Professores e sindicatos, blogues e movimentos: representatividade

O movimento sindical docente tem características muito interessantes que poderiam merecer uma atenção mais detalhada dos investigadores destas coisas. Os Professores (incluindo aqui os educadores) são cerca de 150 mil, só na função pública, havendo mais uns milhares na parte privada do sistema.

No Educar, Paulo Guinote interroga-se sobre esta temática, fazendo-o a dois tempos. Vamos ao debate, procurando equacionar a primeira parte da discussão:

“Afinal quem representam ou pretendem representar os sindicatos de professores?”

Vamos lá por partes. Os sindicatos são organizações de trabalhadores, constituídos por pessoas, tal como os partidos, por exemplo. Conceptualmente correspondem à necessidade que os trabalhadores (professores, neste caso) sentem de se unirem, seja pelo emprego, pelos direitos, por…

Acontece que as coisas nunca são assim tão simples.  Entre os Professores, os sindicatos são mais que muitos. Pergunto: onde começou a pulverização sindical? Em que altura apareceram os sindicatos de professores? A quem serviu esse fenómeno?

Aos governos, em especial ao do  Primeiro-ministro Cavaco Silva, a quem convinha encontrar mecanismos para retirar poder à FENPROF.

E para ilustrar, segue um exemplo documental (o nascimento do SEPLEU, tendo como base o ficheiro do SPLIU) como estas coisas foram acontecendo:

E, hoje chegamos a um ponto em que parece haver muitos sindicatos, mas a realidade das escolas é muito diferente dessa aparência.

A FENPROF continua a ter uma presença real, mais ou menos visível junto das escolas, na rua, na apresentação de propostas e na movimentação da classe.

A FNE tem aparecido nos momentos mais quentes, mas surge também quase sempre para assinar o que é preciso em cada momento.

Os outros, são pequenos grupos completamente irrelevantes, longe das escolas e que sobrevivem porque há alguns professores que, pelos motivos mais diversos, pretendem continuar a exercer uma actividade que não é de docente, mas que também está longe de ser sindical: “vendem” formação, descontos, protocolos e seguros. Não representam ninguém. Talvez o SINDEP seja a excepção, mas pela dimensão, quase não existe.

Mas, hoje há interferências dos partidos no movimento sindical docente? Claro que sim e já o escrevi.

No entanto, só há uma maneira dos Professores conseguirem reagir a essa força exercida pelos partidos – entrar nos sindicatos e participar. Deixar o conforto do teclado, dos blogues e do facebook. Passar ao mundo real e exercer activamente um papel que é de cada um e de todos. Ou seja, estar na Blogosfera (como eu estou!) a dar uns palpites e não contribuir nada para a mudança de práticas, é algo pouco razoável.

Ou será que os professores do presente e do futuro podem existir sem sindicatos?

Comments

  1. lamento informar seu Jão mas mesmo com os destacados e os professores autarcas

    e os da parque escolar e empresas púbicas …o quadro só chega aos 100 mil

    dos 50 mil restantes muitos fazem perninhas em explicações colégios privados

    lares de terceira idade escolas primárias para os de inglês

    centros culturais para os do teatro

    neves corvo quando o cobre está bem pago…sempre é mais estável

    stands de automóveis e vendas pela porto editora ou livros do grupo Leya

    feiras de minerais ambulantes (havia um que era do quadro e reformou-se por incapacidade)

  2. resumindo os 50 mil restantes são muy versáteis pelo menos 12 estão a dar aulas no canadá…e uns 30 na Grã-bretanha isto fora um a abrir um túnel na suiça (manobrador de perfuradora a 1200 francos suiços por turno de 10 a 12 dias)

    e há um do 220 (grupo) que é padeiro em Versoix há 10 anos…levantar às 4 da matina dá cabo da vida associal

  3. Pelos vistos era mais fácil formar um sindicato do que mudar de camisa..Quantos são os professores?Não acredito nesses 150 mil, porque essa era uma estimativa de há 2 anos e todos os anos vão ficando sem trabalhos uns bons milhares.

Trackbacks

  1. […] o bem e para o mal (João Paulo estás coberto de razão) “só há uma maneira dos Professores conseguirem reagir a essa força exercida pelos partidos – ent…” Share this:EmailGostar disto:GostoBe the first to like this . Posted in: […]

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