio físico, vão ser muito piores, a solidão e a dependência ainda maiores”. E ainda há mais: as decisões deste Natal,  “de um Natal triste” é “matar-se, emigrar, desistir, resistir”, escreveu JPP.
Aproveito apenas a palavra «resistir».
É preciso muita resistência e resiliência. Resistir, «aguentar», « aturar», «lutar», «subsistir», «reagir», »recusar» estas palavras de pessimismo que não levam a nada. Apenas à inação e à não-vida.
Tretas são as suas palavras, JPP,  que depois de lidas vão para o papelão de forma a poderem vir um dia a transformarem-se em algo positivo e , quem sabe, virem calhar às suas mãos em algo novo.
Mesmo assim, desejo,  sinceramente, ao sr. Pacheco Pereira, um  Feliz Natal e um Bom Ano Novo.
(Numa coisa ele terá esperança: que muitos leitores tenham paciência em lê-lo e ouvi-lo em 2012…).
Céu Mota