Um dia mau para a corte do capitalismo selvagem

TAP

Durante meses, anos, o ministério da propaganda da direita liberal tentou convencer a opinião pública de que nenhum investidor estaria interessado numa posição minoritária na TAP. Essa mentira caiu hoje com a assinatura de um memorando de entendimento entre o governo e o consórcio David Neeleman/Humberto Pedrosa, que devolveu o controlo maioritário da empresa ao Estado português, que detém agora 50% do capital da empresa, ficando o consórcio Atlantic Gateway com 45% e a comissão de trabalhadores da transportadora aérea com 5%, tal como está previsto na lei-quadro das privatizações.

No final da assinatura do acordo, Humberto Pedrosa referiu a “boa-vontade” e o “diálogo” que permitiram o entendimento entre as partes, mas afirmou, apesar da posição minoritária, que a empresa passa a ser privada, isto apesar do Estado controlar 50% do seu capital. Talvez lhe sirva de consolo. A mim consola-me a constatação de que a negociação é possível e que o interesse nacional pode ser acautelado. Porque se a TAP não fosse uma empresa viável, o mais certo seria ninguém querer comprá-la. E, pelos vistos, não só continuam a existir interessados como esses interessados estão disponíveis para ficar com uma posição minoritária.

Difícil de perceber é a manutenção de Fernando Pinto à frente da gestão da transportadora, apesar de ter sido durante a sua presidência que a empresa se foi afundando. Por esclarecer ficam os contornos da privatização levada a cabo pelo anterior governo, com indícios de ilegalidades, sobre o qual a Comissão Europeia foi questionada mas que se recusou a analisar. Um negócio de lucro máximo e risco nulo que o governo de gestão de Pedro Passos Coelho tentou fazer, à revelia das suas competências. Algo que hoje parece ter ficado resolvido. Para já, a única certeza é que hoje é um dia mau para a corte do capitalismo selvagem e respectivo ministério da propaganda. Temos pena.

 

Comments

  1. JgMenos says:

    Estado “terá 18,75% dos direitos económicos” da TAP desde que subscreva 30 milhões de euros de um empréstimo obrigacionista No limite, se não houver uma subscrição nesse montante, a participação do Estado nos lucros poderá ficar limitada a 5%.
    Mas os lugarzinhos na administração estão assegurados…que bom!

  2. Azazaz says:

    A TAP faz uma falta como a fome.