“Up – Altamente” e a ‘alma mater’ da Pixar

Estreou hoje em Portugal “Up – Altamente”, o novo filme da Pixar / Disney. Foi o primeiro filme de animação a abrir o Festival de Cinema de Cannes e só isso é um tremendo cartão de visita.

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Ainda não vi o filme, logo qualquer comentário ficará para mais tarde. Por agora registo apenas que a película custou 175 milhões de dólares e, até ver, já rendeu 367 milhões, faltando estrear em diversos países, fazer o mercado de vídeo e das exibições na televisão.

É claro que os números não significam qualidade mas, no caso da Pixar, há um grande equilibrio. Por tudo isto e muito mais, a Newsweek apontou John Lassiter como uma das 50 personalidade mais influentes do mundo, numa lista de Março. É a única figura do mundo do entretenimento nesta lista. Lassiter é a ‘alma mater’ da Pixar. Em “Up” foi apenas o produtor executivo mas as suas marcas estão em todos os filmes da insígnia.

A revista elogia-o como "o guru da animação da Pixar" e destaca que Lasseter continua a dominar as bilheteiras mesmo em tempo de crise. Atribui-lhe o feito de ter elevado os desenhos animados dos fins-de-semana de manhã, à categoria sem idade da animação.

O ano de 2008 foi muito bom para a Pixar, que tem tido muitos mais anos bons que maus. Com "WALL-E" e "Bolt" nomeados para a categoria de melhor filme nos Globos de Ouro e com a Associação de Críticos de Los Angeles a votar pela primeira vez um filme de animação ("WALL-E") como o melhor filme do ano, Lasseter tem fortes razões para sorrir.

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Nasceu na Califórnia e adorava desenhos animados. Adorava, não. Adora! Ao ponto de fazer deles a sua vida num emprego perfeito. E gosta de brinquedos, que colecciona, e de forma séria. Hoje é o director criativo tanto da Pixar quanto da Disney (que comprou a Pixar em 2006). "WALL-E" foi produzido pela Disney/Pixar e "Bolt" pela Disney.

A Pixar nasceu a sério com o seu "Toy Story" em 1995, embora tivesse sido formada alguns anos antes, em 1986, por Steve Jobs, o patrão da Apple, que comprou a divisão de animação digital da Lucas Film. Nove anos depois dessa aquisição, "Toy Story" era a primeira longa metragem e tornou-se o filme mais lucrativo do ano.

A "Newsweek" destaca que os filmes da Pixar fizeram, no total e em todo o mundo, 3,1 mil milhões de euros e é um dos gigantes de Hollywood, além de serem responsáveis por um conjunto de novas técnicas, usando sobretudo a animação 3D e CGI.

Em 2006, quando a empresa festejava 20 anos de vida, a Disney comprou-a por 5,2 mil milhões de euros. Todo o mundo do entretenimento, e sobretudo os fãs da animação, ficaram preocupados. Afinal, a Disney estava a anos luz da Pixar. Era um gigante, claro, mas não deixava de ser uma sombra do que tinha sido no século XX. Surgia como uma entidade demasiado antiquada, conservadora e pouco ou nada arrojada nas técnicas e nos argumentos.

John Lasseter não participava desses receios e, quando da estreia de "Ratatui", o primeiro filme a sair dos dois estúdios, lembrou que quando a fusão foi negociada, tudo foi pensado para proteger a Pixar, "porque tem uma cultura criativa única e não queríamos ver isso mudar. E não mudou, a Pixar está exactamente da mesma forma. O que mudou, e para melhor, foram os estúdios Disney". Desta forma, a Disney alterou o seu estilo de funcionamento, devolvendo a pasta das grandes opções aos artistas e retirando margem de manobra aos executivos. A gestão criativa regressava a quem nunca a devia ter perdido.

Hoje, o cinema da animação é poderoso e criativo. Graças à Pixar e às demais empresas que apostam no sector e criaram sucessos como "Shrek", da Dreamworks, "Ice Age", da BlueSky e da Fox. O cinema de animação é o único que de facto é para todo o público e isso ajuda ao sucesso destes produtos.

Comments

  1. maria monteiro says:

    O filme não é propriamente para ser visto por crianças muito pequenas sem serem bem acompanhadas… Hoje na sessão das 13h, aqui no VGama, havia comentários e perguntas de crianças que demonstravam algum medo, alguma confusão… com respostas dos adultos do tipo “não me toques”, “está calado”, “está quieto” “vê e fica sosegado”…. enfim nem tudo o que é desenho animado pode ser visto por crianças com 4anos assim a “sangue frio” no meio de pipocas e sem ninguém à altura “para apoiar e explicar na hora”. Isso digo eu mas vejam o filme que é muito bom

  2. Uma das grandes revoluções da animação nos últimos anos é que a maior parte dos filmes (uns 80 por cento, vá lá) que chegam ao grande ecrã deixaram de ser “apenas para crianças”. Muitos deles dirigem-se até a um público mais adulto e com os mais pequenos a terem dificuldade a acompanhar a história. Daí estas circunstâncias agora relatadas pela Maria.

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