Miguel Poiares Maduro encerra a silly season com chave de ouro

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Miguel Poiares Maduro foi dar uma aula às camadas jovens do PSD, apresentando-lhes um exercício bizarro que consistiu em colar o governo português aos regimes polaco e húngaro. Segundo o Expresso, Poiares Maduro considerou que Portugal integra, juntamente com a Grécia, a Polónia e a Hungria, um grupo de países onde governos populistas chegaram ao poder, chegando mesmo a falar num caminho que conduz ao autoritarismo e à tirania. Palavras particularmente duras para o Fidesz, o partido-irmão do PSD que governa a Hungria como mão de ferro, liderado por um fascista assumido, de seu nome Viktor Orbán, que, por ocasião da estreia de Passos Coelho na cimeira de chefes de Estado e governo da UE, afirmou:

Pertencemos à mesma família política (Partido Popular Europeu), cooperávamos por isso ainda antes da decisão da nação portuguesa de lhe pedir para se tornar primeiro-ministro, e temos relações pessoais muito boas. Ele é um homem muito acessível, e por isso é muito fácil de trabalhar com ele.

Se o PSD consegue trabalhar, tão harmoniosamente, com um governo autoritário, xenófobo e racista, não deve ter grandes dificuldades em entender-se com a Geringonça. Afinal, entre um acordo inesperado que uniu a esquerda e o centro-esquerda, cujos pecados assentam fundamentalmente em querer apostar na procura interna, devolver rendimentos aos portugueses e impor a sua voz na Europa, e um governo de extrema-direita cujas bandeiras incluem o regresso da pena de morte, a criação de campos de concentração e a repressão dos refugiados, os primeiros parecem-me mais tenrinhos.

Existe, contudo, uma diferença substancial entre os casos português e grego e os casos húngaro e polaco. Os primeiros até podem estar a fazer uma jogada arriscada, desafiando os tecnocratas de Bruxelas e os sacrossantos mercados, mas os segundos representam uma tendência verdadeira e literalmente assustadora, que inclui a restrição de direitos fundamentais, a violação do princípio da separação de poderes, a censura e a xenofobia. Entre outras formas de brutalidade. E a Europa já viu este filme. Poiares Maduro tentou meter tudo no mesmo saco, mas não teve em conta que é bem mais fácil colocá-lo a ele e ao seu partido no saco da Hungria e da Polónia. E a afinidade com os extremistas húngaros não ajuda.

*****

P.S: Bodes expiatórios foram um dos pratos do dia da coligação PSD/CDS-PP. Só se safou o Portas, apesar dos prejuízos avultados que a sua fome de poder causou.

P.S.II: Por falar em Paulo Portas, “excessiva proximidade” entre o poder político e económico? A sério? Onde terá andado o doutor Poiares Maduro nos últimos quatro anos? Quer uma lista?

Foto@Diário As Beiras

Comments

  1. Martinhopm says:

    Gama e Poiares, que duo! Execrável.

  2. JgMenos says:

    ‘ um fascista assumido, de seu nome Viktor Orbán’, que lidera’ um governo autoritário, xenófobo e racista’ membro da UE, diz que ‘é muito fácil trabalhar com ele(Passos Coelho)’

    Daí segue o paladino da não manipulação da opinião afirmando:
    ‘ Se o PSD consegue trabalhar, tão harmoniosamente com ele…’

    Tudo isso a propósito de ser afirmado que populismo o há de direita e de esquerda.
    É obra!
    Onde há experiência, nota-se.

    • Tudo isto a propósito dos casos português e grego não serem bárbaros apologistas da violência. Mas eu percebo que o Jg até simpatize com os métodos do Orbán. Não admira.

      • JgMenos says:

        O Mendes percebe.
        Que percebedor é o Mendes!!!

        • Que fofo que é o Jg quando fica sem argumentos e não consegue esconder. Heil Jg! Vai lá espancar refugiados com os teus amigos do bigodinho!

          • JgMenos says:

            Os refugiados,,,que sensibilidade, que elevação!!!
            Os meus amigos do bigodinho…que perspicácia, que bem construído argumento!!!

    • Sim Jg, porque tu és o expoente máximo da argumentação.

  3. Ricardo Almeida says:

    O estado de aflição da direita portuguesa e a extrapolação ao ridículo. Dois conceitos que andam de mão dada pelos corredores do antigo regime desde o início do ano. Na falta de oposição decente por défice intelectual, não têm outra alternativa que comparar qualquer tendência à esquerda, por mínima que seja (sim, o governo pode ser considerado de esquerda mas podia ser bem mais do que isso) com regimes totalitários e repressivos. É como comparar uma bombinha de carnaval com uma bomba atómica mas na mente nublada da direita, é perfeitamente legal.
    Por mim é para o lado que durmo melhor visto que cada uma destas comparações é imediatamente seguida por um gigantesco tiro nos pés, como este post comprova. O meu conselho à direita é que continuem. É possível extrapolar até ao imbecil e anedótico, como a JSD assim o provou no início do ano. Ainda à muito regime de “esquerda” passível de ser comparado com o português. Temos o MPLA de Angola por exemplo. Ups…

    • JgMenos says:

      Há provavelmente um mal entendido.
      A oposição está a ser paulatinamente construída pela geringonça!
      Não tem o que se precisa para fazer o que seja sequer próximo de uma alteração estrutural; limita-se a afundar o sistema.
      O resultado é conhecido e resta esperar, o que é uma atitude muito decente,

      • Ricardo Almeida says:

        Essa lenga lenga apocalíptica já cansa.. Já vai para quase um ano que a direita anda a correr em círculos a gritar que o céu vai cair e cada dia que passa vejo mais e mais provas que afinal o céu português esta cada vez mais sólido.
        Preocupa-me sim os céus do resto da Europa e mundo (curiosamente toda ela controlada pela direita de forma esmagadora) que estão muito mais frágeis que o nosso. A porra é que se estes vão à vida, Portugal não vai conseguir suster o impacto e irá ceder por associação.
        Se isso acontecer (ao contrário da direita que não se importa de ver Portugal a arder desde que isso implique um regresso ao poder, eu prefiro o meu país estável se faz favor), certamente iremos ver a direita a salivar de alegria e a gritar vitória enquanto fazem fila para a sopa dos pobres

  4. anónimo says:

    Quem ouviu os discursos e os argumentos dos senadores brasileiros, a favor do golpe contra o povo e a democracia brasileiros, e ouve os discursos da extrema direita nacional, a promover o golpe contra governo de esquerda, percebe que a canalha é a mesma, quer ao nível do discurso, quer na ética, quer na educação, quer na cidadania, quer na inteligência, quer na competência, quer na criminalidade, quer na boçalidade.
    O AO, que foi negociado pela mesma canalha, é na verdade o reflexo do pior que existe nos dois países.

  5. fleitao says:

    Maduro é tão mediocre que tem uma ambição ao nível dos tabloids: precisa é de aparecer. Por isso foi um ministro-arrastadeira e agora foi-se meter na UEFA., onde não lhe vão faltar viagens, fotografias e dinheiro. É, de resto, vazadouro de Arnauts, Maduros e companhia. Um dia destes vai lá parar o Mendes dos Afectos. o Pião das Nicas que vive da coscuvilhice..

  6. Anti-pafioso says:

    Tal como no Brasil ,a direita e a extrema direita cá da terra , incendeiam o pais e depois aparecem como salvadores . E a justiça a esperar sentada .

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